A Revolução em Ruptura
Textos Históricos da Revolução II

Organização e introdução de Orlando Neves


Comunicado do COPCON (29/5/75)
M.R.P.P.


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«1. Desde o 25 de Abril de 1974 que o chamado Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado, na sua maioria constituído por jovens estudantes, tem vindo a demonstrar, nas suas formas de actuação, uma constante procura de confrontação com as autoridades revolucionárias constituídas, quer através de um intenso verbalismo demagógico de falso esquerdismo maoísta, quer de uma bem preparada e orquestrada actividade panfletária e de imprensa escrita.

2. Constitui o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado um grupo político de actividade mais semelhante a um qualquer tipo de seita religiosa, com reduzida implantação junto das autênticas massas trabalhadoras do País, que tenta a todo o transe angariar adeptos para a sua frouxa ideologia, desenquadrada de uma acção revolucionária consciente, sólida e construtiva. Tais características motivaram, por um lado, o seu total isolamento face a todos os outros grupos ou partidos do leque político nacional, e por outro o aproveitamento feito por facções marcadamente contra-revolucionárias. No entanto, foi sempre de benévola condescendência a atitude do COPCON face à dinâmica falsamente revolucionária do M. R. P. P., evitando responder à violência com a violência e não possibilitando a conquista, junto de honestos cidadãos desprevenidos, de uma popularidade fácil pela via do martirológio da revolução.

3. Perante o povo português, o COPCON, braço armado das Forças Armadas para a defesa da Revolução, acusa o M. R. P. P. dos seguintes factos: em 15 de Maio, sequestro do ex-fuzileiro Coelho da Silva, que posteriormente foi espancado por militantes desse movimento; em 18 de Maio, espancamento do alferes comando Marcelino da Mata, e de mais dois indivíduos; em 18 de Maio, em Coimbra, sequestro, espancamento e outras sevícias ao primeiro cabo comando reformado, mutilado de guerra, Maximino dos Santos.

4. Face ao exposto e na sequência de uma primeira acção desenvolvida em Coimbra, em 27 de Maio, foi desencadeada, na noite de 28 de Maio, uma operação na área de intervenção da Região Militar de Lisboa, tendo como objectivos os locais onde se reuniam os presumíveis responsáveis pelos referidos factos, com vista à sua detenção e à captura de material, cuja posse se considera ilegal.

5. Fiel ao espírito do seu Programa, o Movimento das Forças Armadas reafirma o propósito de garantir as liberdades funda- mentais dos cidadãos sob qualquer forma, não pactuando com grupos extremistas que recorram ao uso da violência e à prática de agressões atentórias da ordem pública e da dignidade humana grupos esses colaborando assim, sem margem para dúvidas com todos aqueles que se opõem à construção da revolução socialista que o povo português ambiciona.

Forte Alto do Duque, 29 de Maio de 1975».

continua>>>
Inclusão 30/04/2019