Primeira publicação: “Rabótchi i Soldat” (“O Operário e o Soldado”), n.° 14. 8 de agosto de 1917. Editorial. O artigo Contra a Conferência de Moscou foi escrito por Stálin, por incumbência do Comitê Central do P.O.S.D.R.(b), que havia discutido em 5 de agosto de 1917 a questão da Conferência de Moscou, e tinha decidido publicar uma resolução e um folheto e fazer aparecer no órgão central uma série de artigos sobre a Conferência de Moscou. O artigo Contra a Conferência de Moscou foi publicado primeiramente como editorial no n.° 14 do Rabótchi i Soldat, depois em 12 de agosto de 1917 no jornal de Kronstadt Proletárskoie Dielo e a 13 de agosto no primeiro número do jornal Proletári como apelo do C. C. do Partido. Além disso, foi publicado sob a forma de volante. A parte final do artigo foi substituída no apelo e no volante pelas seguintes palavras: “Camaradas! Convocai comícios e votai resoluções de protesto contra a Conferência de Moscou! Uni-vos aos operários da fábrica Putílov e organizai hoje assembleias de protesto contra a ‘Conferência’, em defesa da imprensa do Partido reprimida e perseguida. Não topeis a provocação e abstende-vos, hoje, das manifestações de rua!”
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 194-196.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
O desenvolvimento da contrarrevolução entra em nova fase. Dos empastelamentos e das destruições, passa ela a consolidar as posições conquistadas. Dos excessos e dos escândalos, passa ao “terreno legal” da “edificação constitucional”.
Pode-se e deve-se vencer a revolução, dizem os contrarrevolucionários. Mas não basta. É preciso também conseguir que a nação o aprove. Por isso é necessário organizar as coisas de maneira que o “povo” mesmo manifeste a sua aprovação, e não somente em Petrogrado ou na frente, mas em toda a Rússia. Então a vitória será segura. Então as conquistas atingidas poderão servir de base para as futuras novas vitórias da contrarrevolução.
Mas, como organizar as coisas?
Poder-se-ia apressar a convocação da Assembleia Constituinte, única representante de todo o povo russo, e exigir que esta aprove a política da guerra e da ruína, dos empastelamentos e das prisões, dos espancamentos e dos tiroteios.
Mas a burguesia não o fará. Sabe ela que da Assembleia Constituinte, na qual o campesinato constitui a maioria, não obterá nem o reconhecimento nem a aprovação da política contrarrevolucionária.
Por isso ela quer (e já obteve!) o adiamento da Assembleia Constituinte. Provavelmente irá adiá-la mais uma vez, com o objetivo de conseguir-lhe, por fim, o fracasso completo.
Mas onde está a “saída”?
A “saída” está na substituição da Assembleia Constituinte pela “Conferência de Moscou”.
A “saída” está em substituir a vontade do povo pela vontade dos elementos dirigentes da burguesia e da nobreza fundiária, colocando a “Conferência de Moscou” no lugar da Assembleia Constituinte.
Marcar uma Conferência de comerciantes e de industriais, de latifundiários e de banqueiros, de membros da Duma tzarista e de mencheviques e social-revolucionários já domesticados, convertendo essa Conferência em “Assembleia Nacional”, para conseguir que esta aprove a política do imperialismo e da contrarrevolução e faça recair os ônus da guerra nas costas dos operários e dos camponeses: eis qual é a “saída” da contrarrevolução.
A contrarrevolução tem necessidade de um parlamento próprio, de um centro próprio, e ela o cria para si.
A contrarrevolução tem necessidade da confiança da “opinião pública”, e ela a cria para si.
Aqui está toda a essência da questão.
Desse ponto de vista a contrarrevolução percorre o mesmo caminho da revolução. Ela aprende com a revolução.
A revolução possuía um parlamento próprio, um centro próprio efetivo e sentia-se organizada.
Agora a contrarrevolução esforça-se por criar um parlamento próprio, e ela o cria no próprio coração da Rússia, em Moscou, por mãos — ironia do destino! — dos social-revolucionários e dos mencheviques.
E isso acontece enquanto o parlamento da revolução rebaixou-se à categoria de simples apêndice da contrarrevolução imperialista burguesa, enquanto se declara uma guerra de morte aos soviets e aos comitês dos operários, dos camponeses e dos soldados!
É fácil de se compreender que nessas condições a Conferência convocada para Moscou a 12 de agosto transformar-se-á inevitavelmente em instrumento de complôs contrarrevolucionários contra os operários, sobre os quais se faz pesar a ameaça dos “lockouts” e do desemprego, contra os camponeses aos quais “não se dá” a terra, contra os soldados que são privados da liberdade conquistada durante a revolução, em instrumento de complôs mascarados “pelas proposições socialistas” dos social-revolucionários e dos mencheviques, que apoiam essa Conferência.
Por conseguinte, as tarefas dos operários de vanguarda são as seguintes:
Saibam os inimigos da revolução que os operários não se deixarão enganar, que eles não arriarão a bandeira de luta da revolução.