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... “a questão econômica fundamental, sem cujo estudo é impossível compreender algo na apreciação da guerra e da política atuais, é a questão da essência econômica do imperialismo”.
(Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 950 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior dei capitalismo — Prólogo).
Na época do maior florescimento da livre concorrência na Inglaterra, nos anos 1840-1860, os dirigentes políticos burgueses desse país eram adversários da política colonial e consideravam como útil e inevitável a emancipação das colônias e sua separação completa da Inglaterra.
Por que?
Porque a Inglaterra, desde as últimas décadas do século XVIII e primeiras do século XIX, era a “oficina do mundo” e a “rainha dos mares”. Explorava o mundo inteiro, praticamente, sem concorrentes, pois que estes foram surgindo paulatinamente a partir da segunda década do século passado.
Com o desenvolvimento amplo do capitalismo não só na Europa como nos Estados Unidos, que toma a forma de capitalismo monopolista, e com a perda da Inglaterra de sua posição privilegiada de “oficina do mundo”
... “nos fins do século XIX, os heróis do dia na Inglaterra eram Cecil Rhodes e Joseph Chamberlain, os quais pregavam abertamente o imperialismo e aplicavam a política imperialista com o maior cinismo!”
(Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1020 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior dei capitalismo — Cap. VI).
O caráter da sujeição das colônias e da política colonial, entretanto, mudam essencialmente na época do imperialismo. Antes do imperialismo, somente países atrasados, ainda não submetidos, haviam sido conquistados, para servir principalmente como mercados para a colocação de produtos manufaturados e como fornecedores de produtos alimentares e matérias primas.
Como, desde o começo do imperialismo, toda a terra já estava repartida entre todas as nações imperialistas e elas se desenvolviam irregularmente, é claro que, à medida que este ou aquele país mais se desenvolvia que outros, necessitava de novos mercados não só para os seus produtos manufaturados como fontes de matérias primas, daí as guerras inter-imperialistas para uma nova repartição do mundo.
“Na época do imperialismo (todavia) a exportação de capitais supera a de mercadorias. Quando para um país atrasado se exportam sobretudo mercadorias, o país exportador está interessado em ter um mercado constante nesse país. Quando, porém, a exportação de capital desempenha o papel principal, o país exportador trata de criar uma garantia para os capitais exportados; agora bem, a melhor garantia para ele é subordinar esse país”.
(Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (5) - Pág. 331 - EPU, 2.ª ed., 1947).
À época, pois, em que a exportação de capital prevalece sobre a de mercadorias, a política imperialista é a da luta das grandes potências não só por uma redivisão colonial territorial como, sobretudo, por uma redivisão econômica e política do mundo, criando para os Estados diversas formas transitórias de dependência.
“Característico para a época (imperialista) não são somente os dois grupos principais de países: possuidores de colônias e países colonizados, mas ainda as formas variadas de países dependentes que, nominalmente, desfrutam de independência política, porém na realidade são presos nas malhas de uma dependência financeira e diplomática”
(E. Varga et L. Mendelsohn — Données Complementaires à l’Imperialisme de Lénine — Págs 218-19 — Editions Sociales, 1950).
Prova brilhante do que acima foi afirmado são os países latino-americanos, cujos Estados só fruem de uma independência política formal, pois que são inteiramente dependentes e realmente estão por completo subordinados ao imperialismo norte-americano, “girando na órbita do colosso americano”, como confessam as figuras mais representativas da grande burguesia brasileira.
A forma de dominação imperialista tem, pois, evoluído com o tempo. Antes, era efetivada por simples invasão e domínio militar. Na atualidade, predomina a penetração pacífica, através de empréstimos em dinheiro, créditos, contratos comerciais, pressão política interna ou externa, “dumpings”, etc. Um economista liberal norte-americano assim classifica o imperialismo:
“Esforço bastardo no sentido de criar uma estrutura internacional para a produção moderna, sobre bases de conquista, roubo e exploração de classes sociais.”
(Lewis Munford — “The culture of Cities” — Pág. 371 — Ed. de Harcourt, Brave & Company, New York).
Portanto, como está exaustivamente demonstrado e provado na abundante literatura sobre o imperialismo, tanto marxista como burguesa, se
“O imperialismo é a mais descarada exploração e a mais desumana opressão das centenas de milhões de habitantes das imensas colônias e países dependentes”, e “o objetivo dessa exploração e dessa opressão é a obtenção de superlucros. ”
(Stálin — “Sobre os fundamentos do leninismo — Pág. 12 — Edit. Calvino, 1945).
então, são traidores da Pátria quantos contribuam para a mantença desse estado de escravização do nosso país à oligarquia financeira anglo-americana e patriotas os que lutam pela nossa emancipação econômica e política, que é, em última análise, a nossa plena libertação nacional.
Resumidamente, em que consiste a atual rapinante política econômica imperialista no quadro mundial? No seguinte:
1.° — A aplicação de capital como empréstimo aos governos, em serviços públicos, nas indústrias e no comércio, e em países de economia atrasada, subdesenvolvidos, visando não só à obtenção de juros como superlucros, mas também, e principalmente, o controle da produção e do comércio interno e externo, direta ou indiretamente.
2.° — Exportação formada por artigos extensamente elaborados, por preços monopolistas, cuja produção é combatida nos países dominados, obrigando-os a se dedicarem à agricultura e extração de matérias primas para fornecimento a preços, não raro, abaixo do custo de produção, às grandes indústrias monopolistas dos países imperialistas.
3.º — pressão constante no sentido de impedir que os países de economia colonial ou semicolonial vençam a sua própria inferioridade técnica, financeira e econômica.
Essa política econômica ladravaz e predatória do imperialismo se tem feito sentir tão cínica e descaradamente contra a nossa Pátria, que só os traidores e cúmplices dos salteadores imperialistas ousam negar ou então justificar que ela decorre de uma fatalidade geográfica e econômica!