O novo governo

J. V. Stálin

26 de julho de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi i Soldat” (“O Operário e o Soldado”), n.° 3. 26 de julho de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 148-150.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
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O vaivém dos ministros terminou. Foi formado o novo governo. O novo governo é constituído de cadetes, de elementos de tendências cadetes, de social-revolucionários e de mencheviques.

O partido dos cadetes está satisfeito. As reivindicações fundamentais dos cadetes são acolhidas. Essas reivindicações são colocadas na base da atividade do novo governo.

Os cadetes queriam obter o fortalecimento do governo às expensas dos soviets e tornar o governo independente dos soviets. Os soviets, guiados pelos “maus pastores” social-revolucionários e mencheviques, cederam nesse ponto firmando a própria condenação à morte.

O governo provisório como único poder: eis o que obtiveram os cadetes.

Os cadetes reivindicam o “saneamento do exército”, isto é, a introdução de uma “disciplina de ferro” no exército, a subordinação do exército unicamente aos comandantes diretos, por sua vez subordinados somente ao governo. Os soviets, dirigidos pelos social-revolucionários e pelos mencheviques, cederam também nesse ponto e desarmaram-se.

Os soviets ficam sem exército e o exército está subordinado somente ao governo formado por elementos de tendências cadetes: eis o que obtiveram os cadetes.

Os cadetes reivindicavam a unidade incondicional com os aliados. Os soviets tomaram “decididamente” esse caminho no interesse... da “defesa do país”, esquecendo-se de suas declarações “internacionalistas”. O chamado programa de 8 de julho ficou assim suspenso no ar.

A guerra “desapiedada”, a “guerra até ao fim”: eis o que obtiveram os cadetes.

Escutai os próprios cadetes:

“As reivindicações dos cadetes constituem indubitavelmente a base da atividade de todo o governo... Justamente por isso, uma vez que as reivindicações fundamentais dos cadetes foram acolhidas, o partido julgou que não era mais possível continuar a disputa sobre as dissensões especificamente partidárias.” De fato, os cadetes sabem que na situação de hoje “para pôr em prática os elementos democráticos contidos no famoso programa de 8 de julho restam muito pouco tempo e possibilidades escassas” (vide “Riétch”).

É claro, ao que parece.

Houve tempo em que os soviets edificavam uma nova vida, introduzindo transformações revolucionárias e obrigando o governo provisório a sancionar essas transformações com leis e decretos.

Isso acontecia nos meses de março-abril.

Então o governo provisório era rebocado pelos soviets e cobria as medidas revolucionárias dos soviets com a sua bandeira não revolucionária.

Depois iniciou-se o período em que o governo provisório se pôs a marchar em sentido oposto, introduzindo “transformações” contrarrevolucionárias, e os soviets são “obrigados” a aprovar tacitamente essas transformações com suas resoluções moderadas.

O Comitê Executivo Central, esse representante de todos os soviets, é agora rebocado pelo governo provisório e vela a fisionomia contrarrevolucionária deste com uma fraseologia revolucionária.

Evidentemente inverteram-se os papéis e não a favor dos soviets.

Sim, os cadetes têm razão para estar “satisfeitos”. Se o estarão por muito tempo, di-lo-á o futuro próximo.


Inclusão: 18/02/2024