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Primeira Edição: Originalmente publicado no jornal A Nova Ordem (L’Ordine Nuovo), edição de 20 a 27 de setembro. Reproduzido em 07 de maio de 1937 pelo Jornal Justiça e Liberdade (Giustizia e Libertà), ano IV, número 19. Acesso ao arquivo digitalizado através da Biblioteca Gino Bianco - https://www.bibliotecaginobianco.it
Tradução: Elita de Medeiros
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Individualmente, a liberdade é uma relação de pensamento condicionada pela cultura do indivíduo: quanto mais livre, quanto mais cheio de conhecimento e sabedoria, maior o patrimônio das experiências históricas e espirituais, quanto maior ordem existe em seu pensamento, mais perfeita é sua organização interior. Individualmente, portanto, o processo de desenvolvimento da cultura individual, e nesse sentido os anarquistas estão livres de todos os proletários, justamente por não possuírem uma concepção orgânica do mundo e da história, justamente por não possuírem uma doutrina coerente, mas apenas uma contradição de máximas, sentenças e axiomas. Eles são escravos de sua desordem espiritual, de um dom de fórmulas fixas: se a história é desenvolvimento, é devir, é dialética contínua, quem tem uma doutrina baseada na fixidez dos acontecimentos, é escravo dos acontecimentos, não é um criador, ele não é um homem livre como o trabalhador socialista que vive uma doutrina, que tem uma concepção de mundo baseada na crítica e na dialética. Na convivência humana como relação entre indivíduos, a liberdade é um equilíbrio de forças, e se concretiza em uma organização, em uma ordem. No regime da propriedade privada, a liberdade só pode ser política, pois a relação associativa, como é no regime comunista, está condicionada à posse de bens materiais e de estar a serviço de quem possui bens materiais. Portanto, não se pode dizer que o regime burguês não é um regime de liberdade; toda a história é uma sucessão de regimes de liberdade, mas de liberdade individual e política, ou seja, liberdade formal para todos e liberdade efetiva para os proprietários dos meios de produção e de troca. Quando o estado era possessão individual, apenas o tirano e seus bajuladores eram livres; quando o estado passou a ser propriedade dos capitalistas e proprietários de terras, os capitalistas e proprietários de terras tornaram-se livres. Quando o estado é "propriedade" dos trabalhadores, os trabalhadores se tornam livres.