A reconstrução de Moscou

L. Perchik

1936


Fonte: L. Perchik: The Reconstruction of Moscow, Moscou: Co-operative Publishing Society of Foreign Workers in the USSR, 1936.

Tradução: Thales Caramante.

HTML: Lucas Schweppenstette.

Creative Commons BY-SA 4.0


O socialismo e a questão da moradia

A questão da moradia e as questões dos serviços públicos em geral, têm chamado a atenção desde os primeiros dias do nascimento do socialismo científico. Há noventa anos, Friedrich Engels, depois de fazer um estudo da situação de vida dos trabalhadores ingleses em Manchester e em outras cidades da Inglaterra capitalista, escreveu:

É verdadeiramente revoltante o modo como a sociedade moderna trata a imensa massa dos pobres. Ela os atrai para as grandes cidades, onde respiram uma atmosfera muito pior que em sua terra natal. Põe-nos em bairros cuja construção torna a circulação do ar muito mais difícil que em qualquer outro local. Impede-os de usar os meios adequados para se manterem limpos: a água corrente só é instalada contra pagamento e os cursos de água poluídos não podem ser utilizados para a higiene; compele-os a jogar na rua todos os detritos e as imundícies, toda a água servida e até mesmo os excrementos mais nauseabundos, para os quais não há outra forma de escoamento – enfim, obriga-os a empestear seus próprios locais de moradia. E nem isso lhe basta: acumula sobre eles todos os males possíveis. Se, em geral, a população das cidades já é demasiado densa, são os pobres os mais amontoados em espaços exíguos. Não contente com a atmosfera envenenada das ruas, encerra-os às dezenas em habitações de um único cômodo, de tal modo que o ar que respiram à noite é ainda mais sufocante. Oferece-lhes alojamentos úmidos, porões onde a água mina do chão ou mansardas de cujo teto ela goteja. Constrói-lhes casas que não permitem que o ar viciado circule.

Em suas notas preliminares para A Sagrada Família (1844), Marx escreveu sobre as condições de moradia dos trabalhadores sob o capitalismo:

O homem retorna à caverna, que agora está envenenada pelo ar mefítico e pestilento da civilização, na qual, além disso, ele habita apenas precariamente, um poder estrangeiro que pode escapar dele a qualquer momento, do qual ele pode ser expulso a qualquer momento se não pagar. Ele precisa pagar por essa casa da morte. A moradia ensolarada, que Ésquilo faz Prometeu chamar de um dos grandes presentes pelos quais ele fez de um selvagem um homem, deixa de existir para o trabalhador.

A crítica consistente e incisiva de Marx à sociedade burguesa em seu imortal O Capital também trata das terríveis condições de moradia dos trabalhadores sob o capitalismo. No Esboço e Explicação do Programa do Partido Social-Democrata, que Lênin compilou na prisão em 1895-1896, ele escreveu o seguinte sobre o empobrecimento dos trabalhadores e o tremendo aumento da riqueza das classes exploradoras:

O luxo e a extravagância atingiram dimensões sem precedentes entre essa classe de ricos, e as ruas principais das grandes cidades estão repletas de seus palácios principescos e castelos luxuosos. Mas, à medida que o capitalismo cresce, as condições dos trabalhadores pioram [...] tornou-se cada vez mais difícil encontrar emprego e, ao lado dos luxuosos palácios dos ricos (ou nos subúrbios), os barracos dos trabalhadores aumentaram em número, os trabalhadores foram obrigados a viver em porões, em cortiços superlotados, úmidos e frios e, às vezes, até mesmo em abrigos perto de onde novas fábricas estavam sendo construídas.

Os dirigentes e professores da classe trabalhadora não lidaram com utopias seguindo o exemplo dos socialistas utópicos, os predecessores do socialismo científico (Thomas More, Tomas Campanella, Charles Fourier, Robert Owen e outros). Além disso, eles nos alertaram para que não nos entregássemos a fantasias sobre esse importante problema de remodelar a vida humana sob as novas condições criadas pela época socialista.

Assim, por exemplo, Engels, em 1872, em seu brilhante trabalho, A Questão da Moradia, escreveu:

O modo como uma revolução social poderia solucionar essa questão [a moradia] não só depende das circunstâncias do momento, mas também tem a ver com questões muito mais profundas, sendo uma das mais essenciais a supressão do antagonismo entre cidade e campo. Dado que não precisamos criar sistemas utopistas para instaurar a sociedade futura, seria totalmente supérfluo entrar nesse tema.

Mas uma coisa era importante: a classe trabalhadora, tendo conquistado o poder, deve reconstruir radicalmente suas cidades, abolir a contradição entre cidade e campo, eliminar as contradições grosseiras que existem em uma cidade capitalista entre os bairros burgueses e proletários. Noventa anos se passaram desde que Engels escreveu seu A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra em 1844. Quase simultaneamente, o grande crítico russo, Belinsky, escreveu sobre Moscou:

Em toda parte, autossuficiência, falta de conexão [...] As casas ou cabanas são como fortalezas, preparadas para resistir a um cerco prolongado. O lar está em toda parte, mas praticamente não há vida cívica.

Naquela época, Moscou encontrava-se em um estágio de desenvolvimento significativamente inferior a Manchester, da mesma forma que toda a Rússia estava defasada em relação à Inglaterra, por cerca de um século. Mesmo durante a Revolução de Outubro, a Rússia permanecia aproximadamente um século atrás da Inglaterra e de outros países capitalistas avançados. Contudo, decorridos dezoito anos desde a Revolução, houve uma transformação substancial. Durante esse período, Moscou passou por uma reconstrução abrangente, abarcando todos os setores de serviços e empresas públicas, sendo especialmente notável nos últimos anos.

Enquanto isso, em Londres, o problema das favelas está mais grave do que nunca. Esse problema, que não podia ser resolvido há noventa anos, é igualmente insolúvel agora, enquanto a burguesia estiver no poder. Se um trabalhador do sistema capitalista tiver a chance de sair das favelas e se mudar para um local de moradia mais ou menos decente, os aluguéis mais altos afetarão seu orçamento de tal forma que ele não terá dinheiro suficiente para a alimentação.

Conforme relatado por um médico oficial de saúde britânico, o Dr. M'Gonigle, houve um aumento de 0,85% na taxa de mortalidade entre os trabalhadores na Inglaterra que se mudaram para bairros melhores em comparação com aqueles que permaneceram nas favelas. Ao investigar essa aparente anomalia, M'Gonigle explicou que a mudança das favelas para novas residências implicou em um aumento de mais de uma vez e meia no valor do aluguel. Isso levou os trabalhadores a reduzirem drasticamente seus gastos com alimentação, resultando em uma fome adicional que inevitavelmente contribuiu para o aumento da mortalidade nas novas moradias.

A antiga Moscou

A Moscou antiga, habitada por nobres e comerciantes, era emblemática do atraso russo, dos costumes asiáticos, da extravagância dos comerciantes, do obscurantismo clerical e da exploração extrema dos trabalhadores e operários. Esta Moscou do passado ficou registrada na história como um “grande vilarejo”, caracterizado pela sua falta de higiene, rudeza e atraso em termos de planejamento urbano, conhecida por sua profusão de mosteiros, bares, tavernas e capelas.

Moscou era uma cidade notoriamente atrasada e mal planejada, caracterizada por um desenvolvimento caótico e desordenado, onde as ruas estreitas, sinuosas, sujas, malcheirosas e não pavimentadas predominavam, acompanhadas por uma infinidade de vielas e becos sem saída. A arquitetura era uma mistura de estilos, com uma profusão de igrejas e mosteiros dominando a paisagem urbana. Os serviços públicos, como eletricidade, água, esgoto e transporte, estavam em níveis extremamente baixos, com uma presença significativa de capital estrangeiro nesses setores.

Ao longo de oito séculos, desde a construção da fortaleza do Kremlin pelos senhores feudais russos nas margens do rio Moscou, a cidade tem evoluído como um reflexo das estratégias de defesa contra ameaças internas e externas. Assim como uma aranha tece sua teia, as classes dominantes da antiga Moscou — os senhores feudais e os comerciantes — ao longo dos séculos, expandiram a cidade em todas as direções a partir do Kremlin, convertendo antigas trilhas rurais que conectavam vilarejos vizinhos em ruas e becos urbanos.

Contudo, devido à consideração pelos interesses dos proprietários de imóveis privados, que construíam sem muita regulamentação, e aos métodos frequentemente caóticos e esporádicos de construção, essas ruas tornaram-se estreitas e irregulares, sinuosas e tortuosas. Durante o verão, eram poeirentas, enquanto na primavera e no outono ficavam enlameadas.

Moscou, como outras cidades capitalistas, destacava-se pelo marcante contraste entre as luxuosas residências das classes privilegiadas e as precárias favelas, barracos e porões habitados pelos pobres urbanos. Em comparação com outras capitais e grandes cidades europeias e americanas, Moscou era a mais subdesenvolvida e mal planejada, com sua população enfrentando a mais alta taxa de mortalidade, registrando vinte mortes por ano para cada mil habitantes.

Para dar uma ideia do nível das “instalações” municipais na Moscou pré-revolucionária, citamos uma passagem descritiva do livro de um certo I. Slonov, Da vida da Moscou Comerciante (1914).

Naquela época, no final do século 19, as ruas centrais de Moscou eram iluminadas por lâmpadas de querosene, enquanto nos subúrbios e vias periféricas, lâmpadas de óleo vegetal de baixa potência forneciam luz. A manutenção e limpeza dessas lâmpadas eram atribuições dos bombeiros. Grande parte do óleo de semente de cânhamo destinado à iluminação, de qualidade inferior, era utilizado pelos bombeiros em suas refeições. Como resultado, as poucas lâmpadas disponíveis, já emitindo luz fraca, frequentemente se apagavam, deixando as ruas mergulhadas na escuridão total, completando o cenário da Moscou daquela época.

A antiga Moscou foi construída de maneira caótica, sem nenhum planejamento, com os edifícios sendo erguidos conforme a vontade e a fantasia dos construtores. No entanto, nessa construção desordenada, emergiu um tipo de sistema, conhecido como sistema radial e circular de Moscou.

O sistema é chamado de radial porque as ruas de Moscou se estendem como linhas radiais que divergem do centro em todas as direções. Além disso, segue um plano circular: todas essas longas vias radiais são intersectadas em vários pontos por vias circulares, que se formaram nos locais de antigas fortalezas. A Avenida Circular está situada onde uma antiga fortaleza de pedra branca existia, enquanto o Círculo Sadovoye ocupa o local das antigas muralhas de terra. Daí os nomes dos portões da fortaleza — Arabatskiye Vorota (Portão), Sretenskiye Vorota, e também a rua chamada Zemlyanoy Vai (Muralhas de Terra), e assim por diante.

Os seguintes eventos demonstram que o capitalismo russo, de forma geral, não apenas falhou em melhorar, mas em muitos casos, deteriorou o antigo plano feudal de Moscou. A Tverskaya, anteriormente conhecida como Rua do Czar (hoje Rua Gorky), deixou de ser uma rua reta no final do século 17 e início do século 18, devido ao descarado roubo de terras por proprietários privados. A Bolshaya Dmitrovka, que antes seguia em linha reta com a Malaya Dmitrovka, teve sua direção alterada no final do século 17 devido à construção de uma igreja e várias casas de comerciantes no cruzamento dessas duas vias. A Petrovka também se tornou mais estreita e sinuosa no final do século 18, quando uma rua adicional foi construída em uma área de cerca de mil metros quadrados.

Gubin, um comerciante, se apropriou de uma parte da área da rua para construir sua casa e, do outro lado, o Mosteiro Petrovsky se estendia até a rua. Assim, graças aos esforços conjuntos do padre e do comerciante, essa rua foi cercada por ambos os lados.

A ganância desmedida dos capitalistas russos é exemplificada pelo infame caso do “Bosque Khomyakovsky”, que perdurou por várias décadas. O influente proprietário e nobre Khomyakov, cuja residência situava-se na esquina da Kuznetsky Most com a Petrovka, recusou-se a ceder à cidade 106,68 metros quadrados de seu terreno para a expansão da Kuznetsky Most, a menos que fosse pago um valor exorbitante de três mil rublos por metro. Para evitar qualquer tentativa de expropriação do seu terreno de forma inesperada, ele plantou abetos jovens no local, conquistando assim o título irônico de “Bosque Khomyakovsky”.

Em um artigo de I. Verner, A Situação das Moradias das Pessoas Mais Pobres de Moscou, publicado em 1902 no órgão do Conselho Municipal de Moscou dos proprietários e comerciantes, lemos:

Em Moscou, como em todas as grandes cidades, existe um grupo considerável de pessoas que não apenas atingiram um nível extremo de miséria, mas também perderam toda a dignidade humana. A embriaguez, as doenças, a fome crônica e a exposição às mudanças de temperatura em seus corpos praticamente nus — todas essas condições deploráveis e angustiantes os tornaram fisicamente e moralmente incapazes de trabalhar regularmente. Como resultado, eles não têm meios de subsistência definidos, nem propriedade, e muitas vezes carecem de uma residência permanente. Esses excluídos da nossa sociedade passam a maior parte do tempo nas ruas durante o dia e nas dependências dos depósitos durante a noite, de onde são expulsos ao amanhecer.

A próxima camada da população mais pobre de Moscou é composta por uma vasta categoria de pessoas fisicamente capazes e trabalhadoras. Inclui trabalhadores de fábricas e moinhos, pequenos artesãos autônomos e seus assistentes, motoristas, trabalhadores sazonais agrícolas contratados por empreiteiras, operários, pequenos comerciantes, funcionários de escritório, empregados domésticos, funcionários ferroviários mal remunerados e as famílias de pessoas que desempenham essas profissões, entre outras. Uma característica dessa classe é que eles têm uma renda fixa e estável, embora variável em alguns casos; possuem algum tipo de propriedade e aspiram a adquirir uma residência permanente. Essas pessoas ocupam alojamentos que se distinguem das habitações coletivas apenas pelo fato de serem alugadas a uma população estabelecida, geralmente por um período fixo, mais ou menos prolongado.

Portanto, em termos de moradia, os trabalhadores da antiga Moscou estavam na mesma categoria dos excluídos. Geralmente, ocupavam quartos que não diferiam significativamente dos alojamentos do “submundo” da cidade ou das cabanas do mercado de Khitrov.

De acordo com os dados do censo de 1912, Moscou abrigava 24.500 quartos desse tipo, ocupados por 327.000 pessoas, o que representava mais de 20% de toda a população de 1.600.000 habitantes da cidade. Em média, dez pessoas por cômodo residiam nos apartamentos de um quarto no subsolo e semi-subsolo de Moscou; seis por cômodo nos apartamentos de um quarto acima do nível da rua; e três por cômodo nos apartamentos de dois quartos. Esses números, típicos de qualquer outra cidade capitalista, revelam que a densidade populacional aumenta à medida que a pobreza se intensifica.

Antes da Revolução, apenas 3% dos trabalhadores viviam na Avenida Circular de Moscou, conhecido como Círculo “A” (o bonde “A” passa ao longo desse círculo), ou seja, no centro da cidade, em seus melhores apartamentos e casas, e no Círculo Sadovoye (“B”) — cerca de 5%.

Na antiga Moscou, 88,2% das casas eram de madeira e 91,2% tinham um ou dois andares.

Aqui mostramos uma das várias caracterizações do nível de “instalações municipais” na antiga Moscou.

Os pátios das residências geralmente são muito sujos e raramente são pavimentados, exceto em casos muito raros. As fossas e os cestos de lixo raramente recebem limpeza; os inspetores frequentemente testemunharam muitos casos em que as fossas estavam transbordando completamente, emitindo odores desagradáveis, e o lixo estava espalhado pelo pátio. Além disso, nem os pátios nem as escadas são iluminados, o que representa um perigo durante as noites de inverno, tornando a travessia do pátio ou a descida para um apartamento no porão uma tarefa arriscada, com o risco de quedas e lesões graves.

As latrinas na maioria dessas casas são compartilhadas e frequentemente mantidas em condições extremamente insalubres. Relatórios do censo documentaram numerosos casos em que camadas de excremento com mais de um quarto de metro de profundidade cobriam o chão das latrinas, chegando até mesmo a ultrapassar o nível do assento. Em muitas situações, as fossas transbordavam, fazendo com que o conteúdo se infiltrasse pelos corredores e, às vezes, até mesmo sob os pisos dos apartamentos. Devido a essas condições, os moradores muitas vezes preferiam usar cantos dos pátios para suas necessidades, enquanto as crianças eram posicionadas próximas aos degraus. Em muitos casos, as latrinas e as calhas de urina eram colocadas ao lado de paredes antigas, resultando em vazamentos que contaminavam o ar a tal ponto que, após apenas meia hora de exposição, os recenseadores experimentavam náuseas, indisposição e tontura.

Essa é a Moscou que agora está sendo transformada, que está recebendo uma nova aparência correspondente ao seu novo conteúdo socialista.

Stálin sobre as linhas de desenvolvimento das cidades socialistas

Na Plenária de junho de 1931 do Comitê Central do PCUS, por iniciativa de Stálin, Lazar Kaganovich apresentou um informe sobre os serviços e empresas públicas em Moscou, além do progresso desses setores em toda a URSS.

A resolução dessa Plenária refletiu as sugestões primorosas de Stálin sobre o desenvolvimento da construção das cidades da URSS como um todo, com especial ênfase em Moscou, a capital da grande pátria socialista.

Stálin criticou veementemente tanto a tendência ao urbanismo burguês, que visava desenvolver Moscou e outras grandes cidades da URSS seguindo os padrões das cidades capitalistas, sem restrições à indústria e à migração populacional, quanto o anti-urbanismo pequeno-burguês, que negava a própria ideia de cidade e buscava diminuir o tamanho das cidades, transformando-as em pequenas localidades com características rurais.

Por sugestão de Stálin, a Plenária do Comitê Central do PCUS em junho adotou a seguinte resolução, limitando o crescimento da indústria em Moscou, Leningrado e outras grandes cidades:

Considerando que o futuro desenvolvimento da construção industrial do país deve seguir a linha da criação de novas bases industriais em distritos rurais, aproximando-se assim da abolição final da contradição entre cidade e campo, a Plenária do Comitê Central considera impróprio concentrar um grande número de empresas nos grandes centros urbanos já existentes. Portanto, propõe-se que, no futuro, não sejam construídas novas instalações industriais nessas cidades, especialmente em Moscou e Leningrado a partir de 1932.

Essa decisão expressa a política do Partido Comunista da União Soviética, que é direcionada para a distribuição geográfica adequada das forças produtivas em todo o país.

O governo soviético e o Partido Comunista se opõem ao crescimento descontrolado da indústria em apenas alguns poucos centros, enquanto há distritos puramente agrários sem qualquer presença industrial. Ambos consideram que a indústria socialista deve revitalizar todos os territórios e regiões da grande terra soviética, garantindo que cada distrito tenha sua própria base industrial sólida.

Além da decisão sobre a distribuição das forças produtivas em todo o país, a Plenária do Comitê Central do PCUS em junho também manifestou suas opiniões sobre os princípios de distribuição da população e de todas as empresas e instituições que a atendem dentro da própria cidade socialista:

Ao planejar Moscou como uma cidade socialista, em contraposição às cidades capitalistas, não se deve permitir uma concentração excessiva de grandes massas populacionais, empresas, escolas, hospitais, teatros, clubes, lojas, refeitórios, etc., em áreas restritas.

Essa decisão reflete a política do Partido Comunista da União Soviética de que “as cidades socialistas não devem imitar as imensas metrópoles caóticas tão características do mundo capitalista, com sua concentração de arranha-céus, superlotação populacional em pequenas áreas e distribuição extremamente desigual de estabelecimentos culturais, comerciais e outros dentro do território urbano”. Além desses princípios fundamentais, a resolução da Plenária do Comitê Central do PCUS em junho contém diretrizes de importância histórica relacionadas ao trabalho de reconstrução dos serviços e empresas públicas, especialmente no que diz respeito à construção do metrô em Moscou e do Canal Volga-Moscou, que ligará os rios Volga e Moscou. Na resolução dessa Plenária, são fornecidas as seguintes diretrizes referentes ao planejamento de Moscou:

Além das medidas atualmente em andamento e da execução do programa de construção da capital para o ano, é crucial elaborar um programa detalhado para o desenvolvimento dos serviços e empresas públicas de Moscou sob a ótica da ciência, tecnologia e economia. Este plano deve ser coordenado o mais rapidamente possível com o crescimento acelerado da indústria e da população, bem como com o planejamento de Moscou como a capital socialista do Estado proletário.

No decorrer da implementação dessa decisão, Moscou alcançou grandes êxitos em uma frente crucial da construção socialista. Nos últimos cinco anos, foram erguidas centenas de novas residências, totalizando uma área útil de 2,6 milhões de metros quadrados. Além disso, foram construídos novas escolas, teatros, cinemas, clubes, jardins de infância, creches, refeitórios, lojas, centros comerciais, entre outras instalações. Houve também a construção de cozinhas e padarias mecanizadas, edifícios públicos e escritórios.

Foram pavimentados dois milhões de metros quadrados de estradas; a capacidade das redes de água foi aumentada em 100%; o sistema de esgoto foi ampliado em centenas de quilômetros; e as linhas de bondes foram estendidas em mais de 100 quilômetros. Além disso, as instalações de transporte da cidade foram reforçadas com pouco mais de mil novos bondes e centenas de ônibus motorizados. Moscou adquiriu 25 quilômetros de redes de aquecimento central, marcando a primeira etapa do vasto programa de desenvolvimento de aquecimento e energia na União Soviética. O ritmo de construção do primeiro metrô da URSS e do Canal Volga-Moscou não tem paralelo na história. Adicionalmente, os parques de cultura e descanso e as áreas verdes da cidade foram ampliados, e novos parques foram construídos.

Tudo isso é confirmado de forma convincente pelas palavras de Stálin no 17º Congresso do partido:

A própria face de nossas grandes cidades e centros industriais mudou drasticamente. Enquanto nos países burgueses as favelas e os distritos da classe trabalhadora nos arredores das cidades são comuns, representando aglomerações de habitações escuras, úmidas e, frequentemente, em porões semiarruinados, onde os pobres vivem em condições deploráveis, a Revolução na URSS erradicou essas favelas de nosso país. Em seu lugar, surgiram bairros operários bem construídos e iluminados. Em muitos casos, esses bairros operários são até mais bem construídos do que os bairros centrais das cidades.

Os anos após a Revolução de Outubro testemunharam não apenas a construção de milhares de novos apartamentos, totalizando uma área de 5.100.000 metros quadrados, o que aumentou em uma vez e meia a área habitável de Moscou, mas também a reforma de dezenas de antigos prédios de fábricas e quartéis. Dezenas de milhares de trabalhadores foram reintegrados ao mercado de trabalho, transferidos de “dormitórios” e acomodados em alojamentos com quartos e apartamentos individuais de qualidade. No entanto, para atender às crescentes necessidades materiais e culturais dos trabalhadores de Moscou, é necessário construir centenas e milhares de casas grandes, modernas, de vários andares, bem decoradas e bonitas.

Desde a Revolução de Outubro, o comprimento das tubulações de água aumentou em 50%. O consumo diário de água na cidade aumentou mais de quatro vezes e meia. O consumo de água per capita aumentou de 60 litros para 160 litros, ou seja, mais do que o dobro. A rede de esgoto aumentou em uma vez e meia. As linhas de bondes mais que dobraram, com o número de bondes aumentando de 800 para 2.500, representando mais do que o triplo. Além disso, Moscou agora conta com 450 ônibus motorizados e 60 trólebus, os quais não existiam antes da Revolução.

Antes da Revolução, apenas 2% de todas as vias públicas eram revestidas com asfalto, macadame ou pedras; atualmente, 30% da área total das ruas é coberta com esses materiais. O consumo per capita de gás aumentou de 8 metros cúbicos para 21 metros cúbicos. O número de telefones aumentou de 25 mil para 110 mil. Além disso, o número de lâmpadas elétricas de rua aumentou de 5 mil para 37 mil, enquanto as lâmpadas de querosene e gás foram completamente eliminadas.

Mas Moscou não pode se contentar apenas com essas conquistas. Embora o consumo de 160 litros de água per capita por dia seja mais do que duas vezes e meia maior do que o volume per capita nos dias pré-revolucionários e consideravelmente maior do que a média de Berlim, isso ainda não é suficiente, considerando o aumento das necessidades da população de Moscou.

Não é suficiente que o sistema de esgoto tenha sido ampliado em uma vez e meia, considerando que ainda existem áreas em Moscou com casas antigas de um andar onde o sistema de esgoto ainda não foi introduzido. Além disso, o grande aumento nas instalações de transporte também não é suficiente, pois as necessidades da população nesse aspecto ultrapassaram esse aumento. Antes da Revolução, um habitante de Moscou fazia uma média de 156 viagens por ano; agora, ele faz 500 viagens por ano. Com o aumento do nível cultural da expansão da população e o consequente aumento da frequência a escolas, bibliotecas, parques, teatros etc., e com a redução da jornada de trabalho, as demandas por transporte são cada vez maiores. É por isso que a reconstrução radical de Moscou e de seus serviços e empresas municipais, bem como o planejamento de Moscou como cidade, foram considerados questões de tão grande importância pelo partido e pelo Estado e, acima de tudo, pelo próprio Stálin.

Simultaneamente ao trabalho de reconstrução dos serviços e empresas municipais de Moscou, o partido em Moscou e as organizações soviéticas, sob a direção direta de Lazar Kaganovich, elaboraram, nos últimos anos, um plano abrangente para a reconstrução de Moscou. Esse plano engloba tanto o planejamento urbano da cidade quanto a construção e reconstrução dos serviços e empresas públicas para os próximos dez anos.

Esse plano constitui a base da decisão histórica do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS, de 10 de julho de 1935, sobre a reconstrução de Moscou.

Planejamento da nova Moscou

A Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917 fez de Moscou a capital socialista do País dos Sovietes. Moscou tornou-se o símbolo da construção do socialismo.

Moscou não poderia permanecer como era antes da Revolução: suja, mal planejada e carente de instalações públicas adequadas. Por isso, logo que a Terra dos Sovietes entrou na era da reconstrução e obteve grandes vitórias em todas as áreas da construção socialista, Stálin, nosso sábio mentor e dirigente, impôs aos bolcheviques de Moscou uma tarefa de imensa importância histórica: reconstruir a cidade e todos os seus serviços e empresas públicas em um prazo mínimo, transformando-a em uma capital digna da poderosa pátria socialista.

As cidades socialistas apresentam notáveis vantagens em relação às cidades capitalistas no que diz respeito ao planejamento e reconstrução urbana. Isso se deve principalmente à abolição da propriedade privada da terra e de todos os meios de produção nas cidades socialistas.

O conhecido Georges-Eugène Haussmann, prefeito de Paris durante o reinado de Napoleão III na França, que realizou amplas alterações nos edifícios de Paris no meio do século 19, mencionou em suas memórias as dificuldades consideráveis encontradas no processo de replanejamento de Paris, devido à “sagrada e inviolável” propriedade privada da terra.

“Para realizar o plano do engenheiro Belgran para o abastecimento de água de Paris, — escreve ele, — a cidade precisava adquirir as fontes do Somme e do Soude. No entanto, os proprietários privados não cederam, apesar de todas as tentativas de persuasão, e o trabalho não foi concluído”.

Quando a capital japonesa, Tóquio, foi devastada pelo catastrófico terremoto e incêndio de 1923, que praticamente destruiu toda a cidade, foi necessário desembolsar 40 milhões de ienes aos proprietários privados de terrenos urbanos por cerca de 120 hectares usados para alargar as ruas durante o replanejamento da cidade.

Entretanto, as grandes vantagens no planejamento das cidades socialistas não se limitam apenas à questão da propriedade privada. Existem outras vantagens notáveis. Uma delas é o princípio do planejamento, que foi implementado em todos os setores da vida econômica e cultural da União Soviética, visando promover os interesses dos milhões de proletários e trabalhadores. Outro fator determinante é a justa política marxista-leninista do PCUS na construção municipal.

Quando o Partido Comunista e o governo soviético começaram a lidar com a tarefa de reconstruir Moscou, havia diferentes pontos de vista sobre a questão do desenvolvimento da capital soviética.

Alguns disseram que Moscou deveria ser transformada em uma cidade-museu. “É uma cidade antiga com belíssimos memoriais dos tempos antigos. — disseram os reacionários. — Não devemos perturbar esses memoriais do passado. Vamos construir uma nova cidade em algum lugar fora de Moscou”.

Outros disseram: “Embora tenhamos que reconstruir a velha Moscou, ela não deve ser uma cidade grande. Por que deveríamos ter uma população de quatro ou cinco milhões de habitantes em Moscou? Isso é demais. Vamos desmontar a maioria das fábricas. Vamos fazer uma redução decisiva no número de nossas instituições de ensino superior. Vamos reduzir a população de Moscou para um milhão ou, no máximo, para um milhão e meio”.

Houve propostas para substituir o layout atual da cidade por um esquema de tabuleiro de xadrez ou um sistema que dividiria a cidade em assentamentos individuais. Outras sugestões incluíam um esquema de “cometa”, atravessando a cidade de forma linear (preferencialmente noroeste), um layout linear ou um modelo de “cidade-jardim”, que expandiria Moscou para uma área de até 200 mil hectares.

Todos esses planos abstratos, elaborados sem considerar o valor histórico, refletiam as ideologias burguesas e pequeno-burguesas de seus autores. A ala direita e reacionária desses planejadores buscava preservar a velha Moscou intocada, como era durante o domínio da nobreza, comerciantes e clero. Por outro lado, a ala “esquerdista” evitava a tarefa de reconstrução, propondo construir a capital em um novo local e deixando a velha Moscou intacta. É evidente que, mesmo na esfera do planejamento, há uma estreita ligação entre a “direita” e os ideólogos pequeno-burgueses de “esquerda”.

Em 1920, o ideólogo contrarrevolucionário kulak, Chayanov, escreveu um livro intitulado A Viagem de Meu Irmão Alexei à Terra da Utopia dos Camponeses. Neste livro, ele fantasiava sobre um golpe contrarrevolucionário que, de acordo com suas previsões, deveria ter ocorrido em 1934 e resultaria na destruição deliberada de Moscou como cidade. A seguir, a política na esfera do “desenvolvimento” (ou, mais precisamente, da destruição) das cidades, e de Moscou Vermelha em particular, com a qual esse ideólogo kulak abertamente sonhava:

No início, a reconstrução de Moscou foi influenciada por razões de caráter político. — escreveu Chayanov. — Em 1934, quando o poder estava firmemente nas mãos dos partidos camponeses [leia-se: kulak!], o governo de Mitrofanov, convencido por muitos anos de experiência prática do perigo de uma grande concentração de pessoas nas cidades para um regime [leia-se: contrarrevolucionário] democrático, decidiu tomar uma medida revolucionária (!) e promulgou o famoso decreto sobre a destruição de cidades com população superior a 20.000 habitantes.

É claro que foi muito difícil executar esse decreto em Moscou, que nos anos 30 tinha mais de 4 milhões de habitantes. Mas a persistência obstinada das autoridades e o equipamento técnico do corpo de engenheiros tornaram possível lidar com essa tarefa no decorrer de dez anos. Em 1931, as ruas de Moscou começaram a ficar desertas; o corpo de engenharia começou a planejar a nova Moscou; os arranha-céus de Moscou foram destruídos às centenas, muitas vezes com o uso de dinamite. Os mais ousados de nossos líderes, vagando por uma cidade em ruínas, estavam preparados para se confessarem vândalos, tão terrível era o quadro de devastação que Moscou apresentava. No entanto, a luta incessante continuou.

Com a marcha vitoriosa da revolução proletária, essa farsa de banalidades utópicas, a fantasia do ideólogo do vandalismo kulak, que pedia em seu panfleto um sistema econômico de fazendas, a destruição de cidades, a fundação de mosteiros “cultos” e obscurantismo semelhante, foi completamente destruída.

Os inimigos da União Soviética não causaram poucos danos na questão da reconstrução de Moscou, não apenas na teoria, mas também na prática.

Durante uma década inteira (1920-1930), no planejamento de Moscou, prevaleceram práticas que militavam contra os interesses da reconstrução socialista de Moscou. Nos planos reacionários dos antigos responsáveis pelo planejamento de Moscou, a cidade deveria crescer para 200 mil hectares, de modo a preservar a cidade antiga intacta. Eles se esforçaram para separar territorialmente o centro político dos bairros dos trabalhadores, dispondo-o em uma direção diametralmente oposta. O tratamento arquitetônico deveria se basear no estilo de antigas residências aristocráticas, casas de campo de escudeiros, igrejas e mosteiros.

A decisão do Conselho dos Comissários do Povo definiu a tarefa de reconstrução radical de Moscou, que “refletia, mesmo nos melhores anos de seu desenvolvimento, o caráter bárbaro do capitalismo russo”.

Essa decisão afirma que “é fundamental manter os contornos históricos da cidade, mas é crucial replanejá-la radicalmente, coordenando a rede de suas ruas e praças. As condições mais importantes para esse replanejamento incluem a disposição adequada de residências, indústrias, transporte ferroviário e armazéns, o aprofundamento do rio Moscou e a introdução de novas lagoas, canais etc., a eliminação de áreas congestionadas, a organização adequada de distritos residenciais e a criação de condições de vida normais e saudáveis para a população”.

Moscou deve aspirar a ser uma cidade com o mais alto padrão de planejamento urbano, com serviços municipais e empresas bem organizadas. Além disso, deve ser uma cidade de arquitetura excepcional.

O governo soviético advoga não apenas por residências confortáveis, mas também por habitações belas. Não se trata apenas de melhorias municipais na cidade, mas também da criação de uma cidade esteticamente atraente.

A decisão do Conselho de Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do PCUS afirma que “é essencial buscar a uniformidade no tratamento arquitetônico das praças, vias públicas, aterros e parques, utilizando os melhores exemplos da arquitetura clássica e moderna, bem como todas as inovações na técnica de construção de edifícios”.

Moscou, que contava com uma população de 1,6 mil habitantes antes da Revolução, atualmente tem 3,6 milhões habitantes. A decisão do Conselho dos Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS propõe aumentar a população de Moscou para 5 milhões. Isso implica que a indústria moscovita, as empresas municipais, as instituições soviéticas e as universidades estarão preparadas para oferecer emprego a um contingente de pessoas que, somadas à população jovem e aos incapacitados para o trabalho, totalizará cerca de 5 milhões.

É importante notar que, nos países capitalistas, as capitais frequentemente têm uma proporção maior de habitantes em relação à população total do país, mesmo que este seja consideravelmente “menor” que o da União Soviética. Por exemplo, a população de Moscou representa apenas cerca de 2 a 2,5% de toda a população do país, enquanto na França a porcentagem da população da capital em relação à população total é de 9%, e na Inglaterra é de mais de 15%.

Ao discutirmos uma população de 5 milhões de habitantes em Moscou, é importante destacar que isso não implica em impedir o crescimento natural da população da cidade. Pelo contrário, o crescimento natural da população na União Soviética, incluindo a população de Moscou, ocorre em condições altamente favoráveis. O Partido Comunista e o governo soviético têm o máximo cuidado com as mães e com as novas gerações. Quando falamos em uma população de 5 milhões de habitantes em Moscou, é necessário considerar que o excedente de engenheiros, médicos, arquitetos, professores, trabalhadores — todos aqueles que desempenham trabalho manual ou intelectual — se espalhará para outras cidades da URSS, levando consigo exemplos do trabalho e da cultura de Moscou.

Para abrigar uma população de 5 milhões de habitantes, é necessário um território muito maior do que o atualmente ocupado por Moscou. Atualmente, a área da cidade é de 28.500 hectares. Antes da Revolução, Moscou ocupava 9 mil hectares. Seguindo a decisão do Conselho dos Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do PCUS, o território de Moscou está sendo expandido para incluir uma área de 60 mil hectares.

Os novos territórios que serão incorporados a Moscou abrangem cerca de 32 mil hectares. Mais da metade desse território está situada ao sudoeste da cidade, estendendo-se além das colinas de Lênin, ao longo do rio Moscou, entre Kuntsevo e Lenino (antigamente conhecido como Tsaritsino).

A maior parte do território a ser anexado a Moscou está localizada no sudoeste devido à sua elevação. A diferença média de altura entre essa área e o restante de Moscou é de cerca de 100 a 120 metros. Além disso, essa região está localizada a barlavento, já que os ventos predominantes em Moscou sopram do sudoeste. Portanto, os residentes que viverão nessa parte da cidade terão a vantagem de desfrutar de ar puro com alto teor de ozônio.

Durante a próxima década, um milhão de metros quadrados de moradias serão construídos nesse distrito. Além da expansão para o sudoeste, Moscou está sendo ampliada para o leste (Izmailovo, Perovo-Kuskovo), para o sudeste (Textilshchiky, Lyublino, Novinky-Nogatino), para o oeste (Terekhovo, Mnevniky, Khoroshevo, Shchukino) e para o noroeste e norte (Tooshino, Zakharkovo, Aviagorodok, Khovrino, Likhobory, Medvedkovo).

Mas o território de Moscou não se limitará apenas a esses 60 mil hectares de terra. Além dos limites desse território, está sendo formado um cinturão protetor de florestas e parques, com um raio de até dez quilômetros. Esse cinturão de grandes áreas arborizadas originárias das terras florestais fora da cidade servirá como um reservatório de ar puro para a cidade e um local de recreação para a população.

A partir desse cinturão circundante, os parques se estenderão até o centro da cidade nas seguintes direções: 1) do Parque Stálin, em Izmailovo, e do Parque Bubnov, em Sokolniky, ao longo das margens do Yauza; 2) das Colinas Lênin e do Parque Gorky, ao longo das margens do Rio Moscou; e 3) do Parque Ostankino, ao longo das ruas Samotyoka e Neglinnaya.

Todos os parques da cidade serão replanejados e colocados em perfeita ordem. Os treze grandes parques ao redor da cidade: o Parque Stálin em Izmailovo, o Parque Bubnov em Sokolniky, o Parque Ostankino, o Parque Timiryazev, o Parque Peter Alexeyev, o Skhodnensky (próximo ao canal Moscou-Volga), o Krasnaya Presriya, o Fily-Kuntsevo, o Parque das Colinas Lênin, o Parque Gorky, o Parque Nogatinsky, os Parques Kuzminsky e Kuskovo, e cerca de cinquenta parques locais dentro da cidade, os bulevares da cidade nos círculos da Avenida Circular e em Sadovoye, e os gramados e jardins ao redor das casas nos distritos residenciais constituirão uma enorme reserva de vida vegetal da qual a capital soviética obterá saúde e beleza.

As plantas e árvores desempenham o papel de pulmões que permitem que uma cidade respire. Quanto mais vegetação uma cidade tiver, mais habitável e saudável será para seus habitantes. No entanto, é crucial concentrar a atenção em grandes áreas verdes, em vez de simples faixas de áreas plantadas que podem estreitar as ruas sem trazer benefícios significativos para a população.

Portanto, a decisão do Conselho de Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do PCUS considera necessário ampliar as ruas não apenas demolindo edifícios, mas também realizando a limpeza imediata de arbustos e gramados das ruas e removendo árvores plantadas ao longo de algumas delas (como Meshchanskaya, Kalayevskaya, Dorogomilovskaya, Tulskaya, etc.), que estreitam as ruas e dificultam o tráfego.

Moscou será planejada de acordo com as linhas de seu histórico sistema de ruas radial-circular. A partir da Avenida do Palácio dos Sovietes, que faz fronteira com o Kremlin e o KitayGorod, com suas praças centrais: Nogin, Dzerzhinsky, Sverdlov e Praças da Revolução, constituindo uma espécie de constelação em torno da Praça Vermelha, as vias radiais divergem em todas as direções. Essas artérias radiais serão cruzadas por ruas circulares. No entanto, para atender às exigências da cidade de Moscou, esse sistema de ruas radiais circulares precisa passar por uma série de melhorias radicais.

As principais ruas de Moscou, que atualmente têm em média 18 metros de largura, serão ampliadas para 30 a 40 metros na parte antiga da cidade, e as principais vias e as ruas nas novas partes da cidade serão ampliadas para 70 metros ou mais.

As margens do rio Moscou serão as principais vias da cidade. Stalin foi o primeiro a destacar a enorme importância do rio Moscou como a principal via de circulação da cidade. Por sua iniciativa, as margens do rio Moscou estão sendo revestidas com granito e, ao longo dos aterros, estão sendo construídas amplas vias para o tráfego de passagem. As estradas ao longo das margens do rio Moscou estão sendo asfaltadas e ampliadas para 40 a 50 metros. Os aterros do rio canal Obvodny e do rio Yauza estão sendo ampliados para 25 a 30 metros.

Nos aterros, serão principalmente construídos prédios de apartamentos e edifícios públicos. Nos próximos três anos, novos edifícios surgirão de frente para o rio ao longo dos seguintes aterros: Krasnaya-Presnenskaya, Smolenskaya, Dorogomilovskaya, Berezhkovskaya, Prichalnaya, Kotelnicheskaya, Novo-Spasskaya e Rostovskaya. Nos sete anos seguintes, ao longo de todos os outros diques do Rio Moscou, do Canal Obvodny e de parte dos diques do Yauza, desde seu estuário até o Círculo Sadovoye, novas casas serão construídas.

A rede de ruas de Moscou será expandida com um sistema de novas vias, destinadas a reduzir o tráfego no centro e facilitar a comunicação direta entre os distritos da cidade, sem a necessidade de passar pelo centro.

Aliviar o tráfego pesado no centro de uma cidade grande como Moscou é uma das prioridades fundamentais no planejamento urbano. Isso se torna ainda mais desafiador devido ao sistema radial-circular em que todas as vias convergem para o centro, que é relativamente pequeno.

Por isso, a decisão do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS propõe a criação de uma nova avenida que se estenderá da Praça Dzerzhinsky até o Palácio dos Sovietes, Luzhniki, e, em seguida, atravessará o rio Moscou até as Colinas de Lênin e o novo distrito sudoeste. Essa via desempenhará um papel crucial em aliviar o tráfego no centro, assumindo a maior parte da carga de veículos.

Além da avenida central do Palácio dos Sovietes, outras três novas vias estão sendo construídas para cortar toda a cidade nas seguintes direções: 1) do Parque Izmailovo até as Colinas de Lênin, 2) de Vsekhsvyatskoye ao longo da Rodovia de Leningrado até a Fábrica de Automóveis “Stálin”, e 3) do Parque Ostankino, passando por Marina Roshcha, Rozhdestvenka e cruzando o Rio Moscou até Bolshaya Ordinka e Malaya Ordinka, Bolshaya Tulskaya e a Rodovia Serpukhovsky.

Essas três vias, de nordeste a sudoeste, de noroeste a sudeste e de norte a sul, serão as principais vias da cidade, cada uma com 15 a 20 quilômetros de extensão. Adicionalmente, serão construídas três novas ruas radiais no extremo leste de Moscou: 1) da Praça Nogin até Prolomnaya Zastava, 2) de Yauzskiye Vorota até a Fábrica de Automóveis “Stálin”, 3) de Pokrovskiye Vorota até a Estação Ferroviária de Kursk. Também estão sendo planejadas duas ruas paralelas às atuais ruas Kirovskaya e Arbat - Novo-Kirovskaya e Novo-Arbatskaya.

Da mesma forma, as praças e vias circulares de Moscou serão reconstruídas. A área da Praça Vermelha será duplicada com a demolição do prédio das antigas Lojas de Departamentos Estatais. As praças centrais que circundam a Praça Vermelha — Nogin, Dzerzhinsky, Sverdlov e Praças da Revolução — também estarão entre as primeiras a serem reconstruídas.

De acordo com a decisão, Kitay-Gorod está sendo limpa de pequenas estruturas, nas quais estão sendo erguidos vários edifícios governamentais monumentais. Zaradye, uma parte de Kitay-Gorod, foi designada como o local do novo prédio do Comissariado do Povo da Indústria Pesada.

Uma parte muito importante do planejamento de Moscou é a criação de quatro ruas que atravessam o centro e conectam os vários distritos da cidade. Essas vias serão rotas diretas entre: 1) a Estação Ferroviária Russo-Báltica Branca e a Praça Komsomolsky; 2) a Estação Ferroviária Russo-Báltica Branca e a praça em frente à Estação Ferroviária de Kiev; 3) a Praça Komsomolsky e a Abelmanovskaya Zastava; e 4) Shelepikha, a Praça de Outubro e a Fábrica de Automóveis “Stálin”.

O replanejamento de Moscou inclui a eliminação de pequenos blocos residenciais com uma área de 1,5 a 2 hectares e a criação de novos blocos residenciais que cobrem uma área de 9 a 15 hectares. As novas casas terão não menos que 6 lojas e até 10 a 14 lojas.

Para garantir condições de vida mais saudáveis para a população, todas as instalações que representem risco de incêndio ou sejam prejudiciais ao saneamento serão gradualmente removidas de Moscou.

Em muitos casos, a reconstrução da cidade exige medidas drásticas. É necessário demolir edifícios que obstruam o alargamento e o endireitamento das ruas, além das habitações que representem um risco não apenas físico, por estarem no caminho, mas também moral, por terem sido construídas de forma precária, apenas para gerar lucro para os proprietários. Essas moradias escuras e mal ventiladas, com pátios pouco iluminados e mal ventilados, não têm lugar em uma cidade socialista. No entanto, é importante ressaltar que é inviável eliminar completamente essa herança negativa do passado de uma só vez; isso deve ser feito gradualmente e seguindo um plano definido.

Na questão da demolição de edifícios antigos, a abordagem do proletariado é completamente oposta à política da burguesia. As autoridades soviéticas garantem novas habitações bem equipadas para todos os moradores dos prédios marcados para demolição.

É interessante comparar as condições nas quais os habitantes das sombrias e antigas favelas dos desfavorecidos urbanos são realocados nas cidades capitalistas com as políticas soviéticas de reconstrução. Essa comparação evidencia a diferença fundamental entre a reconstrução socialista em nossas cidades e o “método Haussmann”, criticado de forma contundente pelo grande teórico do proletariado, Friedrich Engels, em sua obra A Questão da Moradia. Sobre essa política burguesa, expressa no “método Haussmann”, Marx escreveu:

Maravilhe-se com essa “justiça” capitalista! O proprietário de terras, de imóveis, o homem de negócios, quando desapropriado por “melhorias” como ferrovias, construção de novas ruas, etc., não apenas recebe uma compensação completa. De acordo com a lei, humana e divina, ele deve ser compensado por sua “abstinência” forçada e, para completar, por um lucro considerável. Enquanto isso, o trabalhador, junto com sua família e seus pertences, é despejado na rua e — se, por acaso, ele se reúne em grande número nos bairros da cidade, onde os padres insistem na decência — ele é processado em nome do saneamento!

A alocação de uma vasta área de 100 mil metros quadrados para acomodação temporária das pessoas afetadas pela demolição de seus lares, no contexto do planejamento de Moscou, reflete o cuidado do governo soviético para com seu povo. Cada ponto da decisão sobre a reconstrução de Moscou reflete um único objetivo, um único desejo: melhorar em todos os aspectos e maximizar o bem-estar das massas trabalhadoras da capital vermelha da gloriosa pátria socialista, tornando Moscou uma cidade digna de seu grande título — capital da URSS.

O plano de dez anos de trabalho

A determinação do Conselho de Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do PCUS delineia um plano de trabalho abrangente para a próxima década, visando a reconstrução de Moscou, seus serviços e empresas municipais. Esse plano visa a uma melhoria significativa e radical das condições de vida e culturais da população da cidade.

Principalmente, a execução desse plano resultará em melhorias significativas nas condições de moradia dos trabalhadores da capital soviética. Atualmente, a área residencial totaliza aproximadamente 15,5 a 16 milhões de metros quadrados, em comparação com os 11,9 milhões metros quadrados da Moscou pré-revolucionária. Segundo o plano, nos próximos dez anos, serão construídos 15 milhões de metros quadrados de novas moradias (equivalente a cerca de 2.500 casas), dos quais 3 milhões de metros quadrados (cerca de 500 casas) serão concluídos nos próximos três anos: 800 mil metros quadrados em 1936, 1 milhão metros quadrados em 1937 e 1,2 milhões metros quadrados em 1938.

Nos próximos dez anos, o espaço residencial de Moscou será duplicado. Em outras palavras, uma nova Moscou do mesmo tamanho que a atual será construída, superando em muito a anterior em qualidade de construção, conveniências modernas e arquitetura.

Além das residências regulares, os planos incluem a construção de seis novos hotéis com 4 mil apartamentos, além do Moscow Soviet Hotel em Okhotny Ryad e do hotel na praça em frente à estação ferroviária de Kiev. No total, serão construídos 5.500 quartos e suítes de hotel. Atualmente, há apenas 2.250 quartos e suítes em todos os 22 hotéis de Moscou. Portanto, nos próximos dez anos, serão construídos novos hotéis com duas vezes e meia mais quartos e suítes do que o número de acomodações disponíveis atualmente. Espera-se que a qualidade desses novos hotéis, as instalações e a atmosfera geral dos novos quartos nos hotéis sejam muito superiores ao que são atualmente.

O serviço de transporte de passageiros dentro da cidade será significativamente expandido. Além da construção da segunda e terceira seções do metrô, nos próximos três anos o número de bondes aumentará para 2.650, em comparação com 1.256 antes da Revolução. Durante o mesmo período, o número de trólebus será expandido para mil, o de ônibus motorizados para 1.500, e o número de táxis aumentará para 2.500.

As linhas de bonde nos próximos dez anos serão ampliadas de 450 quilômetros para 850 quilômetros, ou seja, quase dobraram e, com o desenvolvimento do tráfego de metrô, ônibus motorizados e trólebus, serão gradualmente removidas do centro da cidade e transferidas para as ruas periféricas.

Antes da Revolução, as ruas e praças de Moscou eram predominantemente pavimentadas com paralelepípedos, com apenas 200 mil metros quadrados, ou 2% do total, revestidos com asfalto ou pedras. Este ano, mais de 3 milhões de metros quadrados de ruas da cidade estão recebendo asfalto, piçarra ou macadame, representando quase 30% de todas as vias. Nos próximos dez anos, está prevista a pavimentação de mais 10 milhões de metros quadrados de ruas e praças, visando cobrir toda a cidade com asfalto. A exceção será em aclives, onde serão usadas pequenas pedras ou tijolos, pois o asfalto pode tornar essas áreas perigosas para o tráfego, especialmente em condições de umidade e gelo.

Os registros do antigo Conselho Municipal indicam que, entre 1908 e 1911, Moscou pavimentou em média anualmente uma área de 18 mil sazhens quadrados (38,40 quilômetros quadrados) com paralelepípedos. Se essa taxa tivesse sido mantida, levaria setenta anos para pavimentar todas as ruas e praças de Moscou apenas com paralelepípedos, sem considerar o asfaltamento.

É de grande importância garantir a construção adequada de drenos ao pavimentar as ruas, pois a água da chuva pode se acumular nas vias e causar danos à superfície se não for escoada corretamente. Isso pode resultar em poeira, lama e água estagnada, prejudiciais tanto para as ruas quanto para as roupas das pessoas. Além disso, é fundamental realizar todas as operações de trabalho subterrâneo antes de pavimentar as ruas e calçadas, evitando assim a necessidade de futuras escavações. Nas grandes cidades, há extensos sistemas de tubulações e cabos sob as ruas, incluindo água, esgoto, aquecimento, eletricidade, telefonia e telégrafo. Essas instalações subterrâneas serão organizadas e planejadas de modo que o trabalho de escavação seja concluído antes do início da pavimentação das ruas. Todas as instalações subterrâneas de Moscou serão acomodadas em coletores subterrâneos.

As margens do rio Moscou, do canal Obvodny e do rio Yauza estão passando por um processo de revestimento com granito. Antes da Revolução, apenas 4,5 quilômetros dos diques do rio Moscou eram revestidos com arenito. Por iniciativa de Stálin, o trabalho de revestimento dos diques começou em 1933 e avançou rapidamente nos anos seguintes: em 1933, foram revestidos 2,3 quilômetros com granito; em 1934, de 4 a 5 quilômetros; e em 1935, aproximadamente 10 quilômetros.

A decisão do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS estabelece como obrigatória a conclusão do revestimento de todos os diques ao longo das margens do rio Moscou, dentro dos limites da cidade, nos próximos três anos, estendendo-se de Shelepikha, no noroeste, até Kozhukhovo, no sudeste, totalizando uma extensão de 46 quilômetros onde nenhum trabalho havia sido realizado até então. Adicionalmente, será realizada a construção de 4 quilômetros de aterro ao longo do Canal Obvodny e 20 quilômetros ao longo do Rio Yauza.

Nos próximos dez anos, serão construídas 11 novas pontes com uma altura de 8,6 metros acima do nível da água, enquanto outras três pontes serão reconstruídas e elevadas à mesma altura. Essa elevação possibilitará a passagem livre de grandes navios do Volga sob essas pontes ao longo do rio Moscou, que, junto com a barragem de Babyegorod, será elevado em 3 metros, alcançando uma altitude de 120 metros acima do nível do mar.

Quatro viadutos serão construídos, sendo que o Viaduto Krestovsky estará concluído até 1938. Antes da Revolução, a capacidade do sistema de abastecimento de água de Moscou era de 27 milhões de galões por dia. Até o final de 1935, essa capacidade aumentou para 150 milhões de galões diários, representando um aumento de cinco vezes e meia desde a Revolução.

De acordo com a decisão do Conselho dos Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS, a capacidade do sistema de abastecimento de água em 1939 será aumentada para 288 milhões galões diários, quase o dobro da capacidade atual. Nos seis anos seguintes, essa capacidade será aumentada para 488 milhões galões por dia. Para alcançar esse plano, serão construídas novas estações de tratamento de água: a Estação de Tratamento de Água “Stálin”, utilizando água do Volga, com capacidade diária de 135 milhões de galões até 1938; a Estação de Tratamento de Água do Norte, também no Volga, com capacidade de 135 milhões de galões; e a Estação de Tratamento de Água “Proletária”, localizada na seção sudeste da cidade, com capacidade de 68 milhões de galões por dia. Nos próximos dez anos, serão instalados mais de 250 quilômetros de redes e quase 50 quilômetros de tubulações de abastecimento de água. Atualmente, o comprimento total da rede de água é de 120 quilômetros.

Antes da Revolução, o sistema de esgoto de Moscou estava significativamente atrasado em comparação com outras instalações municipais. As redes de esgoto tinham uma capacidade de 15 milhões de galões por dia, com um sistema de extensão de 446 quilômetros. Desde então, a capacidade dessas redes aumentou para 68 milhões de galões diários, quase cinco vezes mais, e a extensão do sistema cresceu para 727 quilômetros.

A decisão do Conselho de Comissários do Povo da URSS e do Comitê Central do PCUS prevê um aumento na capacidade das redes de esgoto para 165 milhões de galões diários nos próximos três anos e, em dez anos, para 2,7 bilhões galões diários, o que representa quatro vezes a capacidade atual. Os canais de esgoto também terão sua capacidade aumentada, passando dos atuais 54 milhões de galões diários para 325 milhões de galões até 1945.

A capacidade das estações de aquecimento e energia será elevada para 67 mil Kw, em vez dos atuais 89 mil Kw. Está prevista a conclusão de várias estações, incluindo a Estação de Aquecimento e Energia “Stálin”, com capacidade de 100 mil kw, a Estação de Aquecimento e Energia “Frunze”, com capacidade de 50 mil kw, entre outras, até 1937.

O plano também inclui a construção de 390 escolas e 17 hospitais ao longo de dez anos, com melhorias significativas em qualidade em relação às antigas instalações. Além disso, estão previstos 50 cinemas, 3 centros culturais, um centro cultural para crianças e 7 clubes para atender às necessidades culturais da cidade.

Para fortalecer o comércio varejista e o serviço de alimentação pública, serão construídas 9 grandes lojas de departamentos, 5 fábricas de armazenamento a frio, armazéns subterrâneos para vegetais, elevadores de grãos, padarias mecanizadas e fábricas para fornecimento de alimentos semipreparados para refeitórios públicos.

O papel do metrô na reconstrução de Moscou

As instalações de transporte municipal desempenham um papel crucial na vida das grandes cidades, especialmente em países socialistas. Na União Soviética, onde a jornada de trabalho é de apenas sete horas diárias, os trabalhadores têm tempo livre suficiente para se engajarem ativamente na vida política e social do país. Esse tempo é amplamente utilizado para o desenvolvimento cultural, atendendo às diversas demandas culturais que cresceram enormemente desde a Revolução.

Em nenhuma outra parte do mundo, o uso das instalações de transporte urbano se desenvolveu tão rapidamente quanto nas cidades socialistas da URSS. A tabela a seguir mostra o aumento no número de passageiros transportados desde a Revolução, em comparação com 1913. Por exemplo, o número de passageiros transportados pelo sistema de transporte municipal de Moscou aumentou quase oito vezes em relação ao período pré-revolucionário. Esse crescimento foi especialmente acentuado durante o Primeiro Plano Quinquenal, com um aumento fenomenal de 51% em 1931 em comparação com o ano anterior.

A tabela detalha a utilização média das instalações de transporte urbano pelos habitantes de Moscou. Esses dados evidenciam o enorme aumento no uso do transporte, que é quase quatro vezes maior do que antes da Revolução. Segundo o plano de reconstrução, Moscou está sendo preparada para uma população de 5 milhões de habitantes, em vez dos atuais 3,6 milhões. Simultaneamente, a jornada de trabalho será ainda mais reduzida, e as instalações de transporte continuarão a ser aprimoradas.

Número de Passageiros em Moscou
Anos Em Milhões Nas Porcentagens de 1913 Nas Porcentagens do ano seguinte
1913 257.4 100 0
1929 762.4 296 114.5
1930 936.1 363.5 123.0
1931 1,412 548.5 151.0
1932 1,864.4 724 132.0
1933 1,970.6 765 105.5
1934 2,018.2 784 105.0

Assim, o número de viagens por ano necessariamente continuará crescendo, podendo chegar a pelo menos o dobro do número atual, ou seja, cerca de 4 bilhões de viagens anuais. Comparando esses números com algumas cidades capitalistas, em Berlim, por exemplo, em 1932, foram transportados 1.221.000 passageiros, representando 68% em relação ao ano anterior. Em 1933, esse número foi de 1.161.000 passageiros, ou 95% do ano anterior. Em termos de viagens por habitante, Berlim está quase 50% atrás de Moscou, com uma média de 287 viagens por ano em 1932 e 273 em 1933, quase a metade do número de Moscou.

Em Paris, a média era maior, com 420 viagens por habitante em 1932, mas ainda significativamente atrás de Moscou. Já em Nova York, no ano de maior “prosperidade” – 1928 – o transporte urbano atingiu 560 viagens por habitante. Contudo, essa cifra caiu drasticamente durante os anos de crise, e mesmo em 1933, com uma leve recuperação econômica, foram registradas apenas 450 viagens anuais, menos do que em Moscou.

Até o presente momento, a maior parte do serviço de transporte de passageiros em Moscou é realizada pelos bondes, que transportam 95% dos passageiros da cidade. Nos últimos anos, esse meio de transporte foi significativamente desenvolvido, fazendo com que a extensão das linhas de bondes atingisse 442,3 quilômetros em 1934, comparados aos 262 quilômetros em 1913 e 336 quilômetros em 1928. No mesmo período, o número de bondes aumentou de 1.256 em 1913 e 1.349 em 1928 para 2.475 em 1º de janeiro de 1935, quase dobrando.

Número de Jornadas por Habitante por Ano
Anos Jornadas Nas Porcentagens de 1913 Nas Porcentagens do ano seguinte
1913 148 100 0
1929 328 229 106.0
1930 382 258 116.5
1931 502 339 132.0
1932 552 373 110.0
1933 555 375 100.5
1934 564 381 102.0

Uma comparação entre o aumento no número de viagens de bonde e o crescimento das linhas de bonde e do número de novos bondes mostra uma grande discrepância – os dois últimos aumentaram muito menos do que o número de viagens. Isso levou a um agravamento significativo da tensão no tráfego. Os bondes de Moscou transportam 8,2 milhões passageiros por quilômetro de via dupla, resultando em uma superlotação considerável, com 775 mil passageiros por bonde anualmente.

A carga no sistema de bondes de Moscou – 8,2 milhões passageiros por quilômetro de trilho anualmente – supera não apenas a densidade de passageiros nos bondes de Berlim, que transportaram cerca de 1,4 milhões passageiros por quilômetro de trilho em 1929, um ano de pico para o tráfego em Berlim, mas também é maior do que a carga nos metrôs de grandes cidades como Berlim (5 milhões passageiros por quilômetro de trilho), Paris (7 milhões) e Londres (3,5 milhões).

No segundo tipo de transporte público, os ônibus motorizados, o número de passageiros transportados em Moscou aumentou de 50,7 milhões em 1928 para 92,3 milhões em 1934, um crescimento de 80%. O número de ônibus motorizados cresceu de 163 unidades em 1928 para 400 em 1º de janeiro de 1935, mais que dobrando. A extensão das rotas de ônibus motorizados foi ampliada de 162 quilômetros em 1928 para 366 quilômetros em 1º de janeiro de 1935, também dobrando. No entanto, apesar desse aumento, os ônibus motorizados ainda desempenham um papel insuficiente no transporte municipal, atendendo aproximadamente 4 a 5% do volume de passageiros da cidade, enquanto em cidades como Berlim e Paris, os ônibus transportam 9,5% e 19% dos passageiros, respectivamente. Berlim possui 700 ônibus motorizados e Paris 1.500.

A mais recente forma de transporte urbano, além do metrô, é o trólebus, introduzido em novembro de 1933, com uma perspectiva de desenvolvimento futuro muito promissora. Em 1934, os trólebus transportaram 5,9 milhões passageiros, e havia 33 trólebus em 1º de janeiro de 1935, aumentando para 60 no final de 1935. Nesse tipo de transporte, a União Soviética está rapidamente ultrapassando, e em vários casos já ultrapassou, os países capitalistas.

As diversas formas de transporte público em Moscou, apesar do seu enorme desenvolvimento, não conseguiam atender à demanda crescente por transporte. Esse descompasso entre as instalações de transporte e a demanda crescente da população levou à decisão da Plenária de junho de 1931 do Comitê Central do PCUS de construir o metrô em Moscou como o principal meio de oferecer um serviço de transporte rápido e barato à população.

Quatro anos se passaram desde que a Plenária do Comitê Central do Partido ouviu o relatório de Lazar Kaganovich sobre a reconstrução socialista de Moscou e das cidades da URSS e adotou a decisão de construir o metrô. Agora, ao inaugurar a primeira seção do metrô, uma das mais magníficas criações da nossa era, a classe trabalhadora da URSS pode se orgulhar com justiça de sua grande conquista.

Em 1931, às vésperas da Plenária do Comitê Central, houve uma discussão acalorada na imprensa soviética e entre os trabalhadores municipais sobre a necessidade de um metrô em Moscou. Muitos dos chamados “teóricos” das empresas municipais, apoiados por vários homens pragmáticos, se opunham à construção de um metrô, não por razões de utilidade, mas “por princípio”. Chegaram a afirmar que o metrô era uma forma de transporte puramente capitalista, uma “forma antissocial de transporte urbano”, e que os comunistas deveriam vetar categoricamente a ideia de sua construção.

As pessoas escreviam seriamente – e havia quem levasse essas opiniões a sério – que, sob o socialismo, a população se deslocaria mais lentamente do que no capitalismo. Esses “teóricos” afirmavam que a população não precisaria se deslocar tanto, pois tudo o que precisassem estaria ao alcance de suas portas. Em outras palavras, segundo a “teoria” deles, no futuro, as pessoas se tornariam autossuficientes. Essencialmente, esses indivíduos defendiam não o socialismo proletário, mas um socialismo pequeno-burguês.

Havia até uma teoria que propunha a chamada “mobilidade restrita” da população soviética. A “substância profunda” dessa falsa teoria era que a mobilidade da população urbana da União Soviética era maior em comparação com as maiores cidades capitalistas apenas porque a população não estava distribuída adequadamente e porque os serviços disponíveis não eram bem organizados. Esses aspirantes a teóricos consideravam a crescente mobilidade da população soviética não como um fenômeno progressivo, mas como algo extremamente anormal.

Hoje, é claro para todos na União Soviética que essas pessoas estavam pregando pontos de vista totalmente burgueses, propagando ideias reacionárias e antiproletárias no desenvolvimento das cidades socialistas. Na época, entretanto, havia muitos adeptos dessas ideias que não se opunham à medidas artificiais para retardar o rápido desenvolvimento das instalações de transporte urbano nas cidades soviéticas. Cegos para as grandes conquistas da Revolução, exageravam certas características negativas que realmente existiam em nossas cidades.

Antes da Revolução, o operário, o funcionário de escritório e o balconista trabalhavam, em geral, onze, doze ou mais horas por dia. A esposa do operário ou do empregado de escritório era uma escrava doméstica, presa à cozinha e ao berço. A cultura estava fora do alcance das massas; em seu lugar, havia a igreja e o bar.

Os trabalhadores dos subúrbios eram mal servidos pelos meios de transporte municipais; além disso, seus salários eram muito baixos para permitir o uso diário do transporte. Próximos às fábricas, em eterna sujeira, fuligem e fumaça, ficavam os chamados barracões dos trabalhadores, “dormitórios”, “barracos”, depósitos, favelas e porões, onde os escravos contratados do capital viviam em condições desumanas. Essa era a principal causa da mobilidade extremamente baixa da população urbana da Rússia pré-revolucionária.

As classes altas parasitas não faziam nada para desenvolver o serviço de transporte municipal, pois tinham veículos particulares à sua disposição. Nas cidades socialistas, o trabalhador trabalha apenas sete horas por dia. O desemprego foi abolido. A população trabalhadora adulta participa ativamente da produção, política e cultura. As mulheres da classe trabalhadora também foram inseridas na produção, levam uma vida pública ativa e não são mais escravas domésticas sem direitos, presas às suas cozinhas.

Ciência e arte, teatros e clubes, cinemas e parques – tudo isso é acessível às grandes massas. Depois do trabalho, o trabalhador e sua família ainda têm tempo suficiente para ir ao teatro, ao clube, a uma palestra, a uma excursão, ao parque, ao estádio ou visitar amigos. É claro que as chamadas “viagens restritas” da população também têm alguma importância. Das 564 viagens anuais médias por habitante de Moscou, 100 a 150 podem ser necessárias devido à má distribuição da população, à distância do local de trabalho, à insuficiência de lojas e centros culturais, etc., nos distritos periféricos.

Todos os esforços estão sendo feitos para eliminar esses defeitos. Mas é importante lembrar que existe a “imobilidade restrita”, bem como a “mobilidade restrita”, e a primeira provavelmente supera a segunda. Todo morador de uma grande cidade soviética sabe muito bem que, às vezes, é preciso adiar uma ida ao cinema, ao clube, etc., porque o serviço de transporte municipal ainda é inadequado.

Havia tanta oposição à construção do metrô que, antes de iniciar o trabalho de superação das obstruções geológicas nas profundezas de Moscou, era necessário vencer os obstáculos ideológicos nas “profundezas” das mentes humanas. Antes de enfrentar as areias movediças ao longo da rota do metrô, era preciso libertar as pessoas das suas próprias “areias movediças” ideológicas.

Aqui, como em todos os estágios da luta da União Soviética pelo socialismo, como em todos os setores da construção socialista, o grande papel de Stálin estava evidente. Ele apontou que o problema era uma questão de princípio, não uma questão técnica estreita, mas uma questão profundamente política, relacionada aos caminhos do desenvolvimento das cidades socialistas. Não se tratava apenas de construir um metrô, mas de decidir que tipo de cidades socialistas seriam construídas. Se as cidades soviéticas seriam desenvolvidas conforme o padrão das cidades capitalistas, seguindo as propostas dos pequeno-burgueses descrentes das cidades em geral, ou se a União Soviética seguiria um novo caminho, um caminho especial, de criação de cidades socialistas, centros de economia e cultura socialistas.

Assim, a decisão final de construir o metrô foi essencialmente uma decisão para a criação de uma cidade verdadeiramente socialista; o próprio metrô foi o primeiro passo na reconstrução radical de Moscou.

A primeira seção do metrô foi construída em tempo recorde. Em termos de qualidade, o metrô de Moscou está muito à frente dos metrôs do exterior. Ele possui, por exemplo, os maiores raios de curvatura e os gradientes mais suaves, garantindo máxima segurança e velocidade. Em Moscou, o diâmetro do túnel é de 5,5 metros, comparado a 3,7 em Londres e 5,2 em Nova York. Isso permite que os vagões do metrô tenham um tamanho mais confortável e conveniente.

Cada estação de metrô de Moscou é disposta em linha reta, garantindo máxima segurança para os passageiros. A largura máxima das plataformas das estações de metrô de Moscou é de 4 metros, comparado a 1,5 em Paris e Londres e 3,5 em Nova York. A ventilação artificial em Moscou é a melhor, mudando a atmosfera nove vezes por hora, em comparação com quatro vezes em Berlim, cinco vezes em Londres e seis vezes em Nova York. O metrô de Moscou é, de longe, o melhor em termos de tratamento arquitetônico.

A velocidade média do metrô (incluindo paradas) é o dobro da velocidade de um bonde (25 a 35 quilômetros por hora, contra 12 a 16 quilômetros); sua capacidade é três vezes maior (48 a 60 mil pessoas por hora em uma direção, contra 18 mil pessoas por bonde). Além do fato de não ser atrapalhado pelo tráfego, como os bondes, não constituir um risco para os pedestres e oferecer um serviço mais rápido e pontual, ele pode atender a muitos milhares de pessoas a mais, diminuindo consideravelmente o tráfego na superfície.

O metrô de Moscou é o protótipo da utilidade pública socialista, e nisso reside sua importância histórica. A URSS se orgulha de que o metrô de Moscou é a melhor criação da engenharia e da arquitetura e que não há metrô igual em nenhum país capitalista. O metrô da revolução é uma revolução nos metrôs. E não há dúvida de que todas as instalações de transporte municipal que os soviéticos estão reconstruindo e desenvolvendo revolucionarão completamente a vida cotidiana das cidades da União Soviética.

Moscou deve sua grande realização na construção da primeira seção do metrô principalmente aos sucessos obtidos na industrialização socialista da União Soviética e às enormes conquistas alcançadas pelo poderoso e próspero país socialista sob a liderança do Comitê Central Bolchevique e do líder do proletariado, Stálin.

Moscou deve essa conquista ao heroísmo dos bolcheviques e proletários locais, que construíram o metrô sob a brilhante liderança de Lazar Kaganovich (atualmente Comissário das Ferrovias). Essa realização também se deve à assistência e ao apoio de todos os membros do partido e de todos os proletários da União Soviética.

O papel do fator humano na construção do metrô, especialmente o dos membros do Komsomol de Moscou, cujo excelente trabalho no metrô lhes rendeu o mais alto prêmio – a Ordem de Lênin – é evidenciado pela declaração do engenheiro americano G. Morgan. Ele escreveu:

Quando começamos a trabalhar com o escudo, a sede da “Metrostroy” me pediu para fixar a velocidade. Com base em um estudo das condições geológicas e em um cálculo da pressão de ar necessária, dei o valor de um metro por dia.

Mais tarde, ao conversar com especialistas ingleses, que tinham de 25 a 35 anos de experiência em trabalhos com blindagem e foram convidados para trabalhar aqui, percebi que o limite absoluto deles nas condições existentes era de 0,75 metro por dia. A comissão de especialistas franceses estabeleceu o mesmo valor como limite. Então, me pareceu que meus cálculos eram muito otimistas.

E qual foi o resultado? Em pouco tempo, o escudo começou a fazer 3 metros! Na verdade, meus cálculos para os solos, o próprio escudo e a pressão do ar foram totalmente confirmados. Eu havia apenas subestimado o elemento humano; eu havia me enganado quanto às pessoas que invocavam o escudo.

A velha Moscou era marcada por execuções e pogroms, epidemias e incêndios, fuzilamento de trabalhadores revolucionários e exploração monstruosa das massas. Mas a nova Moscou – a Moscou soviética – é um centro mundial, uma cidade socialista florescente, a capital internacional dos trabalhadores de todas as terras, a cidade dos sonhos de todos os oprimidos e explorados.

Moscou avançou com passos gigantescos. Nada pode detê-la. E o papel do metrô na grande transformação da capital soviética não pode ser exagerado.

Ruas largas, bem cuidadas e bonitas

Na antiga Moscou, a Revolução encontrou uma capital com ruas extremamente estreitas, tortuosas e curtas, com curvas e cruzamentos frequentes, além de uma série de becos, vielas e ruelas sem saída.

No simpósio “Moscou Hoje” (publicado em russo em 1912), lemos:

As vias públicas da cidade cobrem 18% da área total de Moscou. A própria relação entre a área das vias públicas e a área total da cidade mostra que a largura das ruas de Moscou está longe de ser suficiente. De fato, a largura média das grandes ruas de Moscou não excede 18,1 metros e das pereuloks – 11,7 metros. O comprimento total de todas as ruas de Moscou chega a 576 verstas, que são compostas pelas seguintes categorias: 393 ruas, 1.031 pereuloks, 87 becos sem saída, 38 avenidas e 30 aterros.

Assim era a antiga Moscou: ruas de 12 a 18 metros de largura e um grande amontoado de pereuloks e becos sem saída, que superavam em três vezes o número de ruas.

De acordo com a decisão sobre a reconstrução de Moscou, o Soviete de Moscou estabeleceu como primeira tarefa alargar, endireitar e nivelar as ruas, além de abolir o excesso de cruzamentos.

Atualmente, Moscou tem 666 ruas, 1.326 pereuloks, 119 becos sem saída, 59 aterros e 39 avenidas. Com a extensão do território da cidade, que representa um aumento de quase três vezes na área (28.500 hectares em 1935 contra 9.000 hectares em 1913), o número de ruas quase dobrou, enquanto o número de pereuloks e becos sem saída aumentou em apenas um terço. Isso se explica pelo fato de que, desde o início da Revolução, grandes ruas foram construídas nas novas partes da cidade, e não vielas e becos sem saída.

A largura das ruas de Moscou atualmente é totalmente inadequada para o tráfego urbano moderno e, especialmente, para o enorme desenvolvimento do transporte automático que está sendo planejado para a cidade. Vemos que a largura média das vias radiais na parte central de Moscou varia entre 18 e 20 metros e, em alguns casos, cai para 15 metros.

Rua Largura (Em Metros)
Rua Gorky 20
Bolshaya Dmitrovka 19.6
Rua Dzerzhinsky 20.5
Rua Kirov 21.5
Marosseika 19.1
Solyanka 20.1
Bolshaya Ordinka 18.7
Malaya Ordinka 15.1
Bolshaya Yakimanka 20.6
Bolshaya Polyanka 19.1
Rua Comintern 22.5
Arbat 20.5
Rua Herzen 23.3
Rua Kropotkin 21.5

Como a cidade foi desenvolvida ao longo dos séculos de acordo com o sistema radial-circular, surge a seguinte anomalia: quanto mais as ruas radiais se aproximam do centro, onde se espera que sejam mais largas, mais estreitas elas se tornam; e quanto mais longe do centro e mais perto da periferia, mais largas elas se tornam.

Por exemplo, a Tverskaya-Yamskaya, a continuação da Rua Gorky, do Círculo de Sadovoye até Kamer-Kollezhesky Vai, tem em média 34,5 metros de largura, ou uma vez e meia a duas vezes a largura da Rua Gorky. A Avenida Leningrado, a continuação da Rua Gorky, tem 118 metros de largura. A Malaya Dmitrovka tem 24,6 metros de largura; a Kalayevskaya, uma continuação da última, tem 28,6 metros de largura; e a Novoslobodskaya, a continuação da Kalayevskaya, tem 41,9 metros de largura. A 1ª Meshchanskaya, uma continuação da Dzerzhinsky, tem 41,7 metros de largura; a Krasnoprudny, uma continuação da Rua Kirov, tem 36,2 metros de largura; e a Bolshaya Cherkizovskaya, uma continuação da Rua Kirov, tem 41,1 metros de largura.

Ao decidir qual deveria ser a largura normal das ruas, vários fatores foram considerados, sabendo que nem todas as ruas seriam iguais. Cada rua deveria ser planejada de acordo com sua importância para o transporte ou outros fins específicos.

Os principais elementos na largura de uma rua urbana são os seguintes:

Portanto, a rua mais estreita com uma linha de carros de rua e uma via projetada para uma única coluna de tráfego de veículos em ambas as direções deve ter 20 metros de largura. No entanto, como as ruas com linhas de carros de rua geralmente não podem ser limitadas a uma única coluna de tráfego de veículos e à largura mínima das calçadas, a largura mínima estimada para as ruas de Moscou seria:

Isso resulta em um total de aproximadamente 30 a 35 metros (calçadas 8 a 10 metros, pista de rolamento 16 a 18 metros, linhas de carros de rua 7 a 9 metros).

As ruas movimentadas e as vias principais terão calçadas de aproximadamente 6 metros de largura e, em muitos casos, serão ladeadas por árvores, ocupando não menos que 2 metros. As vias serão projetadas para pelo menos 4 a 5 colunas de tráfego de veículos, ocupando não menos que 15 metros da via em ambos os lados. Nos casos em que as linhas de carros de rua forem mantidas, a largura total será de 53 a 55 metros (calçadas – 12 metros, área plantada – 4 metros, pista – 30 metros, linhas de carros de rua – 7 a 9 metros).

Algumas das principais vias públicas terão de 60 a 70 metros de largura. Nesses casos, as calçadas e as vias não serão ampliadas, pois o alargamento da via para permitir 5 colunas de tráfego de veículos acarretaria grande inconveniente tanto para o transporte de veículos quanto para os pedestres. Avenidas de 15 a 20 metros de largura serão colocadas no meio da rua. Caminhos para ciclismo, esquiar e patinar no inverno serão dispostos ao longo dessas avenidas.

A questão da largura das ruas foi apresentada aqui principalmente do ponto de vista do transporte, pois o transporte é o principal fator a ser considerado na determinação da largura. No entanto, seria incorreto limitar-se apenas a esse aspecto. Uma rua é mais do que uma artéria de transporte. O traçado de uma rua e sua largura são influenciados por muitas outras fases do planejamento urbano, com a arquitetura desempenhando um papel muito importante. Uma rua de uma cidade socialista deve representar um conjunto arquitetônico integral, composto de vários conjuntos arquitetônicos completos.

Cidade Rua Largura (Em metros)
Paris Champs d’Elysées 97
Cour Vincennes 88.5
Avenue de la Grand Armée 73
Avenue Carnot 42.6
Berlim Unter den Linden 62.2
Kurfürrstendamm 53
Bismarckstasse 50
Tiergartenstrasse 30
Friedrichstrasse 22.3
Viena Ringstrasse 59.2
Roma Vittorio Benito 37.6
Bruxelas Boulevard Midi 69.5
Londres The Mall 48.8
Liverpool Muirhead Avenue 67
Nova York Queens Boulevard 61
Upper Brodway 47
Fifth Avenue 30.6
Chicago South Parkway 60.4
Michigan Avenue 39.6

Para concluir, é interessante observar a largura dos calçadões e das ruas comerciais das cidades capitalistas. As avenidas de Moscou, como a Avenida do Palácio dos Sovietes, a avenida que leva à Fábrica de Stálin, a artéria Ostankino-Ordinka e, particularmente, as novas ruas do território sudoeste além das Colinas de Lênin, superarão até mesmo as ruas e avenidas mais largas das cidades capitalistas avançadas.

O estilo da nova Moscou

A ideia de que o socialismo transformaria a sociedade em um “quartel” e tiraria a alegria da vida é uma chamada usada pelos defensores do sistema capitalista para antagonizar os trabalhadores contra a ordem socialista. No campo da arquitetura, os frasistas esquerdistas tentaram atribuir ao proletariado pontos de vista que lhe são estranhos. Em vez de aproveitar ao máximo o patrimônio cultural dos séculos passados e assimilá-lo criticamente, os vulgarizadores da arquitetura propuseram descartar tudo, inclusive o melhor do que restou do passado.

A decisão do Conselho de Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS rejeita decisivamente essa atitude em relação à arquitetura e exige a utilização “dos melhores exemplos da arquitetura clássica e moderna”. O planejamento urbano estabelecerá, com muitas décadas de antecedência, o layout da cidade, de seus distritos individuais, suas principais vias, praças e todo o seu sistema de ruas, seus blocos de casas e prédios públicos, seu sistema de transporte, especialmente no que diz respeito ao vasto empreendimento do novo entroncamento ferroviário, o metrô e o Canal Moscou-Volga.

Quanto maior a cidade, maior o seu papel na vida econômica, política e cultural do país, e quanto mais vital for o estágio dado no desenvolvimento da cidade como um estágio que estabelece as principais linhas de seu desenvolvimento para as próximas décadas, mais responsável é a tarefa de planejar a cidade. Por isso, o planejamento de Moscou é uma questão excepcionalmente importante no estágio atual.

“O grande trabalho que está sendo realizado atualmente na reconstrução dos serviços municipais e das empresas de Moscou, — diz a decisão do Conselho dos Comissários do Povo e do Comitê Central do PCUS, — e o escopo ainda maior do trabalho a ser realizado no futuro próximo tornam particularmente importante ter um plano fixo para a construção da cidade, uma vez que o desenvolvimento extensivo da construção em Moscou sem um plano unificado pode complicar extremamente a vida e a reorganização da cidade no futuro”.

O planejamento de uma cidade soviética é um empreendimento vasto e complexo, sem precedentes em outras épocas. Nos períodos anteriores, o planejamento urbano era muitas vezes utópico, deixando apenas esboços de cidades ideais sem concretizações práticas. Os arquitetos construíram conjuntos limitados, principalmente praças públicas durante o Renascimento. Os planejadores burgueses, como o prefeito de Paris, Haussmann, focavam apenas no movimento do tráfego e na segurança contra revoltas, ignorando a altura dos edifícios e a verdadeira integração urbana. Haussmann, por exemplo, ao replanejar Paris, buscou principalmente impedir a construção de barricadas pelos trabalhadores nas ruas estreitas e tortuosas, facilitando o uso da artilharia contra eles.

O planejamento urbano sob o capitalismo não pode ser considerado verdadeiro planejamento, assim como o planejamento de uma empresa individual ou de um ramo da indústria capitalista não pode ser considerado capitalismo “organizado”. A abordagem soviética ao planejamento de Moscou busca superar essas limitações e criar um ambiente urbano que atenda às necessidades econômicas, políticas e culturais de uma sociedade socialista em desenvolvimento.

Isso, é claro, não significa que o planejamento urbano soviético não tenha nada a aprender com o passado. Pelo contrário, há muito que pode e deve ser extraído do rico patrimônio da arquitetura do passado, especialmente dos mestres da Renascença, e há muito que pode ser aprendido até mesmo com os contemporâneos, por mais limitados que sejam os objetivos que eles se propõem. No entanto, a União Soviética aborda essa experiência de forma crítica, adaptando-a aos interesses da classe trabalhadora e de todos os trabalhadores.

A época socialista exige um novo estilo de planejamento e arquitetura. A arquitetura de uma cidade socialista deve expressar a força da classe trabalhadora, deve refletir a vasta frente de construção socialista e ser imbuída com o fervor do trabalho emancipado, de uma cultura em ascensão, do avanço da ciência e da arte florescente. Em nenhum outro momento do passado foram realizadas tarefas tão grandiosas na construção de cidades.

A ousadia e a escala de construção das cidades socialistas da União Soviética, e de Moscou em particular, fazem com que as ideias mais ousadas e impressionantes dos melhores arquitetos de outras épocas não tenham comparação. “O Conselho dos Comissários do Povo da URSS e o Comitê Central do PCUS enfatizam que a tarefa do Partido e dos órgãos soviéticos de Moscou consiste não apenas em executar formalmente o plano de reconstrução da cidade de Moscou, mas, antes de tudo, em construir e criar estruturas de alta qualidade para os trabalhadores, assegurando que a construção na capital da URSS, bem como o projeto arquitetônico da capital como um todo, reflita plenamente a grandeza e a beleza da época socialista”.

Sob a liderança magistral do grande arquiteto da sociedade socialista, Stálin, Moscou, a capital do país dos soviéticos, se tornará a melhor cidade do mundo em todas as suas instalações, na cultura e na aparência.