Camaradas:
Atualmente, a situação na frente é muito favorável. As unidades do Exército Popular, em seu contínuo e valente avanço, aniquilam os inimigos em fuga e libertam muitas cidades e vilas na parte Sul. Amanhã, provavelmente libertarão Seul.
Desde o início, o Governo da nossa República não quis se envolver em um sangrento conflito fratricida. Em repetidas ocasiões, apresentou ao lado sul-coreano várias e razoáveis propostas destinadas a reunificar a pátria por via pacífica, e fez esforços sinceros para realizá-las.
No entanto, a traiçoeira camarilha de Syngman Rhee não aceitou nenhuma dessas propostas do Governo da República. Em 19 de junho, o Presidium da Assembleia Popular Suprema da República Popular Democrática da Coreia, fazendo uma grande concessão, propôs realizar a reunificação pacífica da pátria mediante a reunião da referida Assembleia e do “parlamento” da Coreia do Sul em um único órgão legislativo para toda a Coreia, mas descartou até esta proposta, e provocou guerra.
É clara a razão pela qual a camarilha de Syngman Rhee se opõe obstinadamente às razoáveis proposições do governo da República para a reunificação pacífica da pátria: vai de encontro à sua conspiração de transformar em colônia do imperialismo estadunidense não apenas a parte Sul, mas também o Norte da Coreia.
A camarilha de Syngman Rhee é um bando de marionetes criadas pelos imperialistas ianques para executar suas ambições agressivas contra a Coreia. É mais do que óbvio que não aceitariam nossas propostas para a reunificação pacífica da pátria, que refletem os interesses e o desejo de todo o povo coreano.
A camarilha títere de Syngman Rhee, manipulada e instigada pelos imperialistas ianques, opôs-se à reunificação pacífica da pátria e atuou perfidamente para transformá-la em colônia. Assassinou indiscriminadamente os patriotas que lutavam pela justiça e pela democracia na Coreia do Sul, destruiu a economia nacional introduzindo bens excedentes dos EUA, e exterminou a cultura nacional importando a decadente “cultura ianque”. E, enfim, vendeu a Coreia do Sul como colônia do imperialismo ianque.
A firme unidade das forças democráticas e o a cada dia crescente poderio da base econômica e as forças militares na parte Norte da Coreia constituem por si um contundente golpe à camarilha títere de Syngman Rhee, que tenta vender toda a Coreia para os imperialistas ianques. Por isso, durante muito tempo preparou a guerra, para empreender a qualquer custo a “expedição ao Norte” antes que este fortalecesse ainda mais seu poderio político, econômico e militar, e vendê-lo como colônia ao imperialismo dos EUA. Recrutou à força jovens e homens de meia idade para aumentar seu efetivo, armou o exército títere com armas modernas, e construiu em grande escala posições na zona do Paralelo 38. A fim de garantir a “segurança” da retaguarda antes de iniciar a “expedição ao Norte”, proibiu as atividades de partidos políticos e organizações sociais progressistas e perpetrou uma vasta operação “punitiva” contra as guerrilhas na Coreia do Sul. Para decompor a parte Norte da Coreia a partir de dentro, infiltrou espiões, elementos subversivos e sabotadores, e no verão do ano passado, lançou também a “unidade Horim” do exército fantoche. Mas esta unidade, introduzida na região da província de Kangwon, foi completamente derrotada, graças à corajosa luta do nosso povo e da Guarnição.
Enquanto preparava a “expedição ao Norte”, a camarilha títere de Syngman Rhee se gabava dizendo que no mesmo dia de seu início “tomaria café da manhã em Haeju, almoçaria em Pyongyang e jantaria em Sinuiju”.
Desde o início deste ano, realizou mais intensamente os preparativos para a “expedição ao Norte”. Em fevereiro, Syngman Rhee esteve em Tóquio, onde assinou um acordo com MacArthur a respeito da “expedição do Norte” e estruturou um plano para reforçar em grande escala as forças armadas do exército títere na zona do Paralelo 38 e empreender a “expedição ao Norte” antes do mês de julho. No “ato de formação do corpo juvenil”, um oficial de alta patente do exército títere sul-coreano disse que em junho ou julho do mesmo ano desapareceria a linha do Paralelo 38.
Não fomos meros espectadores da intensa preparação de guerra da camarilha títere de Syngman Rhee. Observamos seriamente cada um de seus movimentos e fizemos os preparativos necessários para enfrentar a guerra. Por isso, fomos capazes de frustrar imediatamente sua agressão surpresa e passar para o contra-ataque.
A guerra que travamos contra a camarilha títere de Syngman Rhee é uma guerra justa de todo o povo pela reunificação e a independência da pátria, pela liberdade e a democracia. Nesta oportunidade, devemos libertar a população sul-coreana, que sofre com o domínio reacionário do imperialismo ianque e seus lacaios, a camarilha títere de Syngman Rhee, e cumprir a missão de reunificar da pátria sob a bandeira da República.
Não há dúvidas de que venceremos na guerra. Dizem que Syngman Rhee já fugiu de Seul.
Mas, para nós, o avanço ininterrupto do Exército Popular ao Sul e a fuga de Syngman Rhee não devem ser motivo para comemorar e perder tempo em festas, pensando que tudo correrá bem e tranquilamente. De maneira alguma devemos nos vangloriar da vitória. É provável que a camarilha títere de Syngman Rhee tente alguma última artimanha. Além disso, devemos ter em mente que por trás dela estão os agressores imperialistas ianques e os militaristas japoneses coligados. A fim de tornar nossa pátria sua colônia e nosso povo, seu escravo, os astutos e sinistros imperialistas estadunidenses, instigando a camarilha de Syngman Rhee, provocaram a guerra e tentaram uma intervenção armada direta. Truman, presidente dos EUA, emitiu uma declaração especial para mobilizar suas forças aéreas e marítimas estacionadas no Japão. Isto demonstra que os imperialistas ianques, para alcançar seus propósitos agressivos em relação à Coreia, tomam o caminho da agressão armada aberta. É previsível que, no futuro, lancem muitas forças agressivas contra o nosso país.
Desde meados do século XIX, os imperialistas estadunidenses realizam todo tipo de maquinação para agredir o nosso país. Ao mesmo tempo em que manobravam para subjugá-lo pela força das armas, tentaram tornar nosso povo seu escravo usando a religião. Ergueram igrejas em todas as partes do nosso país e pregaram a doutrina de não-resistência. Os missionários ianques pregavam: “se alguém lhe der um tapa na bochecha esquerda, vire-lhe a outra também”. Isto significa que, mesmo quando os Estados Unidos agredissem a Coreia, devemos ser mansos, não resistir. Atrás da máscara de “humanitarismo”, esses missionários sem escrúpulos cometeram em nosso país atrocidades bestiais, que a mente humana dificilmente pode imaginar. Um deles, estabelecido em Sunan, perpetrou a imperdoável barbaridade de gravar a palavra “ladrão” com ácido clorídrico na testa de um garoto coreano pelo simples fato de ter pegado uma maçã caída em sua horta.
Mesmo se os imperialistas ianques executarem uma intervenção armada direta, indubitavelmente sairemos vitoriosos nesta guerra pela liberdade e independência da pátria.
Temos todas as condições e possibilidades para triunfar.
Contamos com o Governo da República e o povo firmemente unido ao seu redor. Toda a política que o Governo da República aplicou nos últimos anos foi pela pátria e o povo. Por ter-lhes prestado serviço abnegado, conquistaram seu apoio e confiança absolutos, e o povo ilimitadamente lhe confia seu destino. A unidade integral do Governo da República e do povo — eis aqui a garantia de todas as nossas vitórias.
Temos o Exército Popular, autênticas forças armadas do povo coreano. O Exército Popular está firmemente preparado no aspecto político e ideológico assim como no técnico-militar, e desfruta do amor e apoio ativo do povo, razão pela qual com toda segurança pode derrotar qualquer inimigo.
Nossa retaguarda é sólida. Agora, a camarilha títere de Syngman Rhee não tem nenhuma base econômica, por isso está impondo ao povo pesados encargos e, por outra, introduz enorme quantidade de dólares dos Estados Unidos. Nós, por outro lado, cobrimos as necessidades de guerra apoiando-nos em nossa sólida base econômica.
Recebemos apoio e respaldo ativos dos povos da União Soviética, China e de outros países irmãos, assim como de todos os povos amantes da paz.
A vitória na guerra não vem por si só, embora tenhamos todos os fatores necessários. Com o objetivo de vencer a guerra, todos os partidos políticos, organizações sociais e todas as classes e setores do povo devem se levantar como um só homem, independente de suas afiliações partidárias, ponto de vista político e crenças religiosas. No passado, o Partido do Trabalho da Coreia, o Partido Democrático e o Partido Chondoista Chong-u, da Coreia do Norte, colaboraram estreitamente e fizeram muitos esforços unidos sob a bandeira da frente unida para garantir o sucesso na construção democrática na parte Norte da Coreia e edificar um Estado democrático, soberano e independente, rico e poderoso para toda a Coreia. Hoje, quando uma situação séria for criada em nossa pátria, os partidos políticos devem se unir mais firmemente na frente unida e mobilizar com energia todas as classes e setores do povo na luta pelo triunfo na guerra.
Então, o que devem fazer os partidos políticos para assegurar a vitória na guerra?
Primeiro, devem cobrir plenamente e a tempo as demandas da frente em recursos humanos e materiais.
Esta é uma das condições fundamentais para assegurar a vitória na guerra. Agora, a frente exige que reforcemos ou completemos as fileiras de combate do Exército Popular e lhe enviemos grande quantidade de munições, uniformes, calçados, suprimentos, medicamentos e outros materiais de guerra e artigos de intendência.
Todos os partidos políticos, a fim de reforçar e completar as fileiras do Exército Popular, devem encorajar que os jovens e homens de meia idade se ofereçam massivamente para se juntar a elas. Ao mesmo tempo, selecionar e enviar à frente os técnicos de que o Exército Popular necessite.
É preciso abastecer a frente com uma quantidade suficiente dos materiais que exige. Os partidos políticos devem lograr que todos se mobilizem para ajudar a frente, com dinheiro aqueles que têm, com força aqueles que a possuem, e que todos os setores e entidades a ajudem de todos os modos. Os hospitais enviarão medicamentos à frente e organizarão adequadamente a assistência aos feridos. No campo, devem fornecer suficiente quantidade de vegetais, carne e outros alimentos complementares, e nas regiões montanhosas, colher para a frente muitas ervas comestíveis.
Há que transportar a tempo os equipamentos e materiais de intendência à frente. No futuro, é provável que a aviação inimiga bombardeie e destrua ferrovias e estradas. Então, o povo deverá ser mobilizado para reabilitá-las a tempo para que o transporte de equipamentos e materiais não seja obstruído.
É preciso ajudar devidamente as famílias dos mobilizados no Exército Popular. Devemos fazer com que todas as camadas e setores do povo lhes ajudem ativamente, para que não tenham nenhum desconforto na vida.
Segundo, é preciso defender com total firmeza a base democrática da parte Norte da Coreia.
Esta base constitui uma segura garantida para a vitória na guerra. Por isso, o inimigo envia um grande número de espiões e elementos subversivos e sabotadores para destruí-la. É possível que, em conluio com estes, atuem violentamente os antigos proprietários de terra e outros elementos residuais da classe exploradora derrubada, os elementos ociosos e ressentidos. Devemos lutar dinamicamente contra os espiões, elementos subversivos, sabotadores e outros reacionários, para não deixá-los nem um mínimo terreno onde possam se apoiar para agir; devemos descobrir e eliminá-los a tempo, todos.
Esta luta só pode ser levada a cabo exitosamente com todo o povo mobilizado e muito vigilante. Os partidos políticos devem fazer com que seus respectivos militantes e todas as classes e setores do povo ajudem ativamente o trabalho dos organismos do Interior, vigiem com atenção cada movimento de elementos reacionários e defendam em alerta as fábricas e vilarejos. Assim, impedirão que os espiões, elementos subversivos e sabotadores e os remanescentes da classe exploradora derrubada atuem à vontade nas fábricas, vilarejos, povoados pescadores, bairros e, finalmente, em todas as partes.
No futuro, se a situação se tornar desfavorável, elementos degenerados poderão aparecer. Há que combatê-los sem piedade.
Terceiro, é preciso seguir aumentando a produção.
Após o estouro da guerra, certas pessoas, inquietas sem justificativa, descuidaram de seu trabalho; não se pode continuar assim. Para alcançar a vitória na guerra, todos devem trabalhar e produzir mais. No curso da guerra, quanto mais disparam os canhões, mais projéteis são necessários, e quanto mais tropas avançam, mais materiais bélicos fazem falta. Por esta razão, se não seguir aumentando a produção, não é possível atender às demandas da frente.
Aumentar continuamente a produção é de vital importância para reabilitar a destruída economia da Coreia do Sul e salvar seus habitantes que padecem na miséria.
O Norte e o Sul da Coreia apresentam um diáfano contraste nos níveis de desenvolvimento econômico e de vida do povo.
Na parte Norte, todos os ramos da economia nacional se reconstroem e se desenvolvem celeremente com o passar dos dias. Na indústria, a produção cresceu significativamente em relação ao período anterior à libertação e está se desenvolvendo aos trancos e barrancos, enquanto na agricultura a produção de cereais aumenta a cada ano graças ao entusiasmo laboral dos camponeses, donos da terra, e à ajuda material do Estado. Com o desenvolvimento vertiginoso de todos os setores da economia nacional, o nível de vida material e cultural do povo aumentou, como é lógico.
Em contraste a isto, na Coreia do Sul a economia se arruinou completamente. Devido à falta de carvão e eletricidade, a produção industrial estagnou, e também a produção de cereais está em um nível atrasado devido à escassez de fertilizantes, água de irrigação e ferramentas. Os imperialistas ianques, que ocupam a Coreia do Sul, apoderaram-se das artérias da economia sul-coreana e saquearam desenfreadamente os recursos de matérias-primas e produtos agrícolas. Devido à destruição da economia nacional e à política predatória do imperialismo estadunidense, a vida da população sul-coreana é ainda pior do que sob o domínio do imperialismo japonês. Hoje, definha na miséria e na fome. Não podemos permanecer de braços cruzados diante de uma tão precária condição de vida dos habitantes da Coreia do Sul. Temos a responsabilidade de salvá-los e de reabilitar sua destruída economia. Devemos salvá-los o quanto antes da miséria que padecem e restaurar sua economia terrivelmente arruinada.
Os partidos políticos devem buscar que todos os seus militantes, todas as classes e setores do povo, profundamente conscientes de que o contínuo aumento da produção tem enorme significado não apenas para satisfazer as demandas materiais da frente, para elevar a moral combativa dos oficiais e soldados do Exército Popular e para melhorar a vida da população da parte Norte da Coreia, mas também para salvar a população do Sul que sofre miséria e reabilitar sua economia destruída, trabalhem e produzam mais, colocando suas capacidades criativas em ação. Devem assegurar, desta forma, o cumprimento vitorioso do Plano Bienal da Economia Nacional, mesmo em condições de guerra. Os operários, técnicos e funcionários de escritório da parte Norte da Coreia devem aumentar mais que o dobro a produtividade do trabalho, a fim de exceder não apenas suas próprias atribuições de trabalho, mas também aquelas dos camaradas mobilizados na frente.
Os camponeses devem empreender com dinamismo a luta para cumprir o plano de produção de cereais deste ano. Devem resolver os problemas de gados de trabalho e da mão de obra, não dependendo unicamente do Estado, mas mediante a ajuda recíproca e o apoio em suas próprias forças, assim como superar as consequências da seca obtendo água para irrigação através da escavação de poços. Desta forma, devem cumprir ou exceder o plano de produção de cereais deste ano.
Quarto, há que realizar da melhor forma a propaganda e a educação ideológica entre todas as camadas e setores do povo.
É importante, acima de tudo, anunciar a tempo e amplamente entre o povo os êxitos do Exército Popular no combate. A camarilha títere de Syngman Rhee, agora, transmite por rádio a falsa propaganda de que ocuparam a cidade de Haeju. Se não cumprirmos a tarefa acima mencionada, o povo será enganado pela propaganda falsa do inimigo e, assim, ficará desiludido. Os partidos políticos devem mobilizar a imprensa e todos os meios de agitação e propaganda para anunciar a tempo e em larga escala as vitórias do Exército Popular no combate, estimulando, assim, o povo da retaguarda em seus esforços pelo aumento da produção.
Também é importante inspirar o povo com firme fé na vitória. No transcurso da guerra, podemos tropeçar com diversas e inesperadas dificuldades complicadas. Devemos educar o povo para superar qualquer obstáculo difícil que surja e combater tenazmente pela vitória final na guerra.
Sob as condições de guerra, os partidos políticos devem realizar seu trabalho propagandístico de uma maneira coordenada. Há, agora, pessoas que o fazem como bem entendem sob o pretexto da liberdade de expressão. Os partidos políticos não devem fazer assim a propaganda. De agora em diante, devem organizá-la e conduzi-la de acordo com a orientação estabelecida pelo Governo da República.
Por último, grandes esforços devem ser empenhados para fortalecer a frente unida.
O Partido do Trabalho da Coreia, o Partido Democrático e o Partido Chondoista Chong-u da Coreia do Norte esforçam-se para alcançar o objetivo comum de construir um Estado democrático, soberano e independente, rico e poderoso, e assegurar uma vida feliz ao povo. Porém, mesmo assim, ainda agora algumas organizações locais destes partidos criam confusões por desavenças. Se os partidos políticos não superarem estes fenômenos o mais rápido possível, serão criados obstáculos para mobilizar todas as forças patrióticas à vitória na guerra.
Com o objetivo de fortalecer a frente unida, todas as unidades de cada partido devem manter regularmente contatos estreitos e cooperar entre si. Devem descobrir e frustrar a tempo as manobras do inimigo destinadas a destruir a frente unida. Atualmente, os imperialistas ianques e seus lacaios, a camarilha títere de Syngman Rhee, estão tentando dividir e separar o Partido do Trabalho da Coreia, o Partido Democrático e o Partido Chondoista Chong-u da Coreia do Norte, assim como nos tempos da Segunda Guerra Mundial, a camarilha de Hitler semeou a discórdia sorrateiramente entre as forças democráticas antifascistas. Todos os partidos políticos devem se opor e rechaçar categoricamente estas manobras do inimigo e educar bem seus militantes para que não sejam enganados por eles.
Estou seguro de que também no futuro, como no passado, o Partido do Trabalho da Coreia, o Partido Democrático e o Partido Chondoista Chong-u da Coreia do Norte combaterão ativamente pela vitória na guerra, trabalhando em estreita colaboração.