Dicionário político

Tatyana Mikhailovna Khabarova

Retrato Tatyana Mikhailovna Khabarova https://artyushenkooleg.ru/wp-oleg/archives/6489

(1935-2023): Presidente do Comitê Executivo do Congresso dos Cidadãos da URSS, Secretária Coordenadora da Plataforma Bolchevique no PCUS, líder do Movimento dos Cidadãos da URSS desde 1995. Em 1953, formou-se na Escola Secundária Feminina nº 188 de Moscou com uma medalha de prata e ingressou no Instituto de Engenharia de Energia de Moscou, Faculdade de Engenharia de Energia Térmica Industrial. Ao concluir o curso em 1960, ela se interessou por filosofia e ingressou no departamento de correspondência da Faculdade de Filosofia da Universidade Estadual de Moscou. Em 1963, apresentou um volumoso trabalho de conclusão de curso intitulado: Sobre a origem e a essência do pensamento. No período 1963-1968, estudou na escola de pós-graduação, e defendeu sua tese de doutorado sobre "O problema da lógica da descoberta científica em conexão com o conceito de K. Popper no Instituto de Filosofia da Academia de Ciências da URSS". De 1970 a 1988, criou uma série de trabalhos sob o título geral "Dialética materialista e escolasticismo positivista".
Foi presidente da comissão ideológica da Plataforma Bolchevique no PCUS (desde 13 de junho de 1991), presidente do Centro de Moscou da Plataforma Bolchevique; 1993-1995. - membro do Conselho da União dos Partidos Comunistas-CPSU (SCP-CPSU), membro do Comitê Executivo Político do SCP-CPSU (fevereiro de 1993-1994); Em janeiro de 1994, renunciou ao Comitê Executivo Político (mas não aoo Conselho); e na primavera de 1995, deixou o SCP-CPSU. O grupo bolchevique, do qual Khabarova era membro, propôs um Congresso de Cidadãos da URSS, que foi realizado em outubro de 1995. O Congresso adotou a Declaração sobre a Unidade do Povo Soviético, seu direito à reunificação e ao exercício pleno do poder e da soberania estatal no território da URSS. Nesse documento, pela primeira vez desde o referendo de março de 1991, a questão do fato da existência do povo soviético e os direitos pertencentes a ele, acima de tudo o direito à reunificação, já que legalmente é agora um povo dividido à força. Em outubro de 2001, foi realizado o Congresso dos Cidadãos da URSS da segunda convocação, no qual foi proposta a minuta da nova edição da Constituição da URSS.

Autoapresentação de Tatyana Khabarova extraída do texto "A economia socialista como sistema":

"Começo por me apresentar de modo a quem não me conheça neste auditório possa formar uma ideia de quem sou.
A minha formação de base é em engenharia termoeléctrica e pós-graduei-me em Ciências Filosóficas. No período soviético fui durante muito tempo (desde o início dos anos 70) «dissidente vermelha», isto é, não uma dissidente comum naqueles tempos, da corrente de Sákharov/Soljenítsine, mas pelo contrário, da corrente antiSákharov/Soljenítsine. Poderão pensar que, nos anos 70, ser-se contra Sákharov e Soljenítsine era simplesmente o mesmo que defender a visão oficial da época. Não, nada disso. Com base numa experiência pessoal mais do que suficiente, posso afirmar que, enquanto Iúri Andrópov dirigiu o Comité de Segurança do Estado da URSS, não se conduziu no país qualquer combate efectivo contra a praga do antisovietismo e do anticomunista. O que teve lugar foi uma propagação habilmente orquestrada desta praga, que na realidade era estimulada, pelo menos, por uma parte da direcção superior do partido e do Estado.
O combate – de resto muito severo e sem brincadeiras – era travado contra aqueles que viam e compreendiam o significado funesto deste processo e tentavam opor-se por sua conta e risco.
No Verão de 1989, Nina Andréieva convidou-me a entrar para a Associação «Unidade». Aceitei o convite e em breve tornei-me presidente da comissão ideoló- gica dessa associação informal, que naquele tempo tinha bastante actividade e influência.
Em Julho de 1991, a partir da «Unidade», foi criada a Plataforma Bolchevique no PCUS, a última grande plataforma que se criou no interior PCUS, a par da Demplatform [Plataforma Democrática], da Plataforma Marxista e do Movimento Iniciativa Comunista (DKI). A criação da Plataforma Bolchevique partiu de uma ideia minha, assim como sou a autora do documento «Plataforma Bolchevique no PCUS», que foi aprovado em 1991, na Conferência de Toda a União, realizada em Minsk, na qual participaram mais de 800 pessoas incluindo convidados.
Na base do DKI formou-se depois o Partido Comunista da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, e depois o Partido Comunista da Federação Russa e, como produto derivado, o Partido Comunista Operário Russo. Da Plataforma Marxista saíram o grupo de Aleksandr Buzgáline,4 o Partido Comunista da Rússia e o partido «União dos Comunistas», que formam actualmente o PCR-PCUS. Na base da Plataforma Bolchevique, Nina Andréieva fundou o Partido Comunista Bolchevique de Toda a União, mas uma parte da Plataforma Bolchevique no PCUS, à qual pertenço, continua a existir e a intervir sob este nome. Deste modo continuo filiada no PCUS.
Participei no Plenário do CC do PCUS de 13 de Junho de 1992. Entre 1992 e 1993, integrei o Comité de Organização do CC do PCUS para a convocação da XX Conferência de Toda a União e do XXIX Congresso do PCUS. Fui delegada em ambos os fóruns. A partir de Fevereiro de 1992 participei no processo de reconstituição da organização do partido da cidade de Moscovo. Fui delegada à primeira assembleia do partido da cidade de Moscovo, em 4 de Outubro de 1992, depois da dissolução do PCUS e do Partido Comunista da RSFSR. Na sequência do XXIX Congresso do PCUS, que se realizou em Março de 1993, tornei-me membro do Comité Polí- tico Executivo e do Conselho do Partido União dos Partidos Comunistas-Partido Comunista da União Soviética (UPC-PCUS).
Em 1994-95 saí dos órgãos dirigentes do UPC-PCUS, devido a divergências com Oleg Chénine5 e o seu grupo. Sempre considerei e considero que a ideia de uma «união de partidos comunistas» no nosso país, na presente situação, é errada na sua raiz, e defendo firmemente a reconstituição do Partido Comunista da União Soviética, enquanto partido autónomo, na base teórica e ideológica bolchevique.
Em 1995, o nosso grupo – a Plataforma Bolchevique no PCUS – concretizou a ideia de convocar o Congresso dos Cidadãos da URSS, o qual decorreu em Outubro daquele ano. O Congresso aprovou a Declaração sobre a Unidade do Povo Soviético, sobre o direito à sua reunificação e ao pleno exercício do poder e soberania no território da URSS. Neste documento, pela primeira vez desde o referendo de Março de 1991, foi colocada com toda a força a questão da existência do povo soviético e dos direitos que lhe assistem, antes de mais, o direito à sua reunificação, uma vez que, do ponto de vista jurídico, no actual momento é um povo dividido à força.
Prevê-se convocar pela segunda vez o Congresso dos Cidadãos da URSS em finais do Verão início do Outono. Será apresentado ao Congresso um projecto de nova redacção da Constituição da URSS, e é nossa intenção que o Congresso leve o projecto ao debate dos soviéticos. E aqui entramos no tema do nosso encontro, já que no referido projecto de nova redação da Constituição soviética será incluído o esquema económico de Stáline, sobre o qual me pediram para vos falar."