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“A Inglaterra se encontra hoje, como cinquenta anos atrás, perante uma catástrofe que ameaça atacar, na raiz, todo seu sistema econômico”. Nos cinco artigos que compõem esta seção, Marx expõe o melhor de seu método de análise econômica, o qual se tornou célebre em O Capital. Nela são consideradas tanto as demandas em massa por matéria-prima, quanto a flutuação de preços do fio de algodão. Como pano de fundo dos artigos em questão está a convicção de que as crises do capitalismo podem servir ao analista como momentos de revelações das contradições internas ao sistema.
George Novack(1) resume bem aquilo que vimos na seção anterior: “os defensores do regime escravocrata defendiam, em primeiro lugar, que a guerra entre o Norte e o Sul não passava de uma disputa tarifária, em segundo, que era travada pelo Norte contra o Sul para manter a União à força, e, em terceiro, que a questão da escravidão nada tinha a ver com isso”. Uma vez que refuta todos esses argumentos, Marx parte para a análise de um segundo momento de desdobramento da crise, aquilo que pôde observar de perto durante o seu exílio em Londres: a pauperização do proletariado urbano ligado à indústria têxtil.
Como isso se deu? Durante a Guerra Civil, portos do sul dos EUA foram bloqueados, e a Inglaterra logo se viu confrontada com uma realidade de seu capitalismo altamente industrializado: sem o algodão produzido pela escravidão americana, o mercado têxtil, carro-chefe da Revolução Industrial, estacaria. Consequentemente, massas trabalhadoras diretamente dependentes da indústria têxtil se viram destituídas — desde costureiras e tecelões até comerciantes de tecidos —, lançando a Grã-Bretanha em mais uma crise, financeira e social. Diferentemente das análises de Marx e Engels das crises dos anos 1850, mais focadas em conjunturas de força locais, a análise empreendida aqui se esforça em pensar o sistema de comércio global como rede complexa e interdependente. Mais do que isso, é um sistema ameaçado por colapsos imprevisíveis, cujos principais atingidos são as massas de despossuídos.
Notas:
(1) “Marx e Engels sobre a Guerra Civil dos Estados Unidos”, resenha publicada no The New International. Edição de fevereiro de 1938. Tradução de Camyl Ourives Cruz. Disponível em: www.marxists.org/archive/novack/1938/02/01.htm. (retornar ao texto)
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