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A primeira tentativa da conspiração dos escravistas para subjugar Paris trazendo os prussianos a ocupá-la foi frustrada pela recusa de Bismarck. A segunda tentativa, a do 18 de Março, terminou na derrota do exército e na fuga para Versalhes do governo, que ordenou a toda a administração que dispersasse e fosse atrás dele. Graças à aparência de negociações de paz com Paris, Thiers encontrou tempo para preparar a guerra contra ela. Mas onde encontrar um exército? Os restos dos regimentos de linha eram fracos em número e inseguros em carácter. O seu apelo urgente às províncias para socorrer Versalhes, com os seus Guardas Nacionais e voluntários, encontrou uma recusa nítida. Só a Bretanha forneceu um punhado de Chouans[N196], combatendo sob uma bandeira branca, cada um deles usando ao peito o coração de Jesus em tecido branco e gritando «Vive le Roi!» (Viva o Rei!). Thiers foi assim forçado a reunir, a toda a pressa, um bando heterogéneo composto por marinheiros, soldados de marinha, zuavos pontifícios, gendarmes de Valentin e sergents-de-ville e mouchards(40*) de Piétri. Este exército, contudo, teria sido ridiculamente ineficaz sem as entregas dos prisioneiros de guerra imperialistas(41*), que Bismarck garantia em números precisamente suficientes para manter a guerra civil em marcha e manter o governo de Versalhes em abjecta dependência da Prússia. Durante a própria guerra, a polícia de Versalhes tinha de olhar pelo exército de Versalhes, enquanto os gendarmes tinham de o arrastar, expondo-se eles próprios a todos os postos de perigo. Os fortes que caíram não foram tomados mas comprados. O heroísmo dos Federados convenceu Thiers de que a resistência de Paris não havia de ser quebrada pelo seu próprio génio estratégico nem pelas baionetas à sua disposição.
Entretanto, as suas relações com as províncias tornavam-se cada vez mais difíceis. Não veio uma só mensagem de aprovação para animar Thiers e os seus Rurais. Muito pelo contrário. Deputações e mensagens pedindo, num tom tudo menos respeitoso, a reconciliação com Paris na base do reconhecimento inequívoco da República, o reconhecimento das liberdades comunais e a dissolução da Assembleia Nacional, cujo mandato estava extinto, entravam em chusma por todos os lados e em números tais, que Dufaure, ministro da Justiça de Thiers, na sua circular de 23 de Abril aos procuradores públicos, ordenava-lhes que tratassem como um crime «o grito de conciliação»! Contudo, perante a perspectiva sem esperança oferecida pela sua campanha, Thiers resolveu mudar a sua táctica, ordenando que se realizassem eleições municipais por todo o país, em 30 de Abril, na base da nova lei municipal por ele próprio ditada à Assembleia Nacional. Em parte com as intrigas dos seus prefeitos, em parte com a intimidação da polícia, ele sentia-se inteiramente confiante em comunicar à Assembleia Nacional, graças ao veredicto das províncias, esse poder moral que ela nunca possuiu e em conseguir, finalmente, das províncias, a força física requerida para a conquista de Paris.
A sua guerra de banditti(42*) contra Paris, exaltada nos seus próprios boletins, e as tentativas dos seus ministros de estabelecimento de um reino de terror em toda a França, era o que, desde o princípio, Thiers estava ansioso por acompanhar com uma pequena mímica de conciliação, que havia de servir mais do que um propósito. Era para enganar as províncias, para seduzir os elementos da classe média em Paris e, acima de tudo, para proporcionar aos pretensos republicanos na Assembleia Nacional a oportunidade de esconder a sua traição para com Paris atrás da sua fé em Thiers. Em 21 de Março, quando ainda sem um exército, ele tinha declarado à Assembleia:
«Haja o que houver, não mandarei exército nenhum contra Paris.»
Em 27 de Março, erguia-se outra vez:
«Encontrei a República como um facto consumado e estou firmemente resolvido a mantê-la.»
Na realidade, subjugava a revolução em Lyon e Marselha[N197] em nome da República, enquanto os rugidos dos seus Rurais abafavam a própria menção do nome dela em Versalhes. Depois dessa façanha reduziu o «facto consumado» a um facto hipotético. Os príncipes Orléans, que tinha cautelosamente posto a salvo fora de Bordéus, eram agora autorizados, em flagrante violação da lei, a intrigar em Dreux. As concessões oferecidas por Thiers nas suas intermináveis entrevistas com os delegados de Paris e das províncias, se bem que constantemente variadas em tom e cor, conforme o tempo e as circunstâncias, nunca chegaram de facto a mais do que à restrição, em perspectiva, da vingança ao
«punhado de criminosos implicados no assassínio de Lecomte e Clément Thomas»,
na premissa bem compreendida de que Paris e a França haviam de aceitar sem reservas o próprio M. Thiers como a melhor das Repúblicas possível, tal como em 1830 ele tinha feito com Louis-Philippe. Mesmo estas concessões, não teve só o cuidado de as tornar duvidosas pelos comentários oficiais lançados sobre elas na Assembleia pelos seus ministros. Ele tinha o seu Dufaure para agir. Dufaure, esse velho advogado orleanista, tinha sido sempre o administrador da justiça do estado de sítio, como agora em 1871, sob Thiers, assim em 1839 sob Louis-Philippe e em 1849 sob a presidência de Louis Bonaparte. Enquanto fora de serviço, fez uma fortuna advogando pelos capitalistas de Paris e fez capital político advogando contra as leis que ele próprio tinha criado. Agora acelerava através da Assembleia Nacional não só um sortido de leis repressivas que haviam de extirpar, após a queda de Paris, os últimos restos da liberdade republicana em França; ele prenunciava o destino de Paris abreviando o processo, demasiado lento para ele, dos tribunais militares[N198], e mediante um recém-inventado código de deportação draconiano. A Revolução de 1848, ao abolir a pena de morte para crimes políticos, tinha-a substituído pela deportação. Louis Bonaparte não ousou, pelo menos em teoria, restabelecer o regime da guilhotina. A Assembleia Rural, ainda não suficientemente arrojada, mesmo para insinuar que os parisienses não eram rebeldes mas assassinos, tinha, assim, de confinar a sua vingança em perspectiva contra Paris ao novo código de deportação de Dufaure. Sob todas estas circunstâncias, o próprio Thiers não teria podido continuar com a sua comédia de conciliação, se esta não tivesse arrancado — como ele entendia que ela tinha de fazer — guinchos de raiva dos Rurais, cujo espírito de ruminantes não compreendia nem o jogo nem as suas necessidades de hipocrisia, tergiversação e procrastinação.
A vista das eleições municipais iminentes de 30 de Abril, Thiers desempenhou em 27 de Abril uma das suas grandes cenas de conciliação. No meio de uma torrente de retórica sentimental, exclamou da tribuna da Assembleia:
«Não há conspiração contra a República a não ser a de Paris, que nos obriga a derramar sangue francês. Disse-o e volto ainda a dizê-lo: caiam essas armas ímpias das mãos que as detêm e o castigo cessará logo por um acto de clemência, de que só será excluído o pequeno número dos criminosos de direito comum.»
À violenta interrupção dos Rurais, replicou:
«Senhores, dizei-me, peço-vos, estou errado? Lamentais realmente que eu tenha dito, o que é verdade, que os criminosos só são um punhado? Não é uma felicidade, no meio das nossas desgraças, que os homens capazes de derramar o sangue de Clément Thomas e do general Lecomte só sejam raras excepções?»
A França, contudo, fez orelhas moucas àquilo de que Thiers se gabava a si próprio que era um canto de sereia parlamentar. Dos 700 000 conselheiros municipais eleitos pelas 35 000 comunas ainda deixadas à França, os legitimistas, orleanistas e bonapartistas unidos não alcançaram 8 000. As eleições suplementares que se seguiram foram ainda mais decididamente hostis. Assim, em vez de conseguir das províncias a força física tão necessária, a Assembleia Nacional perdeu mesmo a sua última pretensão a força moral: a de ser a expressão do sufrágio universal do país. Para completar a derrota, os conselhos municipais recém-eleitos de todas as cidades de França ameaçaram abertamente a Assembleia de Versalhes usurpadora com uma contra-Assembleia em Bordéus.
Chegou então, finalmente, para Bismarck, o momento de acção decisiva há muito aguardado. Intimou peremptoriamente Thiers a enviar a Frankfurt plenipotenciários para o acordo de paz definitivo. Em humilde obediência ao chamamento do seu senhor, Thiers apressou-se a despachar o seu fiel Jules Favre, secundado por Pouyer-Quertier. Homem «eminente» da fiação de algodão em Rouen, partidário fervoroso e mesmo servil do segundo Império, Pouyer-Quertier nunca encontrara qualquer defeito neste, salvo o seu tratado comercial com a Inglaterra[N199], prejudicial aos interesses da sua loja. Acabado de instalar em Bordéus como ministro das Finanças de Thiers, denunciou esse tratado «ímpio», sugeriu a sua revogação próxima e teve mesmo o descaramento de tentar, se bem que em vão (sem ter contado com Bismarck), o cumprimento imediato dos velhos direitos proteccionistas contra a Alsácia, onde, dizia ele, nenhuns tratados internacionais prévios se atravessavam no caminho. Este homem, que considerava a contra-revolução como um meio para fazer baixar salários em Rouen e a entrega de províncias francesas como um meio para elevar o preço das suas mercadorias em França, não era ele o único predestinado a ser escolhido por Thiers como companheiro de Jules Favre na sua última e culminante traição?
À chegada a Frankfurt deste requintado par de plenipotenciários, o insolente Bismarck recebeu-os imediatamente com a alternativa: ou a restauração do Império ou a aceitação incondicional dos meus próprios termos de paz! Estes termos incluíam um encurtamento dos prazos em que havia de ser paga a indemnização de guerra e a ocupação continuada dos fortes de Paris pelas tropas prussianas, até que Bismarck se sentisse satisfeito com o estado de coisas em França — sendo assim reconhecida a Prússia como o árbitro supremo na política interna francesa! Em retribuição por isto, ele oferecia soltar, para a exterminação de Paris, o exército bonapartista cativo, e prestar-lhe a assistência directa das tropas do imperador Guilherme. Ele afiançava a sua boa-fé tornando o pagamento da primeira prestação da indemnização dependente da «pacificação» de Paris. Um tal isco foi, obviamente, engolido com avidez por Thiers e seus plenipotenciários. Assinaram o tratado de paz a 10 de Maio e fizeram-no aprovar pela Assembleia de Versalhes a 18.
No intervalo entre a conclusão da paz e a chegada dos prisioneiros bonapartistas, Thiers sentiu-se tanto mais obrigado a retomar a sua comédia de conciliação quanto os seus testas-de-ferro republicanos estavam em dolorosa necessidade de um pretexto para fecharem os olhos aos preparativos da carnificina de Paris. A 8 de Maio, ainda, replicava a uma deputação de conciliadores da classe média:
«Quando os insurrectos se tiverem decidido a capitular, as portas de Paris ficarão abertas a todos durante uma semana, salvo aos assassinos dos generais Clément Thomas e Lecomte.»
Poucos dias mais tarde, quando violentamente interpelado pelos Rurais sobre estas promessas, recusou-se a entrar em quaisquer explicações; não, contudo, sem lhes deixar esta alusão significativa:
«Digo que há impacientes, homens demasiado apressados, entre vós. Têm de esperar ainda oito dias; ao fim destes oito dias já não haverá perigo e então a tarefa estará à altura da sua coragem e da sua capacidade.»
Logo que Mac-Mahon pôde assegurar-lhe que em breve poderia entrar em Paris, Thiers declarou à Assembleia que
«entraria em Paris com a lei na mão e exigiria uma completa expiação dos celerados que tivessem sacrificado a vida dos nossos soldados e destruído os nossos monumentos públicos».
Como se aproximava o momento da decisão, disse à Assembleia: «Serei impiedoso!»; a Paris, que estava condenada; e aos seus banditti bonapartistas que tinham licença oficial para tirar vingança de Paris até fartar. Por último, quando, a 21 de Maio, a traição abriu as portas de Paris ao general Douay, Thiers revelou aos Rurais, a 22, a «finalidade» da sua comédia de conciliação, que eles tão obstinadamente tinham persistido em não compreender.
«Disse-vos há alguns dias que nos aproximávamos da nossa finalidade; hoje vim dizer-vos: atingimos a finalidade. A ordem, a justiça, a civilização alcançaram finalmente a vitória!»
Assim era. A civilização e a justiça da ordem burguesa aparecem à sua luz sinistra sempre que os escravos e forçados desta ordem se levantam contra os seus senhores. Então esta civilização e justiça ficam à vista como selvajaria indisfarçada e desforra sem lei. Cada nova crise na luta de classe entre o apropriador e o produtor patenteia este facto mais notoriamente. Mesmo as atrocidades dos burgueses em Junho de 1848 se dissipam perante a infâmia indizível de 1871. O auto-sacrifício heróico com o qual a população de Paris — homens, mulheres e crianças — combateu durante oito dias depois da entrada dos versalheses, reflecte tanto a grandeza da sua causa como os feitos infernais da soldadesca reflecte o espírito inato desta civilização, de que é a defensora mercenária. Gloriosa civilização, na verdade, cujo grande problema é agora o de como desembaraçar-se dos montões de cadáveres que fez depois de terminada a batalha!
Para encontrar um paralelo da conduta de Thiers e dos seus cães de caça temos de voltar aos tempos de Sila e dos dois triunviratos[N200] de Roma. O mesmo morticínio por grosso, a sangue-frio; o mesmo desprezo, no massacre, pela idade e sexo; o mesmo sistema de torturar prisioneiros; as mesmas proscrições, mas desta vez de toda uma classe; a mesma caça selvagem a dirigentes escondidos, para que nem um possa escapar; as mesmas denúncias de inimigos políticos e privados; a mesma indiferença pela chacina de gente inteiramente estranha à contenda. Só com esta diferença, que os romanos não tinham mitrailleuses para despachar os proscritos em massa e não tinham «a lei na mão» nem nos lábios o grito de «civilização». E depois destes horrores olhe-se para a outra face, ainda mais hedionda, dessa civilização burguesa, tal como é descrita pela sua própria imprensa!
«Com tiros perdidos», escreve o correspondente em Paris de um jornal tory de Londres, «a soar ainda à distância e desgraçados a morrerem, feridos e sem socorros, entre as pedras tumulares do Père-Lachaise — com 6000 insurrectos assaltados de terror, vagueando numa agonia de desespero no labirinto das catacumbas e desgraçados empurrados pelas ruas para serem abatidos, aos vinte, pela mitrailleuse —, é revoltante ver os cafés cheios de devotos do absinto, do bilhar e do dominó; mulheres de depravação deambulando pelos boulevards, e o barulho da orgia perturbando a noite a partir dos cabinetsparticuliers(43*) de restaurantes elegantes.»
M. Edouard Hervé escreve no Journal de Paris[N201], um jornal versalhês suprimido pela Comuna:
«A maneira pela qual a população de Paris» (!) «manifestou ontem a sua satisfação era mais do que frívola e receamos que isso se torne pior com o tempo. Paris tem agora um ar de festa que é completamente deslocado, e se não queremos que nos chamem os parisienses da decadência é preciso pôr termo a esta ordem de coisas.»
E cita então a passagem de Tácito:
«Contudo, no dia seguinte ao dessa horrível luta, antes mesmo que estivesse completamente terminada, Roma, envilecida e corrompida, recomeçou a rebolar-se no lamaçal onde tinha destruído o seu corpo e manchado a sua alma: alibi proelia et vulnera, alibi balneae popinaeque (aqui combates e feridas, além banhos e tabernas).»
M. Hervé só se esquece de dizer que a «população de Paris» de que fala não é senão a população da Paris de M. Thiers — os franc-fileurs regressando em tropel de Versalhes, Saint-Denis, Rueil e Saint-Germain — a Paris do «Declínio».
Em todos os seus triunfos sangrentos sobre os auto-sacrificados campeões de uma sociedade nova e melhor, esta nefanda civilização, baseada na escravização do trabalho, abafa os gemidos das suas vítimas num «ó da guarda» calunioso [hue-and-cry of calumny], reverberado por um eco mundial. A serena Paris operária da Comuna é bruscamente mudada num pandemónio pelos cães de caça da «ordem». E que é que prova esta tremenda mudança, para o espírito burguês de todos os países? Pois, que a Comuna conspirou contra a civilização! O povo de Paris morre entusiasticamente pela Comuna em números não igualados em qualquer batalha conhecida da história. Que é que isso prova? Pois, que a Comuna não era o governo do próprio povo mas a usurpação de um punhado de criminosos! As mulheres de Paris dão jubilosamente as suas vidas nas barricadas e nos lugares de execução. Que é que isso prova? Pois, que o demónio da Comuna as mudou em Megeras e Hécates! A moderação da Comuna durante dois meses de indiscutível preponderância só é igualada pelo heroísmo da sua defesa. Que é que isso prova? Pois, que a Comuna escondeu cuidadosamente durante meses, sob uma máscara de moderação e humanidade, a sede de sangue dos seus instintos satânicos, para lhes dar largas na hora da sua agonia!
A Paris operária, no acto do seu auto-holocausto heróico, envolveu nas suas chamas edifícios e monumentos. Ao despedaçarem o corpo vivo do proletariado, os seus dominadores já não devem esperar regressar triunfantemente à arquitectura intacta das suas residências. O governo de Versalhes grita: «Incendiarismo!» e sussurra a deixa a todos os seus agentes até ao mais remoto povoado: dar caça por toda a parte aos seus inimigos como suspeitos de profissionais do incendiarismo. A burguesia do mundo inteiro, que olha complacentemente o massacre em grande escala depois da batalha, fica convulsiva de horror à profanação do tijolo e da argamassa!
Quando governos dão licenças oficiais às suas marinhas para «matar, queimar e destruir», é isso uma licença para incendiarismo? Quando as tropas britânicas puseram fogo por divertimento ao Capitólio, em Washington, e ao palácio de Verão do imperador chinês[N202], era isso incendiarismo? Quando os prussianos, não por razões militares mas por mero rancor de desforra, queimaram com a ajuda de petróleo cidades como Châteaudun e inúmeras aldeias, era isso incendiarismo? Quando Thiers, durante seis semanas, bombardeou Paris a pretexto de que queria pôr fogo apenas às casas em que havia gente, era isso incendiarismo? — Na guerra, o fogo é uma arma tão legítima como qualquer outra. Edifícios ocupados pelo inimigo são bombardeados para se lhes pôr fogo. Se os seus defensores têm de retirar, eles mesmos ateiam as chamas para impedir que o ataque faça uso dos edifícios. Serem queimados tem sido sempre a sorte inevitável de todos os edifícios situados na frente de batalha de todos os exércitos regulares do mundo. Mas na guerra dos escravizados contra os seus escravizadores, a única guerra justificável na história, isso já de modo nenhum seria válido! A Comuna usou o fogo estritamente como um meio de defesa. Usou-o para barrar às tropas de Versalhes essas longas e rectas avenidas que Haussmann expressamente abrira para o fogo de artilharia; usou-o para cobrir a sua retirada, da mesma maneira que os versalheses, no seu avanço, usaram as suas bombas, que destruíram pelo menos tantos edifícios como o fogo da Comuna. É matéria de discussão, mesmo hoje, a que edifícios foi posto fogo pela defesa e pelo ataque. E a defesa só recorreu ao fogo quando as tropas versalhesas já tinham começado o assassínio de prisioneiros em grande escala. — Além disso, a Comuna tinha dado muito antes pleno conhecimento público de que, se conduzida a extremos, ela se enterraria a si mesma sob as ruínas de Paris e faria de Paris uma segunda Moscovo, como o Governo da Defesa prometera fazer, mas apenas como um disfarce para a sua traição. Trochu tinha-lhe arranjado o petróleo para este propósito. A Comuna sabia que os seus adversários em nada se preocupavam com as vidas do povo de Paris, mas muito com os seus próprios edifícios em Paris. E Thiers, por outro lado, tinha-lhe dado conhecimento de que seria implacável na sua vingança. Assim que teve o exército pronto, de um lado, e que os prussianos fecharam a armadilha, do outro, proclamou: «Serei impiedoso! A expiação será completa e a justiça inflexível!» Se os actos dos operários de Paris eram vandalismo, era o vandalismo de defesa em desespero, não o vandalismo de triunfo como o que os cristãos perpetraram contra os tesouros de arte realmente inestimáveis da antiguidade pagã; e mesmo esse vandalismo foi justificado pelo historiador como um concomitante inevitável e comparativamente insignificante face à luta titânica entre uma sociedade nova que surge e uma antiga que sucumbe. Menos ainda era o vandalismo de Haussmann, arrasando a Paris histórica para dar lugar à Paris do visitante [sightseer]!
Mas a execução pela Comuna dos sessenta e quatro reféns, com o arcebispo de Paris à cabeça! A burguesia e o seu exército restabeleceram, em Junho de 1848, um costume que há muito tinha desaparecido da prática de guerra — a execução dos seus prisioneiros indefesos. Este costume brutal tinha tido desde então a adesão mais ou menos estrita dos supressores de todas as agitações populares na Europa e na Índia, provando-se assim que ele constitui um real «progresso de civilização»! Por outro lado, os prussianos em França tinham restabelecido a prática de fazer reféns — homens inocentes que haviam de responder perante eles, com as suas vidas, pelos actos de outros. Quando Thiers, como vimos, desde o começo mesmo do conflito, pôs em vigor a prática humana de executar prisioneiros da Comuna, a Comuna foi obrigada, para proteger as suas vidas, a recorrer à prática prussiana de manter reféns. As vidas dos reféns haviam sido condenadas repetidas vezes pela execução continuada de prisioneiros por parte dos versalheses. Como poderiam eles ser poupados por mais tempo depois da carnificina com a qual os pretorianos[N203] de Mac-Mahon celebraram a sua entrada em Paris? Havia de ser feita uma mera simulação mesmo do último obstáculo à ferocidade sem escrúpulos de governos burgueses — o fazer reféns? O assassino real do arcebispo Darboy é Thiers. Repetidas vezes a Comuna tinha oferecido trocar o arcebispo, e ainda uma quantidade de padres, só por Blanqui, então nas mãos de Thiers. Thiers recusou obstinadamente. Ele sabia que com Blanqui daria uma cabeça à Comuna, enquanto o arcebispo serviria melhor o seu propósito sob a forma de cadáver. Thiers agia segundo o precedente de Cavaignac. Como não haviam Cavaignac e os seus homens de ordem, em Junho de 1848, de dar brados de horror, estigmatizando os insurrectos como assassinos do arcebispo Affre! Eles sabiam perfeitamente bem que o arcebispo fora executado pelos soldados da ordem[N160]. M. Jacquemet, o vigário-geral do arcebispo, presente no local, imediatamente depois tinha-lhes entregue o seu testemunho para esse efeito.
Todo este coro de calúnias que o partido da ordem nunca deixa, nas suas orgias de sangue, de erguer contra as suas vitimas, só prova que o burguês dos nossos dias se considera o sucessor legítimo do barão de outrora, que julgava honesta na sua própria mão toda a arma contra o plebeu, enquanto nas mãos do plebeu uma arma de qualquer espécie constituía em si um crime.
A conspiração da classe dominante para derrubar a revolução por uma guerra civil prosseguida sob o patrocínio do invasor estrangeiro — uma conspiração que traçámos desde o próprio 4 de Setembro até à entrada dos pretorianos de Mac-Mahon pela porta de Saint-Cloud — culminou na carnificina de Paris. Bismarck regozija-se ante as ruínas de Paris, nas quais viu, talvez, a primeira prestação dessa destruição geral de grandes cidades, que preconizava quando ainda um simples Rural na Chambre introuvable prussiana de 1849[N204]. Regojiza-se ante os cadáveres do proletariado de Paris. Para ele, isso não é só o extermínio da revolução mas a extinção da França, agora decapitada na realidade, e pelo próprio governo francês. Com a leviandade característica de todos os homens de Estado bem-sucedidos, ele só vê a superfície desse tremendo evento histórico. Quando é que, antes, exibiu a história o espectáculo de um vencedor que coroa a sua vitória fazendo-se não só o gendarme, mas o assassino a soldo do governo vencido? Não havia guerra entre a Prússia e a Comuna de Paris. Pelo contrário, a Comuna tinha aceite os preliminares de paz, e a Prússia anunciado a sua neutralidade. A Prússia não era, pois, beligerante. Ela desempenhou o papel de um assassino, de um assassino cobarde porque não corre perigo; de um assassino a soldo porque estipula antecipadamente o pagamento da recompensa do seu crime, 500 milhões por ocasião da queda de Paris. E assim, por último, revelou-se o verdadeiro carácter da guerra ordenada pela Providência como um castigo da França, ímpia e debochada, pela pia e moral Alemanha! E esta violação sem paralelo da lei das nações — mesmo tal como era entendida pelos advogados do velho mundo — em vez de levar os governos «civilizados» da Europa a declarar delituoso o governo prussiano, mero instrumento do gabinete de Sampetersburgo, como fora da lei entre as nações, apenas os incita a considerar se as poucas vítimas que escaparam ao duplo cordão à volta de Paris não deverão ser entregues ao carrasco em Versalhes!
Que depois da guerra mais tremenda dos tempos modernos, as hostes vencedoras e vencidas tivessem de se irmanar para o massacre comum do proletariado — este evento sem paralelo indica, de facto, não, como pensa Bismarck, a repressão final de uma sociedade nova que se subleva, mas o desfazer-se em pó da sociedade burguesa. O esforço heróico mais elevado de que a velha sociedade ainda é capaz é a guerra nacional; e agora provou-se que isso é um mero embuste governamental destinado a diferir a luta de classes e a ser posto de lado logo que essa luta de classes rebenta em guerra civil. A dominação de classe já não é capaz de se disfarçar sob um uniforme nacional; os governos nacionais, contra o proletariado, formam um!
Após o domingo de Pentescostes de 1871[N205] não pode haver paz nem tréguas entre os operários de França e os apropriadores do seu produto. A mão de ferro de uma soldadesca de mercenários pode manter por algum tempo ambas as classes amarradas a uma opressão comum. Mas a batalha tem de irromper repetidamente em proporções crescentes e não pode haver dúvida acerca de quem, no fim, será o vencedor — os poucos que se apropriam ou a imensa maioria que trabalha. E a classe operária francesa é apenas a guarda avançada do proletariado moderno.
Enquanto os governos europeus testemunham assim, diante de Paris, do carácter internacional da dominação de classe, difamam a Associação Internacional dos Trabalhadores — a contra-organização internacional do trabalho contra a conspiração cosmopolita do capital — como a fonte principal de todos estes desastres. Thiers denunciou-a como o déspota do trabalho que pretende ser o seu libertador. Picard ordenou que todas as comunicações entre os internacionais franceses e os que estavam no estrangeiro fossem cortadas; o conde Jaubert, cúmplice mumificado de Thiers em 1835, declara que ela é o grande problema a extirpar por todos os governos civilizados. Os Rurais grunhem contra ela e toda a imprensa europeia se junta ao coro. Um honrado escritor francês(44*), completamente estranho à nossa Associação, diz o seguinte:
«Os membros do Comité Central da Guarda Nacional, bem como a maior parte dos membros da Comuna, são os espíritos mais activos, mais inteligentes e mais enérgicos da Associação Internacional dos Trabalhadores;... homens que são profundamente honestos, sinceros, inteligentes, devotados, puros e fanáticos no bom sentido do termo.»
A mente burguesa tingida de polícia imagina naturalmente, para si mesma, a Associação Internacional dos Trabalhadores a agir à maneira de uma conspiração secreta, com o seu corpo central a ordenar, de tempos a tempos, explosões em diferentes países. A nossa Associação não é, de facto, senão o elo internacional entre os operários mais avançados nos vários países do mundo civilizado. Onde quer que seja, sob que forma e sob que condições for que a luta de classe ganhe qualquer consistência, só é natural que membros da nossa Associação estejam na primeira linha. O solo a partir do qual ela cresce é a própria sociedade moderna. Ela não pode ser esmagada pela maior das carnificinas. Para a esmagarem, os governos teriam de esmagar o despotismo do capital sobre o trabalho — a condição da própria existência parasitária que é a deles.
A Paris operária com a sua Comuna será sempre celebrada como o arauto glorioso de uma nova sociedade. Os seus mártires estão guardados como relíquia no grande coração da classe operária. E aos seus exterminadores, já a história os amarrou àquele pelourinho eterno donde todas as orações dos seus padres os não conseguirão redimir.
256, High Holborn, London,
Western Central, 30 de Maio de 1871.
«A coluna dos prisioneiros parou na Avenue Uhrich e foi formada em quatro ou cinco filas, no passeio em frente à estrada. O general marquês de Galliffet e o seu estado-maior apearam-se e começaram uma inspecção a partir da esquerda do alinhamento. Descendo lentamente e fitando as fileiras, o general parava aqui e ali, batendo no ombro de um homem ou acenando-lhe para sair pela retaguarda da fileira. Na maioria dos casos, sem mais palavras, o indivíduo assim escolhido era levado para o meio da estrada, onde uma pequena coluna suplementar era, desse modo rapidamente formada... Era evidente que havia considerável lugar para erro. Um oficial montado apontou ao general Galliffet um homem e uma mulher por qualquer ofensa particular. A mulher, precipitando-se para fora das fileiras, lançou-se de joelhos ao chão e, de braços estendidos, protestou a sua inocência em termos apaixonados. O general esperou por uma pausa e disse, então, com o rosto mais impassível e o porte imóvel: "Madame, visitei todos os teatros de Paris, o seu jogo não terá qualquer efeito em mim" ("ce n'est pas la peine de jouer la comédie")(45*)... Não era uma boa coisa, nesse dia, ser notavelmente mais alto, estar mais sujo, mais limpo, ser mais velho ou mais feio do que um dos vizinhos. Um indivíduo impressionou-me em particular porque ficou, provavelmente, a dever o seu rápido alívio dos males deste mundo ao facto de ter o nariz partido... Assim escolhidos mais de uma centena, destacou-se um pelotão de execução e a coluna retomou a sua marcha deixando aqueles atrás. Poucos minutos depois começava um fogo intermitente na nossa retaguarda e continuado por mais de um quarto de hora. Era a execução desses infelizes, sumariamente condenados.» — Correspondente do «Daily News»[N206] em Paris, 8 de Junho.
Este Galliffet, «o chulo da própria mulher, tão famosa pelas suas exibições sem vergonha nas orgias do segundo Império», era conhecido, durante a guerra, pelo nome de Alferes Pistola [Ensign Pistol] francês.
«O Temps[N207], que é um jornal cuidadoso e não dado à sensação, relata uma história horrenda de pessoas mal fuziladas e enterradas ainda com vida. Um grande número foi enterrado na praça junto a Saint-Jacques-la-Boucherie, algumas delas muito superficialmente. Durante o dia, o ruído das ruas movimentadas impediu que se notasse alguma coisa; mas na tranquilidade da noite os moradores das casas da vizinhança foram acordados por gemidos distantes, e de manhã foi vista uma mão crispada saindo do solo. Em consequência disto foram ordenadas exumações... Que muitos feridos tenham sido enterrados vivos, não tenho a mais pequena dúvida. De um caso posso eu testemunhar. Quando Brunel foi executado com a sua amante, em 24 último, no pátio de uma casa da Place Vendôme, os corpos ficaram ali até à tarde do dia 27. Quando vieram os coveiros para remover os cadáveres, encontraram a mulher ainda com vida e levaram-na a uma ambulância. Apesar de ter recebido quatro balas, está agora fora de perigo.» — Correspondente do «Evening Standard»[N208] em Paris, 8 de Junho. (retornar ao Cap. II)
A seguinte carta[N209] foi publicada no Times [de Londres] de 13 de Junho:
«Ao Director do Times:
«Exmo. Senhor — A 6 de Junho de 1871, M. Jules Favre enviou uma circular a todas as potências europeias, chamando-as a dar caça por toda a parte à Associação Internacional dos Trabalhadores. Poucas observações serão suficientes para caracterizar esse documento.
«No próprio preâmbulo dos nossos estatutos está indicado que a Internacional foi fundada "em 28 de Setembro de 1864, numa reunião pública realizada em St. Martin's Hall, Long Acre, Londres". Para fins que lhe são próprios, Jules Favre faz recuar a data da sua origem para antes de 1862.
«Com vista a explicar os nossos princípios, ele declara citar "a sua (da Internacional) folha de 25 de Março de 1869". E que cita ele, então? A folha de uma sociedade que não é a Internacional. A esta espécie de manobra já ele recorreu, quando, ainda relativamente jovem advogado, teve de defender o jornal Nacional, processado por Cabet por motivo de difamação. Fingia então ler extractos de panfletos de Cabet, quando lia interpolações da sua própria lavra — uma trapaça apresentada durante uma audiência do tribunal, o que, não fora a indulgência de Cabet, teria sido punido com a expulsão de Jules Favre do foro de Paris. De todos os documentos citados por ele como documentos da Internacional, nem um só pertence à Internacional. Diz ele, por exemplo:
«"A Aliança declara-se ateia, diz o Conselho Geral, constituído em Londres em Julho de 1869."
«O Conselho Geral nunca publicou um tal documento. Pelo contrário, publicou um documento(46*) que anula os estatutos originais da "Aliança" — L'Alliance de la Démocratie Socialiste(47*), de Genebra, citada por Jules Favre.
«Por toda a sua circular, que finge também ser dirigida em parte contra o Império, Jules Favre repete contra a Internacional só invenções policiais dos procuradores públicos do Império, as quais se desmoronaram miseravelmente, mesmo perante os tribunais desse Império.
«É sabido que nas suas duas mensagens (de Julho e Setembro últimos) sobre a guerra recente(48*), o Conselho Geral da Internacional denunciou os planos prussianos de conquista contra a França. Mais recentemente o Sr. Reitlinger, secretário particular de Jules Favre, pediu a alguns membros do Conselho Geral — em vão, obviamente — que fosse organizada pelo Conselho Geral uma manifestação contra Bismarck, a favor do Governo de Defesa Nacional; foi-lhes particularmente solicitado que não mencionassem a república. Foram feitos preparativos — certamente com a melhor das intenções — para uma manifestação respeitante à chegada prevista de Jules Favre a Londres mal-grado o Conselho Geral, que, no seu manifesto de 9 de Setembro, tinha claramente prevenido os operários de Paris contra Jules Favre e os seus colegas.
«Que diria Jules Favre se a Internacional, por sua vez, enviasse uma circular sobre Jules Favre a todos os gabinetes da Europa, chamando a sua particular atenção para os documentos publicados em Paris pelo falecido M. Millière?
«Seu servidor obediente,
«John Hales,
«Secretário do Conselho Geral
«da Associação Internacional dos Trabalhadores.»
256, High Holborn, London, Western Central, 12 de Junho.
Num artigo sobre «A Associação Internacional e os seus intentos», esse pio informador, o Spectator164, de Londres (24 de Junho), cita entre outras trapaças similares, mais completamente mesmo do que Jules Favre, o documento atrás referido da «Aliança» como obra da Internacional — e isso onze dias depois da refutação que tinha sido publicada no Times. Não nos admiramos disso. Frederico, o Grande, costumava dizer que de todos os jesuitas os piores são os jesuitas protestantes.
Notas de rodapé:
(40*) Em francês no texto: espiões. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(41*) Aqui no sentido de: imperiais. (Nota da Edição Portuguesa) (retornar ao texto)
(42*) Em italiano no texto: bandidos. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(43*) Em francês no texto: gabinetes particulares. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(44*) Provavelmente Robinet. (retornar ao texto)
(45*) Em francês no texto: não vale a pena fazer comédia. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(46*) Ver K. Marx, A Associação Internacional dos Trabalhadores e a Aliança da Democracia Socialista. (retornar ao texto)
(47*) Em francês no texto: A Aliança da Democracia Socialista. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(48*) Ver a "Primeira Mensagem" e a "Segunda Mensagem" do Conselho Geral da Associação Internacional do Trabalhdores Sobre a Guerra Franco-Prussiana" e (retornar ao texto)
Notas de fim de tomo:
[N160] Partido da Ordem: partido da grande burguesia conservadora criado em 1848; constituía uma coligação das duas fracções monárquicas de França: os legitimistas e os orleanistas; de 1849 até ao golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851 ocupou uma posição dirigente na Assembleia Legislativa da Segunda República. (retornar ao texto)
[N196] Chouans: designação dada pelos communards a um destacamento monárquico do exército de Versalhes, recrutado na Bretanha, por analogia com os participantes na insurreição contra-revolucionária no Noroeste de França durante a revolução burguesa francesa de fins do século XVIII. (retornar ao texto)
[N197] Sob a influência da revolução proletária em Paris, que levou à criação da Comuna de Paris, em Lyon e Marselha verificaram-se acções revolucionárias com o objectivo de proclamar a Comuna. No entanto, a acção das massas populares foi cruelmente esmagada pelas tropas governamentais. (retornar ao texto)
[N198] Segundo a lei sobre o processo nos tribunais militares, apresentada por Dufaure à Assembleia Nacional, os processos deviam ser concluídos e as sentenças executadas num prazo de 48 horas. (retornar ao texto)
[N199] Trata-se do tratado de comércio entre a Inglaterra e a França, assinado em 23 de Janeiro de 1860. Neste tratado a França renunciava à política alfandegária proibitiva e substituía-a pela introdução de taxas aduaneiras. Em resultado da conclusão deste tratado agudizou-se extraordinariamente a concorrência no mercado francês devido ao afluxo de mercadorias inglesas, o que provocou o descontentamento dos industriais franceses. (retornar ao texto)
[N200] Trata-se do ambiente de terror e de repressão sangrenta na Roma Antiga nas diferentes fases da crise da República Romana escravista no século I a.n.e. Ditadura de Sila (82-79 a.n.e.). Primeiro e segundo triunviratos de Roma (60-53 e 43-36 a.n.e.): ditaduras de chefes militares romanos, a primeira de Pompeu, César e Crasso, a segunda de Octávio, António e Lépido. (retornar ao texto)
[N201] Journal de Paris (Jornal de Paris): semanário publicado em Paris a partir de 1867, de orientação monárquica orleanista. (retornar ao texto)
[N202] Em Agosto de 1814, durante a guerra entre a Inglaterra e os EUA, as tropas inglesas, depois de terem tomado Washington, incendiaram o Capitólio (edifício do Congresso), a Casa Branca e outros edifícios públicos da capital. Em Outubro de 1860, durante a guerra da Inglaterra e da França contra a China, as tropas anglo-francesas saquearam e depois incendiaram o Palácio de Verão, próximo de Pequim, riquíssimo conjunto de monumentos da arquitectura e da arte chinesas. (retornar ao texto)
[N203] Na Roma Amiga, os pretorianos eram uma guarda pessoal privilegiada do chefe militar ou do imperador; os pretorianos participavam constantemente em rebeliões e frequentemente elevavam ao trono os seus protegidos. Mais tarde a palavra «pretoriano» passou a designar o mercenarismo, os desmandos e o arbítrio da camarilha militar. (retornar ao texto)
[N204] Marx designa a câmara dos deputados prussiana de «chambre introuvable» (câmara impossível de encontrar), por analogia com a francesa (ver nota 164). A assembleia eleita em Janeiro-Fevereiro de 1849 era composta por uma «câmara dos senhores», da aristocracia privilegiada, e por uma segunda câmara, que resultava de um processo eleitoral em duas fases no qual só podiam participar os chamados «prussianos independentes». Bismarck, eleito para a segunda câmara, era nela um dos chefes do grupo Junker da extrema-direita. (retornar ao texto)
[N205] O Domingo de Pentecostes de 1871 calhou no dia 28 de Maio. (retornar ao texto)
[N206] The Daily News (Notícias Diárias): jornal liberal inglês, órgão da burguesia industrial; publicou-se com este título em Londres entre 1846 e 1930. (retornar ao texto)
[N207] Le Temps (O Tempo): jornal francês de orientação conservadora, órgão da grande burguesia; publicou-se em Paris entre 1861 e 1943. (retornar ao texto)
[N208] The Evening Standard (O Estandarte da Tarde): edição vespertina do jornal conservador inglês Standard (Estandarte), fundado em 1827; publicou-se em Londres entre 1857 e 1905; mais tarde começou a ser publicado em separado. (retornar ao texto)
[N209] A carta foi escrita por K. Marx e F. Engels. (retornar ao texto)
Inclusão | 17/11/2008 |