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Nosso Partido, com as Resoluções tomadas na reunião de fevereiro último do seu Comitê Nacional, deu mais um grande passo no caminho de sua formação, avançou consideravelmente no esforço empreendido por colocar-se à altura de sua missão histórica de dirigente da classe operária e, à frente dela, da grande luta de nosso povo pela paz, pela libertação nacional do jugo imperialista e pela conquista da democracia popular.
Pode-se dizer que com aquelas Resoluções iniciamos a luta por remover os entraves que ainda dificultam a aplicação de nossa linha revolucionaria, apontamos as causas fundamentais do atraso em que ainda nos encontramos na aplicação efetiva das diretivas do Manifesto de Agosto e indicamos os meios e métodos para removê-las. Além disto, o Comitê Nacional, ao mesmo tempo que chama a atenção de todo o Partido para as incompreensões surgidas na aplicação da linha política que têm dificultado o desencadeamento de grandes lutas e a organização das massas, assim como a estruturação da Frente Democrática de Libertação Nacional, ensina, através daquelas Resoluções, como trabalhar no seio das massas para ganhá-las para o programa da Frente Democrática de Libertação Nacional, como desencadear lutas e ações revolucionárias de massas e como proceder para intensificar a organização dos Comitês Democráticos de Libertação Nacional.
O fundamental, no entanto, nas Resoluções de fevereiro do Comitê Nacional está na atenção que nelas se dá à construção do Partido e nas medidas práticas que foram tomadas visando a sua consolidação orgânica, política e ideológica.
A análise do desenvolvimento da situação mundial e no país confirma cada vez mais a justeza da linha política de nosso Partido e das diretivos do Manifesto de Agosto, mas, como diz o camarada Arruda em seu informe,
«ao tentarmos pôr em execução a nossa atual linha política e tática, tornou-se evidente que o nosso Partido não está ainda à altura de suas tarefas políticas».
E o Comitê Nacional em suas Resoluções assinala que a causa de todas as nossas debilidades está fundamentalmente na fraqueza ideológica, política e orgânica de nosso Partido.
Isto significa reconhecer que precisamos envidar esforços para colocar nosso Partido na altura de suas crescentes tarefas e de suas enormes responsabilidades. Significa igualmente que temos perfeita consciência dessas responsabilidades, que não tememos pôr a nu as causas de nossos erros e debilidades e que estamos seguros de superá-las.
Trata-se, portanto, da construção do Partido, de sua consolidação orgânica, política e ideológica, como tarefa fundamental e inseparável da luta que hoje travamos visando unir e organizar todas as fôrças revolucionários de nosso povo em ampla Frente Democrática de Libertação Nacional. A frente única de todas as fôrças populares capazes de lutar pela paz, contra a escravização imperialista e pela derrubada do governo de fazendeiros e grandes capitalistas serviçais do imperialismo é indispensável ao êxito da revolução brasileira. Mas igualmente indispensável é construir o Partido de vanguarda da classe operária, capaz de dirigir essa luta pela emancipação total de nosso povo do jugo imperialista e pelo seu progresso social.
Nessa luta pela construção do Partido, para que o sucesso seja possível, torna-se previamente indispensável acabarmos em nossas fileiras com a subestimação do papel dirigente da classe operária e com a subestimação do próprio Partido, do papel e da importância da organização do Partido.
Nas condições atuais no mundo e em nosso país, é indispensável a direção da classe operária para que o nosso povo possa ser vitorioso em sua luta pela emancipação nacional do jugo imperialista e pela conquista do poder político, do governo do povo, efetivamente democrático, que o liberte dos governos reacionários de fazendeiros e grandes capitalistas serviçais do imperialismo, que o livre do atraso, da miséria e da ignorância e abra-lhe o caminho do progresso social.
Nas condições deste após-guerra, quando o mundo se acha dividido em, dois campos de fôrças políticas — o campo imperialista e antidemocrático, de um lado, e o campo anti-imperialista e democrático, de outro, — o triunfo da revolução significa deslocar o Brasil do campo da guerra, do imperialismo e da reação para o campo da paz, da democracia e do socialismo e, isto, só será possível se à frente de nosso povo estiver, como fôrça dirigente, a classe operária, única classe capaz de aglutinar as fôrças da revolução, de uni-las em ampla frente nacional libertadora e de levá-las à vitória sobre o imperialismo e seus lacaios das atuais classes dominantes em nossa terra.
A burguesia brasileira nunca foi capaz de lutar contra os restos feudais no país, é aliada dos latifundiários e, com medo crescente das grandes massas trabalhadoras, capitula, diante do imperialismo com quem forma um bloco contra os operários e camponeses, contra a maioria esmagadora da nação. Para que a revolução possa ser vitoriosa é indispensável desfazer esse bloco reacionário, concentrar o fogo contra a burguesia serviçal do imperialismo, desmascarar sua traição, e libertar as massas trabalhadoras de sua influencia. Só a classe operária será capaz de dirigir essa luta, porque só ela é consequente e revolucionária até o fim.
Só a classe operária é consequentemente revolucionária e inimiga incondicional do imperialismo. Só entre a classe operária e o imperialismo são impossíveis quaisquer compromissos. Todas as outras classes e camadas da população do país não são incondicionalmente hostis ao imperialismo. A burguesia nacional não pode deixar de sentir os prejuízos que lhe causa a crescente dominação imperialista, a voracidade e o predomínio cada dia maior dos trustes e monopólios norte-americanos sobre toda a economia brasileira. A burguesia justamente por isso chega por vezes a levantar suas reivindicações anti-imperialistas e a lutar mesmo por elas, mas, à medida, que crescem as fôrças da classe operária, que as massas camponesas lutam pela terra, que o povo exige democracia de verdade, ela se amedronta, teme a democracia e capitula diante do imperialismo, aceita o lugar de empregado e a vassalagem ao patrão estrangeiro. Entre a burguesia nacional e o imperialismo o compromisso é sempre possível contra o proletariado e à custa dos interesses da nação que são traídos com desfaçatez crescente.
Mas condições atuais, em que se acentuam no país todas as contradições internas de uma estrutura econômica envelhecida e que estala por todos os lados, quando em consequência da miséria crescente das massas trabalhadoras o mercado interno não acompanha o desenvolvimento da produção, quando a riqueza se concentra cada vez mais nas mãos de uns poucos, e aprofunda-se a divisão do mundo entre dois campos, entre os que querem a paz e os que aspiram por uma nova guerra mundial, essa traição da burguesia brasileira se torna ainda mais acentuada e franca. Os grandes industriais brasileiros, tanto quanto os fazendeiros e grandes negociantes seus aliados, desejam uma nova guerra mundial na esperança de bons negócios e de lucros fabulosos e justamente por isso apoiam a política dos círculos dirigentes do impe- rialismo norte-americano e tudo cedem diante de suas imposições, traindo a nação, entregando com cinismo as riquezas do pais à espoliação pelos trustes ianques e prometendo ao governo norte-americano até mesmo o sangue de nosso povo para as aventuras criminosas do imperialismo na Europa ou na Asia. As decisões da recente Conferencia de Washington fotografam essa traição total das classes dominantes, inclusive da grande burguesia industrial brasileira.
Quanto à pequena-burguesia, pela sua própria natureza de camada intermediária, tem uma atitude dupla, vacila entre o proletariado e a burguesia e não está por isso em condições de dirigir vitoriosamente até o fim a luta pela emancipação nacional do jugo imperialista. Na esperança de fortalecer a sua pequena propriedade, o pequeno-burguês está sempre predisposto a aliar-se com as classes dominantes contra o proletariado e, quanto aos intelectuais, dentro ainda da pequena-burguesia, por mais que sintam a opressão do imperialismo e suas decorrências, como a reação policial, a miséria e a ignorância das massas, a perseguição ao pensamento e ao saber, e contra tudo isso se levantem, não são em geral consequentes, porque pelos seus interesses materiais estão ligados ás classes dominantes e ao próprio imperialismo. Sobre os intelectuais pequeno-burgueses concentram o imperialismo e as classes dominantes todas as armas da corrupção e do suborno de que só se livram aqueles que para não traírem seu povo marcham para o proletariado e aceitam sua direção política e ideológica. É rica a experiência brasileira e latino-americana nesse terreno das traições dos intelectuais que, rebeldes hoje, vendem com maior ou menor facilidade seus ardores revolucionários em troca de posições bem remuneradas no aparelho estatal, na imprensa das classes dominantes ou nas empresas imperialistas. O povo brasileiro já viu de perto como os tenentes revolucionários que há poucos anos atrás empunhavam armas e dirigiam lutas contra o governo de latifundiários e grandes capitalistas serviçais do imperialismo, que lutavam assim. praticamente, se bem que ainda inconscientemente, contra o imperialismo e os restos feudais, transformaram-se com o correr do tempo e com o aprofundamento no país da luta de classes nos generais reacionários de hoje, lacaios do imperialismo e bagageiros dos generais ianques, tais como Eduardo Gomes, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, Estilac Leal e tantos outros.
É claro que ao escrevermos estas palavras não queremos nem de longe negar o papel revolucionário da intelectualidade brasileira que se aproxima cada vez mais do proletariado e luta com coragem pela paz e a libertação nacional do jugo imperialista. Os intelectuais revolucionários são os primeiros a reconhecer a necessidade da direção da classe operária e aos que ainda não têm consciência clara dessa necessidade por desconhecerem as leis da evolução social ou mesmo os ensinamentos já seculares do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, convém lembrar as seguintes palavras do camarada Stálin que traduzem uma verdade cientifica:
«Como o proletariado é a única classe que cresce e ganha sempre maior vigor, que impulsiona para diante a vida social e agrupa em torno de si a todos os elementos revolucionários, nosso dever é, portanto, reconhecê-lo como a fôrça principal no movimento contemporâneo e a formar em suas fileiras e fazer de suas aspirações avançadas nossas próprias aspirações».
Só a classe operária é verdadeiramente revolucionária, luta consequentemente e até o fim pela derrubada da burguesia e do capitalismo e pela substituição deste pelo socialismo, Na luta pelos seus interesses de classe é o proletariado simultaneamente o lutador mais consequente pelos interesses de toda a nação, contra a escravidão imperialista, pela paz e a independência nacional, pela democracia e pelo progresso social. O proletariado se propõe como fim o socialismo e justamente por isso é o lutador consequente nos dias de hoje em nossa terra contra a dominação imperialista e os governos de latifundiários e grandes capitalistas serviçais do imperialismo, a grande fôrça dirigente capaz de aglutinar em ampla frente nacional e sob sua direção todas as classes, partidos, grupos e organizações que queiram lutar contra o imperialismo e seus lacaios brasileiros.
Mas para que a classe operária possa efetivamente realizar essa missão histórica é indispensável que tenha à sua frente uma vanguarda organizada, consciente, armada com a teoria revolucionária do proletariado, suficientemente hábil e experimentada e fortemente ligada às massas.
Essa vanguarda é o Partido Comunista, organização viva que não surge espontaneamente, mas que nasce e cresce e se desenvolve e consolida no processo das próprias lutas da classe operária e em luta permanente e implacável contra todas as mazelas, todos os obstáculos que dificultam sua formação e a realização vitoriosa de suas tarefas como dirigente do proletariado em sua grande batalha contra a burguesia e pela construção da sociedade socialista. Como ensina o camarada Stálin:
«o Partido é um corpo vivo, e como todo corpo vivo renova constantemente sua substancia». «No processo de sua formação, tudo que é novo cresce, ao mesmo tempo que o que morre é posto para fora do Partido».
Exemplo clássico desses processo de formação nos é dado pelo grande Partido Bolchevique de Lênin e Stálin. E, dai, justamente, a grande importância que tem para todo comunista o estudo atento de sua História, resumida magistralmente pelo camarada Stálin em seu conhecido Compêndio.
A história do Partido Bolchevique é a história da luta intransigente e permanente contra o oportunismo dentro de suas fileiras em suas diversas manifestações — o economismo e o menchevismo, e, mais tarde, já na época da construção do socialismo, contra o trotsquismo e o bucarinismo.
Outro exemplo desses processo de formação do Partido de vanguarda da classe operária através da luta persistente, durante anos seguidos, contra o oportunismo nos é dado pelo grande Partido Comunista da China que dirigiu vitoriosamente a luta de seu povo pela libertação nacional e a conquista da democracia popular, derrotando após vinte anos de duros combates o imperialismo japonês primeiro e logo em seguida o norte-americano e a reação interna do lacaio deles Chiang Kai Shek. O camarada Chu-Teh nos conta resumidamente o que foi essa luta pela formação do Partido:
«A China, como se sabe, é um pais de pequena exploração camponesa, um pais de pequena produção mercantil. Grande número de membros de nosso Partido provem desses pequenos produtores mercantis. Nossos primeiros pontos de apoio foram também constituídos no campo. Nessas condições, a criação de um partido político solido do proletariado não foi coisa fácil. Tivemos, durante longo período, de corrigir pacientemente diferentes opiniões não-proletárias, combatendo energicamente em duas frentes, contra o oportunismo de direita e contra o aventurismo de esquerda. O fato de termos começado, dentro do Partido, em 1942, o movimento para elevar o nível ideológico, merece ser particularmente destacado. Deste modo se elevou consideravelmente a consciência marxista-leninista dos quadros do Partido; reforçou-se consideravelmente também a disciplina do Partido. Isso contribuiu de modo decisivo para a vitoria de nossa revolução».
Sem pretender qualquer analogia entre a formação histórica do Brasil e da China e sem esquecer o que há de específico no processo de formação de nosso Partido, o exemplo chinês chama a nossa atenção para a tarefa que hoje enfrentamos e que é, sem dúvida, de natureza semelhante. Nosso Partido para poder realizar com sucesso, à frente da classe operária e de todo o povo, sua missão histórica de dirigente da atual etapa da revolução brasileira precisa possuir a maior coesão, a mais forte organização, ligar-se intimamente com as mais amplas massas trabalhadoras e elevar o nível ideológico de cada militante, a consciência marxista-leninista de seus quadros.
Nisto consiste a construção do Partido, tarefa fundamental para a qual chama a atenção o Comitê Nacional em suas Resoluções de fevereiro, ao mesmo tempo que determina concretamente os primeiros passos que devem ser dados nesse caminho da construção do Partido, de sua consolidação orgânica, política e ideológica.
Sempre lutamos contra o oportunismo em nossas fileiras e graças a isto conseguimos mudar a linha política de nosso Partido, encontrar as causas de nossos erros e lutar contra elas, mas é evidente que a nossa nova linha política só será efetivamente realizada através da intensificação e do aprofundamento da luta contra o oportunismo nas fileiras do Partido. Isto se tornou agora tarefa urgente e indispensável, porque durante anos seguidos, em consequência da nossa anterior linha política errônea, linha de colaboração de classes, reduzimos de muito nossa vigilância de classe, a luta contra o oportunismo em nossas fileiras, não nos encontrávamos mesmo em condições de tomar as medidas necessárias para o justo combate às ideologias estranhas ao proletariado no seio do Partido. Bem ao contrário — aquela orientação errônea nos desarmava, dificultava e impedia a formação do Partido, levava a uma crescente subestimação do papel dirigente da classe operária, à subestimação do papel e da importância da organização — única arma do proletariado em sua luta, como diz Lênin — e, por esse caminho. ao enfraquecimento cada vez maior do Partido. Nestas condições, para que possamos realizar com êxito as Resoluções de fevereiro do Comitê Nacional e efetivamente avançarmos no caminho da construção do Partido, precisamos ter uma compreensão tão nítida quanto possível das causas de nossos erros afim de lutarmos sem vacilações pela extirpação total de suas raízes.
Nas condições brasileiras, a formação de nosso Partido, como vanguarda organizada e consciente da classe operária, só será possível através do combate persistente, intransigente e enérgico contra todas as manifestações de direita e de esquerda, da influencia ideológica da pequena-burguesia no seio do Partido.
Essa influencia decorre das próprias características do proletariado brasileiro e do processo de formação de nosso Partido. Nosso proletariado já é numeroso, cresce de ano para ano e denota grande combatividade. O Brasil, no entanto, é ainda um país fracamente desenvolvido no sentido capitalista. Uma boa parte do proletariado brasileiro trabalha ainda em pequenas empresas de caráter artesanal e mesmo patriarcal. Se bem que na cidade de São Paulo cerca de duzentos mil operários já trabalhem em grandes empresas de mais de quinhentos operários, o número de tais empresas em todo o pois é ainda excessivamente pequeno — não chegavam a duzentas, em 1946. E, em 1948, o número médio de operários por empresa industrial era no Estado de São Paulo de 34, apenas. Além disto, o proletariado brasileiro é de formação ainda recente e sua origem camponesa não pode deixar de exercer forte influencia ideológica, trazendo para o seio do Partido diferentes opiniões não-proletárias. Outra causa dessa influencia da ideologia pequeno-burguesa nas fileiras de nosso Partido está no afluxo da intelectualidade revolucionária anti-imperialista, especialmente estudantil, que só em nosso Partido encontra o lutador consequente contra a odiada dominação imperialista. Muitos desses aderentes ao Partido, no curso da luta revolucionária, adquirem a ideologia do proletariado, mas outros sentem maior dificuldade para se libertarem por completo da ideologia pequeno-burguesa, e, como, por vezes, em consequência do baixo nível político e ideológico dos operários, os intelectuais exercem influencia preponderante nas organizações do Partido, concorrem para uma maior difusão de opiniões não-proletárias em suas fileiras.
Nessa influencia ideológica do radicalismo pequeno-burguês está a causa profunda dos numerosos desvios e erros já assinalados na atividade de nosso Partido. De um lado, a subestimação do papel dirigente da classe operária, as tendencias espontaneístas e a subestimação do papel e da importância da organização do Partido. De outro, as tendencias ao abandono da luta pelas reivindicações imediatas, o sectarismo e as tendencias golpistas que levam a substituir as lutas de massas peio heroísmo individual de uns poucos desligados das massas, ao aventurismo portanto
Nestas condições, o problema principal na construção de nosso Partido está hoje na sua reconstrução ideológica, o que quer dizer, educar e formar novos quadros proletários e reeducar os membros de nosso Partido, especialmente os elementos revolucionários de origem pequeno-burguesa. Trata-se, pois, de intensificar em todo o Partido a luta contra o oportunismo nas duas frentes, contra os desvios de direita e de esquerda, o que constitui, aliás, a grande lei do desenvolvimento e da formação do Partido do proletariado.
Mas nas atuais condições brasileiras e na atual etapa de formação de nosso Partido e fundamentalmente contra as manifestações de direita que precisamos concentrar o nosso fogo. Aguça-se no país rapidamente a contradição entre a política de guerra, de colonização, de fome e reação das atuais classes dominantes e a radicalização das massas que já se lançam a lutas espontâneas contra a guerra, a miséria e a opressão crescente,pela posse da terra, contra a brutalidade da exploração semi-feudal. É evidente que marchamos rapidamente no país para uma crise política e revolucionária. Nosso Partido, mais do que nunca, precisa romper com o conformismo e a passividade, colocar-se com audácia à frente das massas e saber combinar todas as formas legais e ilegais de luta. É inevitável que, nestas condições e circunstancias, os elementos que dentro do Partido não sabem ou não querem se adaptar ã nova situação, pela própria fôrça da inércia, insistam em trilhar o caminho anterior ao Manifesto de Agosto e, consciente ou inconscientemente, não importa, concorram para frear as lutas de massas e a atividade e o desenvolvimento do Partido.
É contra o perigo de direita que precisamos agora concentrar nosso fogo, particularmente contra todas as tentativas e todas as «teorias» daqueles que queiram fazer o Partido andar para trás, voltar à tática anterior em que desligávamos a lula pela paz e pelas reivindicações imediatas da luta pela libertação nacional e pela conquista da democracia popular, e, por esse caminho, à política anterior a 1948, de colaboração de classe, que só pode levar à liquidação do Partido.
«Num período de reforçamento da crise — ensina o camarada Stálin — os elementos de direita levantam sempre a cabeça. É uma lei geral da crise revolucionária. Os elementos de direita levantam a cabeça porque temem a crise revolucionária e porque tudo fazem para puxar o Partido para trás e para impedir o desenvolvimento da crise.»
A luta intransigente contra o oportunismo na prática, contra o perigo de direita, é tarefa fundamental de nosso Partido que só ao fogo dessa luta poderá forjar novos quadros revolucionários e preparar as massas para a crise que se aproxima.
Mas essa luta contra o oportunismo na prática e pela formação de quadros, para que possa ter sucesso, exige. antes e acima de tudo, o desenvolvimento da democracia no interior do Partido e uma justa compreensão do emprego da crítica e da autocrítica, como método de trabalho permanente em toda a atividade partidária.
Desenvolver a democracia no interior do Partido significa no fundamental estimular a atuação individual de cada militante, exigir que cada membro do Partido se preocupe com todos os problemas do Partido e participe ativamente no trabalho de direção. Desenvolver a democracia interna é estimular o controle de baixo para cima que é indispensável complemento do controle de cima para baixo, é intensificar o trabalho coletivo em todos os escalões do Partido, é forjar a unidade de pensamento e de ação e consolidar a disciplina proletária consciente em suas fileiras. As normas da democracia interna estão fixadas nos ESTATUTOS do Partido e, daí, a necessidade urgente que enfrentamos de atualizar os ESTATUTOS de nosso Partido, como já decidiu o Comitê Nacional em sua última reunião de fevereiro.
Quanto ao emprego da crítica e da autocritica como método de trabalho permanente em toda a atividade de nosso Partido muito precisamos ainda avançar. Antes de tudo, precisamos criar nas fileiras do Partido, de cima à baixo, uma justa compreensão do que sejam a crítica e a autocrítica, como instrumentos fundamentais de trabalho para um Partido marxista. Ver na critica um castigo e empregar a autocrítica como método de autoflagelação é não compreender nem uma coisa nem outra, é cair no subjetivismo pequeno-burguês e não ter uma compreensão marxista das relações do indivíduo com o Partido. A crítica e a autocrítica são armas que usamos para descobrir os erros e falhas no próprio trabalho, mas tendo sempre em mira os interesses do Partido e da classe operária. Só por meio da crítica e da autocrítica poderemos descobrir as causas dos nossos erros e encontrar o caminho para melhorar nosso trabalho. Justamente por isso, torna-se indispensável hoje em nosso Partido encorajar por todos os meios a crítica e a autocrítica, sem ver pessoas, mas os supremos interesses do Partido e a necessidade de formar novos quadros, de elevar o nível político e ideológico de todos os nossos militantes. Examinar com serenidade os êxitos, ver os defeitos e corrigi-los com rapidez — é o método prático de educar, de desenvolver a combatividade, de consolidar a fé na vitória, é praticar a crítica e a autocrítica, como método permanente de trabalho.
Evidentemente, esse trabalho de reeducação dos quadros do Partido, juntamente com o esforço sistemático por ganhar todo o Partido, cada um de seus membros, para a linha do Manifesto de Agosto, é tarefa urgente de todos os órgãos dirigentes do Partido, mas inseparável da luxa intransigente e enérgica pela aplicação da própria linha e das Resoluções tomadas pelo Comitê Nacional em sua reunião de fevereiro último.
Essas resoluções indicam claramente os primeiros passos que devemos dar para entrarmos sem perda de tempo no caminho da construção do Partido, de seu reforçamento, de sua consolidação orgânica, política e ideológica. Em resumo, elas determinam o seguinte:
É através da aplicação dessas Resoluções, de maneira planificada, com rigorosa distribuição de tarefas e controle de sua execução, que se tornará possível localizar os elementos direitistas que não aceitam a atual linha política ou são incapazes de levá-la à prática, para que possam ser rapidamente afastados dos postos de direção aos quais devem ser promovidos com audácia novos quadros operários que revelem na prática melhor compreensão da linha do Partido, confiança nas forças revolucionárias do povo e da classe operária e amor ao Partido
O trabalho de reeducação de todos os quadros do Partido é urgente e indispensável — é o trabalho paciente por ganhar todo o Partido para a nova linha política revolucionária e acabar com as opiniões não proletárias nas fileiras do Partido, muito especialmente entre seus quadros dirigentes que precisam elevar sua consciência marxista-leninista. O Partido, no entanto, não pode parar — a aplicação de sua linha política é um dever de todo comunista. E, na aplicação da linha política, tem hoje importância decisiva levar igualmente à prática as resoluções de fevereiro do CN do Partido, relativas à sua construção.
A situação no mundo e no país agrava-se dia a dia, o perigo de uma nova guerra mundial torna-se cada vez mais iminente. As fôrças da paz são, no entanto, cada dia mais poderosas no mundo inteiro e tem à sua frente a potência invencível da gloriosa União Soviética que orienta e apoia a luta de todos os povos pela paz, pela liberdade, pela independência nacional e o progresso. Dessa luta participa nosso povo que não aceita a política de guerra e colonização crescente, de miséria e fome para as massas trabalhadoras, de seus atuais governantes. Coloquemo-nos com audácia à frente dessas lutas, liguemo-nos às grandes massas populares, mobilizando-as contra a guerra, especialmente contra as decisões criminosas da Conferência de Washington e contra a remessa de soldados brasileiros para a Coreia ou para a Europa. Intensifiquemos nosso apoio a campanha de assinaturas por um Pacto de Paz entre as cinco grandes potências e, em intima ligação com isto, dirijamos com decisão e energia a luta de todos os trabalhadores contra a carestia da vida, por maiores salários, contra a miséria e a fome, pela terra e a liberdade.
É no processo das lutas de massas que formaremos nosso Partido como vanguarda da classe operaria, bloco monolítico, livre de quaisquer ideologias estranhas ao proletariado. Nós, comunistas, devemos nos distinguir ideológica, política e organicamente de todas as outras classes. Mas esta distinção necessária não significa oposição. Muito ao contrario. Trabalhamos ativamente para elevar toda a classe operária, todas as massas ao nível da vanguarda, ao nível do Partido. E é por sermos vanguarda que podemos unir de maneira acertada, sob a direção da classe operária e do nosso Partido as fôrças democráticas e patrióticas de todas as classes e ajudá-las a avançar no caminho da Revolução, organizando-as em ampla FRENTE DEMOCRATICA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL, capaz de dirigir a luta pela emancipação nacional do jugo imperialista e pela conquista da democracia popular, capaz de levar até o fim a luta pela paz em nossa terra.
«A lei da desigualdade do desenvolvimento na época do imperialismo significa um desenvolvimento, por saltos, de uns países em relação a outros, a expulsão rápida do mercado mundial de uns países por outros, as repartições periódicas de um mundo já dividido por meio dos choques armados e das catástrofes guerreiras, o aprofundamento e o aguçamento dos conflitos no campo do imperialismo, o enfraquecimento da frente do capitalismo mundial, a possibilidade do rompimento dessa frente pelo proletariado de determinados países, a possibilidade da vitória do socialismo em determinados países considerados isoladamente.»
J. Stálin
«A Rica experiência da história ensina que até hoje nem uma só classe cedeu voluntariamente o lugar a outra classe. Não há tal precedente na história mundial. Os comunistas aprenderam esta lição da história».
J. Stálin
Inclusão | 30/03/2013 |