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Primeira Edição: Política Operária, nº 75, Mai-Jun 2000
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
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O anúncio da candidatura à presidência de Fernando Rosas foi uma primeira vitória das forças que no Bloco querem afirmar um espaço próprio, contra os que sonhavam com êxitos fulgurantes à custa de “grandes nomes” ocos. E todavia... a pobreza do arsenal político do candidato é inegável. Aquilo que deveria ser uma acusação severa, uma alternativa de sociedade, um anúncio de ruptura, um apelo à subversão deste sistema condenado, resume-se a um conjunto de reivindicações sensatas, realistas e prudentes, boas para ganhar votos em sectores intermédios, mas incapazes de falar à imaginação dos milhões de oprimidos.
Digamo-lo uma vez mais: a tão gabada aspiração do Bloco de cativar a juventude, fugir aos temas batidos. “renovar a esquerda”, está a materializar-se numa fuga ao centro da luta de classes. Quando passar o engodo pelos temas em moda. como a toxicodependência ou os direitos dos homossexuais, quando se constatar a inocuidade das grandes propostas de reformas do sistema fiscal ou do sistema político, voltará a surgir com dureza a única questão real: o que faz o Bloco para engrossar o antagonismo dos explorados ao sistema? que contribuição dá para os amotinar contra a lei infame do capital? Faltando isso, podemos ter a certeza de que não se progride nem um passo para a meta da expropriação da burguesia. Se é que é essa a meta do Bloco....
Tal como se apresenta, a candidatura de Rosas poderá obter uma votação confortável, boa para o Bloco prosseguir a sua carreira parlamentar. Mas será uma ocasião perdida para se fazer ouvir a voz da esquerda, a necessidade da revolução.
Inclusão | 06/09/2019 |