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O ministério Hansemann protelou por alguns dias, com grande teimosia, sua dissolução. O ministro das Finanças em particular parece patriótico demais para querer entregar a mãos inábeis a administração do Tesouro público. Falando parlamentarmente, o ministério está liquidado, e no entanto ainda existe de fato. Em Sanssouci parece ter sido deliberada a tentativa de prolongar sua vida. A própria Assembléia Ententista que, num momento, está prestes a dar no ministério o golpe mortal, no momento seguinte estremece de novo de medo, assusta-se com seus próprios desejos, e a maioria parece pressentir que, se o ministério Hansemann ainda não é o ministério de seu coração, um ministério de seu coração é ao mesmo tempo um ministério da crise e da decisão. Daí suas debilidades, suas inconseqüências, suas invectivas petulantes, que se transformam repentinamente em arrependimento. E o Ministério de Ação aceita, com imperturbável e quase cínica serenidade, uma tal vida emprestada, posta em questão a cada momento, humilhada, alimentada pela esmola dos fracos.
Duchâtel! Duchâtel! O inevitável naufrágio desse ministério, apenas adiado penosamente por alguns dias, será tão inglório quanto sua existência. Em nosso número de hoje, trazemos aos leitores um artigo mais longo de nosso correspondente em Berlim em que é avaliada essa existência. Podemos descrever em uma palavra a sessão ententista de 7 de julho. A Assembléia troça do ministério Hansemann, dá-se o prazer de derrotá-lo a meias, humilha-o meio sorridente, meio rancorosamente, mas na despedida a alta assembléia grita-lhe: "Não leve a mal!" e o estóico triunvirato Hansemann—Kühlwetter—Milde murmura de volta: Pas si bête! Pas si bête!(1)
Notas de rodapé:
(1) Não [somos] tão tolos! (retornar ao texto)
Inclusão | 09/11/2014 |