(1922-2012): Escritora, jornalista, deputada e militante marxista brasileira. Iniciou sua militância política nos anos 40, foi eleita aos 23 anos como deputada estadual na cidade de Santos pelo PCB, tornando-se uma das primeiras mulheres a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Autora dos livros "Uma jovem brasileira na URSS", "Estudantes fazem história", "Feminismo: O Ponto de Vista Marxista" entre outros. Zuleika se consagrou como uma líder feminista que lutou pelos direitos sociais no Brasil, tendo projetos como um abono de Natal que seria o precursor do 13º salário e outro que instituía a remuneração sem distinção de gênero.
Atuou na Liga de Defesa Nacional que combatia o Estado Novo. Para impedir a entrada de produtos da Espanha franquista no porto de Santos, ajudou a organizar a primeira greve portuária com os estivadores e doqueiros da região.
Com a legalização do Partido Comunista, passou a fazer parte das fileiras comunistas e iniciou suas tarefas em comícios nas praças públicas e em portas das firmas santistas e de São Vicente. Nas eleições gerais no Brasil em 1947, elegeu-se com o apoio dos trabalhadores do porto como primeira suplente a deputada estadual pelo Partido Comunista Brasileiro. Tomou posse em 26 de setembro, em substituição ao deputado Clóvis de Oliveira Neto. No entanto, o PCB foi novamente colocado na ilegalidade em 1948 devido ao contexto da Guerra Fria, e Zuleika, assim como outros militantes do partido, teve seu mandato cassado pelo Supremo Tribunal Eleitoral. Foi então obrigada a entrar na clandestinidade, considerando a forte repressão e a ordem de prisão expedida aos deputados comunistas.
Na década de 1950 passou a atuar em campanhas pela soberania nacional e pelo Estado de Direito, além de cumprir suas primeiras tarefas na União Soviética como Secretária-geral da União da Juventude Comunista. Atuou informalmente junto à diretoria da União Nacional dos Estudantes pela formação do Centro Popular de Cultura, nas campanhas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e na defesa do Monopólio estatal do petróleo no Brasil.
Com a instauração da ditadura militar no Brasil, Zuleika foi perseguida por causa de sua atuação na UNE e teve os direitos políticos suspensos por 10 anos. Foi obrigada a sair do país em 1969 após a decretação do AI-5, passando pelo Uruguai, Paraguai e Argentina até finalmente migrar para Budapeste, na Hungria. Lá passou a militar pela Federação Mundial da Juventude Democrática ajudando a organizar a campanha pelo término da Guerra do Vietnã. Em 1971 mudou-se para Santiago no Chile, inicialmente para participar do Encontro da Juventude Mundial contra a Guerra no Vietnã. Ao se estabilizar na cidade, participou da criação do Comitê de Mulheres Brasileiras no Exílio e dos movimentos chilenos em defesa do governo de Salvador Allende. Além disso, trabalhou em uma fábrica de autopeças, na agricultura e deu curso sobre a experiência do golpe militar no Brasil. Antevendo o golpe de Estado no Chile em 1973, Zuleika fugiu para um sítio nos arredores de Santiago e posteriormente se refugiou na embaixada da Venezuela. Após quatro meses em Caracas, buscou exílio novamente na União Soviética onde tratou da saúde abalada por subnutrição e problemas renais. No ano de 1974, com proteção da ONU, se hospedou na casa de Oscar Niemeyer em Paris. Na França, fundou o Comitê de Mulheres Brasileiras no Exterior, que congregava as exiladas na Europa.
Aprovada a Lei da Anistia em 1979, Zuleika retorna ao Brasil recepcionada por várias entidades de mulheres brasileiras. Afastou-se do PCB em 1983 para se dedicar exclusivamente ao feminismo, tendo participado da criação do Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de São Paulo no qual foi conselheira e presidenta entre 1985 e 1986.