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QUINTA-FEIRA,
3 de NOVEMBRO de 1977
Este é um artigo antimarxista, pois nega a revolução proletária e defende o imperialismo, a burguesia e a reação internacional. Esse artigo prega a unidade do proletariado com a burguesia e tem o objetivo de preparar o terreno para que a China se torne uma superpotência. Nesse artigo, também, a tese predominante dos chineses é a oposição ao social-imperialismo soviético. Porém, a fins de demagogia, para enganar mais profundamente os leitores do jornal ou ouvintes da rádio, ao lado do social-imperialismo soviético eles também colocam o imperialismo americano. Os chineses fizeram isto porque viram que as repercussões de sua tese de que “o imperialismo americano se tornou um rato” não foram boas e essa tese foi devidamente denunciada.
Nesse artigo, verifica-se que o “rato” não é mais um rato, mas uma superpotência com uma economia forte e grande potencial militar, com tendência a uma ampla expansão econômica em todo o mundo. A União Soviética também é supostamente a mesma, exceto pelo fato de que, de acordo com os revisionistas chineses, ela é mais agressiva do que a primeira.
A partir de um estudo cuidadoso desse artigo, pode-se ver que os revisionistas chineses estão tentando colocar na boca de Mao Zedong certas frases sobre a necessidade de fortalecer a solidariedade com os países socialistas, sobre a solidariedade com o proletariado internacional e as nações oprimidas etc. Na realidade, porém, eles estão agindo em uma direção totalmente oposta ao que pregam, porque não estão cumprindo nenhum desses deveres para com os países socialistas e o proletariado internacional. Pelo contrário, toda a sua política tem como objetivo dividir a solidariedade do proletariado internacional e romper a solidariedade com os países socialistas. De fato, os revisionistas chineses não são e não podem ser solidários com os países socialistas, pois eles se incluem no “terceiro mundo”.
Outra questão abordada no artigo é a “bela frase” sobre a necessidade de lutar contra todas as manifestações de chauvinismo das grandes potências nas relações internacionais, que, não sem um propósito, os revisionistas chineses não deixam de repetir em todas as ocasiões, adequadas ou não. Nós, albaneses, que compreendemos a prática das relações com o Estado chinês, já estamos cientes do chauvinismo acentuado e o desejo de transformar a China em um grande Estado, nós compreendemos corretamente que estas frases são um blefe do seu início ao fim. Muitas outras nações e Estados em todo o mundo pensam da mesma forma que nós sobre isso.
Ao enfatizar com frequência que a conjuntura internacional deve ser analisada cientificamente em diferentes períodos, os revisionistas chineses querem, por um lado, convencer os outros de que suas análises são supostamente precisas e favoráveis e, por outro lado, justificar até certo ponto seu desvio pseudo-marxista, anti-proletário, estratégico e tático, portanto, querem ocultar seu afastamento dos caminhos marxista-leninistas. Por mais que eles os usem, essas palavras de ordem não podem disfarçar a traição dos revisionistas chineses.
De acordo com os revisionistas chineses, a teoria dos “três mundos” foi inventada pelo próprio Presidente Mao. Eles dizem que foi Mao quem “olhando realisticamente para a conjuntura geral contemporânea das classes em escala mundial, defendeu e desenvolveu as teses básicas do marxismo-leninismo”. É bom que os revisionistas chineses tenham definido a origem dessa tese, porque isso mostra seu zelo excessivo em adotar as ideias dos inimigos do marxismo-leninismo. Na realidade, não foi a mente de Mao Zedong que deu origem aos “três mundos”. Esse termo já era conhecido pelo mundo antes de ser usado pelos chineses, portanto, antes de 1974. O mundo capitalista, que se opõe a Marx e Lênin, usou o termo “terceiro mundo” para mostrar que, junto com os países grandes, também existiam os outros países que tinham acabado de ser libertados. Os revisionistas chineses copiaram esse produto do vocabulário capitalista — o “terceiro mundo”, que tem a ver apenas com o nível de desenvolvimento econômico desses países — e o definiram como uma “grande força motriz”, supostamente com base no marxismo-leninismo! Não se pode aceitar que a teoria dos “três mundos” seja uma “definição marxista da situação mundial contemporânea”, como enfatizam os propagandistas de Pequim.
Afirma-se nesse artigo que os chineses examinam as manifestações da vida política internacional contemporânea a partir das posições do materialismo dialético, partindo da realidade, e defendem que os outros também deveriam examinar esses problemas a partir das mesmas posições. Para “provar” sua teoria antimarxista, os autores do artigo usaram citações resumidas de Lênin e Stálin que, muito corretamente, disseram que deveríamos examinar os problemas nacionais e internacionais em escala mundial e não isoladamente. Esses notáveis marxistas e dirigentes do proletariado mundial viam o mundo sob o ângulo da revolução proletária, o ângulo da aliança do proletariado com os povos oprimidos. Em flagrante oposição aos ensinamentos de Lênin e Stálin, que eles citam, os revisionistas chineses olham para os problemas nacionais e internacionais, não do ângulo de classe e das posições do materialismo histórico e dialético, mas de uma forma idealista e metafísica. Eles lidam com essas questões com base no desenvolvimento no qual a China está interessada no momento, a fim de se tornar a dirigente dos países que ela chama de “terceiro mundo”. Esse é um de seus objetivos.
Os oportunistas chineses escrevem que a “teoria” de Mao Zedong sobre a divisão em “três mundos” parece, à primeira vista, que tem a ver apenas com as relações contemporâneas entre países e nações. Não tiramos conclusões a partir de uma “primeira vista”. As relações entre países e nações existem na realidade, mas nós, marxista-leninistas, devemos analisar essas relações e suas perspectivas sob o ângulo dos interesses da revolução. É exatamente isso que os chineses não fazem. Eles opõem seus grandes interesses estatais e a luta que estão travando pela direção no “terceiro mundo” à revolução. A luta de classes também deve ser travada nos países do chamado terceiro mundo, mas de que ângulo? Nós dizemos: do ponto de vista dos interesses da revolução e da derrubada da burguesia, do bárbaro capitalismo, enquanto os oportunistas chineses defendem a conciliação de classes. Para garantir a segurança, eles às vezes dizem que essa ou aquela questão deve ser vista do ponto de vista de classe, mas, para negar a visão de classe, eles acrescentam que essas questões são “extraordinariamente complicadas e, ao mesmo tempo, mutuamente ligadas”. Isso significa que o desenvolvimento da luta de classes, especialmente nos países do “terceiro mundo”, supostamente não é tão fácil de entender, que muitos problemas da luta de classes não podem ser resolvidos a não ser com a ajuda de “notáveis intelectuais chineses”, portanto, é preciso virar os olhos para a China! Eles dizem que para tirar conclusões sobre os fenômenos da vida política internacional e fazer uma divisão correta das forças políticas no mundo, é preciso partir da luta de classes internacional como um todo e os problemas devem ser analisados concretamente, em conexão com a época, o país e as condições dadas. Embora digam isso, na prática, na vida, eles agem de forma diferente, fazem o oposto, interpretando e relacionando os fenômenos e eventos da vida de forma abstrata, irrealista e pragmática. Os revisionistas chineses aplicam os termos “idealista”, “metafísico”, “abstrato”, “isolado”, etc., às pessoas e aos partidos que não aceitam seus sofismas. Com estas palavras de ordem, eles estão mirando em nós, embora saibam que não somos nós e os outros marxista-leninistas genuínos do mundo, mas precisamente os revisionistas chineses, que, como todos os outros revisionistas, revisaram e violaram o significado e a aplicação do marxismo-leninismo, na teoria e na prática, da pior maneira possível.
Os chineses proclamam em alto e bom som que “os marxista-leninistas devem se posicionar ao lado do proletariado internacional, devem sempre defender os interesses comuns dos povos revolucionários do mundo na luta de classes internacional, devem sempre defender e lutar por seu programa máximo: a substituição da ordem capitalista pela ordem comunista”. Em geral, essas declarações no artigo chinês são feitas com fins de pura demagogia e simplesmente querem disfarçar suas reais intensões, porque eles não lutaram e não estão lutando ao lado do proletariado internacional, não defenderam e não estão defendendo os interesses dos povos revolucionários. Manter relações com a reação e com os fascistas mais sanguinários, como Pinochet, Strauss, o Xá do Irã e Mobutu, que são os mais notórios carrascos dos povos, significa desconsiderar totalmente os interesses do proletariado internacional e os interesses do proletariado de um determinado país, que coincidem com os do proletariado internacional. Os chineses inventaram inúmeras frases bombásticas, mas não julgamos suas palavras separadamente de seus atos. Quando comparamos as frases marxista-leninistas dos chineses com suas posições e práticas, fica clara a falsidade das teorias que eles aplicam.
Os dirigentes revisionistas chineses ensinam ao proletariado que, ao travar a luta na arena internacional em determinados períodos históricos, ele deve se esforçar para unir todos aqueles que podem ser unidos, a fim de aumentar as fileiras das forças progressistas. Mas, na realidade, qual é a posição que os revisionistas chineses mantêm nessa direção? Eles convocam o proletariado internacional a se unir até mesmo com a reação mais cruel!
Nesse artigo, os chineses “aconselham” que, em diferentes períodos históricos, o proletariado deve escolher seus próprios aliados. No entanto, eles mesmos se esquivam dessa justa tese, enquanto recomendam ao proletariado internacional que ele deve se reconciliar com a reação mundial e se unir às forças políticas reacionárias. Mais adiante, a fim de “confirmar” suas posições supostamente corretas, os chineses continuam o artigo apresentando uma série de citações de Lênin e Stálin, que eles descaradamente resumem e distorcem. Mas que posições os chineses querem “confirmar”? A referência é àquelas ligadas às suas “análises realistas” da conjuntura internacional, que supostamente se baseiam no marxismo-leninismo. Nessas “análises”, os chineses usam muitas das citações de Lênin e Stálin que usamos em nossos materiais, por exemplo, “agora há dois mundos, o velho mundo, — o capitalismo, — e o novo mundo que está nascendo”, que Lênin disse em 1921; ou as palavras de Stálin de que “O mundo está dividido definitiva e finalmente em dois campos: o campo do imperialismo e o campo do socialismo”.
Essas duas ideias principais de Lênin e Stálin constituem a base fundamental da análise de qualquer período, para a divisão das forças políticas no mundo, mas como a teoria dos “três mundos” é fraudulenta, os chineses não deixam de enfatizar imediatamente que essas duas citações “refletem uma contradição nova e fundamental, que surgiu no mundo após a Revolução de Outubro”. Portanto, de acordo com eles, essas definições também são supostamente obsoletas, tornaram-se ultrapassadas! Dessa forma, eles encontraram uma “boa desculpa” para defender sua invenção dos “três mundos”. Os chineses dizem que “Lênin e Stálin nunca pensaram que não houvesse outras contradições fundamentais no mundo, que as forças políticas no mundo não pudessem ser divididas de outra forma”. Essa “desculpa” não é nem um pouco necessária e serve apenas para preencher as linhas do artigo e criar a impressão de “raciocínio” e “argumento” na polêmica, porque ninguém disse que Lênin e Stálin jamais pensaram que não existiam outras contradições principais no mundo. Lênin e Stálin, como materialistas dialéticos que eram, definiram as contradições corretamente, mas os oportunistas chineses, sendo ecléticos, não definem essas contradições em seu artigo, porque se eles fossem empreender tal tarefa, a falsidade de seus pontos de vista seria clara para todos, e a distorção que eles fazem de Marx, Engels, Lênin e Stálin seria óbvia.
Os chineses tentam “provar” que a teoria dos “três mundos”, cuja origem eles atribuem absolutamente a Mao Zedong, é supostamente uma continuação das teses de Lênin, que disse no 2º Congresso da Internacional Comunista em 1920:
“A qualidade característica do imperialismo se baseia no fato de que o mundo inteiro está dividido atualmente em um grande número de nações exploradas e um número muito pequeno de nações exploradoras, que têm uma riqueza colossal e uma grande força militar à sua disposição”(1).
Essas ideias de Lênin estão corretas e ninguém se opõe a elas, mas elas não provam de forma alguma que o mundo está dividido em três partes, como é do gosto dos revisionistas chineses. Qualquer análise política e econômica que possa ser feita do mundo com base na teoria leninista deve destacar a característica fundamental de sua divisão em capitalista e socialista, caso contrário, a análise não pode ser leninista. Essa análise não se opõe de forma alguma e não nega o fato de que existem nações exploradoras e exploradas no mundo. Entretanto, citar Lênin para provar, com base em suas ideias, que o mundo está supostamente dividido em três é algo que somente os revisores do leninismo poderiam fazer. E nessa divisão fictícia do mundo, os revisores do leninismo são os revisionistas chineses.
Vejamos outra citação da obra de Stálin Os Fundamentos do Leninismo, onde, em 1924, ele escreve:
a) “O mundo está dividido em dois campos: de um lado, um punhado de nações civilizadas, que detêm o capital financeiro e exploram a enorme maioria da população do globo; de outro, os povos oprimidos e explorados das colônias e dos países dependentes, que constituem essa maioria”(2).
Os chineses mencionam essa citação para “provar” que, além da contradição fundamental à qual Lênin e Stálin se referem, há também outras contradições no mundo que nós, comunistas albaneses, supostamente esquecemos!
Não nos esquecemos dessas contradições, mas, ao contrário, as enfatizamos constantemente. Ao mesmo tempo em que temos em mente o papel das contradições, não esquecemos que elas são divididas em contradições principais e não principais, que nos processos complexos que são observados nas coisas e fenômenos do mundo real, todos os tipos de contradições principais e não principais estão emaranhadas, mas para estudar e analisar os processos complexos corretamente, a contradição mais importante deve ser descoberta, ou seja, a contradição fundamental que determina o desenvolvimento de todas as outras contradições, e de cuja resolução depende a resolução de todas as demais contradições. Não nos esquecemos, mas defendemos resolutamente as leis da dialética. Os revisionistas chineses querem se esquivar da dialética materialista e se disfarçar com muitas citações tiradas aleatoriamente dos clássicos do marxismo-leninismo, que eles separam e combinam neste artigo de tal forma que não só não podem ser entendidas corretamente, mas seu significado correto é distorcido para o oposto do que seus autores afirmaram muito claramente.
Quem são os comunistas genuínos que negam, como afirmam os chineses, que, quando tiveram de fazer uma divisão concreta de todos os lados das forças políticas do mundo neste ou naquele período, Lênin e Stálin analisaram as contradições fundamentais do mundo como um todo? Todos os marxista-leninistas do mundo reconhecem o fato de que, para a definição da época atual, todas as principais contradições devem ser analisadas como um todo a fim de definir a contradição fundamental. São precisamente os chineses que evitam essa análise realista da divisão das forças políticas no mundo. A divisão do mundo em “primeiro”, “segundo” e “terceiro” mundos, como fazem os chineses, significa encobrir as contradições, desconsiderar uma ou outra grande contradição social e deixar de analisá-las como um todo.
Os revisionistas chineses usam citações de Marx e Engels, no lugar e fora do lugar, e dão a elas interpretações que, segundo eles, servem para provar suas próprias teses antimarxistas. Eles citam o famoso apelo de Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista: “Proletários de todos os países, uni-vos!”, e depois acrescentam que, junto com isso, eles demonstraram pela primeira vez “a conexão inseparável da causa do proletariado internacional com a luta de libertação das nações oprimidas”. Tudo isso é verdadeiro e já muito bem conhecido. Mas são os próprios chineses que se esquecem de que o apelo de Marx e Engels surgiu para tornar conhecido do proletariado mundial que a contradição fundamental da sociedade humana era agora aquela entre o trabalho e o capital, entre a burguesia e o proletariado, que resolveria essa contradição por meio da revolução. Os revisionistas chineses não mencionam a conexão da luta do proletariado com a luta de libertação nacional dos povos oprimidos ou a revolução proletária, mas enfatizam a unidade do proletariado e dos povos oprimidos e explorados com seus opressores e exploradores mais bárbaros e ferozes, com o imperialismo americano e a burguesia mundial reacionária!
Em seu artigo, os revisionistas chineses mencionam a citação de Engels que disse:
“Nenhuma nação pode ser livre e, ao mesmo tempo, oprimir outras nações. Consequentemente, a libertação da Alemanha não pode ser realizada sem a libertação da Polônia de sua opressão pelos alemães”(3).
O que os chineses querem provar com essa citação de Engels? O problema deles é “provar” que o proletariado soviético não pode alegar que está lutando pela libertação de outros povos, quando ele próprio, supostamente, os escraviza, e que, pela mesma razão, o proletariado dos países da Europa Ocidental, o proletariado americano e o proletariado dos países capitalistas do “terceiro mundo” são supostamente indignos de lutar pela libertação de diferentes povos. Então, quem é supostamente digno de lutar pela libertação dos povos? De acordo com o artigo chinês, parece que somente a China pode realizar essa luta! Eles inserem essa declaração correta de Engels em algum lugar de seu artigo, sem fazer qualquer diferenciação entre o proletariado da Rússia e de outros países, por um lado, e seus opressores, por outro, sem chamá-los a se insurgir em uma revolução contra os opressores e contra uma guerra imperialista. O proletariado em todos os países onde é oprimido deve ser despertado para a luta, junto com seus aliados naturais, para cumprir sua missão histórica. Se a citação de Engels for entendida não como Engels a declarou, mas como os revisionistas chineses a interpretam, então não podemos ter esperanças na revolução proletária. Os “comentários” que o artigo chinês faz sobre as justas teses de Marx e Engels estão em total conformidade com as opiniões antimarxistas dos revisionistas chineses.
Marx e Engels deram grande importância à libertação dos povos da Polônia, Irlanda, China e Índia, porque esses povos eram os mais oprimidos. Hoje, o proletariado francês, espanhol, russo e americano também é oprimido pelas classes burguesas no poder. Esse proletariado não deve ser deixado de lado no cenário político, mas, ao contrário, é necessário que ele tenha uma palavra a dizer sobre todas as coisas que estão ocorrendo e sobre todas as coisas que os governantes imperialistas e os traidores social-imperialistas estão fazendo nos países capitalistas e revisionistas. Portanto, os comunistas genuínos devem conclamar o proletariado desses países a se levantar em uma revolução para derrubar as facções burguesas e traidoras que estão governando os povos.
Nossos clássicos viam cada movimento nacional e as diferentes forças políticas sob o ângulo dos interesses do proletariado internacional. Eles nos ensinaram que a revolução pode triunfar no elo mais fraco do capitalismo internacional. Nossos grandes mestres também nos ensinam que a independência de um povo, conquistada por meio da revolução, ajuda a libertação de outros povos também, seja na Europa, na Ásia ou em outras partes do mundo. Os revisionistas chineses não partem dessas visões marxistas. Pelo contrário, eles veem os movimentos nacionais e as diferentes forças políticas do ponto de vista de seus interesses de se tornarem uma superpotência e, portanto, ajudaram e estão ajudando não as lutas dos povos pela independência, mas as facções reacionárias que estão governando esses povos. É por isso que os chineses pregam para o proletariado a paz social e a colaboração com a burguesia.
Com o objetivo de provar sua tese de que “o social-imperialismo soviético se tornou o principal inimigo dos povos do mundo, que ele é o centro da reação mundial que está ameaçando o mundo com uma guerra”, os revisionistas chineses se referem a Marx e Engels, em seu artigo, citando as ideias expressas por eles em 1848 sobre o perigo do czarismo. Não há dúvida de que o czarismo era o bastião da reação europeia e, portanto, precisava ser combatido, e Lênin levou a cabo essa luta com os bolcheviques russos, com os quais o proletariado de todos os países do mundo estava unido. No entanto, as ideias corretíssimas de Marx contra o czarismo não provam de forma alguma o que os chineses querem provar agora, que o social-imperialismo soviético sozinho é o principal inimigo dos povos do mundo. Partindo de uma análise marxista-leninista, insistimos que, além do social-imperialismo soviético, o imperialismo americano, juntamente com toda a reação mundial, são inimigos dos povos. Todos esses inimigos, em unidade e em contradição uns com os outros, estão em guerra com o proletariado internacional em geral e com o proletariado de cada país em particular. Todos eles estão em guerra com os povos que estão exigindo a libertação nacional e social, portanto, o proletariado e os povos devem estar ligados em uma unidade de aço para combater os perigosos inimigos que estão enfrentando.
Os revisionistas chineses nos dizem que Marx e Engels não só não se esqueceram da luta de classes em escala internacional, como também, ao apontar o dedo para a reação czarista russa, estavam tendo em mente os interesses fundamentais do proletariado mundial. Que demagogos eles são! Se eles supostamente têm fé em Marx e Engels, por que não aplicam seus ensinamentos? Por que fazem o contrário e entram em aliança com o imperialismo americano, com o imperialismo britânico, com o imperialismo francês e alemão etc.? Do estudo de Marx, conclui-se que, para alcançar suas aspirações, o proletariado, ao travar a luta de classes em escala internacional, nunca deve se unir a essa reação internacional funesta. Não basta apenas “saudar” o ímpeto revolucionário dos povos na luta pela libertação, como fazem os revisionistas chineses, mas devemos saber como guiar esse ímpeto da melhor maneira possível, de acordo com os ensinamentos de nossos quatro grandes clássicos — Marx, Engels, Lênin e Stálin (e não de acordo com as ideias idealistas e ecléticas de Mao Zedong), que definiram claramente para nós o que deve ser feito para alcançar a libertação dos povos do jugo do capital.
Com o objetivo de mostrar que supostamente estão com Lênin e para usar o nome de Lênin como uma máscara para esconder seu anti-leninismo, os revisionistas chineses rechearam seu artigo, entre outras coisas, com longas citações tiradas do artigo de Lênin sobre Os Destinos Históricos da Doutrina de Karl Marx, no qual ele escreveu:
“Não tinham ainda os oportunistas acabado de congratular-se com a ‘paz social’ e a desnecessidade de tempestades sob a ‘democracia’ quando uma nova fonte de grandes tempestades mundiais se abriu na Ásia. À revolução russa seguiram-se a turca, a persa e a chinesa”(4).
Podemos dizer o mesmo sobre a outra citação do artigo de Lênin de 1916 Sobre uma Caricatura do Marxismo e sobre o “Economismo Imperialista”, segundo a qual:
“A revolução social não pode produzir-se senão na forma de uma época que combine a guerra civil do proletariado contra a burguesia nos países avançados com toda uma série de movimentos democráticos e revolucionários, incluindo nacional-libertadores, nas nações não desenvolvidas, atrasadas e oprimidas”(5).
Para evitar tropeçar em si mesmos, os revisionistas chineses fazem um “comentário” muito curto sobre essas citações, e de forma concreta: “É claro que essa visão leninista mantém sua força até hoje”. Porém, se analisarmos a linha do Partido Comunista da China (PCCh) hoje, ela está em flagrante oposição a essas teses principais de Lênin e ao leninismo como um todo. Lênin nunca aconselhou os povos que os movimentos democráticos e revolucionários, ou os movimentos de libertação nacional, deveriam ter como alvo apenas os inimigos imperialistas externos, e não também os inimigos internos, os colaboradores do imperialismo, como fazem os oportunistas chineses. Eles “esqueceram de aplicar” os ensinamentos de Lênin sobre a luta do proletariado em escala nacional e internacional.
No 2º Congresso da Internacional Comunista, Lênin apresentou o informe sobre a situação internacional e as tarefas fundamentais da Comintern. Analisando os objetivos da guerra imperialista e apresentando a situação do mundo após essa guerra, ele diz que uma parte da população do mundo vive nos países coloniais, uma parte nos países que conseguiram preservar a antiga situação e, finalmente, menciona os povos de alguns países que ganharam com a divisão do mundo. Esse balanço das consequências da guerra imperialista, feito por Lênin em julho de 1920, é totalmente correta, mas não pode servir de forma alguma para apoiar a tese oportunista chinesa de “três mundos” ou “três grupos”, como eles dizem. Quando nosso partido rejeita a teoria antimarxista chinesa dos “três mundos”, somos guiados inteiramente pelos ensinamentos de Lênin e também temos em mente o informe de Lênin ao 2º Congresso da Internacional Comunista. No entanto, os revisionistas chineses citam essa análise marxista de Lênin para criar a ilusão de que sua ideia sobre as causas da guerra imperialista e suas consequências para os povos do mundo é supostamente a mesma que a ideia de Mao Zedong sobre os “três mundos” e, como conclusão, que as alianças do proletariado dos povos oprimidos contra a burguesia reacionária defendidas por Lênin são idênticas às alianças defendidas por Mao Zedong! Se fosse verdade que Lênin, no 2º Congresso da Comintern, quisesse insinuar que o mundo estava dividido em três partes, algo que se adequa ao desejo dos revisionistas chineses, ele não teria declarado um ano depois, em dezembro de 1921, no 9º Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia: “Agora existem dois mundos”, mas teria falado de três mundos.
Lênin não disse, nem em 1920, nem antes, nem depois, que o proletariado deveria se unir ao imperialismo americano ou britânico. Pelo contrário, ele enfatizou a contradição fundamental entre o proletariado e a burguesia, mostrou o caminho para a libertação do proletariado, por meio da revolução proletária, e da libertação dos povos oprimidos, por meio das guerras de libertação nacional. A teoria dos “três mundos”, no entanto, ignora esses ensinamentos de Lênin e não apresenta nenhuma tarefa para a revolução.
Para a preparação de seu artigo, os chineses começaram a trabalhar para reunir um grande número de citações de Marx, Engels, Lênin e Stálin. Essas citações ocupam talvez um terço de todo o artigo e são usadas para “provar” coisas que não podem ser provadas. Eles usam citações condensadas, tiradas do contexto, para adaptá-las à sua teoria dos “três mundos”, que eles apresentam como supostamente marxista-leninista e baseada nos ensinamentos de nossos grandes clássicos! Eles acham que essas citações podem ser interpretadas arbitrariamente e de todas as formas, e tanto os direitistas quanto os esquerdistas as manipulam de acordo com seus desejos. O uso indevido de citações para unir os pontos de vista dos clássicos aos seus pontos de vista de forma mecânica e sem princípios é uma posição típica do ecletismo chinês de Mao Zedong. Como já disse em outras ocasiões, ele mesmo admitiu que suas ideias seriam utilizadas tanto pelos esquerdistas quanto pelos direitistas. Essa interpretação evasiva pode ser feita das ideias dos oportunistas, daqueles que oscilam entre o materialismo e o idealismo, dos sofistas, etc., mas não dos nossos grandes clássicos, Marx, Engels, Lênin e Stálin, porque eles são teóricos de uma grande doutrina científica, que nos prepara para o presente e para o futuro corretamente e não permite que falsas interpretações de períodos históricos sejam feitas no dinamismo do desenvolvimento dialético dos eventos. As análises de nossos clássicos baseiam-se na verdade concreta e inegável, portanto, aquele que as compreende pode usá-las como uma balança para avaliar se suas atividades estão corretas ou não. Aquele que distorce as conclusões dessas análises não pode justificar suas ações incorretas por meio de citações mutiladas e interpretações absurdas. Os marxistas genuínos confrontam suas ações com as ideias dos clássicos do marxismo-leninismo, enquanto os renegados tentam impor suas ações adversas aos clássicos por meio de citações mutiladas, interpretações arbitrárias, falsificações, etc.
Foi isso que os revisionistas chineses fizeram com o grande número de citações que apresentaram em seu artigo. E eles fizeram isso porque não conseguem provar suas teses oportunistas. Vamos dar um exemplo apenas para ilustrar. Falando sobre o caráter dos diferentes movimentos nacionais, em sua obra Os Fundamentos do Leninismo, Stálin chega à conclusão de que o caráter revolucionário ou reacionário de um movimento nacional deve ser julgado pelo fato de que, objetivamente, sua direção é esmagar e se livrar do imperialismo ou consolidar o triunfo do imperialismo.
“Objetivamente, — diz Stálin, — a luta do emir do Afeganistão pela independência do Afeganistão é uma luta revolucionária”(6).
Stálin está correto, porque o emir a que ele se referiu dizimou os exércitos britânicos nas passagens dos Pamirs; de todo o grande exército dos ocupantes britânicos, apenas três pessoas, incluindo um médico, conseguiram lutar para voltar à Índia. Os revisionistas chineses absolutizam esse exemplo de Stálin, que se refere corretamente a um incidente histórico concreto, para chegar à conclusão de que supostamente têm a autorização de Stálin para ajudar e apoiar todos os monarcas e príncipes reacionários do mundo, até Mobutu, que não passa de um agente do imperialismo americano, um opressor “moderno” do povo congolês.
Para justificar a aliança que defendem hoje entre o proletariado e os povos oprimidos, por um lado, e o imperialismo americano e os outros imperialismos, por outro, contra o social-imperialismo soviético, os revisionistas chineses não deixam de apresentar como “argumento” a grande aliança antifascista entre a União Soviética e os anglo-americanos contra a Alemanha hitlerista na Grande Guerra Patriótica. Esse estilo chinês de raciocínio é tão absurdo que só pode servir para expor seus autores. Os fatos e eventos históricos devem ser concebidos em estreita conexão com as condições e circunstâncias de seu próprio tempo.
Em uma nota anterior, eu disse que é verdade que Stálin e o governo soviético propuseram aos britânicos e aos franceses uma aliança para impedir a guerra agressiva que Hitler havia declarado ao ocupar a Tchecoslováquia. Sabe-se que a União Soviética e a França tinham um acordo na época para ajudar a Tchecoslováquia se ela fosse atacada por uma terceira potência. A França não cumpriu suas promessas e, após a traição de Munique pelas “democracias” ocidentais, a Tchecoslováquia foi ocupada pelos hitleristas. Depois desse ato, as “democracias” ocidentais tentaram direcionar a Alemanha hitlerista para o leste. Vendo o perigo hitlerista, a França e a Grã-Bretanha tentaram formar uma “unidade de combate” com a União Soviética, que indicou sua disposição para isso. Mas isso foi apenas uma “encenação” ridícula por parte da Grã-Bretanha e da França. A União Soviética e Stálin, julgando corretamente a situação e sabendo do perigo da agressão hitlerista, assinaram um “Pacto de Não-Agressão” com a Alemanha nazista para ganhar tempo. Esse foi um ato no caminho marxista-leninista. Hitler atacou a Polônia e, em seguida, a Grã-Bretanha e a França entraram na guerra, e quando a Alemanha atacou a União Soviética, a aliança antifascista da União Soviética com a Grã-Bretanha foi concretizada.
É bastante natural que, naquele momento, a União Soviética fizesse uma aliança com esses Estados imperialistas contra o fascismo alemão que estava ameaçando o mundo. Portanto, a decisão de Stálin e do governo soviético de participar dessa aliança antifascista não pode ser identificada com a aliança que a China está defendendo hoje com os Estados Unidos da América, os outros imperialistas e os países do “terceiro mundo” contra a União Soviética. A história não pode ser falsificada, como os revisionistas chineses estão fazendo, a fim de esconder sua traição.
A China considera que estamos enfrentando uma guerra iminente. Pode haver uma guerra imperialista, se não hoje, amanhã. No entanto, Deng Xiaoping declarou que não haverá guerra por vinte anos, portanto, de acordo com ele e com a teoria oportunista chinesa dos “três mundos”, durante essas duas décadas os povos não devem se levantar em uma revolução. Eles não devem lutar contra os opressores internos e externos, mas devem consolidar suas alianças com os imperialistas e seus opressores e defender todos os acordos e alianças predatórias que o imperialismo americano e os outros imperialistas ocidentais conseguiram. Na verdade, a China está pregando que durante todos esses próximos 20 anos deve haver calma.
Observando as posições de Stálin contra o nazismo alemão e o fascismo italiano antes da Segunda Guerra Mundial, fica claro que a comparação que os revisionistas chineses estão tentando fazer não pode ser conciliada com as teses do marxismo-leninismo, mas também fica claro por que essa comparação está sendo feita. A razão para defender a aliança com o imperialismo baseia-se no fato de que a China quer ter o apoio do imperialismo americano e dos outros países capitalistas desenvolvidos do mundo para que ela também possa se tornar uma superpotência. Os chineses também estão praticando a chantagem da guerra iminente e da bomba atômica, que os americanos e os soviéticos estão exercendo, com o objetivo de intimidar o proletariado para que ele não se levante em revolução, não crie e consolide alianças com o campesinato pobre e o povo trabalhador explorado de seu próprio país e alianças em nível internacional, mas fique quietinho até que a China possa se tornar uma superpotência e contrabalançar as outras duas superpotências, em uma palavra, até que a China também tenha se preparado para a guerra predatória e a conquista de mercados.
Quando se lê esse artigo “importante” dos chineses sobre a teoria dos “três mundos”, surge uma pergunta na mente de todos: Por que ele foi escrito e a quem ele serve? Pensando nisso, chega-se imediatamente à conclusão de que esse artigo é dirigido contra as teses revolucionárias do 7º Congresso de nosso partido, bem como contra o artigo Zëri i Popullit de 7 de julho deste ano, intitulado A Teoria e a Prática da Revolução e outros artigos que publicamos. Nossas teses são corretas, militantes, marxista-leninistas, e seu objetivo é explicar corretamente a situação internacional e os processos revolucionários que a caracterizam, a fim de armar os comunistas albaneses e todas as massas que as leem e estudam. Essas teses de nosso Partido para combater o imperialismo, seja ele americano ou soviético, bem como outros imperialismos e a reação mundial, auxiliam a luta pela revolução, ajudam a elevar os povos na luta de libertação nacional contra o capitalismo dentro do país e em escala internacional. Esses são os objetivos das teses que apresentamos. O objetivo dos revisionistas chineses ao publicar seu artigo, ao contrário, é muito ruim, pois ignora a questão principal, a luta que todos os povos do mundo devem travar contra seus principais inimigos. No artigo chinês, não se vê uma única tarefa revolucionária apresentada, não se vê a principal tarefa revolucionária, a luta de libertação nacional dos povos contra seus opressores capitalistas, não se vê os interesses da revolução mundial ou os interesses de um país específico no elo mais fraco do imperialismo mundial.
As palavras “revolução” e “luta de libertação nacional” não podem ser encontradas em nenhum lugar deste artigo. Portanto, esse artigo não foi escrito com o objetivo de despertar os povos, de educá-los e de mostrar-lhes o caminho da luta. Então, o que esse artigo dos chineses diz ao proletariado e aos povos? Está claro que seu principal objetivo é demonstrar que a teoria dos “três mundos” de Mao Zedong é supostamente uma teoria marxista-leninista justa, mas que na realidade apenas serve à sua causa antimarxista. Esse é o principal objetivo para o qual este artigo foi escrito.
Seu outro objetivo é lutar contra nós e sufocar a revolução, sufocar a luta de libertação nacional e defender a aliança do proletariado e dos povos oprimidos com a burguesia reacionária, o imperialismo americano, o imperialismo britânico, francês, japonês e outros imperialismos. Em uma palavra, de acordo com esse artigo, o proletariado de hoje deve ir à escola para aprender o marxismo-leninismo porque, de acordo com os chineses, seus princípios são muito complicados e somente os chineses os “conhecem” e “entendem” (!). De acordo com eles, é por isso que o proletariado ainda não atingiu o nível necessário para realizar a revolução, portanto, primeiro ele deve aprender o marxismo-leninismo. Os dirigentes chineses têm se destacado por essa loucura antimarxista! Mao Zedong despertou as crianças, os alunos do ensino médio, os “guardas vermelhos”, que não tinham a menor ideia do marxismo-leninismo, e eram eles que deveriam ensinar ao partido “marxista-leninista” da China e ao proletariado chinês como o marxismo-leninismo deveria ser aplicado. Portanto, aqueles que não tinham um pingo de conhecimento sobre o marxismo deveriam ensinar ao Partido Comunista da China e ao proletariado chinês o marxismo-leninismo! Esse é o conteúdo antimarxista das teses de Mao, segundo as quais os estudantes deveriam ensinar ao proletariado sua própria ideologia, ensiná-lo a aplicar sua própria ideologia e, como vimos, eles o ensinaram “muito bem”, conseguindo destruir todo o partido, liquidando o Partido Comunista da China.
A tese sobre o papel hegemônico do campesinato na revolução é antimarxista e revisionista. Assim como o “conselho”, o único “conselho”, antimarxista e revisionista do início ao fim, que a China se dá ao trabalho de dar ao proletariado mundial, e especialmente ao proletariado europeu, de que ele deve primeiro aprender o marxismo-leninismo e depois se lançar na revolução. Isso é o mesmo que a “teoria dos quadros” de Anastas Lulo e Andrea Zisi, segundo a qual, primeiro, os quadros devem ser treinados e, depois, pode-se prosseguir para a formação do partido e da revolução. Em uma palavra, de acordo com Deng Xiaoping, temos um período de vinte anos, no qual devemos permitir que o imperialismo americano e a burguesia reacionária se fortaleçam em todos os países do mundo e, então, ver o que devemos fazer depois disso. Seu antigo mestre, o revisionista Liu Shaoqi, fez a mesma coisa quando, em 1949, defendeu que a China não deveria empreender a construção do socialismo, mas deveria continuar no antigo curso que havia herdado, deveria permitir que a burguesia chinesa e os kulaks governassem a China por trinta anos completos após sua libertação e, durante esse tempo, “o proletariado ganharia experiência para agir”!
Portanto, está claro que os objetivos das teses desse artigo pseudo-marxista chinês não servem à revolução e às lutas de libertação nacional, mas prestam um ótimo serviço ao imperialismo, à reação mundial e à China, que agora se lançou no caminho capitalista e está se preparando para se transformar em uma superpotência social-imperialista mundial.
Lênin e Stálin defenderam a revolução, enquanto neste artigo os revisionistas chineses afirmam que devemos aprender com Lênin para saudar e apoiar calorosamente os movimentos de libertação das nações oprimidas da Ásia, África, América Latina e outras regiões do mundo de uma forma leninista. Isso é tudo, de acordo com eles, e então devemos aplaudir. Mas quem? Devemos aplaudir todos aqueles que os chineses aconselham e ensinam que não devem lutar pela revolução, que não devem se lançar na luta pela libertação nacional, que devem se contentar com a pseudo-liberdade e a pseudo-independência que conquistaram ou que os vários imperialistas lhes deram pela bondade de seus corações. Essa é toda a “filosofia” que os chineses pregam.
Nesse artigo, os revisionistas chineses se mostram chauvinistas até mesmo em seu uso de números. Lênin e Stálin usaram números para ilustrar o número de pessoas escravizadas, dominadas e exploradas pelo imperialismo, enquanto mostravam o que eles e os marxista-leninistas deveriam fazer para se libertar da escravidão. Entretanto, o que acontece com os revisionistas chineses? Eles continuam a usar esses números e a compará-los com o tamanho do território e a população da China como suposta prova de que o “terceiro mundo”, com a China incluída nele, constitui a maioria esmagadora e que todo esse “mundo” como entidade é a principal força motriz da revolução! Isso é uma distorção do significado das citações de Lênin e Stálin, uma distorção feita com objetivos pseudo-marxistas terríveis para enganar os povos e o proletariado para que não se levantem na revolução e tenham uma opinião absurdamente inflada sobre a China de Mao Zedong de 800 milhões. Ou seja, de fato, se não de direito, eles devem aceitar a hegemonia da China no chamado terceiro mundo, porque o uso de números pela China e sua inclusão no “terceiro mundo” mostra claramente o grande peso que ela deseja ter nesse grande agrupamento de centenas de milhões de pessoas, portanto, esse “mundo” deve pensar que a palavra da China é a palavra de Deus e esses povos devem segui-la cegamente no curso desastroso para o qual ela quer conduzi-los.
Um pouco antes, escrevi que o artigo chinês foi publicado muito tempo depois da realização de nosso 7º Congresso e da publicação dos artigos que se seguiram a esse Congresso. Durante esse período, os pseudo-teóricos chineses sentiram o pulso do mundo, o pulso do movimento comunista internacional em relação às nossas teses. Vemos que nesse artigo são feitos esforços disfarçados para amenizar, até certo ponto, a má impressão que suas falsas teses sobre a teoria dos “três mundos” causaram no mundo e no movimento comunista internacional. É por isso que, em seu artigo editorial, os revisionistas chineses tentam, de uma maneira muito fraca, é claro, provar que o imperialismo americano ainda é poderoso, que sua economia não está enfraquecida, que suas forças militares não foram reduzidas, mas aumentaram, que ele mantém um grande número de soldados em todo o mundo, etc., etc., mas surpreendentemente não fazem nenhuma menção à OTAN, esse tratado agressivo contra os povos. Eles não a mencionam, não dizem nada contra ela, não dão a menor explicação sobre quando esse famigerado tratado foi estabelecido e contra quem. Na época em que sua estratégia não estava em seu curso atual, Mao Zedong, pessoalmente, e os chineses não deixaram nada por dizer contra o imperialismo americano e a OTAN. Agora, mantém-se silêncio total sobre eles. Isso mostra sua aliança com o imperialismo americano. No entanto, eles fazem essa “mudança” para uma avaliação um pouco mais realista do social-imperialismo soviético e do imperialismo americano porque foram obrigados. É claro que essa situação não cria dificuldades para eles com os Estados Unidos da América, porque os americanos estão acostumados a essas críticas e palavras de ordem, muitos dos quais foram emitidos por Khrushchev, na verdade muito mais fortes do que os dos chineses. Os americanos não se incomodam com essas repetições obsoletas dos chineses sobre o poder econômico ou militar do imperialismo americano. Nem os Estados Unidos da América nem os outros estados imperialistas se preocupam com essas declarações dos chineses porque entendem a essência de sua “teoria”, têm clareza da linha que estão seguindo e sabem que essa linha foi determinada como resultado de um acordo total com eles.
No entanto, os chineses foram obrigados a fazer essa “troca” por causa da luta do Partido do Trabalho da Albânia e para melhorar um pouco suas teses antimarxistas, porque elas causaram e ainda causam uma impressão extremamente desagradável nos povos do mundo, quando eles veem que a China está defendendo o imperialismo americano, quando defende a aliança com todos os imperialistas contra o social-imperialismo soviético e quando defende a aliança com a burguesia capitalista opressora de todos os países do mundo. Portanto, os chineses tiveram que tomar algum tipo de posição nesse sentido e suavizar algumas arestas.
Este artigo é uma tentativa vã de atingir esses objetivos. Os revisionistas chineses também tentam, em vão, por meio desse artigo, se passar por realistas, supostamente para explicar a teoria dos “três mundos”, que eles lançaram como palavra de ordem sem dar nenhuma explicação do ponto de vista teórico, político ou militar. Por mais que tentem explicar que, é claro, nesses países do “terceiro mundo” há elementos e dirigentes reacionários, bem como dirigentes progressistas, há agentes do imperialismo americano e agentes do social-imperialismo soviético, etc., etc., ainda assim a falsidade de sua “objetividade” é bastante óbvia. Eles adotam essa falsa posição para dizer aos seus leitores que “essas coisas são verdadeiras, portanto, mesmo que não as tenhamos dito, é assim que as entendemos”. Mas os chineses não dizem uma única palavra sobre o que os povos devem fazer, sobre o que o proletariado deve fazer contra as facções que governam os diferentes países do mundo, que são facções antipopulares e, além disso, agentes do imperialismo americano ou do social-imperialismo soviético.
Todo o artigo do Renmin Ribao sobre os “três mundos” não tem valor teórico algum, não tem nenhum traço de marxismo-leninismo. É antimarxista e revisionista do começo ao fim. Nenhuma verdade ou objetivo revolucionário pode ser encontrada nele. Tudo nesse artigo está a serviço da causa contrarrevolucionária de proteger as potências imperialistas e manter a atual situação do capitalismo no mundo. O objetivo de manter esse status quo é que, durante esse período, a China deve se armar com os meios mais modernos e receber ajuda para fortalecer sua economia de guerra.
Os dirigentes chineses acham que esse artigo causará um impacto sobre os povos e os comunistas do mundo, mas estão enganados. E, de fato, vemos que isso não ocorreu entre a opinião pública mundial sobre esse artigo do Renmin Ribao. Vimos apenas duas ou três reportagens e comentários sobre o artigo chinês das principais agências de notícias que apontaram que a China ataca a União Soviética em um artigo editorial. Enquanto isso, com relação ao artigo do Zëri i Popullit de 7 de julho, houve conversas em todo o mundo, não apenas por semanas, mas por meses a fio, e ele ainda está sendo discutido e comentado de forma positiva.
Notas de rodapé:
(1) Vladimir Lênin: Obras Completas, Volume 31, página 264 – Edição Albanesa. (retornar ao texto)
(2) Josef Stálin: Obras Completas, Volume 06, página 148 – Edição Albanesa. (retornar ao texto)
(3) Friedrich Engels: Discurso proferido em 29 de novembro de 1847 no Encontro Internacional que aconteceu em Londres por ocasião do 17º aniversário da insurreição polonesa. (retornar ao texto)
(4) Vladimir Lênin: Obras Completas, Volume 18, página 653 – Edição Albanesa. (retornar ao texto)
(5) Vladimir Lênin: Obras Completas, Volume 23, página 63 – Edição Albanesa. (retornar ao texto)
(6) Josef Stálin: Obras Completas, Volume 06, páginas 146-147 – Edição Albanesa. (retornar ao texto)