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«A propósito de mais uma notícia especulativa saída hoje a lume na terceira edição do «Jornal Novo», o COPCON informa não ter havido adesão do general Otelo Saraiva de Carvalho ao conteúdo do documento citado na primeira página daquele vespertino, e que o mesmo general considera pernicioso para o processo revolucionário em curso tal forma de proceder, pelo divisionismo que provoca entre camaradas com diferentes pontos de vista sobre problemas de carácter político, sobretudo quando o documento tornado público é posto a circular para recolha de assinaturas.»
O Directório, ao tomar conhecimento da forma incorrecta e atentatória da disciplina e ética militar que traduz a circulação de um documento dirigido ao Presidente da República por um grupo de oficiais, e já tornado público em alguns órgãos de comunicação social, condena firmemente esta atitude, que considera gravemente perturbadora do processo revolucionário em curso, divisionista e visando possibilitar o prolongar da actual crise política, na véspera da posse do novo Governo, o que, em definitivo, aproveita a escalada reaccionária, que explora a presente situação em detrimento do povo português.
Conforme estava previsto, o novo Governo tomará posse perante este Directório, hoje, pelas 12 horas.
A 5.ª Divisão/EMGFA, no desempenho das suas funções de esclarecimento e informação, considera necessário explicitar as implicações resultantes da tomada de posição do Directório relativa ao documento dirigido ao Presidente da República, por um grupo de oficiais, no dia 7 p. p.
1.º — «Tomar conhecimento da forma incorrecta e atentatória da disciplina e ética militar que traduz a circulação do documento...» implica que o grupo de militares que o subscreveu e o fez circular se colocou sob a alçada dos regulamentos militares, e, portanto, sujeito às sanções previstas para faltas desta natureza.
2.º — A firme condenação desta atitude proclamada pelo Directório, órgão supremo de direcção político-militar do País, «por gravemente perturbadora do processo revolucionário» e em proveito da escalada reaccionária, implica que o grupo de militares mencionado se colocou também sob a alçada da justiça revolucionária.
3.º — A atitude «divisionista e visando possibilitar o prolongar da actual crise política» significa que o citado grupo de militares se recusou a respeitar a organização democrática do Movimento das Forças Armadas para superação de naturais divergências de ordem ideológica; o que implica não terem hesitado em criar a divisão entre os portugueses, o envolvimento do Movimento das Forças Armadas nas lutas partidárias e a sabotagem da aliança Povo-M.F.A., destabilizando a vida política do País, em momento particularmente delicado do processo revolucionário, para satisfação das suas ambições pessoais e políticas.
Lisboa, 8 de Agosto de 1975.
continua>>>Inclusão | 18/05/2019 |