A Classe Operária - 20 anos de luta(1)

Rui Facó

1946


Primeira Edição: Brochura publicada no início de 1946, pelas Edições Horizonte Ltda., em comemoração aos 20 anos do jornal A Classe Operária. O texto, de autoria do historiador comunista Rui Facó, foi dividido em capítulos e publicados separadamente no mesmo jornal durante o ano de 1946

Fonte: Fundação Maurício Grabois - http://fmauriciograbois.org.br

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


OS JORNAIS DO PARTIDO SÃO A VOZ DO PARTIDO

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A Classe Operária
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A imprensa do Partido Comunista acaba de realizar seu primeiro ativo - uma reunião de seus responsáveis para troca de experiências, visando um plano de trabalho a ser aplicado nacionalmente. Pela primeira vez na história da nossa imprensa, jornalistas de diferentes regiões do país se encontraram com essa finalidade, cujo resultado geral será a elevação do nível do trabalho jornalístico do Partido, uniformização, na medida do possível e de acordo com as possibilidades de cada Estado, da ação dos jornais do Partido. de forma que eles tenham cada vez maior influência sobre as massas e em particular nos meios operários, contribuindo para a formação de dirigentes políticos do Partido.

Para isto, é preciso que os jornais do Partido tenham responsáveis que estejam de posse da linha política do Partido - a melhor maneira de conseguir todos esses objetivos, que podem ser resumidos no ensinamento de Lenin de que o jornal precisa ser não apenas o agitador e propagandista coletivo, mas também o organizador coletivo. 

Falando sobre jornais do Partido, não podemos deixar de buscar os grandes ensinamentos de Lenin em matéria de imprensa [...] atenção à imprensa, na qual via uma grande arma, na sua quase totalidade em poder da burguesia e quase sempre da pior reação. 

Só para essa imprensa, dizia Lenin, existe liberdade, pois a classe dominante pode comprá-la, com o monopólio das máquinas; da produção de máquinas, de papel. etc. Algumas das mais combativas obras de Lenin são verdadeiras polemicas, através de órgãos dos comunistas russos com jornais de outras organizações [...] Essa compreensão da importância da imprensa como arma de embate é mais tarde sistematizada por Lenin, quando programa [...] "Iskra" e, através desse órgão famoso, trava verdadeira batalha com os "economistas", que se entrincheiram noutros jornais. 

Não foram poucas as dificuldades que Lenin teve de vencer para publicar a "Iskra", realizando-se com essa finalidade uma conferência de exilados, na Suíça, quando Plekhanov tenta bloquear o plano do jornal, dando-se quase um rompimento de que Lenin [...] num artigo intitulado "Como a centelha (Iskra) foi quase extinta", e confessa ter vivido então "um verdadeiro drama o completo abandono da idéia que durante anos, acariciamos como se fosse um filho predileto e com o qual havíamos ligado inseparavelmente todo o trabalho de nossa vida". 

Estas palavras dão bem a medida da importância que Lenin atribuía ao Jornal.

"[...] Jornal asseguraria a derrota ideológica do inimigo dentro do movimento da classe operária e preservaria a pureza da teoria revolucionária. Estabeleceria uma concepção uniforme do programa, das finalidades e da tática do Partido e converter-se-ia em poderoso instrumento para a fusão de todas as organizações locais".

Era enfim o jornal político de âmbito nacional que durante tanto tempo planejara Lenin. "Iskra" passou a ser realmente um jornal que circulava por toda a Rússia, era o organizador coletivo, além do agitador e do propagandista de massas. Seus correspondentes se espalhavam por todo o país. E um deles escrevia: 

"Consigo fazer progressos por toda parte com o auxílio do arado de Lenin, que é o melhor e mais produtivo instrumento para desbravar o solo. Serve esplendidamente para remover a crosta da rotina, para revolver a terra que promete rica messe. Onde quer que encontre o joio semeado pelo "Rabotchie Dielo" (o órgão dos economistas) o destrói até as raízes." 

A ilegalidade deve ter ditado esta linguagem simbólica, mas devemos concordar que a comparação é magnífica. 

Lenin concitava os aderentes da "Iskra" a concentrarem todos os seus esforços, recursos e atenção [...] como um empreendimento partidário geral. 

Vários números do famoso jornal foram reimpressos por iniciativa de Stalin, numa tipografia clandestina de Bakó. E mais tarde Stálin fundaria naquele grande centro de trabalhadores outro jornal, "A Luta" (Brdzola). 

A "Iskra" era de tal forma poderosa ideologicamente que foi em torno dela que se dividiu o Partido entre bolcheviques e mencheviques, os primeiros com Lenin, com o programa da "Iskra", o programa do Partido, e os segundos, vacilantes e oportunistas. Quando mais tarde a "Iskra" veio a cair finalmente nas mãos dos mencheviques a primeira preocupação de Lenin foi fundar outro Jornal, que se chamaria "Vperiod" (Avante), do qual dizia Lenin: "Tudo depende desse jornal". 

Nessa mesma época Lenin "lia com avidez todos os jornais importantes em russo, inglês, alemão e francês..."

Lenin chegava aos mínimos detalhes nos seus planos para jornais do Partido, aconselhando a utilizar-se sempre uma linguagem simples, sem ser populista. "Máximo de marxismo — dizia ele — significa máximo de clareza e simplicidade". E neste sentido criticava duramente o jornal "economista" "Svoboda" (Liberdade), considerando-o "francamente mau", mostrando que seu autor, pretendendo escrever em linguagem popular, não fazia mais do que utilizar "um grosseiro tom populista", e acrescentando que no jornal não havia uma palavra simples, tudo era forçado, em linguagem deturpada, para o populacho e não para os operários.

"O escritor popular — ensinava Lenin — leva ao leitor o pensamento profundo, partindo dos dados mais simples e geralmente conhecidos, assinalando, mediante raciocínios fáceis e exemplos bem escolhidos as principais conclusões desses dados, suscitando no leitor pensamentos sucessivos e sucessivas perguntas. O escritor popular não supõe que o leitor é um homem que não pensa, que não deseja ou não sabe pensar; ao contrário, supõe que o leitor não muito desenvolvido deseja fervorosamente trabalhar com a cabeça e o ajuda nesse importante e difícil trabalho, guia-o em seus primeiros passos e lhe ensina a ir adiante por si mesmo. O escritor vulgar supõe que o leitor não pensa e que é incapaz de pensar, não lhe leva as bases de uma ciência séria, mas, de uma maneira [...] e simplista, salpicada [...] que o leitor não tem necessidade sequer de [...] de engolir essa papa..."

Como vemos Lenin não dava importância [...] ensinava como transformá-lo num precioso instrumento de propaganda e agitação, de educação das massas, [...] fazer jornalismo de Partido, não qualquer jornalismo. 

Mas isso não significa que abandonemos ou coloquemos em plano secundário a parte técnica do jornal. Para interessar totalmente as massas pelo jornal do Partido, devemos também fazer o nosso jornal tecnicamente perfeito, aproveitando todos os elementos materiais ao nosso alcance, (embora tenhamos certeza de que sofremos a falta de liberdade real para a imprensa que não serve, direta ou indiretamente, à classe dominante). 

No nosso ativo estudamos este e outros, problemas que interessam à Imprensa do Partido, procurando resolve-los dentro das possibilidades atuais, procurando vencer as dificuldades e não sujeitando-nos a elas. 

Interessa fundamentalmente que os jornais do Partido tenham aceitação e influência principalmente nos centros onde são editados. Para isso, devem dar a maior atenção aos problemas locais da cidade e do Estado, focalizando-os de acordo com os pontos de vista do Partido, que são os pontos de vista do proletariado e do povo, e orientando o proletariado e o povo no sentido de [...] a sua solução rápida e no seu interesse. Para que o jornal tenha a mais ampla aceitação no interior do Estado, manter correspondentes pelo menos nos principais municípios, de preferência elementos ligados ao Partido, publicando-lhe as correspondências. As reportagens das principais páginas [...] devem merecer o maior destaque, focalizando, sobretudo as condições de trabalho, as relações de produção, o numero de trabalhadores, o número das propriedades agrícolas, etc. 

Tem sido um trabalho gigantesco do Partido neste primeiro ano de legalidade. [...] consideravelmente o âmbito político nacional, desmascarando a reação, os remanescentes do fascismo e concorrendo para a manutenção das principais conquistas do povo brasileiro no campo da democracia. 

Mas sua tarefa nesta hora exige muito mais do que tem sido feito. Exige um trabalho mais sistematizado, maior firmeza na luta, mais íntima ligação com as grandes massas, a fim de que se [...] Daí a necessidade dos jornais do Partido ganhar novas qualidades, se aparelharem para uma luta muito mais dura e mais renhida. 

Finalmente, para serem realmente jornais do Partido, os nossos jornais devem estar ininterruptamente ligados ao Partido, tão intimamente como o pensamento ao cérebro. 

Devemos nos orgulhar do nosso ativo, não o encarando, porém como uma fonte de milagres de onde sairão soluções para todos os problemas da nossa imprensa. O nosso orgulho nos vem da constatação de que somente jornais do nosso Partido podem realizar uma reunião fraternal, como foi o nosso ativo, para tratar de assuntos comuns, para uma ação comum, porque a nossa imprensa não está presa a compromissos financeiros com quem quer que seja, não publicamos ou deixamos de publicar ou discutir determinadas matérias por interesses pecuniários ou por interesses pessoais quaisquer. Os interesses que os nossos jornais defendem são os interesses do povo, os interesses da classe operária, dos camponeses sem terra, dos assalariados e dos pequenos proprietários expulsos da terra ou sem meios de cultivá-la. Eis porque confiamos nos resultados do nosso ativo, que nos ligará mais intimamente às grandes massas, ao povo, fonte de vida dos nossos jornais. 

Artigo publicado no número 18 de A CLASSE OPERARIA de 6 de Julho de 1946. 

A CLASSE OPERÁRIA tem uma longa história a ser contada. 

São 20 anos de vida. 20 anos de lutas, 20 anos de persistência na luta. Nessa persistência está sua maior glória, seu melhor cabedal. 

Desde o começo da década de 30, A CLASSE OPERÁRIA passou por dezenas de oficinas, dezenas de redações, dezenas de mãos de operários e intelectuais comunistas que estavam prontos a sacrificar a própria vida para que ela circulasse. E muitos realmente perderam sua vida para que A CLASSE, a querida CLASSE, jamais deixasse de sair à rua e viajasse por esse Brasil afora, levando diretivas, levando conforto. levando a mensagem que podia ser sintetizada nestas palavras: O Partido vive e está vigilante. 

E isto valia tudo. 

Foi impossível encontrar aquele operário do Arsenal de Marinha que conduzia enormes pacotes de CLASSE para seu local de trabalho, vendendo-a a seus companheiros. Ele foi preso, acusado por um crime que não cometeu, curtiu dez anos de prisão e depois morreu de repente a bordo de um navio quando voltava à sua terra. Lembremos o seu nome: Francisco Natividade Lira. 

Foi impossível encontrar o gráfico que recebia a matéria destinada à CLASSE e a conduzia para sua oficina, desconhecida dos próprios redatores. Esse gráfico morreu em conseqüência de maltratos pela polícia baiana. Seu nome deve ser guardado: Manuel Ferreira da Silva. 

Apenas podemos imaginar alguns homens denodados, metidos no mato, no "sertãozinho carioca", em Bangú, em Jacarepaguá, em Vicente de Carvalho, montando guarda numa oficina, uma barulhenta maquina Impressora e algumas caixas de tipos. A casa isolada ficava dentro de um cercado. O portão que dava acesso à casa estava ligado à porta principal desta por uma corda. Quando o portão era aberto fazia cair uma lata barulhenta. O pessoal se punha em guarda. Conhecido ou desconhecido? Um dia apareceram três homens com chapéu de cortiça. Seriam engenheiros mesmo ou simples esbirros da policia? A vigilância ficou em pé de guerra. De repente, um dos militantes, para pasmo dos seus companheiros, com os desconhecidos, num linguajar típico dos homens rústicos do "sertãozinho". Os desconhecidos desejavam apenas algumas informações para levantamentos topográficos. E saíram, deixando A CLASSE em paz. 

Depois, não foram apenas os sustos. Vieram também as prisões as agressões, os espancamentos, as surras, estiletes sob as unhas, e, por fim, a liquidação sumária. [...]. 

Muitos esmoreceram à presença do chicote gestapiano, e encontraram um caminho mais fácil do que responsabilizar-se pelo "crime" de fazer A CLASSE — traíram, denunciaram. viraram policiais, ou, o que dá no mesmo, trotskistas: esses haviam perdido a fé na vitória da classe operária. Mas outros suportaram tudo e souberam esperar. A estes deve A CLASSE sua vida, sua existência interrompida muitas vezes, mas jamais truncada para sempre. Foi nestes Homens-Terra que A CLASSE-Anteu conseguiu sobreviver. 

Quando os comunistas brasileiros lançaram o primeiro número de A CLASSE OPERÁRIA nem sequer sonhavam com a formidável influência que ela iria ter para a estruturação do Partido, o jovem Partido que contava então apenas três anos de vida. 

Estavam, porém, perfeitamente cônscios de sua necessidade, como elemento indispensável à divulgação das diretivas do Partido. Assim é que o jornal não nasceu abruptamente, não foi improvisado, mas fruto de um plano, o que era natural sobretudo levando-se em consideração as dificuldades de ordem financeira com que lutava o punhado de militantes do ano de 25. 

Nas "Teses e Resoluções" adotadas na Conferência dos delegados de células e de núcleos do Rio e Niterói, realizada em conjunto com a Comissão Central Executiva, em 22 de fevereiro de 1925, encontramos o "Relatório da Comissão do jornal", onde é acentuada a urgência de um órgão que seja o porta-voz dos comunistas junto aos operários e às massas. 

"Na atual situação, o aparelho que [colocara] em movimento toda a engrenagem do Partido Comunista é um jornal - diz o relatório. Com ele, desenvolveremos a nova organização das células. Com ele, poderemos penetrar no seio das massas. Com ele, os trabalhadores ficarão a par do movimento nacional e internacional. Com ele, orientaremos os trabalhadores sobre a sua atitude diante dos acontecimentos atuais do país. Vê-se, pois, que o jornal é um aparelho insubstituível, um aparelho único. E, sobre ele, devemos concentrar as energias, fazendo até sacrifícios. Estão, portanto, fora de qualquer discussão a necessidade de um jornal.” Esse relatório analisa em seguida as possibilidades políticas para a circulação do jornal, reconhecendo que as mesmas "objetivamente, são favoráveis", mas "subjetivamente, não são favoráveis". Mostrava então o dever de meter mãos à obra, visando um jornal legal de livre circulação, "comunista pelo conteúdo, pelo modo de encarar os problemas, e não pela fachada". 

Analisavam-se a seguir as possibilidades econômicas, concretizadas num orçamento, pelo qual os "déficits" seriam fatais. Era então apontada a saída: angariar fundos por meio de subscrições e assinaturas. 

Os cálculos sobre a tiragem oscilavam de 2.000 a 4.000 exemplares. "Não façamos cálculos otimistas para que a realidade não nos traga desilusões" - acrescentava o relatório. 

NASCE UMA CRIANÇA 

A 1º de maio de 1925 aparecia o primeiro número de A CLASSE OPERÁRIA, do qual infelizmente foi impossível conseguir Qualquer exemplar. Sabemos apenas que -tinha quatro páginas, sendo a primeira dedicada ao hino dos trabalhadores, "A Internacional", letra e música, com um resumo histórico. Sob o título "Jornal de trabalhadores, feito por trabalhadores, para trabalhadores". Ostentava o emblema do Partido. 

Esse primeiro número de A CLASSE OPERÁRIA foi impresso numa tipografiazinha da rua Frei Caneca. Sua edição esgotou-se rapidamente. Tamanho foi o seu sucesso que a partir do segundo número o jornal passou a ser feito nas oficinas de "O Paiz". Era A CLASSE, nessa época, um jornal de grande formato, em sete colunas. 

No alto da primeira página do 11º número, em três colunas, encontramos uma reportagem com este titulo: "Quem é o senhor Albert Thomas — Sua vida e sua obra a serviço da burguesia imperialista - Um conto de vigário mundial, a R.I.T. [Repartição Internacional do Trabalho] — O que vem ele fazer no Brasil — líder da social-traição". 

[...] bonde, no trem, nas barcas, com a primeira página bem aberta comum o nosso vizinho meter o nariz para ver o que estamos lendo. Desde que nós lhe facilitemos a tarefa, a propaganda será maior. 

E, de fato, o crescimento da CLASSE era patente. Isto a reação devia sentir, no caso de perguntarmos se A CLASSE foi fechada como acreditavam seus redatores, pelo fato de ter atacado um [...] do governo brasileiro, o sr, Thomas, ou pela sua expansão lativamente grande, por sua influência junto aos operários e os serviço que estava prestando, apesar de seus erros e debilidade desta obra revolucionária. 

A CLASSE sofria então o primeiro assalto da reação governamental era fechada sem qualquer justificatlva legal Mas, legal era aquilo que interessava à classe dominante E por isso o órgão do Partido Comunista foi fechado.

UM PROTESTO 

Num manifesto lançado por sua redação, datado de 5 de [...] de 1926, encontramos uma referência ao fato, nada esclarece porém, esse documento condena a representação do Brasil à Conferência Internacional do "Trabalho", e diz: 

"Foi igualmente o Tratado de Versalhes que criou a Repartição Internacional do Trabalho, Instalou-se na sede da Liga das Nações em Genebra. E entregou sua direção ao socialista Albert Thomas lacaio dos banqueiros, traidor do proletariado, amigo intimo de fazendeiros de café, aliado ao amarelão Luiz de Oliveira e responsável pelo fechamento de A CLASSE OPERÁRIA a 18 de julho de 1925”.

E, discordando da representação dos trabalhadores brasileiro em Genebra pelo anarquista Carlos Dias, o manifesto acrescentava.

A CLASSE OPERÁRIA, amordaçada pelo estado de sitio, suspenso há quase um ano pelos aliados de Albert Thomas e protetores de Carlos Dias, protesta contra essa mistificação.”

Era o protesto de um encarcerado. Mas, de qualquer forma, protesto.

Durante cerca de três anos, A CLASSE deixou de circular, a reação enxergava nela uma ameaça. Os operários brasileiros já haviam falado tão alto. E agora não falavam apenas: bradavam. Eram brados que tinham pouco eco, é verdade, mas bastante presentes [...] 

O fechamento do Jornal [...] os trabalhadores brasileiros ainda não estavam suficientemente organizados, apesar de todos os apelos feitos pelo seu semanário. Havia apelos, mas não trabalho prático. Os denodados militantes não se ligavam realmente às massas. A ação do Partido não tinha profundidade. O Partido existia mais para amedrontar a burguesia do que para forjar-se num verdadeiro Partido operário, [...]

O número de membros ativos — aproximadamente de 300 a 500 em todo o Brasil — mostra a debilidade da vanguarda da classe operária. Eis porque foi fácil fechar a CLASSE sem que houvesse qualquer reação. Os atos arbitrários do governo contra o operariado e seus órgãos eram geralmente recebidos de forma passiva. 

SILÊNCIO APARENTE 

Fechada embora A CLASSE OPERÁRIA, os comunistas não perderam a voz. Continuaram falando aos operários através de manifestos, panfletos, boletins. E, finalmente, no 8º aniversário da Revolução Bolchevique, em novembro de 1925, era lançado o número único do "7 de Novembro", contendo um histórico e "Resoluções para trabalho de propaganda em remo da Revolução Russa", além de um pequeno manifesto da Comissão Central Executiva do Partido Comunista do Brasil, onde se demonstrava a necessidade de trabalhar pelo reaparecimento de A CLASSE OPERÁRIA, entre outras reivindicações dos comunistas. Era mais do que uma reivindicação: ... era uma palavra de ordem. 

RESSURGE "A CLASSE

A 1º de maio de 1928 circula o 1º número da segunda fase de A CLASSE OPERÁRIA. É um pouco menor do que A CLASSE de três anos passados, com 6 colunas e 4 páginas. Suas oficinas são novamente oficinas legais [...] tem agora uma pena atravessada. E, na primeira coluna, sob o emblema, vem o editorial. O editorial desse novo primeiro número canta vitória: "Aqui estamos de novo, A CLASSE OPERARIA ... " 

Era a vitória da persistência na luta seus objetivos continuam os mesmos: "A CLASSE OPERÁRIA era a própria voz da massa proletária. Ordenaram aos seus (da burguesia) representantes no governo que a fechassem. Ela foi fechada. Mas ressurge agora. Ressurge com o mesmo programa, com os mesmos objetivos, com os mesmos métodos. O mesmo Jornal de trabalhadores, feito por trabalhadores, para trabalhadores. Cinco redatores na redação; quinhentos redatores espalhados no meio das massas oprimidas. Tal é o nosso programa de fazer jornalismo." 

Na 2ª página, encontramos estas indicações: 

"A CLASSE OPERÁRIA. Publicação aos sábados. Redação e Administração: Rua Senhor dos Passos, 59-1º andar. Esquina da Avenida Passos. Diretor: M. C. de Oliveira.".

Continuando uma praxe adotada desde o primeiro número, A CLASSE apresentava semanalmente o balanço de sua Administração detalhando receita e despesa. Esse número apresenta um "déficit" de 246 mil réis. Mas a situação financeira promete melhorar. O jornal circula com grande regularidade. 

CIRCULAÇAO AMPLA

A CLASSE era vendida nos "pontos" e enviada para os Estados. 

Mas o centro de sua circulação estava nas fábricas, sobretudo nas grandes empresas. Os operários conduziam consigo pacotes de A CLASSE para vender entre seus companheiros, dentro das oficinas. Sua procura no Arsenal de Marinha era enorme. Sua distribuição aí contava com um encarregado. Havia emulação para a venda da CLASSE

E sua tiragem aumentava dia a dia. O plano inicial, em 1925, era apenas 2 a 4 mil exemplares. O seu último número da primeira fase chegara a 9.500. Agora, em 1928, a tiragem normal atinge 20.000 exemplares. Uma tiragem verdadeiramente "record" [...], a pouca politização da massa operária, além das inúmeras dificuldades de ordem financeira e técnica com que lutavam os que escreviam e imprimiam o jornal. 

Mas os próprios acontecimentos favoreciam o desenvolvimento do órgão do Partido Comunista. A crise econômica rebentava, refletindo-se agressivamente sobre o proletariado e o povo. Do governo Washington Luiz não partia qualquer iniciativa para sua solução. Ao contrário, o problema social era pela primeira vez no Brasil abertamente caracterizado como "um problema de policia". Em fevereiro de 1928, uma das "soluções" policiais era o fechamento da União dos Trabalhadores Gráficos. Ela, porém, continuava a atuar, a despeito das medidas reacionárias do governo. 

O operariado e o povo brasileiro respondiam às manifestações reacionárias do governo mantendo suas organizações de classe, fortalecendo seu apoio ao Partido Comunista e a seu jornal, fundando outros jornais. Esse apoio ao Partido se refletia não só na regularidade da saída da CLASSE e no aumento de sua tiragem, mas também na proliferação de pequenos órgãos da imprensa operária, como "O Internacional", "Trabalhador Gráfico", "A Vida", "O Sapateiro", "A Voz do Gráfico", "A Abelha", "Voz Cosmopolita", "Boletim da A.T.I.M. [Associação dos trabalhadores da Indústria Imobiliária]", "Boletim da I.S.V. [Internacional Sindical Vermelha]".

A Grande Campanha da CLASSE, em agosto de 1928, era em favor dos candidatos do Bloco Operário e Camponês ao Conselho Municipal, pelo reforçamento dos sindicatos, visando uma federação sindical. 

Nas colunas dedicadas ao movimento sindical, encontram-se descrições de homenagens à memória de Sacco e Vanzetti, executados... no ano anterior.

COLABORAÇAO DE OPERÁRIOS

O número 24, de outubro de 1928, aparece em formato grande, como nos tempos de "O Paiz", denunciando progresso do jornal. Realmente, na primeira página encontra-se esta nota explicativa: 

"E para corresponder às necessidades do movimento operário, que precisa de um grande jornal para dar lugar em suas colunas a todos os problemas que falam de perto aos interesses do proletariado a direção de A CLASSE OPERÁRIA, embora com sacrifícios, resolveu aumentar-lhe o formato." 

De então, até 1929, tal impressa nas oficinas de "O Jornal”. Nesse número 24º merece especial destaque a seção das correspondências de operários, enviadas de vários pontos do país. Otávio Brandão dedicava verdadeiro carinho a essa seção, que mantém desde o primeiro número da segunda fase. Aí está em parte refletida a vida proletária dos principais centros. Aí os operários escrevem sobre suas reivindicações de classe, sobre suas necessidades imediatas no local de trabalho. Ao inaugurar-se a seção, a redação explicava que ela se dedicava a acolher as cartas enviadas pelos operários, cartas que falassem de suas queixas do regime de trabalho de salários sem se incomodar com os erros com a forma, porque somos vossos camaradas". "Corrigiremos aqui o que disserdes sobre a vossa vida."

"Dar-vos-emos os conselhos de nossa experiência e aproveitaremos fielmente as palavras sinceras, que por certo, exprimirão o que se passa em vossas consciências de trabalhadores, oprimidos como nós." 

"Aqui vos acolheremos de braços abertos.” 

E realmente, era de braços abertos que Otávio Brandão recebia as cartas dos operários do Rio, de Campos, de São Paulo e Santos, de Muritiba e São Felix, de Juiz de Fora, de Garanhuns e Pasmaceira de qualquer lugar de onde as enviasse um trabalhador. Dedicava-lhes horas seguidas, com meticulosidade, revendo-as, tornando-as publicáveis. Eram os seus "500 redatores" funcionando. 

O número de A CLASSE OPERÁRIA de 1º de maio de 1929 sai em grande estilo. Comemora não apenas o Dia Internacional dos Trabalhadores, mas também a vitória do Bloco Operário e Camponês nas últimas eleições municipais, elegendo dois representantes ao Conselho. 

Esse número de A CLASSE OPERÁRIA circula com 30.000 exemplares. Tem 14 páginas, - um acontecimento inédito até então na - história do nosso proletariado. Denuncia o impulso do movimento operário no Brasil e maior ligação do Partido às massas. Estas vão ganhando consciência de que sua situação é insolúvel nos marcos da República burguesa que se degrada a olhos vistos, que se deixa dominar cada vez mais pelo Imperialismo arrastando os trabalhadores a uma situação de miséria nunca vista. 

A CLASSE desse período não é apenas um jornal do proletariado, mas também de outras camadas da população, sobretudo entre a pequena burguesia, cujo empobrecimento se acelera. E A CLASSE circula amplamente. É arrebatada nas portas das fábricas, no cais do porto, no Arsenal de Marinha, nas oficinas e igualmente procurada na Galeria Cruzeiro e outros pontos centrais da cidade. 

POBREZA DE “QUADROS" DA REAÇAO

Folheando velhos números do órgão do Partido Comunista vemos como alguns elementos reacionários do passado vão servindo de agentes da reação em outras épocas. Olhamos um exemplar da CLASSE de novembro de 1928 - 17 anos passados! - e lá estão notas que merecem transcrição, apenas para mostrar como a reação é pobre em nosso país, apesar de rica em recursos policiais, aperfeiçoados pelo emprego de métodos fascistas que tentam sobreviver à guerra contra o fascismo e à vitória da democracia. 

Um comício promovido pelo Bloco Operário e Camponês para o dia 7 de novembro de 29 é dissolvido pela policia e A CLASSE OPERÁRIA, numa ampla reportagem fotográfica ilustra a noticia do fato. Dessa reportagem extraímos estes pequenos trechos que nos deixam a impressão de que o tempo não passou, apesar de tudo: 

"Além dos ferimentos leves produzidos pelos tiros, o camarada 'Prado’ teve o braço varado por uma bala criminosa dos agentes do Sr. Oliveira Sobrinho.” E adiante: "Depois das prisões do dia 7, a polícia do Sr. Coriolano de Góis efetuou, sob maltratos, a prisão de cerca de 100 companheiros operários.” 

O mundo marchou e tem-se a impressão de que no Brasil até a reação ficou paralisada. Seus beleguins são os mesmos de 17 anos passados! Os mesmos senhores que feriam, prenderam e mataram operários em 1929, continuam a ferir, prender e matar os filhos desses operários em 1946. 

Até ontem, quando o governo Vargas ainda acreditava no fascismo, Coriolano de Góis era procurado para substituir Filinto Muller. Haviam sido policiais, Coriolano e Oliveira Sobrinho, sob o governo de Washington Luis, na "República Velha" e continuaram a prestar seus "bons serviços" sob o governo Vargas na "República Nova" e, depois, com mais perfeição ainda, no "estado novo". 

E hoje, quando o fascismo está esmagado militarmente e se processa a sua total liquidação econômica, moral e política em todo o mundo, o mesmo Oliveira Sobrinho de 37 prende e espanca operários em São Paulo, a mando de Macedo Soares. 

Isto não quer dizer naturalmente que se esses policiais tivessem desaparecido, teria desaparecido com eles a reação. Filinto Muller é a melhor prova em contrário. Mas é um fato que vem mostrar a pobreza de "quadros" da reação. Mostra, igualmente, que precisamos é liquidar a reação em si, tornar impossível o aparecimento ou o ressurgimento de seus agentes. 

A RESPOSTA A REAÇAO

A CLASSE OPERÁRIA continua a ganhar terreno. Num de seus números de 1929 encontramos uma indicação de sua tiragem: 40 mil exemplares. Era natural que a reação olhasse com assombro esse crescimento do jornal do proletariado, tanto que não podia passar despercebido. E não era um fato isolado. 

O 1º de maio de 1929 fora a maior demonstração de unidade e força dos trabalhadores no Brasil. Havia ao mesmo tempo um recuo da reação. Apodrecia seu arcabouço. O crescimento de A CLASSE OPERÁRIA refletia essa situação. Pela vida do jornal do proletariado brasileiro seria fácil traçar um gráfico dos ascenços e quedas da democracia e da reação no Brasil. 

Em 1930, às vésperas da "revolução liberal", a CLASSE conhece sua primeira fase de rigorosa ilegalidade. 

O Partido comprara então uma pequena oficina, que foi localizada no Largo de São Domingos, em Niterói, enquanto seus redatores se instalavam num quartinho em Vila Isabel, em quase completo isolamento do mundo exterior. Nesse quartinho era escrita a matéria destinada ao jornal. Outro responsável pela CLASSE recebia a matéria elaborada e a entregava a um gráfico, de nome Ferreira da Silva, que mais tarde morreria em conseqüência de maltratos da polícia baiana. 

Uma das tarefas mais temerosas era a distribuição do jornal. Conduzido em caixotes para o Mercado Municipal, juntamente com outros, que continham maçãs, bananas, laranjas, aí, a CLASSE era entregue ao estudante Mendes de Almeida, que se encarregava de enviá-la para diversos pontos da cidade e para os subúrbios. 

A LUTA CONTRA A [...] E A REAÇAO

O primeiro número de A CLASSE que conseguimos de 1930 é de 17 de abril. 

Vimo-la em 7 colunas, depois em 6 e agora apenas em 5, mantendo as mesmas quatro páginas. Luta com dificuldades financeiras. Mas em compensação não é mais um simples "jornal de trabalhadores, feito por trabalhadores, para trabalhadores". Sob o seu titulo estão também outras palavras que dizem muito mais: 

"Órgão central do Partido Comunista do Brasil". 

A crise econômica reacendera a luta de classes. Havia agora uma definição de posições. Essa clareza não era liberdade: era um desafio. 

"O próximo 1º de maio e sua significação de luta contra a miséria e contra a reação" — era a manchete desse número. 

Expressa, no texto, a situação de crise prenunciadora do movimento armado que seria deflagrado seis meses mais tarde. “Para fazer face à crise produzida pela alta artificial do café - diz a CLASSE - os grandes fazendeiros descarregaram sobre os colonos e os trabalhadores agrícolas a sua opressão”. 

Despedidas em massa. Levas de imigrantes vagando pelo interior. [...] das oficinas do Loide Nacional são dispensados 200 operários. Sindicatos assaltados, prisões às centenas, sobretudo em São Paulo e no Rio. "O Partido Comunista, vanguarda revolucionária dos trabalhadores vive caçado a sombra, mergulhado na ilegalidade (...) A Confederação Geral do Trabalho do Brasil, que vinha ao encontro da aspiração mais alta do proletariado, de centralizar suas forças, também perseguida ... ", "Os militantes proletários são presos volta e meia, e espancados pela polícia". 

Não havia nenhuma novidade. Repete-se um fato familiar ao proletariado: sempre que a reação fica assoberbada por uma grave crise econômica, lança suas forças contra as organizações revolucionárias, em parte por temor, em parte para desviar as atenções populares da situação de crise por que passa o poder. Nesse clima surgia a Aliança Liberal. No poder estavam forças reacionárias que caíam de podre. Apareciam agora forças reacionárias renovadas para sustentar o poder periclitante. Era contra essas forças que a CLASSE abria suas baterias, desmascarando seu conteúdo reacionário sob a capa de revolucionarismo. E não se enganava. Quando essas mesmas forças sentiam-se bastante consolidadas desencadeariam contra o Partido Comunista e os movimentos populares a mais séria onda de violências e crimes políticos de nossa história. 

A CRISE AUMENTA
UM MANIFESTO DE PRESTES

O número de A CLASSE de 3 de julho de 1930 está em grande parte dedicado à análise do ''Manifesto'', lançado por Prestes nessa época, denunciando a Aliança Liberal como um movimento de traição aos interesses do povo brasileiro. Por esse número da CLASSE vemos o precioso material que ela nos oferece para a reconstituição dos principais fatos ligados a esse movimento e para a história do Partido. 

Digno de nota o trecho final do documento do Partido sobre o "Manifesto" do antigo chefe da Coluna: 

“[...] na luta revolucionária das massas, os elementos esquerdistas da Coluna Prestes passarem das palavras aos fatos concretos, aceitaremos a aliança com esses elementos, mas continuaremos a criticá-los explicando às massas o sentido de sua posição, confiando unicamente na luta das massas, desconfiando da política dos chefes pequeno-burgueses, mesmo dos mais esquerdistas, lutando por todos os meios pela hegemonia do proletariado”

Estas palavras de 15 anos passados parecem advertir contra Silo Meireles e outros. A situação para A CLASSE OPERÁRIA não era das melhores nos meados de 30. Desde julho até setembro, todos os números que vimos têm apenas duas páginas. Agravava-se a. situação nacional no seu conjunto. A luta armada começava a travar-se na Paraíba. O Partido alertava as massas para a nova situação, a situação revolucionária que se criava. A CLASSE de então era muito mais um panfleto do que um jornal. Sua primeira página vinha cheia de palavras de ordem agitativas, grandes manchetes grandes títulos, tipos vistosos e sublinhados, concitando os operários à luta. 

Demissões em massa de operários [...]. Greve de tecelões em São Paulo. Dezenas de marinheiros expulsos da Armada por simpatizarem com o comunismo. A CLASSE de então reflete perfeitamente esse clima nestas simples linhas: 

"Camaradas! Colai este número de A CLASSE OPERÁRIA nas paredes nos muros, perto das grandes fábricas e nos bairros proletários." 

AUMENTA A REAÇAO

A CLASSE OPERÁRIA de outubro de 30 tem novo formato e um oitavo da CLASSE de 1925. Duas páginas, quatro colunas, com pouco mais de um palmo cada coluna. Combate a "guerra civil reacionária que o Partido desde muito tempo tem denunciado." Caracteriza-a como uma luta entre dois bandos, a serviço do imperialismo, reflexo da luta inter-imperialista mundial. 

Do número 30 a meados de 31, A CLASSE deixa de sair semanalmente. E do número 107, de 7 de novembro (13º aniversário da Revolução Bolchevique), ao 112 medeiam seis meses em vez de seis semanas. 

É visível que a Revolução de 30 acarretara maior pressão contra o Partido Comunista e seu jornal. 

Tinham passado aqueles dias relativamente tranqüilos em que A CLASSE podia ser impressa em oficinas de jornais da reação, podia ser vendida abertamente nas ruas, arvorando endereço e o nome de seu diretor [...] famas entrar num novo período, de reação a mais brutal, de prisões, espancamentos, assassinatos, deportações, confinamento em ilhas. 

Dentro em pouco, a sede, da Polícia Central, na rua da Relação passaria a ser o mais temido local de crimes que registra a nossa história política. 

E na Policia Central iriam parar mais tarde os que se aventuravam a fazer A CLASSE OPERÁRIA.

Alguns acontecimentos já prenunciavam uma arregimentação de forças de reação, refletindo as vitórias passageiras do fascismo na Europa, com o apoio de outras forças reacionárias - fundamentalmente as forças imperialistas - noutras partes do mundo. 

Na capital pernambucana, a polícia de Lima Cavalcanti abre fogo contra a multidão e faz mortos e feridos, inclusive mulheres e crianças. Dezenas de operários são presos e enviados à ilha Fernando de Noronha, numa antecipação do que faria a polícia fascista de Felinto Muller quatro anos mais tarde. No Rio, [...] ainda A CLASSE, os cães de Luzardo e Salgado Filho fecham [...] operários, prendem trabalhadores, revistam populares em plena rua enquanto assestam metralhadoras nas esquinas. Finalmente, um comício na Praça Mauá é dissolvido a bala e pata de cavalo e realizam-se prisões. 

E à proporção que a reação aumenta, A CLASSE diminui denunciando ainda este fato a falta de um Partido realmente ligado às massas. O aspecto gráfico da CLASSE nesse período revela que não tinha oficinas certas para sua composição. Traz, porém, invariavelmente esta procedência: Rio de Janeiro. 

Muitas vezes era obrigada a emigrar: para Niterói, São Paulo,Bahia, procurando por todos os meios despistar a polícia. Mas em seu cabeçalho estava sempre o nome de sua cidade-berço, o Rio. Aqui encontrava ela o calor de um bravo proletariado, de um proletariado combativo, que continua sendo hoje o grande inspirador das vitórias de seu Partido. 

Em 1933, fugindo à perseguição policial, A CLASSE passou a ser composta e impressa em Bangú, onde o mais temido estranho era o "mata-mosquito", cuja visita punha de sobreaviso os responsáveis pela confecção do bravo jornal. 

Durante certa época, em 34, quando as atividades policiais visavam furiosamente A CLASSE, sua oficina foi instalada em frente à Policia Central, na rua da Relação, onde permaneceu durante vários meses sem que a reação conseguisse localizá-la. 

No entanto, era temerário continuar ali por muito tempo. Foi por isso transferida para Niterói, localizando-se também em frente à sede da Policia, na rua Dr. Celestino.

Suas oficinas haviam sido cedidas a um simpatizante do Partido, que as explorava comercialmente, sob a condição de confeccionar gratuitamente A CLASSE. Na verdade, a condição não era tão vantajosa como pode parecer à primeira vista. Certo dia, houve uma batida policial em diversas oficinas tipográficas de Niterói, motivada por um derrame de volantes lançados pelo partido. 

Uma das tipografias varejadas foi a da CLASSE, cujas composições estavam prontas, sobre o mármore, esperando apenas a revisão para serem impressas. Os "tiras" revistaram todos os cantos da oficina, passaram junto às páginas da CLASSE e saíram, certos de que haviam cumprido sua missão. 

Algumas horas mais tarde era distribuida A CLASSE, mesmo sem revisão nenhuma. Sua distribuição era nessa época mais do que nunca, a prova de fogo a que se submetiam os militantes comunistas. Nesse trabalho, para os Estados, tinham destacada participação os marinheiros dos navios mercantes. A CLASSE era encaixotada e enviada para o interior. Sobre os caixotes, palavras assim: "CUIDADO! NAO SE APROXIME DO FOGO!" 

As palavras, estas ou outras, eram senhas. E desta forma A CLASSE teve sempre circulação nacional. 

PRESTES INGRESSA NO PARTIDO

O numero de 17 de agosto de 1934 traz as seguintes palavras de ordem, em tipo graúdo, acima do titulo: 

"Greves de massas por nossas reivindicações imediatas e de apoio aos heróicos [...] Greves de massas de protestos contra o massacre de trabalhadores, na noite de 23, pela policia de Getúlio! Greve de massas pela liberdade dos presos por questões sociais! Greves de massas pela existência legal do Partido Comunista, da C. G. T. B. e demais organizações revolucionárias!"

Quatro dias antes, numa grande demonstração anti-guerreira, sob a orientação do Partido Comunista, realizara-se uma passeata-monstro, da qual haviam participado milhares de operários, estudantes, soldados, marinheiros, empregados no comércio e funcionários. Antes tinham se efetuado comícios em frente à Central do Brasil e ao Ministério da Guerra. 

Embora na ilegalidade, era o Partido Comunista o orientador dessa manifestação. E, embora na ilegalidade, os manifestantes conduziam faixas em que se liam estas palavras: "VIVA O PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL"—"MORRA O INTEGRALISMO", além de outras contra a guerra, contra o imperialismo, contra o fascismo, que aparecem truncadas na fotografia da primeira página de A CLASSE, e que dá bem uma idéia da grandiosidade do desfile. 

A última página desse número traz, em manchete de duas linhas, outra notícia não menos interessante para o operariado e o povo brasileiro: 

“Luiz Carlos Prestes assinou sua papeleta de filiação ao Partido Comunista do Brasil”

Era a melhor resposta às violências da reação, Enquanto a polícia massacrava os trabalhadores que participavam de uma passeata pacifica, ingressava para as fileiras do Partido Comunista, o mais querido líder do proletariado e do povo brasileiro.

Existia ainda naquele ano um sério trabalho dos dirigentes governamentais para obterem o apoio de Prestes. Desde 30, seus “Manifestos” repudiando o movimento, denunciando-o como uma revolução de cúpula, como uma mistificação, eram taxados de apócrifos pela imprensa reacionária e pelos chefes governamentais mais destacadas. Mesmo depois que se tornou impossível dar ao povo a impressão de que Prestes apoiava o governo Vargas, silenciava-se sobre o comandante da Coluna, exaltando-se embora a Coluna [...] que se pretendia fazer de Prestes uma estátua de sal com a legenda da Coluna, paralisá-lo, impedi-lo de dar passos para a frente. 

Naquele ano, porém, a reação compreendeu que o Partido Comunista ganhara para suas fileiras um grande líder. Não um simples comandante militar, um estrategista, um engenheiro de comprovada capacidade. Ganhara também um diligente político que ajudaria a forjar um grande Partido proletário. 

Foi então mobilizada a sua imprensa — toda a "grande imprensa" e seus caudatários — foram convocados todos os de propaganda fascista, que então se introduzia abertamente no país, no sentido de desacreditar Prestes aos olhos do povo e do operariado. O ponto central dessa campanha era apresentá-lo como "vendido ao ouro de Moscou". 

Mas a reação não ficaria apenas na propaganda. A propaganda era o "amaciamento" que precederia a invasão pela força bruta nas fileiras do operariado. E a Aliança Nacional Libertadora, quatro meses depois de fundada, era fechada, seus dirigentes presos e perseguidos, e, com a ajuda de parlamentares poltrões, seria dado um golpe de morte na Carta Constitucional de 34. Era o prelúdio do golpe fascista de 37. 

Quando as influências nazistas arrastaram na luta contra o povo os que sempre se haviam revelado campeões da reação no governo Vargas - foi A CLASSE OPERÁRIA o único jornal que se levantou dos subterrâneos da ilegalidade para esclarecer os trabalhadores e o povo sobre as atividades de seus inimigos, que mais [uma] vez desviavam as atenções do povo da gravidade da crise econômica, da impotência da classe dominante para resolver os problemas do povo, forjando fantasmas. 

Decretada a "lei-monstro", ou "lei Ráo", com [...] o apoio da chamada grande imprensa — essa mesma imprensa que, hoje, com suas provocações, procura criar ambiente para um novo golpe reacionário e para a elaboração de uma Constituição nos moldes da de 37 — eram os comunistas [...] que resolutamente se levantavam para denunciar a monstruosidade da trama fascistizante.

Foi A CLASSE OPERÁRIA, um órgão ilegal, de circulação clandestina, perseguido ferozmente pela polícia, o único jornal que circulou para esclarecer o proletariado e o povo sobre os verdadeiros fins da reação - a implantação no nosso pais de um regime submisso ao nazi-fascismo. 

No dia seguinte à publicação da "Lei Monstro", reaparece misteriosamente o bravo jornal do Partido Comunista. Dois gráficos, Iguatemí Ramos e Raimundo Santos, conseguem compô-lo e imprimi-lo, sozinhos, na tipografia "Alba", cujas chaves haviam sido obtidas sem conhecimento de seu proprietário. De madrugada, saiam os dois operarias, exaustos mas alegres, com o fruto de seu trabalho, levavam eles mesmos os pacotes de A CLASSE, cujo reaparecimento iria mais uma vez pôr em pânico a policia-política de Filinto e Getúlio.

Depois do fechamento da Aliança Nacional Libertadora e do movimento libertador de 1935, apesar de estar então mobilizada contra o Partido Comunista toda a máquina da reação, A CLASSE volta a circular. Numa prensa improvisada, de madeira, é impressa em Jacarepaguá, dentro da mata, na casa de um sargento do Exército. 

Em 1936, conseguem reagrupar-se os elementos materiais necessários a uma circulação mais ampla. Circula simultaneamente em São Paulo, Rio e Bahia. O primeiro número desse ano é composto e impresso numa tipografia instalada [...] em Vicente de Carvalho. Os encarregados da confecção de A CLASSE OPERÁRIA eram conhecidos da vizinhança e de seu senhorio, como portugueses plantadores de batatas. 

E de fato, cultivavam eles uma pequena horta relativamente rendosa e cujo produto revertia em benefício da CLASSE. Ai, segundo Iguatemi, foram impressos belos exemplares do jornal, que então publicava correspondência de diversos presídios políticos, denunciando as péssimas condições em que viviam os comunistas. Até "clichés' conseguia publicar A CLASSE. A matéria do Partido era levada às oficinas pelo companheiro Elias. 

Essa trégua, no entanto, duraria pouco. A 17 de março de 1937, a polícia localizava, através de uma prisão feita no setor militar, a chácara do Sr. Américo Português (nome usado então pelo companheiro Iguatemi). Com grande aparato bélico, como se fora uma fortaleza, viu-se assaltada a tiros pelos policiais, à vista de milhares de pessoas que tinham acorrido ao tiroteio. O assalto policial durou 45 minutos. Todos os responsáveis pela CLASSE conseguiram escapar à prisão. 

Em 1939, quando a gestapo de Filinto Muller estava mobilizada para "caçar" os comunistas e suspeitos de atividades comunistas, os militantes encarregados da confecção da CLASSE andavam à procura de um local onde pudessem instalar suas oficinas, uma casa que não excedesse de Cr$ 160,00 mensais. Essa casinha foi encontrada na rua Ingai, na Penha. Daí, foram as oficinas removidas para a rua Lobo Junior, 415, na Circular da [...], onde foi impressa a primeira CLASSE OPERÁRIA dessa fase, em comemoração à data da Independência. 

Quando a precaução o aconselhava, a CLASSE foi removida mais uma vez, localizando-se na rua Engenho do Mato, 21, em Tomaz Coelho. 

De 7 de setembro de 39 a março de 40 (quando saiu seu último número), A CLASSE circulou com absoluta regularidade. Nas mesmas oficinas eram impressos também nessa época, "A Revista Proletária", manifestos e volantes. 

UM DIA FATÍDICO

A 16 de março de 40, à meia noite, as oficinas da CLASSE foram assaltadas pelos "tiras" filintianos. A policia, como em numerosas ocasiões semelhantes - quando se tratava do Partido Comunista - agiu com requintes de selvageria. Trinta e cinco "tiras" invadiram a casa onde era impresso o órgão do Partido, e onde também residia [...] de seu responsável, o primeiro sargento da Marinha Mercante, Julio Barbosa de Oliveira. Este e seu companheiro de tarefa. João Fragoso Junior, foram presos, barbaramente espancados, amarrados de corda pelos punhos com as mãos por trás das costas e conduzidos aos carros policiais que os levaram à rua da Relação. 

Aí, vários outros presos já estavam sendo supliciados: um atormentado com fachos de jornais, a fim de confessar crimes que não havia cometido, ou delatar algum companheiro; adiante, outro militante comunista já mutilado e mais outro arquejante, com os ferimentos invadidos por larvas. 

O quadro fora preparado para amedrontar os últimos presos, os responsáveis pela CLASSE OPERÁRIA

Eles não deveriam sofrer menos do que seus companheiros, que já se encontravam na Policia Central. 

E com que confiança no futuro assim agiam os fascistas do Estado Novo! A Polônia estava esmagada sob o tacão nazista. A Checoslováquia era uma praça d'armas de Hitler, o arsenal que daria aos barões feudais prussianos a potencialidade necessária para o esmagamento da França, três meses depois. 

Filinto & Cia. acreditavam agir impunemente, para sempre. Essa crença era tão arraigada que nessa mesma época Filinto Muller escrevia este auto-elogio, que naturalmente seria subscrito pelo próprio Heydrich: 

"De 1930 a 1940 a policia do Distrito Federal melhorou cem por cento em todos os sentidos e em todos os setores." 

Que o digam os comunistas presos desde então, torturados, humilhados massacrados pelos assassinos que foram convocadas aos milhares para as fileiras da polícia-política! Adiante, Filinto acrescentava no seu auto-elogio:

"Ainda do ponto de vista de sua aparelhagem técnica e [...], enormes foram os progressos realizados neste decênio." 

De fato, não há melhores provas disto do que as centenas de crimes cometidos pela polícia durante esses anos mais sombrios da reação fascistizante no Brasil. As prisões em massa eram prisões "científicas": dezenas de policiais caiam sobre um preso e o deixavam sem sentidos logo nos primeiros momentos de aplicação de sua "ciência". 

Foi graças à "ciência" filintiana que Harry Berger, um gigante que havia estado nas garras da polícia de Chiang Kai Shek, emagrecido 30 quilos em pouco tempo, ficou tuberculoso e depois enlouqueceu, ao mesmo tempo que morria sua companheira, sob tortura!

Foi agindo "cientificamente" que a policia filintiana entregou Olga Benario Prestes à Gestapo. 

Esse oportuno depoimento de Filinto está inserto nas páginas de "Vida Doméstica" de novembro de 1940. Nessa mesma revista, que engordava com as verbas do DIP [...] entre centenas de revistas e jornais igualmente patrióticos, encontramos várias fotografias de material [...] nas oficinas de A CLASSE  OPERÁRIA. "Material extremista", como o qualificava a legenda "científica" da Polícia-filintiana. A simples exibição do material apreendido não era suficiente.

Uma máquina impressora, algumas caixas de tipo, uma máquina de escrever não impressionavam bastante. Então os [...] "cientificas" arrumaram junto à máquina mais alguns aparelhos [...] imaginaram uma "emissora clandestinas”. A legenda é então, [...] convincente do "extremismo" do referido material; "Máquina impressora, caixa de tipos, 'couchés', estação de rádio-transmissor clandestina, apreendidos à rua Engenho do Mato, 21, oficina "CLASSE OPERARIA" ...  A emissora, naturalmente, existia apenas na imaginação da policia.

Muito bem arranjados em pilhas, com fotos de Lenin e Stalin em todos os planos, aparecem nessa página de matéria paga, "Vida Doméstica" outros objetos arrebatados "cientificamente” na sede do jornal. Até exemplares da revista legal “Diretrizes” estava entre o "material extremista”.

As fotografias se repetiam. Sempre o mesmo objetivo apanhar de diversos ângulos. Um conjunto, depois detalhes. E a [...] destinada a impressionar os que a propaganda fascista intimidavam com o "perigo" dos "subversivos agentes de Moscou" [...]. Valia seus contos de réis. Era, não há dúvida, a propaganda altamente "científica" para os cofres da revista [...] falar nas "comissões" dos que a distribuíam para a imprensa [...]

O ÚLTIMO NÚMERO DA "CLASSE"

O último número da CLASSE é de março de 1940 [...].

Depois de 1º de maio de 1925 a 20 de setembro de 1935, têm circulado 190 números do órgão do Partido Comunista, ou seja, uma média de 19 por ano. De 1935 a 1940, saem apenas 29, isto é, menos de 6 por ano. 

Mas só admira é que ainda saíssem tantos. Depois de tanta miséria e tanta dor, depois de tantos açoites e fuzilamentos bárbaros, depois de tantas unhas arrancadas e estômagos traspassados friamente, depois de tantos "suicídios" de algum andar ao solo, depois de impaludismo e beriberi nas ilhas, depois de tanto Tribunal de Segurança! 

Mas era justamente isso o que dava força aos que ficavam momentaneamente livres das garras da policia de Vargas . 

De Geny Gleyzer a Olga Benario Prestes é uma noite só. E essa noite ainda se prolonga até que o fascismo, a reação mundial, o maniqueísmo inglês e o isolacionismo norte-americano toda a quinta-coluna nazi-integralista-anarquista-falangista começa sentir os primeiros golpes de morte, às margens do Volga. 

A nossa chamazinha ia passando de mão em mão até que a aurora explodiu incontivel. A chamazinha era A CLASSE OPERARIA, aumentada por esse gigante que seus inimigos jamais conseguiram destruir: o Partido Comunista. 

A "CLASSE OPERARIA" DE 1946

São passados 20 anos desde que circulou o primeiro número da CLASSE

Hoje ela não está só. Começa a surgir no Brasil uma nova imprensa: uma imprensa que olha com atenção os problemas do povo, que os estuda, os analisa, os discute não simplesmente para focalizá-los, mas - e nisto ê que essa imprensa se mostra realmente nova - para apontar-lhes as soluções no interesse do povo. 

Essa imprensa - TRIBUNA POPULAR no Rio; HOJE, em São Paulo; O MOMENTO, na Bahia; FOLHA DO POVO, em Pernambuco; O ESTADO DE GOIAS, em Uberlândia, Minas; DEMOCRATA, no Ceará; TRIBUNA GAÚCHA, no Rio Grande do Sul - é a legitima herdeira das tradições de A CLASSE OPERÁRIA. Sua luta está intimamente ligada ao proletariado. Seus objetivos são os objetivos do proletariado. Seus interesses são os interesses do proletariado e do povo brasileiro. 

Não foi em vão que A CLASSE OPERÁRIA existiu. Seu exemplo frutificou. 

E reaparece agora rejuvenescida: volta à luta para levá-la às suas últimas conseqüências, até à vitória. Como em todas as fases anteriores, ela refletirá a vida do Partido Comunista, da vanguarda do proletariado. 

A CLASSE OPERÁRIA de 1946, como o Partido Comunista, vive agora uma vida para ela realmente desconhecido: a vida legal e mais do que nunca cheia de esperanças de milhões de homens que lutaram em todo o mundo contra a opressão sob rodas as suas formas e finalmente a mais brutal de suas expressões, o fascismo. 

A CLASSE OPERÁRIA reivindica para si a glória de ter combatido duramente contra o fascismo, contra o nazismo, contra o integralismo, de ser, no Brasil, a pioneira dessa grande luta. É graças à destruição das forças militares do nazismo que ela pode reaparecer hoje legalmente, para, dentro das novas condições que nos oferece o triunfo da democracia, prosseguir combatendo, de maneira construtiva, pelos objetivos de que depende o futuro do nosso povo. E, fundamentalmente, pela eliminação dos focos fascistas sobreviventes no mundo, em particular, da reação e grupos fascistas no Brasil, pela solução urgente dos grandes problemas do povo - a reforma agrária, com um golpe no capital colonizador, pelo rompimento de relações com o governo de Franco e reconhecimento do governo [...], pela soberania da ONU, contra as intervenções imperialistas nos destinos de qualquer povo e pela preservação de nossa independência política com a plena conquista de nossa independência econômica.

Em linhas gerais, será esta A CLASSE OPERARIA da época do desenvolvimento pacífico, enquanto esse desenvolvimento pacífico for possível.


Notas de rodapé:

(1) Os 20 anos de existência d’A CLASSE OPERÁRIA representam e correspondem a todo um período de lutas do Partido Comunista do Brasil, e das massas trabalhadoras em geral. Sua história é inseparável da história do Partido e do movimento operário brasileiro a partir de 1925.
A CLASSE OPERÁRIA tem desempenhado importante papel político no sentido da educação e organização do proletariado e do povo. Daí, o enorme interesse que apresenta tudo quanto se refere à sua vida. Os dados colhidos pelo jornalista Rui Facó estão nesse caso, e constituem, certamente, considerável subsídio para o conhecimento da sua história e da história do Partido.
Nestas páginas se encontrará o relato das lutas sustentadas, durante 20 anos por um genuíno jornal operário que é um exemplo glorioso para toda a imprensa popular de nosso país. [nota da Editora] (retornar ao texto)

Inclusão 26/08/2019