A Aliança Amarela

J. V. Stálin

25 de agosto de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi” (“O Operário”), n.° 1. 25 de agosto de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 248-250.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

A revolução russa não é algo que subsiste por si.

Está ela intimamente ligada ao movimento revolucionário do Ocidente. Ela é também uma parte do grande movimento dos proletários de todos os países que está destinado a destruir os próprios fundamentos do capitalismo mundial. É de todo compreensível que a cada passo da nossa revolução corresponda inevitavelmente uma onda no Ocidente, que cada vitória sua reavive e desenvolva o movimento revolucionário mundial impelindo os operários de todos os países à luta contra o capital.

Os tubarões imperialistas da Europa Ocidental não podem deixar de saber disso. Por isso decidiram declarar guerra sem quartel à revolução russa.

Os capitalistas anglo-franceses abriram campanha contra a nossa revolução desde o seu início. A partir de então seus órgãos de imprensa, o Times e o Matin,(1) começaram a denegrir os soviets e os comitês revolucionários invocando sua dissolução.

Dois meses depois os imperialistas, em uma conferência secreta realizada na Suíça, colocavam mais uma vez a questão das medidas a serem adotadas para a luta contra o “espraiamento da revolução”, assestando seus golpes antes de mais nada contra a revolução russa.

Passam eles agora ao ataque aberto e para efetuá-lo tomam por pretexto a derrota em Riga. Portanto, lançando toda a culpa da derrota sobre os soldados, invocam o ulterior reforçamento da contrarrevolução na Rússia.

Escutai o noticiário telegráfico do Birjevíe Viédomosti.

Eis a correspondência telegráfica de Paris:

“A retirada ou, mais exatamente, a fuga sem combate da parte do segundo exército, e a queda de Riga suscitam aqui um movimento de dor, de indignação e de desgosto.

O ‘Matin’ afirma que os pacifistas russos, culpados dessa catástrofe, demonstraram-se exatamente tão incompetentes como os maus conselheiros do ex-imperador, sendo que foram ainda mais prejudiciais que estes.

O jornal declara não compreender a obstinação do Soviet dos Deputados Operários e Soldados que, apesar de tantas trágicas lições da realidade, continua a defender instituições tão absurdas como os comitês dos soldados no exército.”

Assim escreve o órgão dos capitalistas franceses.

E eis a correspondência telegráfica de Londres.

“O “Daily Chronicle” diz: “É indispensável antes de mais nada restaurar a disciplina no exército. Os alemães devem sua rápida e tão importante vitória às mesmas causas que lhes permitiram ocupar a Galícia e a Bucovina e que são precisamente: a insubordinação e a traição que se verificam entre as tropas russas.”

Assim falam os imperialistas ingleses.

“… Fuga sem combate”… “Absurdos comitês dos soldados no exército”… “Restauração da disciplina” (a pena de morte não é bastante para eles!)… “Traição das tropas russas”…

Eis os cumprimentos que esses sacos de dinheiro dirigem aos soldados russos que derramam o seu sangue!

E isso depois que testemunhas oculares reconheceram universalmente que “o exército retirando-se continua a bater-se com honra contra os inimigos”, que “na zona da penetração inimiga as tropas executam as tarefas a elas confiadas com honra e obediência absoluta”!!!

Mas certamente aqui não se trata somente das perseguições e das baixas calúnias contra os soldados.

Trata-se do fato de que os capitalistas anglo-franceses, caluniando os soldados, querem explorar o revés sofrido na frente para liquidar definitivamente as organizações revolucionárias da Rússia, para assegurar a vitória definitiva da ditadura do imperialismo.

Aqui está toda a essência da questão.

Quando Purichkévitch e Miliukov, derramando lágrimas de crocodilo sobre a queda de Riga e caluniando os soldados, insultam ao mesmo tempo os soviets e os comitês, significa isso que aproveitam a ocasião para exigir outras repressões, com as quais contam assegurar a vitória definitiva dos latifundiários e dos capitalistas.

Quando os imperialistas do Ocidente parlam tanto em “movimento de dor” pela queda de Riga, lançando toda a culpa nas costas dos soldados, e denigrem ao mesmo tempo os “absurdos comitês dos soldados no exército”, significa isso que eles aproveitam a ocasião para golpear de morte os últimos restos das organizações revolucionárias da Rússia.

Esse e somente esse é o significado político da campanha coligada de mentiras e de calúnias contra os soldados russos que morrem na frente setentrional.

Aliança dos imperialistas patrícios e europeus para explorar os insucessos militares em Riga, servindo-se das calúnias irrogadas aos soldados, contra a revolução russa que derrama o seu sangue: eis qual é agora a situação.

Que se lembrem disso os operários e os soldados!

Saibam que somente aliando-se aos operários do Ocidente, somente após haverem abalado os alicerces do capitalismo no Ocidente, será possível contar com a vitória da revolução na Rússia!

Que levem isso em conta e empenhem todas as suas forças para que à aliança amarela dos imperialistas seja oposta a vermelha aliança dos operários e dos soldados revolucionários de todos os países.


Notas de fim de tomo:

(1) The Times, diário oficioso dos círculos dirigentes da burguesia inglesa, publicado em Londres desde 1785. Le Matin, diário burguês, publicado em Paris desde 1885. (retornar ao texto)

Inclusão: 18/02/2024