Nossa Política: Manifesto de 1º. de Maio do PCB

Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil

Abril de 1953


Primeira Edição: ......
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 46 - Maio-Junho de 1953.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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Trabalhadores!

Camaradas e amigos!

O Partido Comunista do Brasil, às vésperas do 1.° de Maio, vos conclama à luta! O 1.° de Maio é a grande data dos trabalhadores do mundo inteiro. O 1.° de Maio é a jornada gloriosa da solidariedade internacional dos trabalhadores. Em todo o mundo, milhões e milhões de homens simples comemoram organizados e unidos sua festa tradicional, a festa da fraternidade operária e de todos os que lutam contra os agressores e incendiários de uma nova guerra, pela paz, pela democracia e o socialismo.

Numa terça parte do mundo, que se estende desde as margens do Elba no centro da Europa até a China e a Coréia, 800 milhões de pessoas já estão livres das cadeias da exploração capitalista e fazem por isso do 1.° de Maio um dia de alegria e festejam as novas vitórias alcançadas na construção do socialismo, reafirmam sua vontade de paz e amizade com todos os povos. À frente deste poderoso campo da paz está a gloriosa União Soviética, fortaleza invencível, baluarte da paz no mundo inteiro, que avança triunfalmente no caminho da construção da sociedade comunista. Sob a direção do grande Partido de Lênin e Stálin, os povos soviéticos erguem as grandiosas obras do comunismo, melhoram ininterruptamente suas condições de vida, elevam a níveis jamais vistos a própria cultura. Enquanto no mundo capitalista aumentam todos os dias a miséria e a exploração dos trabalhadores, na União Soviética baixam progressivamente os preços de todos os produtos de consumo popular — as rebaixas de preços se sucedem e constituem a manifestação mais evidente da política de paz do governo soviético que se orienta no sentido de assegurar o bem-estar crescente de toda a população. As rebaixas de preços na U.R.S.S. traduzem o crescente poderio econômico do Estado soviético, base indestrutivel de seu poderio militar cada dia maior e invencível. Os heróicos trabalhadores da União Soviética mostram, neste 1.° de Maio, aos povos do mundo inteiro o caminho para um futuro feliz e luminoso.

Em nosso país é sob o signo de grandes lutas da classe operária e de todo o povo contra a miséria crescente que comemoramos este ano a grande data dos trabalhadores. Uma onda de indignação popular contra a política de guerra e fome, de traição nacional e de terrror policial do sr. Vargas avança pelo país inteiro e à frente do povo ergue-se em lutas memoráveis a classe operária. Depois dos ferroviários de Santa Maria e dos heróicos proletários da cidade do Rio Grande, foram os têxteis, os sapateiros, os portuários do Distrito Federal, os têxteis de Pernambuco e da Paraíba, os operários da cidade do Salvador. Agora são os operários de São Paulo que, enfrentando com decisão a exploração patronal e a brutalidade dos policiais de Vargas e Garcez lançam-se corajosamente à greve e manifestam seu protesto veemente contra a continuada e crescente carestia da vida, conseqüência direta da política de preparação para a guerra e de traição nacional do sr. Vargas e de todos os politiqueiros que o apoiam. As grandes greves de São Paulo que unificaram centenas de milhares de operários de diversos e importantes setores da produção — têxteis, metalúrgicos, marceneiros, vidreiros, gráficos, etc. — revelaram o poderio crescente da classe operária em nosso país, abalaram as bases do atual Estado feudal-burguês. As grandes greves de São Paulo repercutiram pelo país inteiro, enchendo de alegria e esperança os corações de todos os trabalhadores, de todos os patriotas e democratas que sofrem com a atual situação catastrófica a que o sr. Vargas arrastou o Brasil e aspiram a um governo de paz, de liberdade e bem-estar para o povo. Para o proletariado de São Paulo em greve voltam-se milhões de brasileiros, porque só o proletariado consciente e organizado está em condições de conquistar para o povo uma liberdade verdadeira, está em condições de esmagar qualquer intenção de enganar o povo, de cercear os seus direitos, de convertê-lo em mero instrumento nas mãos dos latifundiários e grandes capitalistas vendidos aos imperialistas. As grandes greves de São Paulo revelaram o papel dirigente da classe operária, a sua imensa força unificadora, colocaram definitiva e praticamente a classe operária na sua justa posição de dirigente de todo o povo brasileiro em sua luta histórica pela paz, as liberdades e a independência nacional. Desta posição nenhuma força a poderá mais arrancar. A classe operária levará o povo à vitória da revolução democrática e anti-imperialista que há-de por abaixo as atuais classes dominantes e substituir o seu poder reacionário, guerreiro e de traição nacional por um governo efetivamente popular e democrático, um governo de paz, de liberdade e bem-estar para o povo, um governo que confisque as empresas imperialistas e entregue a terra aos camponeses, que defenda a independência e a soberania do Brasil.

Camaradas operários!

Somos imensamente mais poderosos que os assassinos que nos exploram e nos oprimem. Podemos vencê-los e, unidos e organizados, podemos impor aos governantes a nossa vontade de paz. Conosco está a maioria esmagadora da nação. Conosco estão todos os verdadeiros patriotas que querem a independência e o progresso do Brasil, estão as mães brasileiras que saberão defender a vida de seus filhos, esta a juventude ameaçada de ir morrer nos campos de batalha para que enriqueçam os banqueiros internacionais e os fazendeiros e negociantes brasileiros. Conosco estão todos os que sofrem com a alta continuada dos preços de todos os artigos de consumo popular, trabalhadores e intelectuais pobres, os pequenos comerciantes e os pequenos produtores, os estudantes e as donas de casa. Conosco estão os industriais brasileiros que sofrem com a crescente concorrência dos imperialistas ianques, com a política reacionária do Banco do Brasil e com o racionamento da energia elétrica pela Light. Conosco estão os soldados, marinheiros e aviadores de nossas forças armadas, nossos filhos e irmãos, sempre prontos a defender a soberania da Pátria, mas que não se prestam a servir de vil instrumento para agredir outros povos, nem de janízaros da reação não atirarão contra o povo que luta por pão e liberdade, contra os camponeses que lutam pela terra ou contra os trabalhadores que lutam contra a crescente exploração patronal.

Trabalhadores!

O Partido Comunista do Brasil vos chama para um 1.° de Maio de lutas em defesa da paz, das liberdades, contra a carestia da vida. Não podemos ficar de braços cruzados diante da miséria e da fome que avassala todo o nosso país, desde os sertões do Nordeste até às grandes cidades do litoral. Aproveitemos este 1.° de Maio para intensificar a luta pelos nossos interesses vitais, contra a crescente exploração patronal e contra os salários de fome.

Camaradas trabalhadores!

Lutai pelas vossas reivindicações. Não vos deixeis enganar pelas promessas mentirosas de Vargas nem com a simples elevação de alguns cruzeiros em vossos salários. Que valem esses aumentos ridiculamente pequenos, se o preço,do feijão, do arroz, da banha, de todos os artigos de consumo popular, para não falarmos do aluguel de casa, dos remédios, da roupa ou do calçado, continuam subindo em proporções muitas vezes maiores? Exijamos maiores salários, utilizemos a arma da greve contra a crescente exploração patronal, mas saibamos simultaneamente levantar as demais forças populares para que junto conosco lutemos todos, unidos e organizados contra a crescente carestia da vida.

O povo unido e organizado tem forças para exigir medidas práticas contra a alta continuada dos preços. O povo unido e organizado pode por cobro à roubalheira dos tubarões amigos de Vargas. O povo
unido e organizado pode exigir a rebaixa imediata e a efetiva fixação dos preços de todos os artigos de consumo popular. Tomemos a iniciativa de organizar nas fábricas e nos bairros comitês operários e comitês populares contra a carestia que tomem em suas mãos a defesa dos interêsses do povo, que fixem efetivamente o preço do arroz e do feijão e de outros produtos indispensáveis ao povo, que organizem a venda direta dos mesmos à população trabalhadora, que fiscalizem os grandes armazéns onde os açambarcadores depositam e deixam apodrecer à espera de melhores preços os artigos indispensáveis à alimentação do povo.

Trabalhadores!

Neste 1.º de Maio, o Partido Comunista do Brasil vos chama para a luta pela paz e a independência nacional. Devemos e podemos derrotar a política de guerra, de fome, de opressão policial do atual governo. E haveremos de levar nossa luta até o fim, até acabar para sempre com esse governo de exploração brutal e com os governos de fazendeiros e grandes capitalistas serviçais dos imperialistas americanos, para substituí-lo pelo governo do povo, um governo de democracia popular, que tire nossa pátria do campo da guerra e da reação para o campo da paz, da democracia e do socialismo.

Operários e operárias!

Vinde refofçar as fileiras do Partido Comunista que é o vosso Partido. O Partido de Prestes é o lutador conseqüente pelos interesses da classe operária e o dirigente provado na luta contra o imperialismo, pela independência nacional, pela paz, pela democracia e o socialismo.

Cerrai fileiras em vossos sindicatos! Unificai vossa luta e vossas organizações em cada cidade, em cada Estado, no país inteiro!

Camaradas trabalhadores!

Avante para a luta e para a vitória! Ganhemos as ruas e demonstremos que já tomamos em nossas mãos poderosas a grande causa da paz, a grande causa de nosso povo que não pode morrer de fome nem quer servir de carne de canhão para os banqueiros imperialistas!

Contra o "Acordo Militar" com os Estados Unidos, exijamos sua denuncia imediata. Nenhum soldado brasileiro para a Coréia! Fora com os generais e as tropas americanas do nosso solo!

Por um Pacto de Paz das cinco grandes potências! Pela paz imediata na Coréia!

Pelo aumento geral de salários e imediata elevação de cem por cento do salário mínimo oficial! Pela baixa imediata dos preços de todos os artigos de consumo popular, inclusive dos remédios, da roupa e do calçado para o povo! Cadeia para os esfomeadores do povo!

Pela liberdade de todos os operários grevistas presos ou processados e de todos os presos e perseguidos políticos! Contra as novas leis fascistas! Abaixo o terror policial!

Por um Governo Democrático Popular! Viva a união de todos os brasileiros em ampla Frente Democrática de Libertação Nacional!

Viva a gloriosa União Soviética, baluarte da Paz no mundo inteiro! Jamais participaremos de uma guerra contra a Pátria do Socialismo!

Viva o proletariado brasileiro! Viva o seu Partido de vanguarda — o Partido Comunista do Brasil!

Viva a solidariedade internacional dos trabalhadores!

Rio, abril de 1953.

O Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil


"Palmiro Togliatti, firme e fiel discípulo e amigo do imortal camarada Stálin, não é somente um grande italiano, é também um marxista eminente, um homem da ação cheio de confiança nas forças criadoras da classe operária, dos trabalhadores, do povo italiano. Como pensador e revolucionário, como teórico e homem de ação, muito deu e continua a dar ao movimento comunista e democrático italiano e internacional".
(PIETRO SECCHIA)

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Inclusão 01/05/2011