Sobre a Tensa Situação Criada em Nosso País e as Tarefas Imediatas dos Organismos do Interior

Kim Il Sung

22 de junho de 1950


Origem: Discurso proferido aos diretores dos departamentos do Interior de todas as províncias.

Fonte: Para Lograr a Vitória na Guerra de Libertação da Pátria Rechaçando a Invasão Armada dos Imperialistas Estadunidenses, Associação de Amizade com a Coreia – Brasil (KFA-BR), julho de Juche 109 (2020), p. 8-13.

Tradução: Associação de Amizade com a Coreia – Brasil em julho de Juche 109(2020) com base na Edição em Línguas Estrangeiras da RPDC de Juche 104(2015).

Transcrição: João Victor Bastos Batalha.

HTML: Lucas Schweppenstette.


Gostaria de referir-me a algumas tarefas que os organismos do interior devem realizar com urgência frente à tensa situação criada em nosso país.

A situação em nosso país chegou hoje a um estágio muito grave devido à política de guerra e às provocações militares do imperialismo estadunidense e da camarilha títere de Syngman Rhee.

Os imperialistas ianques há muito abrigam o sonho de apoderar-se de toda a Coreia e usá-la como trampolim para a agressão contra a Ásia. Para realizar essa ambição selvagem e agressiva, estes imperialistas, aplicando uma política colonial escravista, vêm acelerando, desde os primeiros dias de seu desembarque no Sul, os preparativos para a agressão contra toda a Coreia.

Os imperialistas ianques, em flagrante violação dos compromissos internacionais com respeito ao problema coreano, intencionalmente frustraram o trabalho da Comissão Conjunta URSS-EUA e fabricaram um governo fantoche mediante eleições separadas em 10 de maio na Coreia do Sul. Instigaram a camarilha títere de Syngman Rhee a organizar o “Exército de Defesa Nacional” e a recrutar à força jovens e adultos para aumentar em grande escala suas unidades, e introduziram armas de todo tipo na Coreia do Sul para equipá-lo. Como se isto não bastasse, nas zonas-limite com o Paralelo 38, construíram muitas instalações militares e deslocaram grande quantidade de tropas. O inimigo avança como um filhote de cachorro sem medo de um tigre, levando a situação à beira da guerra. Atualmente, a camarilha títere de Syngman Rhee arma, com mais histeria do que nunca, um escândalo com a “marcha ao Norte”, falando presunçosamente: “tomaremos café da manhã em Haeju, almoçaremos em Pyongyang e jantaremos em Sinuiju”, por um lado, e por outro lado proclama a “lei marcial” em todo o território Sul coreano e realiza, mais selvagemente do que nunca, provocações armadas ao longo do Paralelo 38 e das costas Leste e Oeste. Recentemente penetraram na região do condado de Pyoksong, província de Hwanghae, incendiaram povoados, sequestraram habitantes e até perpetraram, sem hesitar, a atrocidade de canhonear as sedes do condado.

Num ambiente em que, dia após dia, não cessavam as provocações armadas do inimigo contra a parte Norte da Coreia, alguns maníacos de guerra do imperialismo ianque, encabeçados por Dulles, chegaram à Coreia do Sul em uma “missão” e inspecionaram, em 18 de junho, as zonas do Paralelo 38. Agora, em nosso país, a situação chegou a tal extremo de gravidade que a guerra pode estourar de um momento pra o outro por culpa dos imperialistas ianques e da camarilha títere de Syngman Rhee.

O que fazer se esses canalhas provocarem insensatamente a guerra contra a parte Norte da Coreia?

É óbvio que, até o momento, fizemos e continuaremos fazendo sinceros esforços pela reunificação pacífica da pátria. No entanto, se os imperialistas dos EUA e camarilha títere de Syngman Rhee se atreverem a iniciar a guerra, não ficaremos de braços cruzados, teremos que dar-lhes um duro contragolpe.

Se provocarem uma guerra, certamente sairemos vitoriosos. Embora o inimigo se gabe agora de seu poderio, não é tão grande quanto se acredita. O exército títere sul-coreano adoece de vulnerabilidades mortais: foi recrutado à força, motivo pelo qual seus soldados são frágeis, covardes e ideologicamente inferiores. Por esta razão, não devemos temê-los mesmo que nos ataquem violentamente. Mas isto não nos permite permanecer ociosos.

Frente a estas manobras provocadoras de guerra do inimigo, os funcionários dos organismos do Interior devem aguçar mais a vigilância revolucionária, vigiar atentamente suas maquinações e aperfeiçoar os preparativos de guerra. Desta maneira, mesmo que se desencadeie a guerra a qualquer momento, poderemos dar golpes resolutos e oportunos e salvaguardar o nosso Partido, o Governo da República, a vida e os bens do povo.

É preciso potenciar, antes de tudo, a luta contra os inimigos de classe e os elementos contrarrevolucionários que estão contra o nosso Partido, o Governo da República e o nosso povo.

Embora esta luta seja o trabalho cotidiano realizado pelos funcionários dos organismos do Interior, deverão revigorá-la, principalmente, à medida que a situação do país se torna mais tensa. Em tempos normais, os inimigos de classe e os elementos contrarrevolucionários manobram ocultos, mas uma vez desencadeada a guerra, atuarão abertamente contra nosso Partido, Governo da República e nosso povo. Então, poderão acarretar graves consequências que serão difíceis de remediar. Os funcionários dos organismos do Interior, cientes disso, precisam travar uma forte luta contra eles para descobrir todos, sem exceção. Agora, quando prevalece uma tensa situação no país, os inimigos de classe e os elementos contrarrevolucionários podem recorrer a vários métodos malignos, como propagar rumores infundados, destinados a semear o pânico da guerra entre os habitantes e gerar confusão em nosso trabalho. Portanto, os funcionários dos organismos do Interior não devem se mostrar indiferentes ante este tipo de rumores. Se elevarem a vigilância e travarem uma determinada luta, apoiando-se nas massas, poderão detectar até o último os inimigos de classe e os elementos contrarrevolucionários entrincheirados em nossas fileiras, por mais dissimuladas que sejam suas maquinações.

Deverão reforçar a guarda nas regiões próximas ao Paralelo 38 e nas zonas costeiras.

Trata-se das zonas através das quais os imperialistas estadunidenses e a camarilha títere de Syngman Rhee introduzem atualmente muitos espiões na parte Norte da Coreia. Portanto, montando uma boa guarda nessas zonas, poderemos capturar todos os espiões que penetrem sem deixar escapar nem um. No passado, os funcionários dos organismos do Interior apanharam em flagrante um bom número de espiões que passavam por ali. No primeiro golpe, demoliram, na província de Kangwon, a “unidade Horim”, um grupo de espiões armados do exército títere, mostrando nosso poder ao inimigo, o que é um fato louvável. Mas não se contentem com estes êxitos. O inimigo, que fracassou repetidamente nas ações de infiltração de espiões, poderá recorrer a outros métodos nesse sentido. Cabe aos funcionários dos organismos do Interior reforçar a guarda nessas regiões e seguir estudando os métodos de infiltração de espiões que os inimigos utilizam para, assim, apreender todos eles, de onde vierem.

Há que prestar profunda atenção à guarda industrial.

Antes de estourar a guerra, o inimigo trata de destruir nossas instalações industriais importantes pelas mãos de seus espiões, elementos subversivos e sabotadores. Nesta situação, se descuidarmos da guarda industrial, não poderemos protegê-las das manobras subversivas destes canalhas e, consequentemente, estaremos seriamente obstaculizados na reabilitação e desenvolvimento da economia nacional e na preparação dos fundamentos de uma economia nacional independente. Por esta razão, os membros dos organismos do Interior deverão prestar especial atenção à defesa de importantes instalações industriais.

Além disso, é preciso proteger devidamente as ferrovias. Deve ser reforçada a guarda nas pontes metálicas, túneis e outros pontos ferroviários importantes e deve-se preparar com antecedência também os materiais de reserva para repará-los assim que forem destruídos em casos de emergência. Assim, eliminarão os obstáculos que possam afetar o tráfego normal de trens e o transporte de carga em casos de emergências.

Para lutar com eficácia contra o inimigo de classe, os elementos contrarrevolucionários, espiões, elementos subversivos e sabotadores, é necessário conhecer nos menores detalhes a composição dos habitantes. Somente assim podemos distinguir corretamente o inimigo e impedir manobras de elementos hostis. Portanto, os funcionários dos organismos do Interior devem conhecer em detalhes a composição dos habitantes de suas respectivas áreas.

Há que intensificar o trabalho do Corpo de Autodefesa. Há que aumentar suas fileiras e reforçar a educação ideológica e o treinamento militar entre seus membros para que eles mesmos possam defender sua terra natal.

Uma das tarefas importantes que incumbe aos organismos do Interior é proteger a propriedade do Estado e os bens e a vida do povo. Para cumprir fielmente este dever, devem preservar plenamente a ordem e a segurança social. Estabelecer uma perfeita ordem social, vigiar e controlar rigorosamente todas as alterações neste campo, assim como evitar as transgressões.

Uma importante tarefa que deve ser cumprida de imediato é tomar precauções antiaéreas drásticas. Caso contrário, não poderemos proteger os bens e a vida do povo dos ataques aéreos do inimigo no tempo de emergência nem, no fim das contas, triunfar na guerra. Portanto, tomar eficazes medidas antiaéreas constitui uma das questões importantes que garantem o triunfo na guerra. Os funcionários do Interior, a partir de agora mesmo, devem tomar essas medidas. Repararão e consertarão brevemente os abrigos antiaéreos existentes e construirão novos. Devem instalar um sistema de sinais de alarme aéreo, divulgá-los ao povo e realizar periodicamente alarmes aéreos. Somente intensificando estes exercícios, poderemos elevar a vigilância da população e refugiá-la de maneira rápida e organizada, em casos de emergência.

Há que redobrar os exercícios de extinção de incêndios e manter também prontos as instalações e aparatos de extinção de incêndios para que estejam à disposição a qualquer momento.

Devem preparar perfeitamente os meios de transporte para colocá-los em ação a qualquer momento, se necessário. Todos os Departamentos Provinciais do Interior devem registrar todos os caminhões de suas respectivas províncias, organizar unidades de transporte móvel e mantê-los alertas para que possam ser mobilizados sem demora, se o Exército Popular exigir, em tempo de emergência. Paralelamente a isto, há que abrir centros de ensino de curta duração para formar motoristas em todas as províncias e prepará-los em grande número.

Devem fortalecer as comunicações secretas e reajustar a rede de comunicação telefônica. Estruturar bem as fileiras dos mensageiros confidenciais e garantir a rapidez e exatidão nos serviços de comunicações secretas. Além disso, devem conservar e adequar devidamente os equipamentos de comunicação e criar sem falta postos de comunicações em pontos importantes. Assim, entre os organismos do Interior, desde as subestações até o Ministério, há que assegurar com rapidez e exatidão as comunicações.

O segredo é como a vida. Quanto mais tensa se torna a situação, mais importante é assegurar o segredo. Os funcionários do Interior devem defender com suas próprias vidas os segredos.

É preciso formar um grande número de funcionários de reserva do Interior e assegurar plenamente a pureza em suas fileiras. A experiência nos ensina que um inimigo infiltrado em nossas fileiras é mais perigoso do que cem inimigos fora delas. Portanto, há que estruturar bem as fileiras dos funcionários do Interior para que não possa se infiltrar nem um único elemento de má fé.

Há que estruturar bem e ampliar as fileiras do corpo de guarda e segurança que existem em todas as províncias e organizar bem a guarda.

Em vista da situação prevalecente, é necessário implementar um sistema de mobilização urgente dos funcionários do Interior e abrigá-los coletivamente para mobilizá-los a qualquer momento.

Acabo de destacar algumas questões que os funcionários do Interior devem ter em mente em seu trabalho na atual situação. É difícil, é claro, afirmar com exatidão quando estourará a guerra, porque não somos nós que a provocaremos, mas os imperialistas ianques e a camarilha títere de Syngman Rhee, maníacos da guerra. No entanto, a julgar por todos os sintomas, acreditamos que o inimigo a desencadeará em breve. Como a situação é muito crítica, aconselho que voltem sem demora a seus postos e informem sobre as tarefas que atribuímos aos comitês provinciais do Partido e comecem a executá-las sem demora.