Declaração de Pierre Lambert, dirigente da OCI (Organização Comunista Internacionalista, pela reconstrução da 4.ª Internacional), diretor de “A Verdade”

Pierre Lambert

15 de junho de 1968


Fonte: Revista A Verdade Nº 60/61 - Especial Pierre Lambert (junho de 2008).

Tradução: Comissão de tradutores da Revista A Verdade.

Transcrição: Alexandre Linares.

HTML: G.P.


Declaração assinada por Pierre Lambert em 15 de junho de 1968, no dia seguinte à dissolução da Organização Comunista Internacionalista (OCI). Esse texto assume toda a sua importância porque a OCI, seção francesa da 4ª Internacional, diferentemente de numerosas outras organizações atingidas pela mesma decisão reacionária, desenvolveu, inclusive nesse terreno, o combate em defesa das liberdades democráticas, apresentando queixa diante do Conselho de Estado contra o decreto de dissolução. Esse decreto foi revogado em 1971. Reproduzida como anexo no livro “La Grève Générale de Mai 68” de François de Massot.

Não há dúvida de que as medidas de dissolução tomadas pelo governo contra as organizações da juventude, seguidas pela prisão de militantes, preparam para a próxima etapa a repressão generalizada contra todo o movimento operário e democrático.

O grande capital e seu Estado apresentam como pretextos as “violências” e “desordens” que os revolucionários teriam fomentado. Eles procuram na ação de milhões e milhões de homens a atividade de pretensos condutores. Basta lembrar a origem dos acontecimentos para avaliar exatamente as responsabilidades.

Sexta-feira, 3 de maio: em acordo com o ministro da Educação Nacional, sr. Peyrefitte, o reitor fez evacuar a Sorbonne e chamar os CRS(1). O grito de um jovem estudante anônimo - “Libertemos nossos companheiros!” - exprimia a resposta da juventude à decadência e à desgraça que o regime lhes devota.

Em 14 de maio, os operários da Sud-Aviation, de Nantes, com todos os sindicatos unidos, desencadearam a greve com ocupação que iria se transformar em greve geral. Violência? Desordem? Somente um apóstolo do regime do lucro pode qualificar dessa forma a resistência operária às demissões e ao desemprego.

Dez milhões de trabalhadores e de jovens manifestaram a sua vontade de mudar a vida. Ainda uma vez, e não foi a primeira, os dirigentes do PCF e da CGT, para salvar o capital e seu Estado, sacrificaram os interesses mais imediatos e os mais gerais do movimento operário. Será a vergonha do stalinismo - que não se pode confundir com os militantes do PCF nem com os sindicalizados da CGT - a de haver tomado a responsabilidade de chamar à repressão contra os militantes operários e a juventude.

Pode-se dissolver as organizações, não se podem dissolver as idéias. A 4ª Internacional, cujo programa marxista tem suas raízes nas experiências do movimento operário, integra em sua luta pelo socialismo a defesa incondicional das liberdades democráticas para todos; a liberdade de expressão não se divide. A 4ª Internacional prosseguirá o seu combate.

15 de junho de 1968.
Reproduzido nos anexos de “La Grève Générale de Mai 68” (“A Greve Geral de Maio de 68”)