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Na economia mercantil simples, como em qualquer outra baseada na troca, o contacto entre os possuidores de mercadorias estabelece-se no mercado. Todos os produtores isolados (ou os possuidores) de mercadorias se apresentam no mercado na qualidade de proprietários de mercadorias e só se desfazem dos seus produtos se recebem outros em troca.
Entende-se que cada um dos possuidores de mercadorias ao apresentar-se no mercado como proprietário independente procura satisfazer os seus próprios interesses, ou seja, vender obtendo o maior proveito. Vender bem é receber, em troca das suas mercadorias, a maior quantidade de outros produtos.
Na economia desenvolvida baseada na troca, quando se trocam todas as mercadorias por dinheiro, trata-se (como veremos mais tarde) de receber, em troca, a quantidade de dinheiro. Mas, pergunta- se: poderá o possuidor individual de mercadorias satisfazer o seu desejo e vender pelo preço mais vantajoso?
Embora seja aparentemente «o dono absoluto» das suas mercadorias, o cumprimento da sua vontade não depende apenas dele. O comprador é também um proprietário que dispõe do seu dinheiro como quer e a quem anima o desejo de comprar barato. Além disso, ao lado do nosso comerciante estão outros comerciantes que vendem as mesmas mercadorias. Às vezes chegam poucos compradores e pode acontecer que cada um dos comerciantes não venda todas as suas existências. Daqui nasce a concorrência, que faz com que os possuidores de mercadorias lutem entre si, disputem o comprador e tentem vender mais barato que o seu concorrente.
O mercado converte-se em teatro duma luta incessante entre compradores e comerciantes e entre possuidores individuais de mercadorias.
Só então o proprietário se convence dos estreitos limites do seu poder e da estreita dependência da sua empresa frente a todas as outras que também são propriedades individuais.
Antes de ir ao mercado o proprietário actuava completamente às cegas. Só o mercado pode, pelo preço que fixa, ensinar ao produtor individual de mercadorias o lugar que a sua empresa ocupa no sistema da economia social.
Por exemplo, se o preço das botas sobe muito, significa que se produziram menos botas que as necessárias; se o preço baixa, isso significa que se produziram botas a mais e, por outras palavras, que a não organização do sistema baseado na troca chegou a uma repartição do trabalho entre os diferentes ramos da indústria que não corresponde às necessidades dos homens. Então os produtores de mercadorias entrarão em conta com estas indicações do mercado. No primeiro caso aumentarão a produção das botas; no segundo caso restringi-la-ão. Assim, o movimento dos preços dirige e regula a economia baseada na troca, e este regulador actua espontaneamente. Os preços que se estabelecem no mercado, embora resultantes da acção recíproca e da luta dos proprietários produtores de mercadorias, não são, no entanto, independentes da vontade de cada um deles com uma força tão irresistível como a das leis da Natureza. Na economia de troca o preço de certas mercadorias pode ser ruinoso para um determinado produtor, mas enquanto as condições que o determinaram continuarem a actuar, nada nem ninguém poderá modificá-lo.
O preço tem um papel tão importante na economia de troca que ao iniciar o seu estudo temos a obrigação de perguntar-nos: de que depende o preço? O que o determina? O que determina este regulador espontâneo da economia de troca?
Trataremos de resolver esta questão.
Inclusão | 26/06/2018 |