Camaradas:
Transcorre o terceiro ano da grande Guerra de Libertação da Pátria do povo coreano contra os intervencionistas armados estadunidenses e ingleses e a camarilha de Syngman Rhee. Nosso povo, alçado à justa luta libertadora e seguro da vitória, defende firmemente, em ferozes combates, o regime de democracia popular.
O ano passado foi um ano de grande significação histórica na vida do nosso povo e do nosso Exército, ano coroado por nossa grande vitória na luta pela paz, pela liberdade e pela independência.
A presente reunião militar, de ampla magnitude, tem enorme importância para adotar medidas destinadas a aumentar a capacidade combativa do Exército Popular, nossas forças armadas, durante a Guerra de Libertação da Pátria contra os invasores imperialistas armados, estadunidenses e os ingleses.
Os imperialistas ianques não querem aceitar as condições de armistício que propomos, embora sejam razoáveis e sirvam aos interesses fundamentais não apenas do povo coreano, mas também do próprio povo estadunidense. Como consequência, as negociações de armistício permanecerão suspensas por muito tempo, e agora estamos enfrentando uma nova etapa da guerra.
1. A NATUREZA E O CARÁTER DA GUERRA COREANA
A atual situação internacional é caracterizada pelos esforços frenéticos dos imperialistas estadunidenses e ingleses para arrastar a humanidade para uma nova guerra mundial.
Toda a política dos círculos dominantes dos EUA no pós-guerra encaminhou este país ao caminho de aventuras sangrentas. Há dois anos e meio, os maníacos de guerra ianques passaram da política de ameaça e chantagem para a de agressão direta, cujo primeiro alvo foi o povo coreano.
Os cientistas venais a serviço da burguesia tentam encobrir a causa real da guerra e seu caráter classista e tentam, de qualquer maneira, demonstrar e justificar a “necessidade” da guerra.
O marxismo-leninismo é uma poderosa arma ideológica que expõe a natureza reacionária da moderna teoria burguesa de guerra. Somente a doutrina marxista-leninista esclarece a causa real das guerras e aponta o caminho correto para eliminar todos os motivos que as geram e para eliminar a própria existência da guerra.
A guerra é, em essência, a continuação da política de uma determinada classe por meios especiais, pela força.
Lenin disse: “Se aplicarmos à guerra a tese básica da dialética... ‘a guerra não passa da continuação da política por outros meios (violentos)’... Este foi sempre o ponto de vista de Marx e Engels. Eles consideraram cada guerra como continuação da política de determinadas potências interessadas (e de diferentes classes dentro dessas potências) da época respectiva”.
Concretando esta tese, o camarada Stalin disse: “Não se deve ver o problema da guerra separando-o da política. A guerra é uma expressão da política”.
Para compreender a real essência da guerra e todas as causas que a provocam, é necessário esclarecer a política interna e externa aplicada pelas classes dominantes antes da guerra, a política que levou ao desencadeamento da guerra.
No conceito marxista da guerra, o que importa, antes de tudo, é elucidar por que as guerras são travadas, que condições históricas e econômicas as desencadearam e que classes as sustentam.
Portanto, o estudo da política de classes e Estados permite definir o caráter e o conteúdo classista da guerra e determinar os interesses políticos e econômicos das classes que a provocam.
Se a política é imperialista, a guerra que tal política gera é de agressão imperialista; se a política é de libertação nacional, ou seja, se expressa a luta que empreende o povo para defender seus interesses contra a opressão nacional, a guerra é de libertação nacional.
Existem guerras justas e injustas; as das classes avançadas e as das classes reacionárias; as que são sustentadas para se emancipar da opressão classista e nacional e as que são provocadas para consolidar tal opressão.
As injustas guerras agressivas das classes exploradoras reacionárias retardam o desenvolvimento da sociedade. Guerra injusta é a que mantêm os Estados imperialistas entre si pela repartição do mundo, pela conquista de mercados e fontes de matérias-primas, pelo direito a investimentos; e a que promovem os burgueses contra o movimento revolucionário das massas trabalhadoras, contra os povos das colônias e países subjugados, que lutam pela libertação nacional e pela independência estatal.
A guerra libertadora dos povos contra os invasores imperialistas é justa. A guerra justa está a favor do desenvolvimento social. Independentemente de como é empreendida, esta guerra cria sempre condições para debilitar e eliminar por completo as classes reacionárias e seus organismos dominantes, que impedem o progresso da sociedade, para emancipar os povos oprimidos pelo regime de escravidão capitalista e os povos coloniais da opressão imperialista, e para garantir o desenvolvimento independente estatal e nacional de todos os povos.
A doutrina marxista-leninista da guerra torna possível compreender completamente a grandeza da Guerra de Libertação da Pátria do povo coreano, modelo eloquente de guerra justa contemporânea.
Hoje, a humanidade progressista de todo o mundo expressa sua simpatia ardente pelo povo coreano pois trava uma guerra justa pela independência e liberdade de sua pátria contra agressores armados, os imperialistas estadunidenses e ingleses.
A luta armada do povo coreano contra os intervencionistas ianques é uma luta pela liberdade e a independência da pátria e, ao mesmo tempo, uma luta pela paz e a segurança em todo o mundo.
Nossa luta é uma bandeira de luta pela libertação nacional dos povos das colônias e dos países dependentes, uma vez que o imperialismo ianque, contra quem lutamos, é o pilar e inspirador da reação internacional e, ao mesmo tempo, o principal incendiário de uma nova guerra mundial e o estrangulador dos povos oprimidos em sua luta pela liberdade e independência nacional.
Os imperialistas ianques há muito tempo já cobiçam a Coreia. Já em 1920, Lenin disse: “...Os estadunidenses querem se apoderar dessa apetitosa terra que é a Coreia”. Os imperialistas ianques cobiçam os recursos naturais da Coreia e sua excelente posição estratégica.
A importância estratégico-militar da Península Coreana já era definida pelos agressores japoneses no tristemente famoso “informe de Tanaka ao imperador”. Nele se dizia: “Para dominar o mundo, é preciso conquistar a Ásia, mas para isso, há dominar a China, e para isto, subjugar a Coreia”.
Os imperialistas ianques, que ocuparam a Coreia do Sul em 1945, implementaram o plano de agressão contra o nosso país com o qual sonhavam há muito tempo. Em vão, pretendem aproveitar a Península Coreana como base logística intermediária destinada à transferência de suas tropas do Japão para o continente asiático, utilizando as ferrovias da Coreia, ligadas à rede ferroviária da China, e os portos favoráveis. Com o objetivo de executar seu plano agressivo, os círculos militares dos Estados Unidos reconstruíram bases em portos sul-coreanos, construíram numerosos aeródromos militares ali e concentraram suas tropas em zonas próximas ao Paralelo 38.
Como preparativos para a invasão contra a parte Norte da Coreia, logo após ocupar a parte Sul, os imperialistas ianques começaram a criar um “exército de defesa nacional”, tomando como espinha dorsal as forças policiais e grupos terroristas.
No final de 1946, dentro do aparato da administração militar dos EUA, criaram um organismo encarregado das forças armadas sul-coreanas, com sessões de forças terrestres, navais e aéreas, e, mais tarde, instalaram escolas militares para treinar o pessoal de comando.
Em 1950, os imperialistas estadunidenses terminaram de transformar a Coreia do Sul em sua base de agressão ao Extremo Oriente, uma base estratégico-militar, e em junho do mesmo ano, provocaram a guerra de agressão ao invadir militarmente a parte Norte da nossa pátria.
O principal objetivo que perseguiam com a provocação desta guerra era subjugar a República Popular Democrática da Coreia, ocupando sua parte Norte, e avançar para as fronteiras com a China e a União Soviética.
Mas os cálculos dos invasores imperialistas ianques para transformar nosso país em sua colônia, em sua base de guerra contra a República Popular da China e a União Soviética, terminaram em completo fracasso. Sua invasão armada originou um implacável ódio de todo o nosso povo, que se colocou de pé em defesa da liberdade e da independência da pátria, que apoia tenazmente, por dois anos e meio, a justa Guerra de Libertação da Pátria contra os agressores armados, e consolida as bases para a vitória final.
2. O CARÁTER DO EXÉRCITO POPULAR
Com a derrota pelo exército soviético dos militaristas japoneses na Ásia, nosso país conquistou a libertação destes ocupantes e o poder estatal, pela primeira vez na história de nossa pátria, e a Coreia se proclamou República Popular Democrática.
O povo coreano, liberto da prolongada opressão imperialista japonesa, travou uma dinâmica luta para estabelecer o Poder popular. O Partido do Trabalho da Coreia, única força dirigente e orientadora da luta do povo coreano para reunificar sua pátria em um Estado democrático, guiou e está guiando este esforço das amplas massas populares.
As reformas democráticas realizadas em nosso país assentaram as bases materiais para consolidar o regime popular democrático, para fazer prosperar e desenvolver a cultura nacional, a ciência e as artes. Essas reformas tiveram, também, um profundo impacto nas massas populares no Sul de nossa pátria e as estimularam na luta contra o regime de Syngman Rhee, regime de fome e escravidão. As massas trabalhadoras sul-coreanas não desejavam voltar viver como no passado, exigiram a reunificação da pátria e a implantação do regime de democracia popular.
Em vista da presença de forças de agressão à nossa pátria e povo, nosso Partido viu a necessidade de criar o exército para defender o país, razão pela qual, em fevereiro de 1948, fundou o Exército Popular da Coreia.
Nosso Exército Popular se organizou tendo como espinha dorsal os autênticos revolucionários coreanos, que empreenderam com total abnegação a Luta Armada Antijaponesa para emancipar a pátria e o povo da cruel repressão do imperialismo japonês, e tendo como base a rica experiência de luta acumulada por eles.
Na estruturação do Exército Popular, o Partido do Trabalho e o Poder popular se guiaram pela tese de Lenin: “Uma nova classe social, ao chegar ao poder, nunca poderia, e não pode agora, alcançar o poder e consolidá-lo, exceto gradualmente construindo, em meio a duras guerras civis, um novo exército, uma nova disciplina, uma nova organização militar da nova classe”.
A provocação da guerra, em 25 de junho de 1950, pela quadrilha de Syngman Rhee e a intervenção armada dos saqueadores imperialistas estadunidenses, apresentou sérias tarefas ao nosso jovem Exército Popular: defender as conquistas democráticas do povo, a liberdade e a independência da pátria no fogo da guerra.
A selvagem invasão dos imperialistas estadunidenses unificou nosso povo mais fortemente em torno do nosso Partido e fortaleceu a unidade espiritual do povo diante da ameaça à existência do Estado e da nação.
Esta unidade espiritual, permeada de implacável ódio ao inimigo e de elevada consciência da justeza da guerra libertadora, alenta e estimula nossos valentes soldados na frente, os trabalhadores na retaguarda e os guerrilheiros na zona ocupada pelo inimigo.
Sob a direção do Partido do Trabalho, nosso Exército Popular se aperfeiçoou no curso da guerra como um exército com excelente arte militar. Baseado na experiência da grande Guerra de Libertação da Pátria, nosso Partido educa e treina incessantemente os soldados para que tenham mais valentia, agilidade e capacidade de derrotar o inimigo em qualquer condição.
O Exército Popular cresceu e se fortaleceu como poderosas forças armadas capazes de aniquilar as forças agressoras do inimigo. A luta por uma causa justa, pela liberdade e a independência da pátria é a fonte do heroísmo dos oficiais e soldados do Exército Popular da Coreia. A elevada consciência que os soldados têm de que levam a cabo uma guerra justa pela liberdade e independência da pátria fez crescer em valor e em tenacidade nosso jovem Exército Popular, e os encorajou a travar uma heroica e abnegada luta contra os invasores estadunidenses, desferindo-lhes golpes devastadores.
Nosso Exército Popular é um invicto exército de novo tipo, que defende ao risco da vida a liberdade e a independência da pátria e o regime popular democrático estabelecido em nosso país.
Qual é, então, a fonte do poder do nosso Exército Popular, um exército de novo tipo, e quais são suas características?
Nosso Exército Popular difere radicalmente dos exércitos dos Estados capitalistas, que servem aos exploradores como instrumentos para se opor e oprimir o povo trabalhador.
Por exemplo, o exército estadunidense, como assinalou Lenin, foi e continua sendo “um instrumento da reação, servo fiel do capital na luta contra o trabalho e um carrasco da liberdade popular”. O imperialismo ianque mostrou que, desde há muito tempo, desempenha o papel de gendarme internacional usando a violência de seu exército, é responsável pela opressão e o estrangulamento mais flagrante das pequenas nações.
Através de ruidosa demagogia acerca de sua suposta “defesa da paz”, os monopolistas estadunidenses tentam paralisar a vigilância dos povos e escravizá-los.
Da mesma forma, sob o rótulo de “ajuda”, praticam uma política de asfixia, apertam o laço da fome no pescoço dos povos que não se deixam subjugar.
Os imperialistas dos EUA, Inglaterra, França e outros países sempre escravizam os povos de outros países com seus exércitos, recorrendo diretamente a métodos de violência sangrenta.
Em total contraste com os exércitos dos países imperialistas, nosso Exército Popular pertence aos livres trabalhadores, camponeses e outros setores do povo de nossa República. Ao contrário dos exércitos burgueses que nada têm a ver com seus povos, uma vez que são forças hostis a eles, nosso Exército é realmente popular. Precisamente nisto reside uma das características mais importantes do Exército Popular.
Nosso povo e o Exército Popular formam um todo integral, uma única família, pela comunidade de interesses e objetivos e à identidade de tarefas na defesa da independência da pátria.
Nosso Exército se distingue radicalmente do exército dos países capitalistas não apenas do ponto de vista de que protege os interesses de seu povo, mas, também, por sua composição. Dado que em nosso país o poder pertence ao povo, nosso Exército é formado pelo povo e são promovidos como comandantes os melhores representantes dos operários, camponeses e outros setores do povo trabalhador.
O Exército Popular, sendo autenticamente as forças armadas do povo, herda e desenvolve as gloriosas tradições revolucionárias da Guerrilha Antijaponesa.
Na justa e sagrada guerra contra o exército invasor dos imperialistas estadunidenses e de seus cúmplices, hasteia dignamente, com nosso povo, a bandeira da independência e soberania nacionais.
A inabalável vontade dos oficiais e soldados do nosso Exército Popular de derrotar os invasores e sua nobre aspiração de salvaguardar a liberdade e a independência da pátria frustrou a aventura dos imperialistas estadunidenses.
O exército do imperialismo estadunidense é antipopular, não desfruta e nem pode desfrutar do carinho de seu povo. Sua história está marcada de crimes e atrocidades.
Desde o início do século XX, as tropas ianques participaram de 114 selvagens guerras de rapina. O extermínio de indígenas, da população autóctone da América, constitui a primeira página mais do que vergonhosa da sanguinária história do exército ianque. Sua infame história é testemunhada por horrendos massacres perpetrados contra os povos das ilhas do Hawaii, México, Filipinas, Argentina e muitos outros países.
Desde seu primeiro dia de existência, o exército ianque serviu como instrumento para reprimir o movimento progressista democrático, e os imperialistas estadunidenses o utilizaram em sua política agressiva para obter enormes ganâncias financeiras. Não é por acaso, portanto, que a casta militar se tornou a força política mais ativa nos Estados Unidos, que ocupa quase todos os cargos de estadistas e diplomatas que orientam toda a política desse país ao militarismo agressivo.
Camaradas:
Todo o povo coreano conhece bem as atrocidades cometidas em nosso país pelo exército invasor do imperialismo estadunidense, que está levando a cabo aqui uma guerra com os mais selvagens e nefastos métodos de caráter medieval. Destrói cruelmente nossas cidades e vilarejos pacíficos, queima nossos campos com bombas de napalm e assassina civis, sejam homens ou mulheres, idosos ou crianças. Usa armas bacteriológicas e químicas na frente e na retaguarda e massacra impiedosamente prisioneiros.
O comando do exército estadunidense pensava que com tais métodos conseguiria chantagear e subjugar nosso povo e os povos de outros países da Ásia, quebrando sua vontade na luta pela liberdade e a independência.
Os imperialistas ianques falharam em isolar nosso povo e os povos asiáticos, mas, pelo contrário, avivaram mais o ódio e a indignação das massas populares de todo o mundo.
Todos os êxitos que nosso povo alcançou na justa causa de defender a liberdade e a independência da pátria estão estreitamente ligados à correta direção do Partido do Trabalho e à ajuda ativa dos países de democracia popular. Nosso Partido guia o povo à luta para consolidar o regime popular democrático e para reunificar a pátria. Fundou e equipou o Exército Popular e organizou sua preparação política e militar.
Nosso Exército Popular dispõe de todo o necessário para triunfar na luta contra os imperialistas ianques e a camarilha vende-pátria de Syngman Rhee, e pela independência e a reunificação da pátria.
Primeiro, conta com o Partido do Trabalho, força reitora e orientadora de todo o povo coreano, partido ferreamente unido e coesionado e com forte espírito revolucionário.
O Partido do Trabalho marcha na vanguarda de todas as forças patrióticas e democráticas do nosso país. O poderio e a integridade do Partido do Trabalho, equipado com a ideologia marxista-leninista, constituem a garantia mais importante do nosso sucesso e da nossa vitória.
Segundo, a política do Partido do Trabalho e do Governo da República, que diariamente dirigem os trabalhos para fortalecer nosso Exército Popular, é a mais justa e concorda totalmente com os interesses do povo. O Exército Popular luta pela felicidade e a liberdade de seus pais, irmãos e filhos, bem como pela independência e a liberdade de sua pátria.
Terceiro, o Exército Popular se mantém invariavelmente fiel a seu povo e este o ama e ajuda, depositando nele toda a sua confiança, considerando os soldados como seus próprios irmãos.
Em nosso país, toda a retaguarda contribui para cobrir satisfatoriamente as necessidades da frente para a vitória na guerra.
Quarto, o Exército Popular possui comandantes capacitados, forjados no calor da guerra e que dominam a arte de comando para vencer nos combates. Nele, atuam organismos políticos e organizações do Partido. Acumularam grande experiência para garantir o sucesso da formação política dos militares, o cumprimento de missões combativas, a intensificação da disciplina militar, a plena manifestação de heroísmo, a realização da preparação combativa e política nas grandes e pequenas unidades e o cumprimento de outros trabalhos. Além disso, hoje, o Exército Popular está equipado, em geral, com as mais recentes conquistas da técnica militar.
Quinto, em sua heroica luta contra os invasores ianques, o Exército Popular goza do apoio e da ajuda dos povos dos países de democracia popular e da simpatia de todos os povos amantes da paz.
3. O CRESCIMENTO DO EXÉRCITO POPULAR DA COREIA NO CURSO DA GUERRA DE LIBERTAÇÃO DA PÁTRIA E SUA SITUAÇÃO
O Exército Popular da Coreia, que luta pela independência e pela liberdade do nosso país e pelos direitos das massas trabalhadoras, apoia-se, em sua organização e em todas as suas atividades, no princípio da estruturação do exército e na ciência militar do marxismo-leninismo.
O resultado de uma guerra não é decidido por algum motivo eventual, mas, como disse Stalin a este respeito, pelos fatores permanentes, isto é, pela solidez da retaguarda, a qualidade moral do exército, a quantidade e qualidade da divisão, o armamento do exército, a capacidade organizativa dos comandantes, etc.
O primeiro lugar entre estes fatores permanentes corresponde à solidez da retaguarda, base do potencial militar do Estado e da capacidade combativa de suas forças armadas.
Stalin disse: “Nenhum exército do mundo pode triunfar sem uma sólida retaguarda. (...) A retaguarda alimenta a frente não apenas com materiais bélicos, mas também com combatentes, com moral e ideologia. Uma retaguarda instável, e tanto mais uma retaguarda hostil, está fadada a transformar o melhor e mais unido exército em uma massa instável e acumulativa”.
A solidez da retaguarda, um dos fatores permanentes que decidem o destino da guerra, é a base que determina outros fatores permanentes.
Os Estados imperialistas, sempre sob ameaça de crise e que se baseiam em um regime social e político moribundo, não podem ter uma sólida retaguarda em uma injusta guerra de agressão contra os países socialistas e de democracia popular.
A vantagem do nosso país de ter uma sólida retaguarda não foi alcançada casual ou espontaneamente. A consistência inabalável da nossa retaguarda se baseia em nossos recursos internos e nas atividades do Partido do Trabalho, bem como nas relações amistosas mantidas com os países de democracia popular.
Durante a guerra, a retaguarda do nosso país foi notavelmente fortalecida. Hoje, nosso Exército Popular conta com uma retaguarda organizada e consolidada. Ela completa sem cessar o Exército com combatentes de alta consciência e aumenta a produção de armas e equipamentos bélicos para satisfazer a tempo as demandas da frente. Assim, estamos em condição para dar golpes muito mais duros e mortais ao inimigo.
A alta qualidade moral do Exército Popular, que cresceu com o passar dos dias em dois anos e meio de guerra feroz, está em uma relação inseparável com a elevação geral da consciência política das massas trabalhadoras, e a crescente conscientização do exército e das massas permite que todos os oficiais e soldados compreendam claramente o caráter sociopolítico da guerra e seu verdadeiro propósito.
E, ao mesmo tempo, a tensa, difícil e prolongada guerra exige dos oficiais e soldados do Exército Popular superar grandes provas morais.
A plena compreensão, por cada oficial e cada soldado, do caráter justo do objetivo da guerra, seu entendimento das estreitas relações entre este objetivo e os interesses do povo, são condição de grande importância para elevar a qualidade moral do Exército Popular.
A disposição política e moral do exército tem um significado especial nos combates. A experiência de todas as guerras vencidas indica que o trabalho político do partido desempenha um grande papel na conquista da vitória. Portanto, o conteúdo principal desta tarefa consiste em fazer todos os combatentes compreender seu dever e, ainda mais nitidamente, que o êxito nos combates depende do papel que cada um deles desempenhe lutando com heroísmo e abnegação no posto que lhe corresponde. O melhoramento do papel educativo dos quadros militares e políticos, a ampla realização do trabalho político do Partido no Exército e o exemplo de sacrifício de todos os militantes do Partido do Trabalho na batalha aumentam a tenacidade e a combatividade imbatíveis do nosso Exército Popular.
Para elevar as qualidades políticas e morais do nosso Exército Popular é de suma importância cultivar nos militares um forte sentimento de ódio e indignação aos invasores imperialistas estadunidenses e ingleses, que tentam arrancar de nosso país a liberdade e a honra com suas garras sangrentas.
Assim, a nobre qualidade moral do nosso Exército depende, em grande parte, da educação política que nele realizam as organizações do Partido.
A qualidade moral do nosso Exército é nutrida também na luta pela paz no mundo. O Congresso Mundial dos Povos pela Paz, realizado recentemente em Viena, foi uma advertência severa aos agressores.
Tudo isto contribui para elevar a qualidade moral do nosso Exército e possibilita-lhe cumprir com êxito a árdua tarefa de aniquilar os invasores imperialistas.
A quantidade e qualidade das divisões, um dos fatores permanentes que decidem o destino da guerra, são fundamentais para consolidar as forças armadas. Está afirmada a superioridade de nossas forças para alcançar a vitória, e o exército, que tem vantagem em quantidade e qualidade, triunfa sempre. A divisão, que possui armas fundamentais, pode cumprir independentemente tarefas táticas e, portanto, constitui a principal unidade tática conjunta e sua qualidade depende do nível científico de sua estruturação e da combatividade de seus elementos, da composição e da qualidade das armas, assim como do grau de treinamento dos oficiais e soldados. Por esta razão, a quantidade e a qualidade das divisões mostram as de todo o exército.
Durante a Guerra de Libertação da Pátria, o Exército Popular triplicou em efetivos. Em 1952, o poder de fogo de cada divisão de infantaria aumentou 60% em comparação com 1951. Somente este fato é suficiente para conhecer o grau de consolidação das forças do Exército Popular. Em 1952, a quantidade de balas que uma divisão dispara por minuto com suas diversas armas aumentou 40% sobre a base de 100 em 1951. Esta melhoria qualitativa do Exército Popular se deve ao fato de que cresceu a quantidade de poderosos meios de combate, como canhões, morteiros, metralhadoras, submetralhadoras e outras armas.
As ações armadas do exército são uma das condições determinantes da possibilidade para o desenvolvimento da arte militar. Consta que este sofre uma mudança essencial devido à transformação das condições políticas e sociais, pelo surgimento de novos meios de combate. Isso mostra que a arte militar depende da produção por meio da técnica militar.
Nosso exército cresce incessantemente em qualidade e quantidade, dotando-se de nova técnica militar. De 1951 a 1952, nosso armamento cresceu: submetralhadoras — 44%; metralhadoras — 24%; canhões — 28%; morteiros — 40%; armas antiaéreas — 118%; tanques e canhões automáticos — 82%. O poder de fogo das armas automáticas da infantaria aumentou 41%. Todas as unidades contam com suficientes suprimentos para sustentar a guerra prolongada. Devemos agradecer à classe trabalhadora que equipa nosso Exército. Igualmente, elevou-se consideravelmente o nível de mecanização do Exército. Em 1952, os cavalos de potência por cada soldado atingiram 300%, sobre a base de 100 em 1951.
No exército, os comandantes desempenham um grandíssimo papel. Como suas qualidades são uma condição importante para determinar a qualidade de todo o exército, nosso Partido presta singular atenção à formação dos comandantes.
Sua capacidade organizadora, fator importante para a vitória nos combates, não se forma espontaneamente.
A capacidade organizadora e combativa dos comandantes se modela nos campos de batalhas difíceis, em escolas militares e demais centros de treinamento. No período da guerra, nossos comandantes registraram um notório progresso em número e qualidade.
Nosso Exército está dotado de comandantes relativamente bem preparados e conta com suficientes reservas para aumentar incessantemente suas fileiras. 45% deles foram requalificados, em 1952, em cursilhos de oficiais e outros centros de treinamento. Todos adquiriram mais conhecimentos de teoria militar e experiência combativa e sabem organizar e dirigir com êxito as batalhas.
Nossos comandantes devem dirigir de modo correto o exército que lhes foi confiado pelo Partido e pelo povo, e utilizar com eficácia os meios técnicos combativos nos campos de batalha para vencer a guerra.
Os Estados-Maiores vão adquirindo a capacidade de dirigir as unidades e tornando-se autênticos ajudantes dos comandantes em ações de combate.
4. NOSSAS TAREFAS IMEDIATAS
Nossas tarefas imediatas para 1953 se definem em função do objetivo da sagrada Guerra de Libertação da Pátria que nosso povo leva a cabo contra os invasores armados imperialistas estadunidenses e a camarilha vende-pátria de Syngman Rhee.
A luta do nosso povo pela defesa da liberdade e da independência exige que o Exército Popular não se deixe enganar pelos artifícios dos imperialistas estadunidenses e ingleses na ONU e nas negociações de armistício de Kaesong, não baixar a vigilância, mas se preparar continua e intensamente para uma guerra prolongada e para batalhas de grande magnitude.
Quais são, então, as tarefas do nosso Exército Popular?
Primeiro, deve fazer com que todos os oficiais e soldados compreendam a justeza de nossa causa pela liberdade, independência e honra da pátria e prepará-los para sustentar com firmeza uma guerra prolongada. Devem estar firmemente preparados ideologicamente para que quando os inimigos empreendam furiosas ofensivas ou operações de desembarque, não apenas os repilam, mas deem-lhes golpes devastadores, que mudem definitivamente ao nosso favor o curso da guerra.
Todo o trabalho político do Partido deve se concentrar em reforçar o sistema de direção unitária, manter rigorosamente a disciplina e a ordem nas unidades e incutir nos oficiais e soldados fervoroso ódio aos intervencionistas armados ianques e à camarilha vende-pátria de Syngman Rhee e o espírito de guardar estritamente os segredos militares, apreciar e cuidar das armas e os meios técnicos de combate. Sem disciplina e organização, é impossível alcançar a vitória.
Segundo, há que melhorar o aproveitamento operacional e tático de todas as armas e estreitar mais sua cooperação nas batalhas.
Há que defender firme e tenazmente nossa frente terrestre e costeira. Devemos defendê-la do ataque ou desembarque do inimigo. É urgente que as unidades do nosso Exército Popular tornem mais ativa a defesa, realizem todos os esforços para esgotar os inimigos e causar-lhes mais perdas em efetivos humanos e em equipamentos de combate.
Nossas unidades de artilharia antiaérea devem aumentar a taxa de acertos.
Terceiro, há que melhorar ao máximo a qualidade dos exercícios operacionais e táticos de comandantes e Estados-Maiores. É preciso elevar o nível de trabalho dos Estados-Maiores para que possam assegurar o melhor possível o comando de suas unidades e ajudem eficazmente os comandantes.
Há que melhorar todas as formas de reconhecimento tendo em vista que, sem isto, não é possível desferir golpes efetivos ao inimigo.
Devem fazer incansável e tenazmente os preparativos para golpear o inimigo.
Quarto, nos exercícios de combate das unidades de todas as armas, há que ensinar o necessário para a guerra, para as batalhas.
É preciso realizar mais exercícios táticos e de tiro. Estes, em sua totalidade, devem ser realizados em condições próximas às de combates reais, em áreas montanhosas e planas, e mais de 40% delas em condições noturnas. Há que treinar as unidades em marchas forçadas diurnas e noturnas, superando com rapidez os obstáculos naturais e as posições defensivas do inimigo.
Devem dominar com perfeição as armas e os equipamentos técnicos de combate e saber como cuidar deles.
Quinto, tendo em mente que o sucesso em combate e operações depende do abastecimento a tempo das unidades com suficiente quantidade de munições, suprimentos e outros materiais bélicos, deve-se melhorar a intendência do Exército ao nível exigido pela guerra moderna.
Devemos combater resolutamente as práticas que resultam em desperdício, perda e apropriação indébita em todas as esferas.
Devemos melhorar os serviços médicos para os soldados e também o trabalho de profilaxia veterinária.
Não duvido que nossos comandantes cumprirão estas tarefas. Nosso povo deposita grandes esperanças no Exército Popular e está seguro de sua vitória.