História do Mundo
Volume I - O Mundo Antigo - A Idade Média

A. Z. Manfred


I Parte: O Mundo Antigo
Capítulo IV - A Grécia Pré-Clássica


Condições Naturais
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A Grécia ocupava a parte sul da península dos Balcãs, região montanhosa com baixa pluviosidade e solo pouco fértil, com uma linha de costa escarpada. Apenas em áreas isoladas, como a Lacónia e a Messénia no Sul, a Beócia na Grécia Central e a Tessália no Norte, se encontram planícies férteis próprias para a agricultura.

Os rios e os seus afluentes, que desempenharam um papel tão importante na história primitiva dos países do Oriente, não têm grande significado na história da Grécia, visto que não há um único rio grande em toda a península dos Balcãs. Por outro lado, o mar teve uma enorme importância no desenvolvimento da sociedade grega. Como consequência de uma costa recortada, do grande número de baías e portos abrigados, da proximidade da Ásia Menor e das ilhas do mar Egeu, que constituíam por assim dizer pontos de comunicação entre o continente grego e a costa da Ásia Menor, a aventura marítima e o comércio começaram muito cedo na Grécia. Os marinheiros gregos podiam ir até ao mar Negro ou à Ásia Menor sem perderem a terra de vista.

A antiga Grécia era rica em minerais: ferro na Lacónia, prata na Ática (Grécia Central), ouro na Trácia (na costa do mar Egeu). A acrescentar a tudo isto, havia abundância de barro, pedra para construção e mármore.

A pouca fertilidade do solo, e a consequente escassez de cereais por um lado, e a abundância de minerais por outro, estimularam o desenvolvimento do comércio e as várias técnicas de trabalhar o metal e a pedra, e as técnicas de construção.

Importantes Descobertas Arqueológicas

O período da história primitiva da Grécia, até quase ao final do último século apenas se podia estudar por mitos e lendas e pelo famoso poema épico, a Ilíada, atribuído ao poeta cego Homero, que descreve a guerra entre os Gregos e a cidade de Tróia na Ásia Menor. Todo este material foi durante muito tempo considerado pelos estudiosos como puramente fictício.

Contudo, a base real das lendas foi inesperadamente confirmada por volta de 1870, quando Heinrich Schliemann, um arqueólogo alemão autodidacta e entusiasta apaixonado, começou a escavar na área onde se dizia que ficava Tróia. Os seus esforços foram coroados de um êxito espectacular: conseguiu desenterrar as muralhas de uma cidade, as ruínas de vários edifícios, numerosos utensílios e artigos de joalharia. Depois de ter descoberto Tróia, Schliemann continuou, com igual sucesso, a organizar escavações no continente grego nos sítios onde ficavam as antigas cidades de Micenas e Tiryns.

No princípio deste século o arqueólogo inglês Arthur Evans procedeu a trabalhos de escavações na ilha de Creta, também frequentemente mencionada nos antigos mitos e lendas gregas. Na cidade de Cnossos pôs a descoberto um enorme palácio, inteiro, com salas de trono, corredores labirínticos, um sistema de canalização de águas e salas de banho. As paredes do átrio central estavam decoradas com frescos complexos. Todas estas características testemunhavam uma técnica de engenharia e uma cultura altamente desenvolvidas, por parte dos Cretenses durante o terceiro e o segundo milénios a.C.

Contudo, o achado arqueológico provavelmente mais importante de Cnossos foi um arquivo que continha centenas de placas de barro cobertas de uma misteriosa escrita desconhecida. Durante muito tempo, todas as tentativas para decifrar esta escrita falharam. Os estudiosos chegaram à conclusão de que as tabuinhas de Cnossos tinham textos em duas línguas diferentes. A estas escritas chamou-se linear A e linear B e, em 1953, o jovem estudioso inglês, Michael Ventris, anunciou um método para decifrar a escrita linear B, que actualmente está reconhecido pela maioria dos estudiosos. Segundo Ventris, a língua do linear B é um primitivo dialecto grego. Graças a descobertas arqueológicas e à decifração desta escrita, é hoje possível ter um quadro geral da história da Grécia Antiga ou Aqueia.

A Grécia Aqueia (Micênica)

Cerca do século VII a.C. os antigos Estados gregos ou aqueus do Peloponeso tinham alcançado um alto nível de desenvolvimento económico e cultural. As maiores destas cidades-estado eram Micenas e Tiryns na Argólida, e Pilos na Messénia.

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Em Micenas e Tiryns ainda hoje existem ruínas de palácios fortificados que naquela época eram inexpugnáveis. Os restos de instrumentos e utensílios feitos de barro e de metal, e artigos de joalharia encontrados durante as escavações mostram um artesanato altamente desenvolvido. Documentos escritos em linear B encontrados durante escavações feitas em Pilos, testemunham a prática da escravatura na Grécia dos aqueus.

Os Estados aqueus do continente grego atingiram o seu maior desenvolvimento entre os séculos XV e XIII a.C. Os aqueus dominavam não só toda a parte sul da península dos Balcãs, como ainda algumas ilhas do mar Egeu, incluindo Creta. Mantinham comércio activo com Chipre, com o Egipto e com a Fenícia. No final do século XIII, e no início do século XII, alguns Estados aqueus sob a chefia do rei de Micenas (tradicionalmente conhecido por Agamémnon) empreenderam o que para aqueles tempos representava uma formidável aventura: uma campanha contra a cidade-estado de Tróia.

Contudo, o apogeu dos Estados aqueus duraria relativamente pouco. Nos fins do século XIII a.C., tribos dórias tinham começado a invadir a Grécia pelo norte. Esta invasão parece ter sido não propriamente uma conquista mas um longo processo de infiltração que consistiu em vagas sucessivas de ataques cada vez mais ferozes. Os centros da cultura aqueia foram destruídos e os habitantes ou foram mortos ou levados para o cativeiro, à medida que os invasores conquistaram a Tessália, depois o Peloponeso e, finalmente, as ilhas que dele dependiam. Assim pereceu a altamente desenvolvida civilização dos aqueus. As cidades devastadas foram sucessivamente soterradas e as realizações científicas e artísticas dos seus habitantes perderam-se no esquecimento.

A Grécia Homérica (A era obscura)

O período da história grega, que se estende do século XII ao século VII, é muitas vezes chamado de período homérico, porque os acontecimentos e o padrão de vida da sociedade grega descritos nas famosas obras épicas Ilíada e Odisseia, que os gregos atribuíram à pena de Homero, pertencem todas a este período. A sociedade homérica desenvolveu-se depois da conquista dória e da queda da civilização aqueia e representa um retrocesso, sob muitos aspectos, em relação à época anterior. Das obras de Homero concluímos que na Grécia desse tempo se praticava uma economia natural. As pessoas dedicavam-se, sobretudo, ao cultivo da terra e à criação de gado. As antigas relações comerciais tinham desaparecido e o comércio tinha declinado e baseava-se acima de tudo na troca.

As relações sociais eram patriarcais e tinham muitas características próprias da sociedade primitiva, em sistema de clã. A nobreza hereditária desempenhava um papel muito importante nesta sociedade, sendo o sector da população que tinha as melhores terras, e os seus membros chamam-se os «ricamente dotados» nas obras de Homero. Lado a lado com eles, viviam os camponeses que ou tinham pequenas parcelas de terras pobres ou não tinham terra alguma. Os camponeses que não tinham terras eram praticamente trabalhadores agrícolas. A escravatura também era do tipo patriarcal. Os escravos eram poucos e utilizados principalmente nos trabalhos domésticos.

Cada tribo tinha um chefe ou basileus, que chefiava a sua tribo na guerra e também desempenhava as funções de juiz supremo e de sumo- sacerdote. O seu poder era, até certo ponto, limitado por um conselho de anciãos, que incluía os chefes de todas as famílias nobres. O chefe tribal era obrigado a deliberar com eles quando se discutiam assuntos de grande importância. Nos poemas de Homero faz-se referência a uma assembleia popular, mas, obviamente, ela não desempenhou um papel importante naquele período.

A Grécia Arcaica

O período que vai desde o século VIII ao século VI a.C. é marcado por notáveis progressos económicos e sociais. Foi um tempo de grandes descobertas e inovações técnicas. Fez-se largo uso do ferro e desenvolveu-se rapidamente a arte de trabalhar este metal: pela primeira vez, fizeram-se soldagens na ilha de Chios, e fundições na ilha de Samos. Também se desenvolveram a tecelagem (sobretudo na cidade de Mégara), a cerâmica e o trabalho em pedra (principalmente em Atenas). Surgiram novas variedades de comércio e profissões. Restabeleceram-se relações comerciais, especialmente com os Fenícios, dos quais os gregos adoptaram várias práticas religiosas e mais tarde um alfabeto (o seu primitivo alfabeto havia sido esquecido depois da invasão dória). Como resultado do florescimento do comércio desenvolveu-se um sistema monetário e os Gregos começaram desde logo a cunhar moedas de metal.

O desenvolvimento dos ofícios e a sua separação da agricultura, aliado ao crescimento do comércio, fez surgir vários centros económicos (e políticos) e verdadeiras cidades. Embora as cidades já fossem mencionadas nos poemas de Homero, na verdade estas pouco mais seriam do que agrupamentos fortificados. Mas, pouco a pouco, devido a vários factores, estes agrupamentos tribais começaram a amalgamar-se e tornaram-se grandes centros, por exemplo Atenas, na Ática (Grécia Central), Esparta (na Lacónia) e Corinto (no istmo que liga o Peloponeso ao resto da península). Característico das cidades gregas era o facto de cada uma delas se ter tornado um centro não só económico como político, constituindo o pólo da vida social de toda uma região. Assim, cada cidade grega parecia um pequeno estado independente. Dava-se-lhe o nome de polis, ou cidade-estado. Nos tempos antigos, a Grécia nunca constituiu um estado unitário mas um grupo de cidades-estado, que tinham não só uma existência completamente separada mas até se guerreavam entre si.

Paralelamente ao processo que decorria no continente, praticava-se intensa colonização, e este período da história grega (séculos VIII—VI a.C.) é por vezes conhecido como a era da colonização grega.

A palavra «colónia» naquele período significava um agrupamento de gregos num país estrangeiro. Cada colónia era fundada por uma cidade individual e ficava completamente independente da polis que originariamente a estabelecera (isto é, da cidade-mãe ou «metropolis»). Cada colónia tinha a sua própria constituição, as suas leis de cidadania, os seus tribunais e a sua moeda. O estabelecimento de colónias deveu-se a vários factores: umas vezes era resultado do desenvolvimento do comércio, e então serviam como postos de comércio; outras, porque determinada polis estava superpovoada e parte da população ia em busca de melhores terras; outras ainda, como consequência de conflitos políticos. Assim, onde se estabelecia uma democracia, os aristocratas (representantes da nobreza patriarcal) podiam ser banidos e, estabelecendo-se numa terra estrangeira, fundavam a sua própria polis. Ou então sectores democráticos da população podiam ser banidos pelos líderes aristocráticos.

Do século VIII ao século VI, os três principais centros da colonização grega foram:

  1. a costa da Ásia Menor e as ilhas do mar Egeu (Éfeso, Mileto, Halicarnasso, as ilhas de Samos e Rodes, etc.);
  2. o Mediterrâneo Ocidental (Sul de Itália e Sicília; Massília na Gália, Sagunto na Hispânia); e
  3. os estreitos orientais e a costa do mar Negro (Bizâncio, Sinope, Olbia, Quersoneso, Panticapeum, etc.).

Muitas destas colónias evoluíram para grandes estados independentes, cidades-estado florescentes que, por sua vez, fundaram colónias próprias. Deste modo, entre os séculos VIII e VI, as polis gregas espalharam-se por toda a região egeia e ao longo das costas do Mediterrâneo e do mar Negro.

A Antiga Esparta

Esparta ficava situada no fértil vale do rio Eurotas, entre cadeias de montanhas que se estendem na direcção Norte-Sul através da Lacónia. A antiga população de Esparta era muito provavelmente constituída por povos aqueus que tinham sido subjugados pelas tribos dórias invasoras. Sabemos pouco da história primitiva de Esparta. Muitos dos seus interessantes costumes e leis, desta época e mesmo de épocas posteriores que chegaram até nós, são atribuídos ao lendário legislador Licurgo, como, por exemplo, a divisão do território da Lacónia em 39 000 propriedades, a supressão das moedas de ouro e prata (em Esparta só corria moeda de ferro).

Toda a população da Lacónia estava dividida em três grupos. O primeiro e mais privilegiado, eram os Espartanos, descendentes dos conquistadores dórios, que se chamavam, a si mesmos, «a comuna dos pares». Os Espartanos possuíam toda a terra, que estava dividida em propriedades aproximadamente iguais, mas não a trabalhavam. Constituíam 10% da população e viviam na cidade de Esparta, gozando de todos os direitos políticos e civis.

O segundo grupo era o dos periecos (viviam em volta de Esparta) que descendiam de povos súbditos ou imigrantes. Este grupo gozava de liberdade pessoal mas não tinha nenhuns direitos políticos. A maior parte dos periecos trabalhavam como artesãos.

Finalmente, o terceiro e maior grupo eram os ilotas — descendentes de Aqueus submetidos ou reduzidos à escravatura. Os ilotas estavam ligados às propriedades em que trabalhavam, e eram obrigados ao mesmo tempo a pagar um foro aos senhores de terra, absentistas. Os ilotas não tinham quaisquer direitos e estavam privados na prática da sua liberdade pessoal. Apesar disso, os Espartanos viviam no contínuo terror dos ilotas e da eventualidade de uma revolta, e, de vez em quando, organizavam expedições punitivas contra eles, que levavam a grandes massacres.

Esparta tinha a sua própria constituição. A «comuna dos pares» era presidida por dois reis e uma gerúsia ou conselho dos anciãos, composta por representantes das famílias nobres (todos com mais de sessenta anos). A gerúsia superintendia nos assuntos do Estado e desempenhava as funções de principal órgão da justiça. Havia também uma apela, ou assembleia de cidadãos, que só muito raramente era convocada, para a eleição de funcionários importantes ou para deliberar sobre questões de guerra e paz. Instituição típica era a dos éforos, colégio colectivo de cinco membros, que era, na prática, o órgão supremo do poder, e perante a qual até os reis eram responsáveis.

A vida quotidiana e os costumes dos espartanos dirigiam-se apenas a um objectivo — o treino militar. Desde a idade dos sete anos, as crianças eram mandadas para escolas oficiais onde lhes estimulavam a coragem, a iniciativa e a resistência com particular incidência em exercícios físicos. A partir dos vinte anos, todo o jovem espartano estava pronto para o serviço militar e, a partir de então, a sua vida era uma vida de subordinação — refeições em comum, extremamente frugais, exercícios físicos e militares regulares, conversações com os anciãos em reuniões públicas, nas quais se exigia aos jovens que falassem concisamente e com palavras sensatamente escolhidas — daí a palavra «lacónico».

Estes costumes e leis deram aos Espartanos a possibilidade de organizarem um exército importante, que durante muito tempo foi considerado invencível. Esparta conquistou no Sul da Grécia a Messénia, parte da Argólida e concluiu uma aliança militar com algumas outras «polis». A esta aliança deu-se o nome de Liga do Peloponeso, de que Esparta foi membro de honra e dirigente.

O Estado de Atenas

A cidade de Atenas formou-se na Ática (Grécia Central) numa região montanhosa e pouco fértil. O solo da região requeria um cuidado e difícil amanho e as principais colheitas eram os frutos e os vegetais, sendo a oliveira e a vinha os mais importantes. A Ática não podia cultivar cereais suficientes e tinha de os importar. A recortada costa da Ática facilitou o rápido desenvolvimento das actividades marítimas e do comércio.

Nos tempos antigos, a Ática foi governada por um rei, mas o nosso conhecimento deste período da história ateniense é fragmentário e baseado, sobretudo, em lendas. A Atenas dos tempos clássicos era já uma república, de início de tipo nitidamente aristocrático. O conselho aristocrático ou Areópago tomou o lugar do conselho dos anciãos e era o principal órgão estadual. Aos que ocupavam os principais lugares públicos chamava-se arcontes, nove dos quais eram nomeados anualmente pelo Areópago, de entre os representantes das principais famílias aristocráticas ricas. Neste período, a assembleia dos cidadãos não desempenhava um papel significativo.

A população livre de Atenas dividia-se em três grupos. O estrato social privilegiado era a aristocracia hereditária, a classe dos eupátridas, que gozavam de plenos direitos políticos e civis. A grande massa da população era chamada demos ou povo, termo que incluía os camponeses, os artesãos, os comerciantes, os marinheiros, etc., e englobava muitas actividades e vários níveis sociais, desde os camponeses pobres aos comerciantes e manufactureiros prósperos. O demos gozava de direitos civis, mas quase não tinha direitos políticos. O terceiro e último grupo eram os chamados metecos ou estrangeiros, estabelecidos em Atenas, que, na sua maior parte, se dedicavam ao comércio e à manufactura. Os metecos não tinham quaisquer direitos civis ou políticos. Os escravos, é claro, constituíam uma categoria especial, que vivia sem qualquer espécie de direitos e era considerada mais como animais do que como pessoas.

As contradições políticas da estrutura do Estado ateniense fizeram-se sentir desde muito cedo e deram origem a duras lutas políticas, desencadeadas pelos camponeses pobres pelo direito à liberdade e a possuir terras, e, sobretudo, contra a prática da escravatura por dívidas. Também houve conflitos entre os demos e os eupátridas, pois as camadas mais ricas dos demos procuravam conquistar os mesmos direitos e privilégios políticos que a aristocracia.

As Reforma de Sólon e Clístenes

A luta política atingiu o auge no final do século VII e inícios do século VI a.C., agravada que foi, por epidemias ou pestes, más colheitas e reveses de guerra para a conquista da ilha de Salamina. Em 594, Sólon foi eleito arconte e começou por estabelecer uma série de ousadas reformas revolucionárias. Em primeiro lugar, aboliu todas as dívidas existentes, libertou todos os escravos por dívidas e proibiu esta prática de futuro. Depois, promulgou uma nova constituição, que dividia todos os cidadãos atenienses em quatro classes segundo a extensão das suas terras ou o rendimento que delas tiravam. A partir desse momento, a propriedade e a riqueza, e não o sangue nobre, passavam a ser a condição para se ser membro da classe privilegiada. Os privilégios políticos passaram, assim, a estar subordinados à propriedade.

Sob o governo de Sólon foi instituído um novo órgão do poder, o Areópago. Ao mesmo tempo, a assembleia dos cidadãos passou a assumir funções mais decisivas nos assuntos de estado, pois foi-lhe dada a última palavra nas decisões tomadas em todos os problemas importantes. As reformas efectuadas por Sólon serviram para consolidar a posição política da camada superior do demos e levaram, assim, a uma democratização geral do Estado ateniense.

Estas reformas democráticas foram ainda mais aperfeiçoadas por Clístenes (510—509 a.C.), que aboliu muitos vestígios da antiga sociedade de clãs, estabelecendo uma nova divisão territorial da Ática. A distribuição dos lugares públicos e da obrigação do serviço militar foram reorganizadas de acordo com as novas divisões territoriais, o que eliminou qualquer possibilidade de predominância da nobreza hereditária. Clístenes substituiu ainda o Conselho dos Quatrocentos pelo Conselho dos Quinhentos e instituiu um colégio militar electivo que era formado por dez estrategas.

As reformas de Clístenes infligiram um golpe fatal na supremacia política da aristocracia hereditária e lançaram as bases de uma profunda democratização do Estado ateniense.


Inclusão 20/02/2016