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A. Zhdanov Secretário de Organização do Partido Bolchevista |
No primeiro número da nossa revista "Questões de Filosofia", da Academia de Ciências da URSS, foi inserta a discussão, taquigrafada sobre o livro do camarada Ghe. F. Alexandrov "História da Filosofia da Europa Ocidental". Conduzida segundo as instruções do Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS, a discussão teve lugar de 16 a 25 de junho de 1947.
O Comitê Central do Partido Bolchevique e o camarada Stálin, incansavelmente, dirigem o trabalho ideológico do Partido; persistentemente se esforçam para que a teoria marxista-leninista, de maneira ininterrupta, se desenvolva sobre a base da generalização da experiencia da construção do socialismo na URSS; generalização da atual experiencia das lutas de classes nos países capitalistas e também sobre as bases dos resultados do desenvolvimento da ciência e da técnica .
O camarada Stálin dá-nos um grande exemplo de como é necessário desenvolver, de forma criadora, a teoria marxista-leninista. As obras do camarada Stálin são um modelo de marxismo-criador, modelo brilhante de aplicação e de desenvolvimento da teoria marxista-leninista, em cada etapa de nossa histórica luta pela causa comunista.
A discussão filosófica, em apreço, é um importante elo na corrente de iniciativas do Comitê Central do nosso Partido, as quais são dirigidas para o alevantamento dos trabalhos ideológicos. Ainda durante a guerra, o Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS, em sua decisão sobre as falhas e erros do terceiro tomo da "História da Filosofia", revelou todo o mal que consiste em se evitar o exame da contradição entre as concepções burguesas e proletárias. O Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS exige dos trabalhadores da frente ideológica uma direção consequente dos princípios ideológicos do Partido Bolchevique. Em suas decisões sobre as revistas "Zviesdá" e "Leningrad", o Comitê Central mostrou como o esquecimento dos princípios ideológicos do partido na literatura leva à falta de ideologia, ao apoliticismo, ao servilismo em face da dissolvente cultura burguesa. Essas decisões do Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS tem imensa significação de princípio para todos os trabalhadores ideológicos e entre estes os da frente filosófica.
A discussão sobre o livro do camarada Alexandrov, segundo a expressão do camarada Zhdanov,
"transformou-se numa espécie de conferencia de toda a União sobre o estado em que se encontra o trabalho filosófico científico".
A discussão mostrou o imenso interesse pela filosofia em nosso país, o importante crescimento dos quadros de filósofos nas repúblicas da União e grandes cidades da RSFSR. Sobre a intensa atividade dos participantes no debate, fala melhor o fato de terem participado das calorosas discussões 48 oradores, sendo que 36 camaradas não puderam falar, apesar de inscritos, mas seus discursos foram também publicados na revista.
A publicação da discussão, taquigrafada, na revista "Questões de Filosofia", é de grande interesse teórico.
A maioria dos que discutiram o livro do camarada Ghe. F. Alexandrov, submeteu-o à séria crítica. Criticando um ou outro aspecto do livro, os participantes da discussão, ao mesmo tempo, expunham as suas positivas opiniões sobre as questões tratadas.
Uma das questões básicas, que se manteve no centro do debate, foi a questão do objetivo da história da filosofia marxista-leninista. A definição do objetivo da história da filosofia, dada no livro do camarada Alexandrov, segundo o consenso dos participantes da discussão, revelou-se incorreta. Dessa definição é excluído o principal, o que diferencia a história da filosofia marxista do da burguesa.
A história da filosofia marxista precisa revelar como, no processo das lutas das facções ou partidos em filosofia — materialismo e idealismo —, que refletem a luta das classes sociais, germinava e se desenvolvia a concepção materialista científica.
O historiador marxista da filosofia precisa mostrar como, em consequência do aparecimento da nova e mais revolucionária classe, isto é, do proletariado e de sua luta contra a burguesia, surgiu a nova concepção proletária, a filosofia do marxismo, em princípio diferente da filosofia burguesa, como já sobre isso se referia a decisão do CC do PC (b) da URSS, em torno do III tomo da "História da Filosofia".
Esse problema fundamental da história da filosofia marxista, no livro do camarada Alexandrov, é substituído por esquemas anti-históricos, e a história da filosofia se transforma, como corretamente assinalaram os que participaram da discussão, em não convincente e superficial narração sobre os diferentes filósofos e dos sistemas filosóficos por eles criados.
Tal maneira de encarar a história da filosofia proporcionou à maioria dos presentes ao debate as bases para criticar o livro do camarada Alexandrov no que ele falhou ao não nos levar aos consequentes princípios ideológicos marxistas-leninistas em filosofia; o autor, nas investigações dos sistemas filosóficos, afasta-se do ponto de vista de classe e perde-se em concepções objetivas não marxistas; não expõe as condições históricas que chamam para a vida esta ou outra corrente filosófica; não revela a natureza de classe dos sistemas filosóficos.
Quase todos os participantes da discussão criticaram o livro do camarada Alexandrov pela errônea exposição do autor sobre os individuais sistemas filosóficos. Foi assinalada a incorreta maneira de tratar as filosofias da antiguidade, filosofias da idade-média, filosofias de Bacon, Descartes, Spinoza, etc.. Numerosos dos participantes da discussão consignaram o incorreto esclarecimento do autor sobre os diferentes sistemas filosóficos alemães do fim do século XVIII e começo de XIX, isto é, de Kant, Fichte e particularmente de Hegel.
A predileção do autor da obra pelas formulações abstratas e vagas, leva-o a fazer desaparecer as corretas teses marxistas, e a substituir o conteúdo revolucionário do marxismo, às vezes, por discussões abstratas. Por isso, foi submetido à crítica não somente o conteúdo do livro mas também a forma de exposição, o vernáculo e o estilo do autor, indicando que ainda sob esse aspecto o trabalho não corresponde às severas exigências científicas, na apresentação de um trabalho marxista.
Na calorosa discussão tomou a palavra o secretário do CC do PC (b) da URSS, o camarada A. A. Zhdanov.
O camarada Zhdanov, em sua intervenção submeteu o livro de Ghe. F. Alexandrov a profunda e completa crítica e expôs uma série de importantes teses, ricas de princípios, sobre como deveria ser a verdadeira história da filosofia marxista.
No exame do livro do camarada Alexandrov, o camarada Zhdanov assinala que nele precisa estar
"exatamente definido o objetivo da história da filosofia como ciência";
que o livro deve ser científico, isto é,
"como base no fundamento das conquistas contemporâneas do materialismo dialético e histórico; que a exposição da história da filosofia não deve ser escolástica, mas criadora, ligada aos problemas contemporâneos; que o material reunido no livro, baseado sobre fatos, precisa ser rigorosamente examinado e da melhor qualidade",
e, por fim, que é preciso
"que o estilo da exposição seja claro, exato e convincente" (págs. 256-257).
O camarada Zhdanov, por consequência, chega à seguinte conclusão:
"Suponho que a obra não satisfaz às exigências reclamadas".
Apesar de no livro se encontrar uma abundância de definições da história da filosofia como ciência, ainda assim
"o objetivo da história da filosofia como ciência não é definido como tal" (pág. 257).
O camarada Zhdanov ressalta que o autor da obra sublinha, nítidamente, com definição fundamental, a seguinte:
"história da filosofia é a história do desenvolvimento progressivo e ascendente do conhecimento do homem sobre o mundo que o cerca". Se concordássemos com esta definição, então isto significaria que o objetivo da história da filosofia coincide com o objetivo da história da ciência em geral, e a filosofia mesma, neste caso, pareceria ser a ciência das ciências, o que já há muito foi rejeitado pelo marxismo", (pág. 257)
Baseando-se nos princípios dos clássicos do marxismo-leninismo, o camarada Zhdanov fórmula profunda e exata definição do objetivo da história da filosofia como ciência:
"A história científica da filosofia... é a história da germinação, surgimento e desenvolvimento da concepção materialista científica e suas leis. À medida que cresce o materialismo e se desenvolve na luta contra as correntes do idealismo, a história da filosofia é também a história das lutas do materialismo contra o idealismo", (pág. 257).
A história das teorias filosóficas pré-marxistas é descrita metafisicamente no livro "História da Filosofia da Europa Ocidental", como suave desenvolvimento evolucionista através de acréscimos e mudanças quantitativas.
Dá a impressão — diz o camarada Zhdanov — de que o marxismo surgiu como simples sucessor no desenvolvimento das doutrinas progressistas anteriores, principalmente da doutrina dos materialistas franceses, da economia política inglesa e das escolas idealistas de Hegel". (pág. 257)
O autor do livro assim expõe o assunto: as diferenças entre os sistemas filosóficos pré-marxistas e o marxismo consiste em que as teorias filosóficas, criadas antes de Marx, não foram consequentes até o fim. Mas o marxismo, diferentemente dessas teorias, revela-se até o fim consequente em todas as suas conclusões.
"Como veem, diz o camarada Zhdanov, aqui se trata somente de mudanças quantitativas. Isto, porém, é metafísica. O aparecimento do marxismo foi uma verdadeira descoberta, uma revolução em filosofia", (pág. 258)
No livro, a principal atenção é concentrada não no que se revela como novo e revolucionário no marxismo em comparação com os sistemas filosóficos anteriores, mas no que une o marxismo com o desenvolvimento das teorias filosóficas anteriores. O autor devia mostrar que a descoberta de Marx e Engels significou o fim da velha filosofia.
Para a história da filosofia marxista, parece-nos, é extremamente importante a compreensão desse fato, de que com o desenvolvimento histórico da filosofia não somente mudam os pontos de vista sobre este ou aquele problema ou postulados da filosofia, como também constantemente muda o objetivo mesmo da filosofia. Tal orientação na história da filosofia é científica e corresponde completamente à natureza dialética do conhecimento. De acordo com esse princípio precisa orientar-se o historiador da filosofia marxista. O camarada Alexandrov ignora esse princípio ao estudar a história da filosofia, e isto é um dos essenciais defeitos de seu livro.
A velha filosofia, que pretendia representar o papel de ciência das ciências, esforçava-se por conseguir impôr dogmas ao conhecimento humano, definidas antecipadamente por este ou aquele sistema filosófico. A filosofia de Hegel foi a última na história da filosofia como sistema desse gênero, a qual tentava subjugar todo conhecimento humano e científico.
Até Marx, a filosofia foi assunto individual, não exprimindo os fundamentais interesses das massas populares. O marxismo revelou-se como o princípio de novo período na história da filosofia, quando a filosofia passa a pertencer às massas, concepção científica do proletariado, a maior arma na luta pela libertação dos trabalhadores da exploração do capitalismo. O marxismo tornou-se o "credo" do povo. Ele arma a classe operária com a verdadeira filosofia científica do conhecimento do mundo e de sua transformação revolucionária. Na obra em apreço, evita-se o estudo desta mais importante significação revolucionária da filosofia do marxismo-leninismo.
A história da filosofia precisa mostrar a história da preparação e surgimento do método dialético marxista. No livro do camarada Alexandrov não é apresentada a história da lógica e da dialética, nem satisfaz a exigência de Lênin de mostrar o processo de desenvolvimento das categorias lógicas, como reflexo da atividade prática do homem.
O camarada Alexandrov, arbitrariamente, limita a história da filosofia ao ano de 1848, isto é, indica somente o nascimento do marxismo. Dessa maneira, omitiu a secular história da filosofia marxista.
O camarada Alexandrov, em seu livro, exclui completamente da história da filosofia a filosofia russa. Essa omissão é sua característica principal. O silencio sobre a filosofia russa
"objetivamente significa a depreciação do papel da filosofia russa e artificialmente divide a história da filosofia em história da Europa Ocidental e história da filosofia russa, e justamente com isso o autor não faz quaisquer tentativas para esclarecer a necessidade de tal divisão. Ele consagra a divisão burguesa de cultura "ocidental" e "oriental" e considera o marxismo corrente regional do "ocidente" (pág. 260).
O camarada Zhdanov minuciosamente se detém na questão sobre a ideologia de partidos em filosofia. Ele diz que o marxismo-leninismo é irreconciliável na luta contra os pontos de vista filosóficos da burguesia, que lhe são estranhos. Grande exemplo da ideologia do partido bolchevique em filosofia é a imortal obra de Lênin: "Materialismo e Empirocriticismo".
O autor do livro, porém, esclarecendo objetivamente a história da filosofia, não mostra o conteúdo de classe dos diferentes sistemas filosóficos; não ajuda o leitor a ver na luta das diferentes tendências filosóficas a expressão da luta de classes e de facções. Não foi por casualidade, como se vê, que o autor não conseguiu absolutamente expor o princípio da ideologia de partido em filosofia.
Lênin não poupava os seus adversários. Decisivamente desmascarava quaisquer tentativas de conciliar as diferentes tendências filosóficas.
Diz o camarada Zhdanov: Como pode o camarada Alexandrov, depois disso, apresentar-se em seu livro, suave e manso, em relação aos filósofos adversários, o que representa positiva contribuição ao quase objetivismo professoral, ao tempo em que emergia, crescia e vencia o marxismo na impiedosa luta contra todos os representantes das tendências idealistas?
O camarada Alexandrov não se limita a isso. Sua concepção objetiva, consequentemente se faz sentir através de todo o conteúdo do livro. (págs. 261-262).
O camarada Alexandrov, em sua obra, exalta os diferentes sistemas filosóficos do passado.
Tudo isso leva
"o camarada Alexandrov, possivelmente mesmo sem o suspeitar, a tornar-se cativo dos historiadores burgueses da filosofia, os quais partem do princípio de ver em cada filósofo, antes de tudo, um aliado de profissão, logo depois um adversário. Tais concepções, se se desenvolvessem entre nós, inevitavelmente nos conduziriam para o objetivismo; para o servilismo em face dos filósofos burgueses e exaltação de seus méritos; para a privação, em nossa filosofia, do espírito combativo e agressivo.
A tendencia para o objetivismo na história da filosofia leva o autor do livro a embelezar o idealismo de Hegel, para tentar encontrar na própria filosofia de Hegel, tanto já de progressivo, quanto também de reacionário. Tal método de apreciação dos sistemas filosóficos — "igualmente com méritos existem também defeitos" — ou "importante significação tem do mesmo modo tal e tal teoria" — sofre, diz o camarada Zhdanov, "de extrema falta de determinação, mostra-se metafísico e capaz somente de emaranhar o assunto. É incompreensível que o camarada Alexandrov julgasse necessário fazer concessões às tradições acadêmicas científicas da velha escola burguesa, esquecendo a posição fundamental do materialismo, que exige a irreconciliabilidade na luta contra os seus adversários", (págs. 262- 263).
Grande atenção deu o camarada Zhdanov, em seu discurso, à necessidade de conduzir a luta contra as ideias filosóficas reacionárias do passado, as quais os ideó!cgos burgueses se esforçam nos tempos atuais por trazer à luz do dia, para a luta contra o marxismo, contra a classe trabalhadora. No número de tais correntes filosóficas reacionárias se encontram o neo-kantismo, qualquer gênero de agnosticismo e as que tentam incorporar Deus nas ciências naturais. Tal é a mofada mercadoria idealística desse arsenal, que os filósofos, lacaios do imperialismo, jogam no mercado para sustentar os seus, patrões — os imperialistas.
O camarada Alexandrov, como foi assinalado nas discussões, embora faça reservas no prefácio sobre a questão do reacionarismo e progressismo desta ou daquela ideia dos sistemas filosóficos, deveria resolvê-la de forma histórica concreta; não obstante
"ele, a cada passo, ignora a conhecida tese do marxismo sobre isso, que a mesma ideia, nas diferentes e concretas condições históricas, pode ser ora reacionária, ora progressista".
Evitando estudar essa questão, o autor abre brecha para a introdução, de contrabando, das concepções idealistas e ideias que se não fundamentam na história", (pág. 263)
Na exposição dos sistemas filosóficos individuais de Sócrates, Demócrito, Spinoza, Leibnitz, Feuerbach e de outros — o autor do livro se afasta abruptamente das condições históricas concretas e das bases de classe.
Dessa forma transgride as mais fundamentais exigências do materialismo científico. As tentativas do autor de dar aos casos individuais as características históricas desta ou daquela época, revestem-se do caráter de casualidade não científica e desordenada. Assim é exposta, por exemplo, a análise das condições históricas e das bases de classe do materialismo francês do século XVIII e do período da Alemanha no fim do século XVIII. Essas características levam ao frio e indiferente caráter objetivo e não oferecem possibilidades de compreender as razões do surgimento deste ou daquele sistema filosófico e de seu caráter de classe.
Isto "dá causa para se supor — diz o camarada Zhdanov — que o autor se confunde quanto ao conceito da independência no desenvolvimento das ideias filosóficas, o que é sinal característico da filosofia idealista", (pág. 263)
No decorrer da discussão, foi indicado que a definição da história da filosofia como ciência é examinada pelo livro de preferencia sob o ângulo educativo-pedagógico, cultural-instrutivo, dando à questão do ensino da história da filosofia um caráter acadêmico, passivamente contemplativo, o que contraria a definição marxista-leninista da ciência filosófica. O autor, concentrando a atenção sobre o lado instrutivo da obra, ressalta o camarada Zhdanov, por isso mesmo põe limites ao desenvolvimento da ciência e considera o marxismo-leninismo como já tendo alcançado seu limite máximo de desenvolvimento.
"Tal julgamento contradiz o espírito do marxismo-leninismo, visto que começa por apresentar o marxismo, metafisicamente, como doutrina acabada e completa, e isso só pode conduzir para o esgotamento dos vividos e perquiridores pensamentos filosóficos", (pág. 265)
O camarada Zhdanov submete à rude crítica o livro do camarada Alexandrov também pelo fato de a exposição da história da filosofia estar separada da história das ciências naturais.
Dando um balanço na crítica do livro, o camarada Zhdanov diz:
"Desse modo, o autor não executou a tarefa da utilização do método materialista para a exposição da história da filosofia, e isto priva o livro do seu caráter científico e transforma-o, em considerável medida, numa descrição biográfica dos filósofos e de seus sistemas filosóficos, considerados fora das condições históricas", (pág. 265)
A discussão, publicada no primeiro número da revista "Questões de Filosofia" trata também das questões gerais da posição da frente filosófica. O camarada Zhdanov submeteu à severa e justa crítica o trabalho do Instituto de Filosofia, da Academia de Ciências da URSS e o dos que militam em sua frente filosófica.
Se se verifica — diz o camarada Zhdanov — que o livro do camarada Alexandrov recebeu a aprovação da maioria de nossos dirigentes que atuam no campo filosófico e mereceu numerosas apreciações dos cronistas, então isto significa que outros militantes, nesse terreno, evidentemente, participam dos erros do camarada Alexandrov. E isto prova que nem tudo vai bem em nossa frente teórica", (pág. 267)
Esse caso, que exigiu, diz mais além o camarada Zhdanov,
"a intervenção do Comitê Central e pessoalmente a do camarada Stalin, para revelar as falhas do livro, significa que na frente filosófica há ausência da desenvolvida crítica e autocrítica bolchevique". (pág. 267)
No trabalho filosófico não se percebe o espírito de luta e o dinamismo bolcheviques. Entretanto,
"o nosso partido tem extrema necessidade no levantameto do trabalho filosófico", (pág. 268).
No país prossegue um gigantesco, trabalho de conclusão da construção socialista. Apresentam-se novas e novas questões, que reclamam generalização teórica. Cada dia são introduzidas mudanças em nossa existência socialista. Não só não generalizaram essas mudanças os trabalhadores da frente filosófica, como tampouco escreveram, sobre essas questões, quaisquer trabalhos sérios, do ponto de vista da dialética marxista.
As razões do atraso do trabalho filosófico são puramente subjetivas. O camarada Zhdanov assinala que os filósofos, evidentemente, consideram que a reviravolta na frente ideológica, relacionada com a decisão do CC do Partido nas questões ideológicas, a eles não se refere. Os filósofos se atrasaram em face das exigências do Partido.
"Visivelmente, não repararam na falta de princípios e de ideologia nos trabalhos de filosofia; na negligencia com que são tratados os temas contemporâneos; no servilismo e na subserviência em face da filosofia burguesa. Eles, como se vê, consideram que a viragem na frente ideológica não os atinge. Agora, porém, todos veem que essa reviravolta é necessária", (pág. 269)
É preciso iniciar, indica o camarada Zhdanov o estudo minucioso dos novos problemas, que surgem com a construção socialista. A muitos filósofos falta o espírito de luta e agressividade.
"Já é tempo de mais audaciosamente impulsionar para a frente a teoria da sociedade soviética, a teoria do Estado soviético, a teoria contemporânea da ciência natural, da ética e da estética. É preciso acabar com a covardia não bolchevique", disse o camarada Zhdanov.
A crítica e autocrítica bolchevique são as mais importantes condições das quais dependem o exito de ação na frente filosófica.
O camarada Zhdanov levantou a questão de que se torna indispensável esclarecer teoricamente, que a sociedade socialista está em pleno acordo com as leis do desenvolvimento das sociedades e deu profunda definição filosófica da crítica e autocrítica como uma das mais importantes leis do desenvolvimento da sociedade socialista.
"Se o conteúdo do processo do desenvolvimento, como nos ensina a dialética, é a luta dos contrários, a luta entre o velho e o novo, entre o que caduca e o que se desenvolve, então a nossa filosofia soviética deve mostrar como age essa lei dialética nas condições da sociedade socialista e em que consiste a originalidade de sua aplicação. Sabemos que na sociedade dividida em classes, esta lei age diferentemente da forma por que age em nossa sociedade soviética. Eis, pois, onde se encontra o mais largo campo para a investigação científica, e este campo de nenhuma forma foi explorado pelos nossos filósofos. Entretanto, nosso partido, já há bastante tempo achou e pôs ao serviço do socialismo aquela forma particular de descobrimento e superação das contradições na sociedade socialista; e essas contradições existem, embora sobre elas os filósofos não queiram escrever, por covardia. A forma particular de luta entre o velho e o novo, entre o que está morrendo e o que está nascendo, na nossa sociedade soviética, é a que se designa por crítica e autocrítica.
Em nossa sociedade soviética, em que foram liquidados os antagonismos de classe, a luta entre o velho e o novo, e por consequência o desenvolvimento do inferior para o superior se verifica não sob a forma de luta de classes antagônicas e cataclismos, como ocorre no capitalismo, mas sob a forma de crítica e autocrítica, que é a verdadeira força propulsora do nosso desenvolvimento, poderoso instrumento nas mãos do partido. Isto, indubitavelmente, é um novo aspecto do movimento, um novo tipo de desenvolvimento, um novo princípio da dialética", (pág. 270).
O camarada Zhdanov assinalou as importantíssimas tarefas dos militantes da frente filosófica, decorrentes da necessidade do desenvolvimento da sociedade soviética e das condições internacionais.
O debate que é uma lição, publicado no primeiro número da revista "Questões de Filosofia", mostra que os militantes da frente filosófica precisam, de maneira radical, reorganizar todo o seu trabalho. É necessário se voltarem resolutamente para a temática atual, posta no primeiro plano pelos problemas da luta pela construção da sociedade comunista.
Os filósofos precisam, no mais rápido tempo, criar trabalhos científicos (livros, brochuras, artigos), que estejam à altura do nível científico, baseados na profunda e multiforme generalização e estudo da experiencia da construção da sociedade socialista, a fim de contribuírem para o exito da luta do povo soviético pela construção do comunismo da URSS.
A histórica vitória mundial, conquistada pelo povo soviético sobre os bárbaros fascistas alemães, é a mais extraordinária vitória do marxismo-leninismo sobre a ideologia burguesa. Nossa vitória sobre o fascismo eloquentemente mostrou a que beco sem saída foram levados povos inteiros pela reacionária filosofia idealista. O camarada Zhdanov, com claro exemplo, caracteriza a natureza abominavelmente suja, que reflete toda a profundidade da baixeza e mesquinhez do desmoronamento da burguesia e seus ideólogos.
"A quem, então, cabe essa tarefa, senão a nós, do país em que venceram o marxismo e seus filósofos — de estar à frente na luta contra os nojentos e odiosos ideólogos burgueses; a quem cabe essa tarefa, senão a nós, de desfechar golpes destruidores!" — apela o camarada Zhdanov.
Ele coloca diante dos nossos filósofos tarefas honrosas e de responsabilidade, como a de ajudar e esclarecer aos nossos amigos e irmãos da estrangeira, em sua luta pela nova sociedade, à luz do conhecimento do socialismo científico. Elevadas e honrosas tarefas se impõem aos nossos filósofos: a aplicação da teoria marxista do conhecimento na generalização da imensa experiencia da construção socialista, juntamente com as soluções das novas tarefas do socialismo. Importante papel na realização destas tarefas deve caber ao Instituto de Filosofia e à revista "Questões de Filosofia".
A discussão filosófica, conforme registrou no seu encerramento o camarada Zhdanov, mostrou que entre nós existem grandes e numerosos quadros de teóricos capazes. Estes quadros podem resolver as tarefas que se nos apresentam.
"É preciso apenas mais fé em suas próprias forças, mais emprego dessas forças nos ativos combates, no levantamento e soluções dos empolgantes problemas contemporâneos É preciso acabar com a falta de espírito de luta, ter mais dinamismo no trabalho; expulsar de si o caduco Adão e começar a trabalhar como trabalhavam Marx, Engels, Lenin e como trabalha Stalin". (pág. 271)
A rude crítica bolchevique ao livro do camarada Alexandrov, severa crítica a todas as falhas no trabalho de nossos filósofos, exprime as altas exigências científicas do Comitê Central para o trabalho teórico. Isto está no espírito das tradições do partido de Lenin—Stalin. Tudo isso evidencia que criar um bom livro, no domínio da história da filosofia, segundo o materialismo histórico e dialético, significa armar nossa "inteligentsia", nossa mocidade, de novas armas científicas, realizar novo e grande passo para a frente no desenvolvimento da filosofia marxista-leninista. Eis porque os participantes da discussão foram tão exigentes para com o livro de história da filosofia e para com os trabalhos da frente filosófica.
Orientada o debate pelo Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS a intervenção do camarada Zhdanov nestas discussões mostra, ainda uma vez, como incansavelmente o partido se preocupa com o armar de conhecimentos os nossos quadros sobre o desenvolvimento do marxismo-leninismo. O CC do Partido Comunista ainda uma vez deu o exemplo disso, de como é necessário irreconciliavelmente tratar qualquer pensamento teórico vacilante; .de como é preciso desenvolver a criadora ciência marxista-leninista, enriquece-la com os novos elementos do desenvolvimento da vida social e de todos os ramos do conhecimento.
Os militantes da frente filosófica, firmemente, devem reorganizar seu trabalho de novo, para solucionar imensos temas e problemas, os quais se colocam diante de nosso partido, de nosso Estado, no período de construção do comunismo. À frente dos que atuam na frente filosófica, estão essas grandes tarefas, nas quais devem aplicar todas as forças para serem dignos de nossa época, a época de Lênin—Stalin.
A Democracia e os Comunistas
Inclusão | 19/04/2015 |