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Primeira Edição: Política Operária nº 74, Mar-Abr 2000
Fonte: Francisco Martins Rodrigues — Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Cheira muito a esturro esta tragicomédia das “calúnias contra a família Soares”. Se os angolanos se excederam, não sei. O certo é que só se desbocaram depois de muitos anos de uma campanha frenética dos Soares, pai e filho, a favor da Unita.
Ainda para mais, os motivos de cólera do majestático ex-presidente soam a postiço. À distância. Ou quer convencer-nos que a causa da sua indignação é o julgamento de um jornalista, acusado de insultos ao presidente de Angola? Só para rir. Não lhe faltariam temas para trinta campanhas, todos os dias do ano. É a corrupção angolana que o incomoda? Mas então porque não ataca a corrupção lusitana, que fica aqui mais perto, ou, melhor ainda, a do PS, que conhece como ninguém?
O caso não é esse. O sujeito está tão comprometido com o rei da Jamba e é tão pavão que se lhe meteu na cabeça que pode derrubar o governo de Angola através de uma campanha orquestrada. Pois se o Clinton pode distribuir bordoada pelos Milosevic e Saddam para pôr ordem no seu “mundo livre”, se o seu amigo Mitterrand mandava o filho derrubar governos africanos desobedientes - porque não há-de o ilustre Soares dar o seu correctivo a Angola, afinal ainda um pouco “nossa”?
Embriagado pelo coro de aplausos dos lorpas e dos lacaios, o nosso pequeno Clinton ainda não percebeu que se vai sair mal da sua guerra privada. Esqueceu-se que a intriga e a manipulação da opinião pública só por si não chegam para estas operações imperiais; faltam ao pequeno farsante Soares as tropas e o poder de fogo do grande meliante Clinton. E além disso, tem telhados de vidro: mal lhe irá à vida se em Luanda se desatarem de vez as línguas.
Observação: Tiro ao Alvo - Coluna de FMR no jornal Em Marcha e no jornal Política Operária
Inclusão | 03/02/2019 |