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O Partido Comunista da China não tinha claro nem na teoria o princípio revolucionário básico e condutor Sobre a hegemonia do proletariado na revolução e consequentemente tampouco o levava à prática devida e consequente. A experiência atesta que o campesinato só pode desempenhar seu papel revolucionário quando atua em aliança com o proletariado e sob sua direção. Isso também ficou provado em nosso país durante a Luta de Libertação Nacional. O campesinato albanês era a força principal de nossa revolução, e apesar disso, nossa classe operária, mesmo numericamente reduzida, dirigiu o campesinato, já que a ideologia marxista-leninista, a ideologia do proletariado, encarnada no Partido Comunista, hoje Partido do Trabalho, vanguarda da classe operária, era a guia da revolução. Por isso triunfamos não só na Luta de Libertação Nacional, mas também na construção do socialismo.
Nós tivemos sucessivos êxitos, apesar das incontáveis dificuldades que nos pontilharam a caminhada. Alcançamos estes êxitos em primeiro lugar porque o Partido assimilou bem a essência da teoria de Marx e Lênin, compreendeu o que era a revolução, quem a fazia e quem deveria dirigi-la, compreendeu que devia haver um partido de tipo leninista à frente da classe operária em aliança com o campesinato. Os comunistas se compenetraram de que tal partido não devia ter apenas o nome de comunista e sim ser um partido que aplicasse a teoria marxista-leninista da revolução e da construção do partido às condições de nosso país, que se lançasse ao trabalho pela criação da nova sociedade socialista a exemplo da construção do socialismo na União Soviética do tempo de Lênin e Stálin. Esta atitude deu ao nosso Partido a vitória, deu ao país a grande força política, econômica e militar de que dispõe hoje. Caso se tivesse atuado distintamente, caso não se tivesse aplicado com conseqüência estes princípios de nossa grande teoria, não se poderia construir o socialismo num pequeno país como o nosso, cercado por inimigos. Mesmo que se tomasse o poder por um momento, a burguesia o teria arrebatado novamente, como ocorreu na Grécia, onde, antes mesmo da vitória na guerra, o Partido Comunista Grego entregou as armas à burguesia reacionária do país e ao imperialismo inglês.
Portanto, a questão da hegemonia na revolução tem grande importância de princípio, já que o sentido e o desenvolvimento da revolução dependem de quem a dirige.
"A renúncia à idéia da hegemonia - frisava Lênin - é a forma mais grosseira do reformismo. " (V. I. Lênin. Obras, ed. albanesa, vol. XVII, pg. 252).
Foi precisamente a negação da hegemonia do proletariado pelo "pensamento Mao Tse Tung" uma das causas da revolução chinesa ter permanecido uma revolução democrático-burguesa e não ter se elevado à revolução socialista. No escrito "Sobre a Nova Democracia", Mao Tse Tung preconizava que se instaurasse na China após a vitória da revolução um regime apoiado na aliança das "classes democráticas", onde ele incluía além do campesinato e do proletariado também apequena burguesia urbana e a burguesia nacional. "Uma vez que todos compartem da comida, quando há - afirmava ele - não se permite que um só partido, um só grupo ou uma só classe se aproprie do poder". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, ed. albanesa, vol. III pg. 235). Isso se reflete mesmo na bandeira estatal da República Popular da China, cujas quatro estrelas representam quatro classes: a classe operária, o campesinato, a pequena burguesia urbana e a burguesia nacional.
A revolução que trouxe a libertação da China, a criação do Estado chinês independente, foi uma grande vitória para o povo chinês, para as forças antiimperialistas e democráticas do mundo. Após a libertação, procedeu-se a várias mudanças positivas na China: liquidou-se o domínio do imperialismo estrangeiro e dos grandes latifundiários, combateu-se a pobreza e o desemprego, fez-se uma série de reformas econômico-sociais em favor das massas trabalhadoras, lutou-se contra o atraso educacional e cultural, adotou-se um conjunto de providências para reconstruir o país devastado pela guerra, efetuou-se mesmo algumas transformações de caráter socialista. A fome deixou de existir na China, onde antes morria-se aos milhões, etc. Trata-se de fatos inegáveis, de vitórias de importância para o povo chinês.
Pela adoção dessas medidas e pelo fato do Partido Comunista da China ter chegado ao poder, parecia que a China dirigia-se para o socialismo. Mas não ocorreu assim. O Partido Comunista da China - que após a vitória da revolução democrático-burguesa devia caminhar com cuidado, não mostrar-se esquerdista nem queimar etapas - Lendo o "pensamento Mao Tsetung" por base de sua atividade mostrou-se "democrático", liberal, oportunista e não dirigiu o país com conseqüência no justo caminho do socialismo.
Os pontos de vista políticos e ideológicos não marxistas, ecléticos, burgueses de Mao Tsetung deram à China libertada uma superestrutura instável, uma organização estatal e econômica caótica, que jamais se estabilizou. A China encontrava-se numa constante confusão, inclusive anarquista, confusão esta atiçada pelo próprio Mao Tsetung com a palavra-de-ordem "deve-se confundir para esclarecer".
Chu Enlai desempenhou um papel especial no novo Estado chinês. Ele era um economista e organizador capaz, mas nunca foi um político marxista-leninista. Como típico pragmático, soube aplicar suas concepções não marxistas e adequá-las com grande habilidade a qualquer grupo que tomasse o poder na China. Ele era um poussah (João teimoso - em francês no original) que terminava sempre de pé, embora oscilando continuamente do centro para a direita e jamais para a esquerda.
Chu Enlai era mestre em matéria de compromissos sem princípio. Apoiou e condenou Chiang Kai-chek, Kao Tsang, Liu Shao-chi, Deng Xiaoping, Mao Tsetung, Lin Piao, os "quatro", mas nunca apoiou Lênin e Stálin, o marxismo-leninismo.
Devido aos pontos de vista e atitudes de Mao Tsetung, Chu Enlai e outros, ocorreram após a libertação muitas oscilações na linha política do Partido, para todos os lados. Manteve-se viva na China a tendência a predicar o "pensamento Mao Tsetung, segundo o qual a etapa da revolução democrático-burguesa teria de prolongar-se muito. Mao Tsetung insistia que, nessa etapa, ao lado do desenvolvimento do capitalismo, ao qual dava prioridade, criar-se-iam também as premissas do socialismo. Vincula-se a isso sua tese sobre a coexistência do socialismo com a burguesia por um período muito longo, apresentada como algo proveitoso tanto para o socialismo como para a burguesia. Respondendo aos que contestavam tal política e apresentavam como argumento a experiência da Revolução Socialista de Outubro, Mao Tsetung diz: "A burguesia russa era uma classe contra-revolucionária; naquela época não apoiava o capitalismo de Estado, estava empenhada em ações de sabotagem e subversão, empregava inclusive as armas. Não restou ao proletariado russo outro remédio senão liquidá-la, mas isso enfureceu os burgueses dos diversos países, que começaram a vilipendiá-lo. Na China, tratamos a burguesia nacional com relativa moderação, ela se sente mais tranqüila e pensa poder inclusive obter alguma vantagem". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 338, versão francesa, Pequim, 1977). Segundo Mao Tsetung, tal política teria dado à China uma boa reputação aos olhos da burguesia internacional; mas na realidade ela acarretou um grande prejuízo para o socialismo na China.
Mao Tsetung apresentou a postura oportunista para com a burguesia como uma aplicação criadora dos ensinamentos de Lênin sobre a NEP. Mas existe uma diferença radical entre os ensinamentos de Lênin e a concepção de Mao Tsetung sobre a permissão da produção capitalista ilimitada e a manutenção das relações burguesas no socialismo. Lênin admite que a NEP era um recuo que permitia por certo tempo o desenvolvimento de elementos do capitalismo, mas acentua que:
"... não há aqui qualquer perigo para o poder proletário, na medida em que o proletariado mantenha bem o poder em suas mãos, na medida em que mantenha firmemente em suas mãos os transportes e a grande indústria" (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXII, pg. 434).
Na China, o proletariado não tinha o poder nem a grande indústria de fato em suas mãos, nem em 1949 e nem tampouco em 1956, quanto Mao Tsetung fazia essa pregação.
Mais ainda, Lênin encarava a NEP como algo temporário, imposto pelas condições concretas da Rússia de então, devastada pela longa guerra civil, e não como uma lei geral da construção do socialismo. E o fato é que, um ano após a proclamação da NEP, Lênin sublinhava que recuo havia terminado, lançando a palavra-de-ordem preparação da ofensiva contra o capital privado na economia. Enquanto na China o período de manutenção da produção capitalista deveria prolongar-se quase indefinidamente. Segundo a concepção de Mao Tsetung, o sistema instaurado na China após a libertação devia ser um sistema democrático-burguês, conquanto o Partido Comunista da China estivesse aparentemente no poder. Assim é o "pensamento Mao Tsetung".
A passagem da revolução democrático-burguesa à revolução socialista só pode processar-se quando o proletariado afasta decididamente a burguesia do poder e a expropria. Na medida em que a classe operária chinesa dividia o poder com a burguesia, na medida em que a burguesia conservava seus privilégios, o poder instaurado na China não podia ser o poder do proletariado e consequentemente a revolução chinesa não podia elevar-se a uma revolução socialista.
O Partido Comunista da China adotou uma postura benevolente, oportunista para com as classes exploradoras, e Mao Tsetung preconizou abertamente a integração pacífica dos elementos capitalistas no socialismo. Mao dizia: "Se bem que todos os ultra-reacionários do mundo são hoje ultra-reacionários e assim permanecerão amanhã e depois de amanhã, não podem permanecer assim indefinidamente; terminarão por mudar. . . Os ultra-reacionários são, fundamentalmente, elementos teimosos, mas não estáveis... Acontece que os ultra-reacionários também mudam para melhor... reconhecem seus erros e enveredam pelo justo caminho. Resumindo, os ultra-reacionários evoluem". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, albanesa, vol. III pg. 239).
Na pretensão de dotar essa concepção oportunista de uma base teórica jogando com a "transformação dos contrários", Mao Tsetung dizia que através da discussão, da critica e da transformação, as contradições antagônicas se convertem em contradições não antagônicas, as classes exploradoras e a intelectualidade burguesa podem transformar-se em seu contrário, ou seja, tornar-se revolucionárias. "Dadas as condições de nosso país - afirmava ele em 1956 - a maior parte dos contra-revolucionários mudará num ou noutro grau. Como adotamos uma política correta para com os contra-revolucionários, muitos deles transformam-se e não se opõem mais à revolução. Alguns deles já prestaram inclusive alguns serviços. " (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 321, versão francesa, Pequim, 1977).
A partir de tais concepções antimarxistas, segundo as quais os inimigos de classe se corrigem com o passar do tempo, Mao Tsetung recomendou a conciliação de classe e permitiu que os inimigos continuassem a enriquecer, a explorar, a expressar-se e atuar livremente contra a revolução. Para justificar essa postura capitulacionista perante o inimigo de classe ele declarava "Agora temos muito que fazer. Atacá-los todos os dias, durante cinqüenta anos, é impossível. Os que se recusam a corrigir seus erros, que os levem para a sepultura, quando irão ter com o Rei do Inferno". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 512, versão francesa, Pequim, 1977). Agindo na prática segundo tais considerações de conciliação com os inimigos, a administração estatal chinesa ficou nas mãos dos antigos funcionários. Generais de Chiang Kai-chek tornaram-se até ministros. Inclusive o imperador Pu I dos manchus, o imperador fantoche dos ocupantes japoneses, foi cuidadosamente conservado e convertido numa peça de museu, para que as delegações visitantes conversassem com ele e constatassem como se reeduca tais pessoas na China "socialista". A publicidade conferida ao ex-imperador fantoche objetivava, entre outras coisas, dissipar o medo dos monarcas, caudilhos e agentes da reação em outros países, levá-los a considerar que o "socialismo" de Mao é bom e não há porque temê-lo.
Também se adotou na China atitudes que não cheiravam a luta de classes para com os senhores feudais e capitalistas, que haviam cometido incontáveis crimes contra o povo chinês. Erigindo tal conduta em teoria e assumindo abertamente a defesa dos contra-revolucionários, Mao Tsetung declarava: "Nenhuma execução, nada de prisões na maioria dos casos... Os serviços de segurança pública não os prenderão, o departamento de fiscalização não os perseguirá nem o tribunal os processará. Mais de 90% dos contra-revolucionários serão tratados desta maneira". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 323, versão francesa, Pequim, 1977). Com argumentos de sofista, Mao Tsetung diz que a execução dos contra-revolucionários não traz nenhum benefício, que ações desse tipo entravam a produção, o incremento do nível científico do país, trazem má reputação mundial, etc., que caso se liquidasse um contra-revolucionário "seríamos obrigados a comparar seu caso com outro, com um terceiro e assim por diante, e o resultado é que muitas cabeças rolariam...As cabeças uma vez cortadas não podem ser recolocadas, elas não são cebolas, que voltam a crescer assim que são cortadas." (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 323, versão francesa, Pequim, 1977).
Em conseqüência dessas concepções antimarxistas sobre as contradições, sobre as classes e seu papel na revolução, professada pelo "pensamento Mao Tsetung", a China nunca trilhou a justa via da construção socialista. Existiram e continuam existindo na sociedade chinesa não só resquícios econômicos, políticos, ideológicos e sociais do passado, mas também classes exploradoras enquanto classes, que continuam até hoje no poder. A burguesia não só existe ainda como também se beneficia dos rendimentos provenientes das riquezas que possuía. A renda capitalista não foi legalmente suprimida na China, pois a direção chinesa ateve-se à estratégia da revolução democrático-burguesa formulada por Mao Tsetung em 1935, quando ele dizia que "as leis trabalhistas da república popular... não se opõem à realização de lucros pela burguesia nacional..." (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, ed. albanesa, vol. 1, pg. 209). A camada dos kulaks, na forma que assumiu na China, manteve grandes vantagens e benefícios em consonância com a "política do direito igual à terra". O próprio Mao Tsetung baixava orientações no sentido de não se tocar nos kulaks, pois isso poderia encolerizar a burguesia nacional, juntamente com a qual o Partido Comunista da China formara uma frente única política, econômica e organizativa. (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 22, versão francesa, Pequim, 1977).
Tudo isso mostra que o "pensamento Mao Tsetung" não dirigiu e nem poderia dirigir a China pelo verdadeiro caminho do socialismo. De resto, como declarou Chu Enlai em 1949, ao dirigir-se secretamente ao governo norte-americano pedindo ajuda à China, nem Mao Tsetung nem seus principais seguidores foram sequer partidários da via do socialismo. "A China não é ainda um país comunista - afirmava Chu Enlai - e se a política de Mao Tsetung for aplicada com justeza ela tardará muito a se tornar um país comunista... " (International Herald Tribune, 14 de agosto de 1978).
Mao Tsetung e o Partido Comunista da China submeteram demagogicamente todas as declarações sobre a construção da sociedade socialista e comunista à sua política pragmática. É assim que, nos anos do chamado grande salto, para jogar areia nos olhos das massas que ao sair da revolução aspiravam ao socialismo, eles declaravam que dentro de dois ou três planos qüinqüenais passariam diretamente ao comunismo. Enquanto mais tarde, para encobrir seus fracassos, começaram a teorizar que a construção e a vitória do socialismo exigiriam dez mil anos.
É fato que o Partido Comunista da China denominava-se comunista; mas ele desenvolveu-se em outro sentido, numa via liberal caótica, numa via oportunista, não podia ser uma força capacitada a conduzir o país rumo ao socialismo, o caminho que seguia, que se concretizou ainda mais claramente após a morte de Mao, não era o do socialismo, mas o da edificação de um grande Estado burguês, social-imperialista.
O "pensamento Mao Tsetung", enquanto doutrina antimarxista, substituiu o internacionalismo proletário pelo chauvinismo de grande Estado.
Desde os primeiros passos de sua atividade, o Partido Comunista da China manifestou tendências abertamente nacionalistas e chauvinistas, que conforme mostraram os fatos não puderam ser erradicadas nem nos períodos que se seguiram. Li Da Chao, um dos fundadores do Partido Comunista da China, dizia que "os europeus pensam que o mundo pertence exclusivamente aos brancos e que constituem a classe superior, enquanto os povos de cor são inferiores. O povo chinês - prosseguia Li Da Chao - deve estar disposto a desenvolver uma luta de classes contra as outras raças do mundo, na qual ele mostrará mais uma vez suas particularidades nacionais". Foi desses pontos de vista que o Partido Comunista de China se imbuiu desde o princípio.
Tais concepções racistas e nacionalistas não devem ter desaparecido por completo da mentalidade de Mao Tsetung, para não falar de Liu e de Deng. No informe apresentado ao Comitê Central do Partido em 1938, Mao Tsetung dizia: "A China de hoje é um resultado do desenvolvimento da China do passado... Há que fazer o balanço de todo o nosso passado, desde Confúcio até Sun Yat-sen, para que recolhamos essa preciosa herança. Isso nos ajudará em grande medida a dirigir o grande movimento atual. " (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, ed. albanesa, vol. II, Pgs, 250-251).
Naturalmente, todo partido marxista-leninista admite que é preciso apoiar-se no patrimônio do passado de seu povo, porém leva em conta que não deve apoiar-se em qualquer herança, mas unicamente na herança progressista. Os comunistas rejeitam a herança reacionária, no campo das idéias como em qualquer outro. Os chineses sempre foram muito conservadores no que diz respeito às formas, ao conteúdo e a suas velhas idéias; chegavam a ser xenófobos. Conservavam velharias como um tesouro de grande valor. Conforme indicam as conversações que tivemos com os chineses, toda a experiência revolucionária mundial não tinha grande préstimo para eles. Só davam apreço à sua política, à luta que travaram com Chiang Kai-chek, à Longa Marcha, à teoria de Mao Tsetung. Quanto aos valores progressistas dos outros povos, os chineses os desconsideravam, ou consideravam pouquíssimo, nem mesmo se davam ao trabalho de estudá-los. Mao Tsetung declarou que "os chineses devem deixar de lado as fórmulas criadas por estrangeiros". Mao não especificou quais são estas fórmulas. Condenou "todos os clichês e dogmas tomados de empréstimo de outros países". Surge então a pergunta: quem sabe estes "dogmas" e "clichês" alheios à China também incluem a teoria do socialismo científico, que não foi elaborada pelos chineses?
A direção do Partido Comunista da China considerou o marxismo-leninismo como monopólio da União Soviética, em relação à qual Mao Tsetung e seus companheiros alimentavam concepções chauvinistas, concepções de grande Estado, tinham, por assim dizer um certo ciúme burguês. Não consideravam a União Soviética do tempo de Lênin e Stálin como a grande pátria do proletariado mundial, em que os proletários de todo o mundo deviam se apoiar para fazer a revolução e que devia ser defendida com todas as forças diante da grande ofensiva da burguesia e do imperialismo.
Mao Tsetung e Chu Enlai, os dois principais líderes do Partido Comunista da China, falaram e atuaram décadas atrás contra a União Soviética dirigida por Stálin, falaram também contra o próprio Stálin. Mao Tsetung acusava Stálin de subjetivismo, porque "não via a ligação entre a luta e a unidade dos contrários" (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 400, versão francesa, Pequim, 1977), porque teria cometido "certo número de erros em relação à China, porque a ele se devem o aventureirismo de 'esquerda' de Wang Ming no fim da Segunda Guerra Civil Revolucionária e seu oportunismo de direita no início da Guerra de Resistência ao Japão" (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 328, versão francesa, Pequim, 1977); porque a atuação de Stálin para com a Iugoslávia de Tito foi equivocada, etc.
Embora falasse algumas vezes em defesa de Stálin, para salvar as aparências, dizendo que seus erros constituíam apenas 30%, na prática Mao Tsetung só falava dos erros de Stálin. Não é casual a declaração de Mao na Conferência de Moscou dos Partidos Comunistas e Operários, em 1957, afirmando: "Quando estive com Stálin, senti-me como um aluno diante do professor, enquanto agora que nos encontramos com Kruschov somos como camaradas, somos livres". Dessa forma ele saudava e aprovava publicamente as calúnias de Kruschov contra Stálin e defendia a linha kruschovista.
Da mesma forma que outros revisionistas, Mao Tsetung empregou as críticas a Stálin para legitimar seja afastamento dos princípios marxista-leninistas que Stálin defendera com conseqüência e enriquecera ulteriormente. Com o ataque a Stálin, os revisionistas chineses visavam rebaixar sua obra e sua autoridade para elevar a autoridade de Mao Tsetung à condição da de um dirigente mundial, de um clássico do marxismo-leninismo que sempre teria seguido uma linha justa e infalível! Tais criticas exprimiam também o descontentamento acumulado em relação a Stálin devido às observações e críticas que ele e o Komintern haviam feito à direção do Partido Comunista da China e a Mao Tsetung, por não aplicarem consequentemente os princípios do marxismo-leninismo quanto ao papel dirigente do proletariado na revolução, ao internacionalismo proletário, à estratégia e tática da luta revolucionária, etc. Mao Tsetung expressou abertamente esse descontentamento ao dizer: "Quando nós vencemos a guerra, Stálin suspeitou que era uma vitória do gênero da de Tito e em 1949 e 1950 exerceu uma pressão muito grande sobre nós". (Mao Tsetung, Obras Escolhidas, vol. V, pg. 328, versão francesa, Pequim, 1977). Nas conversações conosco, aqui em Tirana, Chu Enlai disse também: "Stálin suspeitava que fôssemos pró-americanos ou que seguíssemos a via iugoslava". O tempo provou que Stálin tinha toda razão. Suas previsões sobre a revolução chinesa e as idéias que a dirigiam mostraram-se exatas.
As contradições entre o Partido Comunista da China, dirigido por Mao Tsetung, e o Partido Comunista da União Soviética dirigido por Stálin, bem como as contradições entre o Partido Comunista da China e o Komintern diziam respeito aos princípios, às questões fundamentais da estratégia e da tática revolucionária marxista-leninista. O Comitê Central do Partido Comunista da China ignorou, por exemplo, a tese do Komintern sobre o desenvolvimento correto e conseqüente da revolução na China, sua orientação em prol de uma atuação conjunta entre a classe operária nas cidades e o Exército de Libertação, as teses do Komintern sobre o caráter e as etapas da revolução chinesa, etc. Mao Tsetung e os demais dirigentes do Partido Comunista da China sempre falaram com desprezo sobre os delegados do Komintern na China, chamando-os de "obtusos", "ignorantes", dizendo que "não conheciam a realidade chinesa", etc. Encarando cada país como uma "realidade objetiva em si", "fechada aos demais", Mao Tsetung considerava simplesmente impossível e desnecessária a ajuda dos delegados do Komintern. Em seu discurso à Conferência Ampliada de Trabalho do Comitê Central do Partido Comunista da China, em janeiro de 1962, Mao Tsetung disse: "A China enquanto mundo objetivo foi conhecida pelos chineses e não pelos camaradas do Komintern que tratavam da questão chinesa. Esses camaradas do Komintern não conheciam ou conheciam pouco a sociedade chinesa, a nação chinesa e a revolução chinesa. Assim, por que referirmo-nos aqui a esses camaradas estrangeiros?"
Mao Tsetung exclui o Komintern quando fala de êxitos. Porém quando se trata das derrotas e desvios do Partido Comunista da China, da incompreensão e da falta de justeza nas deduções extraídas das situações verificadas na China, ele descarrega a culpa no Komintern ou em seus representantes na China. Ele e os demais dirigentes chineses acusam o Komintern de haver entravado e confundido o desenvolvimento de uma luta conseqüente pela tomada do poder e pela construção do socialismo na China. Mas os fatos do passado e sobretudo a presente realidade chinesa comprovam que as resoluções e diretivas do Komintern sobre a China foram em geral justas e que o Partido Comunista da China não atuou com base e no espírito dos princípios do marxismo-leninismo.
As conseqüências do nacionalismo estreito e do chauvinismo de grande Estado que caracterizam o "pensamento Mao Tsetung" e sempre estiveram na base da atividade do Partido Comunista da China também se refletem nas posições e na atividade deste Partido no movimento comunista internacional.
Isso transparece concretamente na atitude do Partido Comunista da China para com os jovens partidos marxista-leninistas criados após a traição dos kruschovianos. Desde o início a direção chinesa não teve a menor confiança neles. Tal ponto de vista foi expresso abertamente por Geng Biao, a pessoa que decidia, no Comitê Central, quanto às relações do Partido Comunista da China com o movimento comunista internacional. Ele disse que "a China não aprova a criação de partidos marxista-leninistas e não deseja que seus representantes a visitem. Sua chegada nos atrapalha - sublinhou ele - mas não podemos fazer nada, pois não poderíamos expulsá-los. Nós os aceitamos assim como aceitamos também representantes de partidos burgueses. (Da conversação de Geng Biao com camaradas de nosso Partido em Pequim, em 16 de abril de 1973, ACP). Tal política, que nada tem em comum com o internacionalismo proletário, era seguida desde o tempo em que Mao Tsetung era vivo, na plena posse de suas faculdades de pensar e dirigir; tinha portanto sua total aprovação.
Depois que os jovens partidos marxista-leninistas começaram a fortalecerem-se, contrariando o desejo dos dirigentes chineses, estes adotaram outra tática, reconheceram todos os novos partidos e qualquer grupo, sem exceção e sem qualquer distinção, bastando que se auto-denominassem "partido marxista", "partido revolucionário", "guarda vermelha", etc. O Partido do Trabalho da Albânia criticou essa atitude e essa tática do Partido Comunista da China. O mesmo fizeram os demais partidos autenticamente marxistas-leninistas. Apesar disso a direção revisionista chinesa prosseguiu no mesmo caminho.
Em consonância com sua política pragmática para com os novos partidos e grupos que se criaram, os dirigentes chineses adotaram posturas diferenciadas. Consideravam como inimigos os verdadeiros partidos marxista-leninistas, enquanto mostravam grande apreço pelos grupos e partidos que se contrapunham aos primeiros. Atualmente, os revisionistas chineses não só mantêm vínculos com os partidos e grupos antimarxistas que colocam nas nuvens o "pensamento Mao Tsetung", como também convocam seus representantes um por um a Pequim, onde os preparam, concedem-lhes ajuda financeira e orientações políticas e ideológicas, instruem-nos sobre como atuar contra o Partido do Trabalho da Albânia e contra os autênticos partidos marxista-leninistas. Exigem deles que propaguem o "pensamento Mao Tsetung", a teoria dos "três mundos" e a política externa da China em geral, que promovam o culto de Hua Guofeng e Deng Xiaoping, que condenem os "quatro". Para os revisionistas chineses, o partido que satisfaz essas exigências é "marxista-leninista", enquanto os partidos que as contrariam são proclamados antimarxistas, aventureiros, etc.
Tudo isso mostra que em suas relações com os partidos marxista-leninistas os dirigentes revisionistas chineses não aplicaram os princípios e normas leninistas que regem as relações entre verdadeiros partidos comunistas. Assim como os revisionistas kruschovianos, eles empregaram para com os demais partidos a concepção antimarxista do "partido pai", o ditame, as pressões, as interferências nos assuntos internos e jamais aceitaram os conselhos e sugestões dos partidos irmãos, feitas no espírito da camaradagem. Opuseram-se aos encontros multilaterais dos partidos marxista-leninistas, às reuniões para discutir os grandes problemas da preparação e da vitória da revolução, da luta contra o revisionismo contemporâneo, em defesa do marxismo-leninismo, para intercambiar experiências, coordenar atividades, etc. O motivo dessa atitude foi, entre outros, medo de se defrontar com os verdadeiros partidos marxista-leninistas em reuniões multilaterais, pois assim seriam evidenciadas e desmascaradas suas teorias antimarxistas e revisionistas a serviço do capital mundial e da estratégia para converter a China em superpotência.
Outro índice da essência antimarxista do "pensamento Mao Tsetung" são os vínculos que o Partido Comunista da China tem mantido com muitos partidos e grupos heterogêneos fascistas, revisionistas, etc. Atualmente esse partido procura preparar o terreno para também penetrar ou estabelecer vínculos com os velhos partidos revisionistas de diferentes países, como por exemplo, os da Itália, França, Espanha e outros países da Europa e da América Latina. Os revisionistas chineses vêm dando uma importância cada vez maior a esses vínculos porque ideologicamente todos estão na mesma linha do Partido Comunista da China, independente das diferenças que tenham nas táticas, que variam segundo a natureza, a força e o poder do capitalismo em cada país.
O Partido Comunista da China e os partidos revisionistas tradicionais ampliarão gradualmente seus laços, harmonizarão suas atividades, enquanto os pequenos grupos ditos "marxista-leninistas" que seguem a linha chinesa continuarão sendo empregados para combater e dividir os verdadeiros partidos marxista-leninistas, que existem e que se mantêm em posições inabaláveis, bem como outros partidos que surgem e surgirão. Com essa atuação os revisionistas chineses ajudam abertamente o capitalismo, os partidos social-democratas e revisionistas, sabotam o desencadeamento e a vitória da revolução e em particular a preparação do fator subjetivo, o fortalecimento dos autênticos partidos marxistas-leninistas que hão de dirigir a revolução.
O Partido Comunista da China aplicou essa tática nas relações com a chamada Liga dos Comunistas da Iugoslávia, que trabalhou com todas as forças para dividir o movimento comunista internacional e que combateu sem descanso o socialismo e o marxismo-leninismo. Os atuais dirigentes chineses desejam marchar juntamente com os revisionistas iugoslavos, coordenar com eles a atividade na luta contra o marxismo-leninismo e todos os partidos marxista-leninistas, contra a revolução, o socialismo e o comunismo.
Mao Tsetung e o Partido Comunista da China mantiveram uma atitude pragmática em relação ao revisionismo iugoslavo e processaram uma grande evolução em suas concepções sobre Tito e o titismo. A princípio Mao Tsetung disse que não fora Tito que errara, mas Stálin que se equivocara em relação a Tito. Mais tarde, o mesmo Mao Tsetung incluiu Tito no mesmo rol de Hitler e de Chiang Kai-chek, dizendo que "gente... como Tito, Hitler, Chiang Kai-chek e o tzar não pode ser corrigida, deve ser morta". Mas ele voltou a mudar de opinião e expressou seu grande desejo de entrevistar-se com Tito. O próprio Tito declarou recentemente: "Eu fui convidado à China desde quando Mao Tsetung estava vivo. Durante a visita do presidente da Veche Executiva Federal, Djemal Biyedich, Mao Tsetung expressou seu desejo de que eu visitasse a China. O presidente Hua Guofeng também me disse que Mao Tsetung afirmara cinco anos atrás que era preciso convidar-me para uma visita, acentuando que mesmo em 1948 a Iugoslávia tinha razão, coisa que ele (Mao Tsetung) tinha declarado já naquela época num círculo restrito. Não o declarara publicamente levando em conta as relações de então entre a China e a União Soviética" (Do discurso de Tito no Ativo da RS da Eslovênia em 8 de setembro de 1978).
A direção revisionista da China está executando fielmente esse "testamento" de Mao Tsetung. Hua Guofeng aproveitou a visita de Tito à China e especialmente sua própria viagem à Iugoslávia para elogiar Tito, para apresentá-lo como um "eminente marxista-leninista", um "grande dirigente" não só da Iugoslávia, mas também do movimento comunista internacional. Dessa forma, a direção chinesa também aprovou abertamente todas as investidas dos titistas contra Stálin e o Partido Bolchevique, contra o Partido do Trabalho da Albânia, contra o movimento comunista internacional e o marxismo-leninismo.
As íntimas relações políticas e ideológicas dos revisionistas chineses com o titismo, com "eurocomunistas" como Carrillo e companhia, seu apoio a partidos e grupos antimarxistas, trotskistas, anarquistas e social-democratas, mostram que os dirigentes chineses, inspirados e guiados pelo "pensamento Mao Tsetung", estão criando uma frente unida ideológica com os renegados do marxismo-leninismo, contra a revolução, contra os interesses da luta de libertação dos povos. Por isso todos os inimigos do comunismo alegram-se com as "teorias" chinesas; vêem que o "pensamento Mao Tsetung", a política chinesa, dirigem-se contra a revolução e o socialismo.
Estas questões que analisamos não esgotam por completo o conteúdo antimarxista e antileninista do "pensamento Mao Tsetung". Contudo, são suficientes para se concluir que Mao Tsetung não foi marxista-leninista e sim um revolucionário democrata, progressista, que se conservou por longo período à frente do Partido Comunista da China e jogou um importante papel na vitória da revolução democrática antiimperialista chinesa. Ele granjeou uma reputação de grande marxista-leninista dentro da China, no Partido, no povo, e no exterior; ele próprio apresentava-se como comunista, como dialético marxista-leninista, mas não o era. Era um eclético que unia certos elementos da dialética marxista ao idealismo, à filosofia burguesa e revisionista e inclusive à velha filosofia chinesa. Portanto, não se deve estudar os pontos de vista de Mao Tsetung apenas a partir de frases arrumadas em algumas de suas obras publicadas, mas em seu conjunto, em sua aplicação prática, considerando-se também as conseqüências concretas que acarretaram.
Na apreciação do "pensamento Mao Tsetung", importa levar em conta igualmente as condições históricas concretas em que ele se formou. Os pensamentos de Mao Tsetung se desenvolveram no período da deterioração do capitalismo e, portanto num período em que as revoluções proletárias encontram-se na ordem do dia, em que o exemplo da Grande Revolução Socialista de Outubro, os grandes ensinamentos de Marx, Engels, Lênin e Stálin converteram-se no guia infalível do proletariado e dos povos revolucionários do mundo. Surgida nestas novas condições, a teoria de Mao Tsetung, o "pensamento Mao Tsetung", tentaria vestir e vestiria a roupagem da teoria mais revolucionária e mais científica de seu tempo, do marxismo-leninismo, mas em essência continuou a ser uma "teoria" que contraria a causa da revolução proletária e auxilia o imperialismo em crise e decomposição. Por isso dizemos que Mao Tsetung e o "pensamento Mao Tsetung" são antimarxistas.
Quando se fala do "pensamento Mao Tsetung", é difícil definir nele uma linha una e clara, pois, como dissemos a princípio, ele é um amálgama de ideologias, que vão desde o anarquismo, o trotskismo, o revisionismo contemporâneo à titista, à kruschoviana, à "eurocomunista", até o emprego de algumas frases marxistas. Em todo esse amálgama também cabe um posto de honra às velhas idéias de Confúcio, de Mêncio e outros filósofos chineses, que influíram diretamente na formação das idéias de Mao Tsetung, em seu desenvolvimento cultural e teórico. Mesmo os pontos de vista de Mao Tsetung que assumem a forma de um marxismo-leninismo deformado trazem o selo específico de certo "asiocomunismo" com fortes doses nacionalistas, xenófobas e inclusive religiosas, budistas, que um dia teriam de entrar em oposição aberta com o marxismo-leninismo.
O grupo revisionista de Hua Guofeng e Deng Xiaoping, que domina hoje na China, tem o "pensamento Mao Tsetung" como base teórica e plataforma ideológica de sua política e de sua atividade reacionárias.
Para reforçar suas vacilantes posições, o grupo de Hua Guofeng e Ye Jianying, que chegou ao poder, desfraldou a bandeira de Mao Tsetung. Condenou sob essa bandeira a manifestação de Tien An-men e liquidou com Deng Xiaoping tachando-o com a merecida alcunha de revisionista. Sob a mesma bandeira, esse grupo tomou o poder num putsch e desbaratou os "quatro". Mas o caos que sempre caracterizou a China prosseguiu e cresceu. Essa situação turbulenta trouxe à tona e impôs a ascensão ao poder de Deng Xiaoping, que retomou sua trajetória de extrema direita com métodos fascistas.
O objetivo de Deng era reforçar as posições de seu próprio grupo, seguir sem rodeios o curso da aliança com o imperialismo norte-americano e com a burguesia reacionária mundial. Deng Xiaoping apresentou o programa das "quatro modernizações", pôs um ponto final na Revolução Cultural, liquidou toda a massa de quadros promovidos por ela ao poder, ao Partido e ao Exército e substituiu-os por gente da mais negra reação, desmascarada e condenada anteriormente.
Agora, assistimos a um período caracterizado pelos dazibaos contra Mao Tsetung, com que os partidários de Deng Xiaoping ornamentam os muros de Pequim. É o período da "revanche", que persegue dois fins: primeiro, liquidar o "prestígio" de Mao e afastar o obstáculo Hua Guofeng; e segundo, fazer de Deng Xiaoping um ditador fascista todo-poderoso e reabilitar Liu Shao-chi.
Em meio a essas manobras reacionárias, há na China, mas também no exterior, quem compare a luta de Teng Hsiao-ping contra Mao, que nunca foi marxista-leninista, com o crime de Kruschov ao enlamear Stálin, que foi e continua a ser um grande marxista-leninista. Ninguém com um mínimo de bom senso pode aceitar tal analogia.
A comparação mais justa que se pode fazer é que Brezhnev e seu grupo revisionista derrubaram Kruschov e agora o Bhezhnev chinês, Deng Xiaoping, derruba do pedestal o Kruschov chinês, Mao Tsetung.
Tudo isso constitui um jogo revisionista, uma luta pelo poder pessoal. Sempre ocorreu assim na China. Essa situação só será mudada pela classe operária chinesa e por um verdadeiro partido marxista-leninista depurado do "pensamento Mao Tsetung", do "pensamento Deng Xiaoping e de outros desses pensamentos antimarxistas, revisionistas, burgueses. São as idéias de Marx, Engels, Lênin e Stálin que podem salvar a China dessa situação através de uma genuína revolução proletária.
Confiamos que o marxismo-leninismo e a revolução proletária triunfarão um dia na China, e os inimigos do proletariado e do povo chinês fracassarão. Evidentemente, isso não será alcançado sem luta e sangue, pois serão precisos muitos esforços para criar na China o partido revolucionário marxista-leninista, direção imprescindível para a vitória sobre os traidores, para o triunfo de socialismo.
Estamos convencidos de que o irmão povo chinês, os verdadeiros revolucionários chineses libertar-se-ão das ilusões e dos mitos. Compreenderão política e ideologicamente que na direção do Partido Comunista da China não existem revolucionários marxista-leninistas mas homens da burguesia, do capitalismo, que seguem um caminho sem qualquer ligação com o socialismo e o comunismo. Mas, para que as massas e os revolucionários o compreendam, é preciso que realizem que o "pensamento Mao Tsetung não é marxismo-leninismo e que Mao Tsetung não foi um marxista-leninista. A crítica que nós, marxista-leninistas, fazemos ao "pensamento Mao Tsetung" nada tem em comum com os ataques a Mao Tsetung empreendidos pelo grupo de Deng Xiaoping em sua luta pelo poder.
Ao falar aberta e sinceramente quanto a essas questões, nós, comunistas albaneses, cumprimos nosso dever de defender o marxismo-leninismo e, simultaneamente, também ajudamos, como internacionalistas que somos, o povo e os revolucionários chineses a encontrar o caminho correto nessa difícil situação que atravessam.
(Segunda Parte: III - A Defesa do Marxismo-Leninismo...>>>)
Inclusão | 03/11/2005 |
Última alteração | 20/01/2013 |