A decomposição do capitalismo se manifesta, além disso, no fato de que a burguesia imperialista, a custa dos seus lucros da exploração das colônias e países dependentes, sistematicamente, por meio de um mais alto salário e de outras esmolas, suborna uma pouco numerosa parte de operários qualificados — a chamada aristocracia operária. Com o apoio da burguesia, a aristocracia operária ocupa postos de comando numa série de sindicatos e, ao lado de elementos pequeno-burgueses, compõe o núcleo dos partidos socialistas de direita, representando sério perigo para o movimento operário. Esta camada de operários aburguesados é a principal base social do oportunismo.
Sobre a Aristocracia Operária, Lênin, no Prefácio às Edições Francesa e Alemã de "O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo", afirma: "... o capitalismo deu agora uma situação privilegiada a um punhado (menos da décima parte da população da Terra, ou, calculando de um modo muito «generoso» e muito acima, menos de um quinto) de países particularmente ricos e poderosos que, com o simples «corte de cupões», saqueiam todo o mundo. A exportação de capitais dá rendimentos de oito a dez mil milhões de francos por ano, de acordo com os preços de antes da guerra e segundo as estatísticas burguesas de então. Naturalmente, agora são muito maiores. É evidente que tão gigantesco superlucro (visto ser obtido para além do lucro que os capitalistas extraem aos operários do seu «próprio» país) permite subornar os dirigentes operários e a camada superior da aristocracia operária. Os capitalistas dos países «avançados», subornam-nos efetivamente, e fazem-no de mil e uma maneiras, directas e indirectas, abertas e ocultas. Essa camada de operários aburguesados ou de «aristocracia operária», inteiramente pequenos burgueses pelo seu género de vida, pelos seus vencimentos e por toda a sua concepção do mundo, constitui o principal apoio da II Internacional e, hoje em dia, o principal apoio social (não militar) da burguesia. Porque são verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operário, lugar-tenentes operários da classe dos capitalistas (labor lieutenants of the capitalist class), verdadeiros veículos do reformismo e do chauvinismo. Na guerra civil entre o proletariado e a burguesia colocam-se inevitavelmente, em número considerável, ao lado da burguesia, ao lado dos «versalheses» contra os «communards». Sem ter compreendido as raízes económicas desse fenómeno, sem ter conseguido ver a sua importância política e social, é impossível dar o menor passo para o cumprimento das tarefas práticas do movimento comunista e da revolução social que se avizinha."