É uma grande honra ser militante comunista. Honra muito maior é ser um quadro do Partido. Esta condição, como é compreensível, representa reais acréscimos tanto de atribuições partidárias como de responsabilidades pelos destinos do Partido. Na medida em que se elevam as atribuições e as responsabilidades de um camarada, não podem deixar de ser maiores as suas preocupações em manter elevada a condição de comunista. Precisamente por isto, o problema da seleção dos quadros é de importância decisiva para a vida do Partido, a fim de assegurar o desenvolvimento e a continuidade de sua atividade revolucionária em quaisquer circunstâncias, nas mais adversas. Sendo um problema tão vital, é preciso voltar constantemente a salientá-lo, tratando-o sempre com a maior seriedade, pois nunca é demais acentuar: os quadros são tesouros do Partido.
Quando a justeza da política do Partido já foi mil vezes comprovada pela prática revolucionária, dirigir significa, antes de tudo, assegurar a correta seleção dos quadros. Lênin dizia que a seleção dos quadros é o principal no trabalho de organização do Partido. Stálin afirmava que esta era uma “ideia genial de Lênin” e que se guiar sempre por ela era dever sagrado dos bolcheviques. Nos Congressos e Conferências, nos Plenos do Comitê Central e nos vários tipos de reuniões do Partido Bolchevique, Stálin não cansava de acentuar seu extraordinário valor e de indicar os critérios leninistas para a seleção de quadros. Como dirigente comunista de têmpera bolchevique, Dimitrov, no 7º Congresso da Internacional Comunista em agosto de 1935, destacou, com grande vigor, a necessidade de serem observados critérios leninistas na seleção dos quadros em todos os Partidos Comunistas. Inspirado nestes critérios, nosso Partido acumulou certa experiência e esforça-se para enriquecê-la sempre mais.
Cinco critérios leninistas
Quais os critérios leninistas para a seleção dos quadros? Cinco devem ser destacados como principais.
1) Dedicação profunda à causa da classe operária e fidelidade ilimitada ao Partido: Esta questão relaciona-se com a convicção profunda do papel insubstituível do proletariado e de seu Partido como força dirigente da luta para alcançar a vitória da revolução popular rumo ao socialismo. Onde e como comprovar uma tal dedicação e uma tal fidelidade? Não pode ser nas conversações pessoais nem nas declarações feitas em reuniões partidárias, porque o máximo que aí se pode aferir são apresentações de ideias, revelações de sentimentos, promessas ou comprometimentos verbais, os quais têm valor relativo. O essencial é a materialização de tudo o que se exterioriza na atuação prática do dia-a-dia e nos vaivéns de um período mais ou menos prolongado de atividade partidária. Somente o seu exame criterioso do ponto de vista de classe e de Partido pode fornecer indicadores seguros para melhor caracterizar a conduta do comunista tal qual ela é na realidade, assim como a sua verdadeira personalidade. Para se conhecer bem cada camarada é absolutamente necessário acompanhar e verificar suas atitudes, comportamento e atos concretos nas batalhas da luta de classes. É também no trabalho clandestino, em especial na atividade partidária que se exige permanente vigilância comunista, esforços persistentes e pesados sacrifícios, com riscos da própria vida . Importância fundamental tem o comportamento do comunista diante da repressão militar-policial, onde todo membro do Partido tem o dever de enfrentar com valentia, ânimo forte e dignidade os interrogatórios mais duros e as torturas mais bárbaras. Idêntica deve ser a conduta do comunista nos cárceres e nos tribunais da burguesia, sejam militares ou civis. Nos enfrentamentos com os inimigos de classe do proletariado e do Partido pode-se aferir a verdadeira estrutura moral do comunista e as reais características de sua personalidade. Onde há dedicação à causa da classe operária e fidelidade ao Partido, não pode deixar de haver, obrigatoriamente, ódio mortal aos que condenam os trabalhadores a uma exploração cruel e os oprimem brutalmente, fazendo pesar sobre eles um regime reacionário e tirânico e desencadeando perseguição feroz ao Partido e aos comunistas, obrigando o Partido a lutar na mais dura clandestinidade. Cultivar o ódio de classe aos inimigos do proletariado e do Partido e trazê-lo sempre vivo na consciência é um dever sagrado de cada comunista como combatente proletário-revolucionário de vanguarda, como marxista-leninista. Na luta, e só na luta, é que se revelam as qualidades e as virtudes do comunista ou as suas debilidades, vacilações, claudicações, inclusive seu completo fracasso; e é também nela que se comprovam sua dedicação e fidelidade sem limites à causa da revolução. Quanto mais dura a luta e mais difícil a prova, tanto maior e a escala de valores ideológicos e morais em que se coloca o comunista. Quanto mais corajoso e firme for o camarada, quanto maior sentimento de dignidade e nobreza de caráter tiver, tanto mais capaz será de enfrentar as dificuldades e de resistir às privações, adversidades e sacrifícios exigidos pelos interesses do Partido. A condição mesma de comunista não pode deixar de fazer com que o camarada compreenda, como dever primeiro, a necessidade intrínseca, orgânica, de agir sempre e em todas as situações inteiramente de acordo com os princípios do Partido e seus sublimes objetivos. E assim, e somente assim, que se pode caracterizar se um camarada tem reais possibilidades de ser elevado à condição honrosa de quadro do Partido, qualquer que seja o nível de direção. Não é de mais acentuar: a força dos bons exemplos dados na atividade partidária e na vida privada, no fiel cumprimento dos deveres do comunista tem imenso significado para a seleção leninista dos quadros do Partido.
2) Sinceridade, honestidade e lealdade para com o Partido: Estas três qualidades estão estreitamente vinculadas entre si e sintetizam a nobreza e a solidez da estrutura moral do comunista, do seu caráter proletário-revolucionário. Se o membro do Partido compreende e sente como estas qualidades são altamente valiosas, então terá em si mesmo uma necessidade interior, um impulso natural de comportar-se de tal maneira. Incita-o a agir assim a consciência dos interesses superiores do Partido e o sentimento do dever para com o Partido.
Falando do significado da sinceridade no plano político, Lênin disse: “A sinceridade em política, ou seja, no domínio das relações humanas, significa correspondência, perfeitamente verificável, entre as palavras e os atos”. Se a exigência da sinceridade é colocada por Lênin nestes termos na esfera das relações políticas em geral, então deve ser colocada, com mais vigor, no âmbito da vida do Partido. Idêntico critério partidário deve ser exigido para a honestidade e a lealdade. Dizer que se fez uma coisa quando se fez outra, procurar esconder um comportamento desonesto, exagerar a importância do trabalho efetuado, dar uma visão falsa da verdadeira situação não são atitudes próprias de um comunista. Qualquer opinião ou informação que não corresponda aos fatos reais ou os deturpe é sempre prejudicial aos interesses do Partido, causa-lhe maiores ou menores danos. Em nenhuma circunstância, o comunista pode ocultar, encobrir ou desvirtuar a verdade ao Partido sobre qualquer problema que lhe diga respeito ou a outro camarada. Uma tal conduta não é digna de um comunista, mas uma prova concreta de que este militante não é honesto para com o Partido nem para consigo mesmo, pois é capaz de simular ou de mentir em prejuízo da própria causa que voluntariamente abraçou e a que jurou fidelidade. É inadmissível que um comunista raciocine sobre questões gerais de forma mais ou menos correta e, ao mesmo tempo, conserve na sua psicologia e na sua moral, num ou noutro grau, características do espírito pequeno-burguês e burguês, como a insinceridade, a simulação, a hipocrisia, a desonestidade, a deslealdade e a pusilanimidade, características estas totalmente negativas e sempre prejudiciais aos interesses do Partido. A duplicidade não é virtude, mas degradação. Não tendo interesses pessoais a defender, o comunista nada tem a esconder de sua vida, comportamento e atividade ao Partido e não teme dizer-lhe o que pensa e sente, o que fez ou lhe aconteceu. O comunista tem o dever, portanto, de expressar-se abertamente e com inteira veracidade, sem quaisquer subterfúgios nem subentendidos. O mínimo que o Partido pode exigir de cada um de seus membros é, antes e acima de tudo, dignidade comunista. Quando a sinceridade, honestidade e lealdade para com o Partido se transformam em motivações conscientes da conduta do comunista, estas magníficas qualidades se manifestam em todas as esferas de sua vida espiritual e de sua atividade prática, no comportamento de sua vida partidária e privada, a cada momento e em quaisquer circunstâncias.
3) Ligação mais estreita com as massas: Sendo o Partido a vanguarda organizada, marxista-leninista e politicamente avançada da classe operária, não pode deixar de estar sempre indissoluvelmente vinculado às massas, através de suas células implantadas nos centros nervosos da luta de classes. O Partido é a vanguarda revolucionária consequente do proletariado precisamente porque tudo faz para atrair as massas operárias, camponesas e populares para a luta pela conquista do poder político, pela vitória da revolução popular e do socialismo. Para isto, é necessário que as massas sintam e compreendam que os comunistas estão nas primeiras filas de suas lutas, como seus combatentes revolucionários de vanguarda. Trata-se de mostrar às massas o caminho libertador que elas procuram, mas que por si mesmas não encontrarão. Como desempenhar este papel de vanguarda, concreta e vivamente, dia após dia? Na vivência com as massas, sempre a serviço dos seus interesses vitais. Na participação ativa em suas organizações. No conhecimento permanente de seus sentimentos e aspirações, de seu estado de espírito e disposição de luta. No saber consultá-las e ouvi-las em questões de seu interesse, assim como no saber ensiná-las e aprender com elas. Na defesa intransigente e abnegada de suas reivindicações, buscando os melhores meios e formas de preparar, desenvolver e dirigir os seus protestos e ações de todos os tipos e níveis. Na preocupação de conhecer suas tradições de lutas e experiências revolucionárias, visando a difundir os ensinamentos válidos para empreender melhor as novas batalhas da luta de classes. Na explicação persuasiva da linha revolucionária do Partido a fim de ganhá-las para as suas posições políticas e ideológicas e de ajudá-las a realizar a sua própria experiência. Enfim, na atuação abnegada, não medindo esforços para ser por elas reconhecidos como seus dirigentes e para conquistar para o Partido os combatentes mais firmes, leais e queridos nas fábricas, nas fazendas e nas escolas. Diz Dimitrov:
“A autoridade dos dirigentes das organizações do Partido expressa-se, antes de tudo, no fato de que as massas os reconheçam como seus dirigentes, de que as massas se convençam pela sua própria experiência de suas aptidões de dirigentes, de sua capacidade de decisão e de seu espírito de abnegação na luta”.
4) Capacidade de orientar-se por si mesmo, de tomar iniciativas em todas as situações e de não temer assumir a responsabilidade em adotar decisões: O comunista, principalmente quando já revela qualidades de um quadro dirigente, organiza sua vida e trabalha sempre no exclusivo interesse do Partido e da revolução. Continuamente procura dar provas de iniciativas, nunca vacila na tomada de decisões, tem sempre disposição e coragem de assumir responsabilidade por elas. Enfrenta os mais complexos problemas, mas assume as mais difíceis tarefas e as maiores atribuições sem a menor relutância. Nunca um comunista pode proceder assim: “Eu só farei o que me disserem para fazer”. Principalmente quando tem de trabalhar sozinho, sem poder receber orientação e sem controle direto de sua atividade, o comunista não desanima nem cai na passividade; ao contrário, fica mais rigoroso consigo mesmo e tudo faz para realizar alguma coisa, cada dia, que seja benéfica aos interesses do Partido. Se porventura perde contato com o Partido, continua a desenvolver as tarefas que lhe foram determinadas e mesmo a enfrentar outras tarefas partidárias, pois a sua satisfação maior será sempre as cumprir cabalmente. Procura prestar contas do cumprimento de seus deveres e deseja que sejam feitas avaliações criteriosas de suas atividades. O bom comunista é aquele que não perde a cabeça, não se lamúria nem se abate nos momentos difíceis ou nas vicissitudes, mas mantém-se confiante e otimista. E também aquele que não se vangloria nem se torna presunçoso com os sucessos e vitórias, mas conserva-se tranquilo e prudente. Sua principal preocupação é dar provas reais de persistência inabalável na aplicação das decisões do Partido, tanto nas fileiras partidárias como na atividade entre as massas. Quando colocado diante da necessidade de resolver por si mesmo as tarefas concretas da luta revolucionária e quando sente pesar sobre seus ombros toda a responsabilidade de uma função partidária a exercer e de trabalhos difíceis a realizar, o comunista mais rapidamente se desenvolve e amadurece para tarefas superiores.
5) Espírito de disciplina e têmpera bolchevique: Ter espírito de disciplina significa subordinar incondicionalmente os interesses pessoais aos superiores interesses do Partido, acatar e aplicar incondicionalmente as decisões da maioria, executar fielmente aquilo que assumiu a responsabilidade de cumprir. Ter têmpera bolchevique significa nunca dissociaras palavras dos atos, possuir um sólido caráter proletário-revolucionário e comportar-se com ânimo forte e força de vontade inabalável, lutar todos os dias com tenacidade, vigor e paixão pela causa da revolução e do socialismo que o Partido encarna. O espírito de disciplina é a clara compreensão de que a ordem do Partido não se constrói com base em vontades individuais, mas no princípio da subordinação do militante à organização e da minoria à maioria, é a expressão viva da unidade de vontade e da unidade de ação revolucionárias que devem caracterizar os comunistas como combatentes marxista-leninistas. A têmpera bolchevique é a permanente firmeza ideológica proletária na luta pelo marxismo-leninismo, contra todo lipo de revisionismo e de oportunismo, intransigência na luta pela assimilação e aplicação da linha revolucionária do Partido e contra quaisquer tendências direitistas e “esquerdistas”. É o revolucionarismo proletário consequente na luta de classes, a valentia e o espírito de sacrifício inquebrantáveis diante das mais duras provas. É o sentimento de responsabilidade para com os interesses do Partido, a preocupação constante de aliar o conhecimento do que se deve fazer à combatividade e intrepidez inabaláveis para transformar as decisões e diretivas partidárias em realizações concretas e vivas. Estas valiosas qualidades comunistas forjam-se através de uma atividade partidária prolongada e de duras experiências; no entanto, seu mais rápido amadurecimento é facilitado pela justeza da estratégia e tática marxista-leninistas do Partido e pela consequência de sua atuação revolucionária. Grande é a sua importância para o desenvolvimento frutífero da atividade partidária em todos os campos da luta de classes; e essa importância é tanto maior quanto mais rigorosa se torna a clandestinidade em que nosso Partido se vê obrigado a desenvolver o trabalho revolucionário e quanto mais difíceis são as tarefas a cumprir. O espírito de disciplina e a têmpera bolchevique dos quadros aumentam a eficiência e o aprimoramento da atividade revolucionária do Partido e fazem crescer sua combatividade e consequência na luta, constituem condições fundamentais para a conquista de novos e maiores êxitos.
Quadros forjados no espírito de Partido
Em nosso Partido sempre houve e deve continuar a haver constante preocupação de aperfeiçoar os procedimentos na seleção dos quadros. Para isto é necessário, no entanto, que nos guiemos por critérios rigorosamente leninistas, a fim de que prevaleçam exclusivamente os reais interesses do Partido. O leninismo e a experiência de nosso Partido ensinam que há grande margem de equívoco quando se busca selecionar quadros com base na simpatia ou amizade pessoais ou na boa impressão que à primeira vista se teve deste ou daquele camarada. O mesmo acontece quando se dá preferência a um camarada unicamente porque sabe escrever de forma literária, ou falar fluentemente, mesmo não sendo um homem de ação e não tendo espírito prático. Não deixa de ser também temerário selecionar camaradas que primam por seu sectarismo ou doutrinarismo, acobertados por uma fraseologia revolucionária em detrimento de outros que têm reais aptidões políticas e práticas, são responsáveis e realizadores, às vezes dirigentes de massas particularmente queridos.
Se há problema do Partido onde a vigilância comunista deve ser exercida em toda a plenitude é justamente na seleção dos quadros. Por isso, é preciso haver sempre especial preocupação pela promoção de quadros provados, em particular os proletários, mesmo que não se saiam brilhantemente em suas primeiras tarefas, mesmo que ainda não tenham os necessários conhecimentos teóricos nem suficiente experiência do trabalho de direção. Sua real importância está em que eles trazem consigo a firmeza, os sentimentos, a mentalidade, o companheirismo e a modéstia que caracterizam os autênticos proletários revolucionários. Stálin dizia que na vida do Partido Bolchevique havia frequentemente casos em que à frente de importantes organizações do Partido se encontravam operários com insuficiente preparação teórica e política mas que se mostravam melhores dirigentes que muitos intelectuais privados do necessário instinto revolucionário, E acrescentava:
“É possível que a princípio as coisas não marchem de todo bem com os novos dirigentes, mas isto não é nada fatal; quando derem um ou dois tropeços eles se emendarão e aprenderão a dirigir o movimento revolucionário. Os dirigentes não caem do céu já feitos. Forjam-se no processo da luta”.
Certamente, há sempre diferenças de origem, formação, conhecimentos, experiências, temperamento que distinguem os quadros do Partido entre si, mas não podem deixar de existir características comuns que os moldam como revolucionários proletários. Por princípio, estas características comuns devem ser a firmeza ideológica, a capacidade política, as aptidões práticas e especialmente o espírito de Partido, sempre o espírito de Partido em primeiro plano, expresso numa marcante posição de classe e a serviço das grandes massas e de sua libertação das influências burguesas, da clarificação das alianças de classe na luta pela conquista do poder político, do combate intransigente ao revisionismo e a todo tipo de oportunismo.
“Precisamente por isto, dizia Lênin, devemos trabalhar com todas as nossas forças, estar rigorosamente vigilantes, a fim de que o espírito de Partido não se traduza só em palavras, mas também em atos”.
O real valor dos quadros se comprova, portanto, por seu espírito de Partido, expresso numa conduta revolucionária consequente traduzida em atos dignos, sempre de acordo com os superiores interesses da luta pela vitória da revolução e do socialismo, dos nobres e belos ideais do comunismo.