(1815-1846): As chamadas leis dos cereais (Corn Laws), aprovadas com vista a restringir ou a proibir a importação de trigo do estrangeiro, foram promulgadas na Inglaterra em benefício dos grandes latifundiários (landlords). Foram promulgadas em 1815 e revogadas em 1846.
A revogação das Corn Laws foi uma vitória do capitalista manufactureiro, não apenas sobre a aristocracia fundiária, mas também sobre aquelas secções de capitalistas cujos interesses estavam mais ou menos ligados com o interesse fundiário — banqueiros, especuladores com acções [stock-jobbers], detentores de fundos [fund-holders], etc. Livre-Câmbio significava o reajustamente de toda a política interna e externa, comercial e financeira, da Inglaterra em consonância com os interesses dos capitalistas manufactureiros — a classe que agora representava a nação. E eles entregaram-se a esta tarefa com determinação. Todo o obstáculo à produção industrial foi impiedosamente removido. A tarifa e todo o sistema de impostos foram revolucionados. Tudo foi feito subordinar-se a um fim, mas àquele fim de maior importância para o capitalista manufactureiro: o embaratecimento de todo o produto bruto [raw produce] e, especialmente, dos meios de vida da classe operária; a redução do custo da matéria-prima [raw material] e a manutenção baixa — se não como agora o abaixamento — dos salários. A Inglaterra havia de tornar-se a "oficina do mundo"; todos os outros países haviam de tornar-se para a Inglaterra aquilo que a Irlanda já era: mercados para os seus bens manufacturados, fornecendo-lhe em troca matérias-primas e alimentos. A Inglaterra, o grande centro manufactureiro de um mundo agrícola, com um número sempre crescente de Irlandas cerealíferas e algodoeiras girando à volta dela, o Sol industrial.