O Império de Havana

Enrique Cirules


VI. A Serviço da Máfia


capa

Em 1951, as forças políticas em Cuba formavam, de maneira geral, o seguinte quadro:

  1. Uma força instalada como governo — poder aparente —, em um desenfreado processo de corrupção, com os três irmãos Prío Socarrás tratando de dar continuidade ao autenticismo (em aliança com os partidos Liberal, Democrata e Republicano), rodeados por diversos nomes que pretendiam herdar posições ou que estavam realizando operações clandestinas: Manuel Antonio Tony de Varona, Miguel Suárez Fernández, Hevia e os irmãos José e Eduardo Suárez Rivas, entre outros.
  2. Um segundo agrupamento — também proveniente do autenticismo—, encabeçado pelo doutor Grau San Martín, que outra vez aspirava, na oposição, alcançar posições de poder, a partir daquela falsa imagem da jornada de 1944. Grau havia sido alentado a formar esse novo partido, que debilitava ainda mais o bloco autêntico.
    Em julho de 1951, o senador Santiaguito Rey Pernas tornava-se o homem de confiança de Grau, estimulando contradições e ambições entre grausistas e priístas.
  3. Uma terceira força representada pelo Partido Ortodoxo, depois da morte de Chibás, era o agrupamento político que ganharia as eleições de 1952. Era, porém, um partido em que estavam aflorando grandes contradições, porque boa parte do país já estava nas mãos de políticos tradicionais e latifundiários.(1)
  4. A força que constituía o velho partido marxista, acossado e perseguido pelo feroz macartismo. Junto com essa força havia sido reprimido também o antes poderoso movimento sindical cubano, e, segundo os especialistas norte-americanos, a esquerda revolucionária em Cuba não estava em condições de impedir ou de apresentar resistência organizada a qualquer mudança ou arranjo político, incluindo um golpe de Estado.
  5. O grupo de Batista, com sua antiga cúpula político-militar, repudiado por todo o povo, não tinha nenhuma possibilidade de voltar a dirigir o poder aparente em Cuba.

No entanto, o domínio dos Estados Unidos sobre Cuba era mais do que absoluto entre 1950 e 1952, e os artifícios do golpe de Estado de 10 de março de 1952, que organizaram e dirigiram essa operação, foram as próprias forças que constituíam o esquema imperialista: grupos financeiros-Máfia-serviços especiais norte-americanos.

As operações clandestinas, por sua vez, estiveram a cargo da inteligência-Máfia — que, logicamente, utilizou o elemento das cúpulas político-militares tradicionais e as estruturas secretas das instituições armadas do país, subordinadas às agências especiais dos Estados Unidos.

Para que tenhamos uma ideia, ainda que parcial, da grande conspiração, é necessário relembrar um pouco de história: foram os norte-americanos que organizaram em Cuba os serviços de inteligência do Exército Constitucional, no início do protetorado (1902). Isso sem contar que desde muito antes a espionagem norte-americana operou dentro e fora da Ilha, contra o movimento pela independência.

Foi depois da primeira intervenção militar, com o surgimento da pseudo-república, que os Estados Unidos passaram a controlar diretamente os serviços secretos nas instituições armadas. Alguns desses especialistas chegaram inclusive a assumir a nacionalidade cubana.

Treinavam os agentes não só na Ilha, como também nos Estados Unidos. Em geral, esses agentes eram recrutados quando iniciavam seus estudos nas academias militares; presume-se que chegaram a manipular de alguma forma o movimento revolucionário na década de 30. Estiveram presentes também nas operações que possibilitaram a saída de Machado do país e nas manobras que tornaram possível que Batista se tornasse a mais importante figura no novo esquema de dominação, imposto pelos Estados Unidos, à nação cubana.

Em seguida, de acordo com os novos tempos, ampliaram consideravelmente seu espectro, com políticos, advogados, jornalistas, gangsteres, empresários, mafiosos e altos executivos.

Portanto, na Ilha não se podia realizar nenhum movimento de envergadura dentro das forças políticas ou armadas sem que, tão logo se dessem os primeiros passos, os serviços secretos americanos tomassem conhecimento de toda a trama.

É necessário precisar que a inteligência-Máfia norte-americana, que se ocupou dos problemas vinculados ao golpe de Estado de 10 de março de 1952, era mais poderosa do que os grupos que intervieram em setembro de 1933. Estava presente há quase vinte anos, desde a outra Guerra Mundial, e havia alcançado maior destaque na política externa norte-americana.

O auge começa em 1940, quando o presidente Roosevelt envia William J. Donovan, um advogado de Nova York, para percorrer a Inglaterra e zonas do Mediterrâneo e dos Bálcãs, com a finalidade de recolher e avaliar um conjunto de informações. Donovan regressou com a missão cumprida e com uma recomendação: os Estados Unidos deviam estabelecer uma organização central de inteligência.

Dessa proposta, em 13 de junho de 1942, surgiu o Escritório de Coordenação de Informações, dirigido pelo próprio general Donovan; naquele mesmo ano, iniciou-se a aliança estratégica entre a inteligência e a Máfia norte-americanas.

Em seguida, esse escritório dividiu-se em dois grandes centros operativos: o Escritório de Serviços, a cargo de Donovan, e o Escritório de Informações de Guerra. O ESS tornou-se famoso por suas operações militares na Europa, na Ásia e no Sul da Itália, com o apoio das estruturas secretas da Máfia, utilizando “uma modalidade de combinação de operações especiais com captação de informações que ainda é seguida pela CIA”.(2)

Desde 1944, Donovan tinha preparado o plano para estabelecer uma agência central de inteligência e, quando Truman assumiu o poder e o ESS foi liquidado, alguns desses agentes passaram à inteligência do Exército e outros foram transferidos para o Departamento de Estado, no qual constituíram o Bureau de Inteligência e Investigação.

Quatro meses mais tarde, em 22 de janeiro de 1946, uma ordem executiva criou uma Autoridade Nacional de Inteligência e um Grupo Central de Inteligência, precursor da CIA; em 10 de maio de 1947, duas ou três semanas depois da saída de Lucky Luciano de Cuba, Truman nomeou o contra-almirante Roscoe H. Hillenkoetter.

Hillenkoetter era graduado na universidade de Indianápolis, falava três idiomas e tinha vários anos de experiência na inteligência da Marinha. Foi precisamente a inteligência da Marinha que iniciou os primeiros contatos com a Máfia norte-americana.

Segundo a pesquisadora Penny Lernoux, Lucky Luciano foi um “célebre mafioso que montou a rede asiática para a importação de heroína dos Estados Unidos, uma figura-chave da aliança ESS-CIA com o baixo mundo”.(3)

Entretanto, é preciso dizer que não apenas Luciano foi uma figura-chave, mas também o financista da Máfia, Meyer Lansky. Em relação a essas alianças, Frederic Sondem Jr. assegura que:

A maior parte dos detalhes do que aconteceu a partir daquele momento continua sendo informação exclusiva do inacessível Pentágono. Um enfurecido senador, Estes Kefauver, com um comitê investigador como apoio, tratou de chegar aos fatos em 1951. Teve pouco sucesso. A navy, os membros dos escritórios do fiscal do Distrito Hogany, todos os que na realidade sabiam de algo, mostraram-se e continuaram se mostrando vagos, por uma simples razão: era um assunto sumamente embaraçoso.(4)

A Lei de Segurança Nacional que autorizou a criação da CIA, em 1947, estabeleceu também um Departamento de Defesa, unificou os serviços armados dos Estados Unidos e criou o Conselho Nacional de Segurança. Os deveres da CIA foram estabelecidos em cinco breves parágrafos, outorgando a essa agência poderes ilimitados que, de fato, a autorizam a qualquer ação ou aliança, inclusive com o crime organizado, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar do mundo. Vejamos o parágrafo terceiro:

Correlacionar e avaliar a inteligência relativa à segurança nacional e proporcionar a apropriada disseminação dessa inteligência dentro do governo. . . Estabelecendo-se que a Agência não terá faculdades de polícia, de convocar para depor, nem de fazer cumprir a lei, nem funções de segurança interna. . . (5)

A Agência Central de Inteligência passou imediatamente a ser um elemento coordenador dentro da poderosa comunidade de inteligência norte-americana, constituída pelo Conselho de Segurança Nacional (Security National Council), pela Agência de Segurança Nacional (National Security Agency), pela Inteligência do Exército (Army Intelligence), pela Inteligência da Força Aérea (Air Force Intelligence), pelo Bureau de Inteligência e Investigação do Departamento de Estado (State Department Bureau of Intelligence and Research), pela Comissão de Energia Atômica (Atomic Energy Commision) e pelo Bureau Federal de Investigações (FBI). Não se pode esquecer também dos grupos operativos próprios da CIA, encarregados das operações especiais: o serviço secreto do Pentágono, o Escritório de Narcóticos do Tesouro, o Departamento de Imigração e Naturalização e o serviço secreto da Alfândega dos Estados Unidos.

Em 1952, quando assumiram discretamente o golpe de Estado de 10 de março, os Estados Unidos contavam com um mecanismo de inteligência com que realizavam operações em diversas partes do mundo. Mas, no caso do golpe de Estado que instalou Batista no poder, também desencadearam contra Cuba o aparato clandestino da Máfia, os serviços de investigação ou de informação dos grupos financeiros radicados em Havana e os elementos das cúpulas político-militares dos partidos tradicionais, além dos aparatos policiais do país, sempre subordinados à inteligência dos Estados Unidos. Segundo Allen Dulles,

a Lei de Segurança Nacional de 1947 teve de situar a inteligência em uma posição mais influente em nosso governo do que aquela que desfruta a inteligência em qualquer outro governo do mundo.(6)

No entanto, diz-se com razão que os motivos para o golpe de Estado de 10 de março de 1952 foram devidos a um conjunto de fatores, referentes a origens ou a causas principais, internas e externas.

No golpe de Estado de 1952, o imperialismo norte-americano aproveitou-se do caos que atravessava a Ilha, provocado pelo autenticismo, pela corrupção desmesurada, pelo macartismo feroz, pela perseguição à esquerda revolucionária, pela repressão ao movimento sindical cubano, pela instauração do gangsterismo e pelas pretensões dos Prío de perpetuar aquela desordem econômica, moral e política. Mas, apesar de todas as arbitrariedades a que havia sido submetido, a resistência do povo era cada vez maior.

O descontentamento geral e as exigências das grandes maiorias desenvolveram um vigoroso movimento moralizador que foi encabeçado por Eduardo R. Chibás, com um programa de moralização da sociedade, que ameaçava seriamente no plano interno os grupos financeiros-Máfia-serviços especiais dos Estados Unidos, constituintes daquele Estado de caráter criminoso. A rebeldia popular ia-se estendendo dia a dia e a qualquer momento poderia explodir.

O outro aspecto que acelerou os preparativos do golpe de Estado em Cuba foi a profunda crise política e moral (e também legal) que irrompeu na sociedade norte-americana entre 1950 e 1952, quando as investigações da Comissão Kefauver revelaram a existência de um mundo de delinquência extraordinária, que manipulava imensas fortunas e um grande poder e que atingia todas as esferas da sociedade americana.

As revelações da Comissão Kefauver constituíram uma ameaça não apenas aos interesses da Máfia, mas também a importantes setores da economia norte-americana, suas estruturas políticas e a comunidade de inteligência cada vez mais vigorosa nos Estados Unidos.

Havia já quase uma década que operações conjuntas eram realizadas: importantes personalidades da política americana — senadores, deputados, prefeitos, governadores, juízes, fiscais e até altas figuras executivas de Washington — permitiam ou mantinham uma política de grande tolerância, como parte desse acelerado processo, no qual participavam também setores econômicos e financeiros.

A questão não era só que a Máfia estivesse penetrando nos negócios legais dos Estados Unidos, mas que grupos cada vez maiores da economia e da política fossem receptivos a essas relações, por causa dos enormes lucros.

No prólogo do livro Murder Inc., em setembro de 1951, o jornalista norte-americano Sic Feder observou que:

O Comitê do Senado Kefauver levou a cabo uma admirável tarefa ao despertar a consciência pública para um perigo que, manifesto em mais de uma ocasião, havia sido esquecido através dos anos. Por isso, merece a gratidão de todos os cidadãos honrados. No entanto, tal como assinalamos em nosso livro, o Comitê, como grupo investigador, omitiu detalhes reveladores do verdadeiro alcance da ameaça.(7)

O escândalo causado pelas revelações da Comissão Kefauver ameaçaria mais diretamente os negócios ilegais (se o processo tivesse sido conduzido de maneira procedente); consequentemente, era normal que os interesses da Máfia norte-americana iniciassem de imediato um movimento de retiro para a sua mais apreciada base exterior.

Em 1950, Cuba era o ponto mais importante da delinquência norte-americana fora dos Estados Unidos; era lógico que, dadas as circunstâncias, a Máfia tratasse de reorganizar seus interesses, para torná-los mais sólidos e estáveis, capazes de resistir a qualquer pressão externa, com medidas governamentais que tornassem seus negócios legais ou, pelo menos, toleráveis.

Esses dois fatores — as pressões a que estava sendo submetida a Máfia norte-americana no próprio território dos Estados Unidos e as ameaças moralizadoras de Eduardo R. Chibás — aceleraram os preparativos para o golpe de Estado com que o general Batista assumiu de novo o controle do país.

É necessário dizer que, de todas as possíveis opções, Batista era a mais confiável. Havia demonstrado extraordinária fidelidade aos grupos financeiros dominantes, às famílias da Máfia e aos serviços especiais dos Estados Unidos. Era, sem dúvida, o mais disciplinado, num momento em que a própria existência do Império de Havana estava em jogo.

No entanto, para Washington parecia sumamente escabroso justificar operações clandestinas para colocar outra vez no poder o general Batista: então se produziam nos Estados Unidos sérias imputações contra grupos delituosos, setores políticos e judiciais e esferas econômicas.

Em pouco menos de vinte anos, esses grupos financeiros-Máfia-serviços especiais haviam avançado consideravelmente em suas relações. Por isso, para a implementação do golpe de Estado era necessário um consenso entre todas as forças dominantes.

Isso pode explicar em parte as estranhas pretensões dos Prío, quando, em 1950 e 1951, trataram de impor às companhias americanas que se dispunham a abrir minas de níquel no Oriente cubano (a American Smeltin & Refining Co. e a Freport Sulphur Co., vinculadas ao grupo financeiro Rockefeller, aos interesses da Guggenheim e ao National City Bank) uma insólita participação naqueles negócios.

Os Prío arrebataram momentaneamente os interesses financeiros dos Rockefeller e seus afins, os negócios do níquel de Cuba, para entregá-los a uma firma holandesa, a Billinton, realizando um segundo desafio, ao declarar livre a safra de 1951, quando o governo norte-americano pressionava pela implantação de uma política de restrição açucareira, para melhorar os preços do açúcar cru e estabilizar o mercado internacional.

Em consequência disso, as pretensões de Prío criaram um clima de extrema tensão entre o governo autêntico e o poderoso clã Rockefeller, fator decisivo para que Washington autorizasse o golpe de Estado de 10 de março.

O fato de os irmãos Dulles possuírem substanciais vínculos com as companhias interessadas na exploração do níquel cubano e em outros importantes negócios referentes às províncias orientais constituiu uma razão de primeira ordem nos acontecimentos de 1952.

Foster e Allen Dulles mantinham interesses nos negócios que realizava o escritório de Saullivan e Cromwell em Wall Street, antes que se dedicasse completamente às atividades de espionagem;(8) em 1950, as minas do Oriente cubano eram altamente apreciadas como imprescindível material estratégico para a indústria de guerra norte-americana.

Por sua vez, esse complexo financeiro (Rockefeller e seus afins) controlava em Cuba importantes negócios açucareiros e de gado: em torno de vinte das maiores centrais e pouco mais de 40 mil hectares de terra, assim como a companhia de gado Becerra, mais conhecida como Ranch King.

No próprio ano de 1952, John Foster Dulles ocupou o cargo de secretário de Estado e seu irmão, Allen, era o subdiretor da Agência Central de Inteligência, que dirigiu até o começo da década de 60.

Hoje se pode afirmar que os irmãos Dulles desempenharam um papel decisivo nos arranjos para que Washington autorizasse o golpe de Estado, apoiando-se em um conjunto de situações com todas as características das grandes operações encobertas.

Examinada em sua dimensão histórica, torna-se ainda mais insólita a pretensão dos Prío, tratando de competir ou desafiar os grupos financeiros de maneira impune, com projetos de participação em espaços reservados apenas aos grandes interesses americanos.

O mais provável é que Prío fosse incitado por alguma força ou por grupos que lhe prometeram ou o fizeram acreditar em um apoio para materializar seu projeto. Mas o que Carlos Prío fez, na realidade, foi armar com poderosos argumentos os irmãos Dulles.

A ingenuidade não era uma característica dos Dulles. Iam por acaso acreditar que aquelas medidas agressivas contra os interesses dos Estados Unidos, realizadas por um governo como o autêntico, eram apenas decisão daquele presidente cubano? Tratava-se, na realidade, de “interromper a, até então, utilíssima farsa da democracia representativa, promovendo nada menos que um golpe de Estado.”(9)

O certo é que para Washington era muito difícil, quase impossível, usar com lucidez esse golpe em Cuba no momento em que os escândalos políticos que se estavam produzindo nos Estados Unidos ameaçavam a estabilidade da Máfia norte-americana.

Os Dulles eram experientes demais para não se dar conta do que estava em jogo e muito menos para desconhecer o crescente processo de entrecruzamento da economia, da política e do crime organizado na América do Norte.

Nunca antes as atividades da inteligência norte-americana foram tão intensas — exceto durante 1958 — nem se montaram tantas e tão aceleradas operações para proteger o esquema de domínio imperialista em Cuba. A nova entrada de Batista para dirigir o poder aparente em Cuba requer para as atuais gerações uma reflexão maior, referente ao conceito do golpe de Estado militar. Esse acontecimento, da mesma forma que o restante das mudanças políticas ocorridas entre 1934 e 1958, correspondentes ao processo de constituição de um Estado criminoso em Cuba, inscreve-se também como fruto dos arranjos com as partes ou transações políticas. O dia 10 de março, claro, não escapa ao traço geral que caracterizou esse período, em uma política que esteve encaminhada a ampliar e consolidar o poder dos Estados Unidos, “em seu empenho para apoiar ou minar governos estrangeiros”.(10)

Alguns dos fatores para o golpe de 10 de março foram-se constituindo desde o início da passagem política ao autenticismo, em 1944. Outros têm antecedentes históricos mais longínquos, e os demais foram produto das operações clandestinas que a comunidade de inteligência dos Estados Unidos realizou, utilizando elementos das cúpulas autêntica-batistiana ou atividades sigilosas a cargo da Máfia norte-americana, cujo império se encontrava seriamente ameaçado.

Um fator importante foi a repressão contra as forças do velho partido marxista e os sindicatos cubanos, em um processo de tipo gangsteril, ao estilo de Chicago, que em poucos anos fez com que a direção do movimento operário cubano passasse a ser dividida e dominada por elementos delituosos.

Outro elemento histórico é ainda mais antigo: a ausência de uma verdadeira burguesia cubana. Essa classe econômica, qualificada como pseudo-burguesia, constituía uma força que não respeitava sequer a si mesma. Havia emergido no século XX, em condições muito precárias, como consequência de trinta anos de guerras anticoloniais que devastaram o país, para encontrar-se com uma ocupação norte-americana, sendo submetida de imediato, na medida em que os imperialistas iniciavam um processo de apropriação de terras, de minas, de transportes, de comunicações, de finanças e, claro, da cobiçada indústria açucareira.

Vitimados pelas crises de 1920 e 1929, esses grupos da economia cubana seriam vítimas também da irrupção dos novos grupos financeiros da década de 30. A teoria de que a pseudoburguesia cubana havia emergido com os negócios propiciados pela II Guerra Mundial e que já estava inclusive constituindo um banco cubano, que começava a rivalizar com os interesses dos bancos norte-americanos, é absolutamente ingênua.

O que existia em Cuba em 1950 eram setores econômicos dependentes dos interesses financeiros e da Máfia norte-americanos, entrelaçados, à mercê do esquema de domínio que o imperialismo norte-americano desatou sobre a nação cubana. Havia pessoas que apareciam como cubanas (Barletta, Battisti, Julio Lobo), quando na realidade eram estrangeiras ou respondiam aos diversos interesses estrangeiros. Também havia um terceiro conjunto, de figurões e de altos executivos, muito gastadores, que ostentavam a representatividade de grandes negócios como testas-de-ferro, sem contar com as cúpulas político-militares do poder aparente, cujas manobras fraudulentas permitiam que a cada quatro anos surgissem duas dezenas de novos milionários. Portanto, entre 1950 e 1952, a mais genuína consciência de nação e de nacionalidade só se mantinha presente no movimento revolucionário e nas amplas massas populares. Os grupos pseudoburgueses e dependentes eram incapazes de resistir à instauração de uma ditadura militar promovida por Washington.

Também foi conveniente para a execução do golpe de Estado a política externa do presidente Truman. Essa política caracterizou-se pela expressiva ajuda material oferecida à Europa Ocidental (Plano Marshall) e pela indiferença absoluta pelos graves problemas econômicos e sociais da América Latina, em especial a América Central, os países andinos, o Paraguai e o sempre infeliz Haiti, cuja miséria secular é responsabilidade direta dos Estados Unidos.

Essa política dura e anticomunista, com a implementação do chamado macartismo, desembocou em meados de 1950 na agressão militar contra o povo coreano. Dessa maneira, como de outras vezes, o governo de Washington, para camuflar ou diluir os graves problemas internos, lançava-se em uma aventura militar que preencheria um espaço que deveria estar sendo dedicado a esclarecer os assuntos relacionados com os negócios, a política e o crime organizado nos Estados Unidos.

No panorama político cubano, ocorria um fenômeno extraordinariamente importante, que não poderia ter passado em branco para a poderosa intelectualidade radicada em Havana. Nos ambientes universitários e em outros lugares para os quais confluíam as inquietudes políticas, aconteciam aproximações, intercâmbios de ideias, discussões de pontos de vista, confluências de critérios etc., entre jovens ortodoxos dos cursos universitários e jovens da esquerda marxista, também influenciados pelo pensamento revolucionário de José Martí.

A comunidade da intelectualidade norte-americana, por seu lado, resolveu montar um conjunto de operações para que o povo cubano não tivesse condições de apresentar uma resistência organizada à cúpula político- militar que assumiria o poder com Batista. Com esse objetivo, as operações procuravam:

  1. acelerar o clima de violência, para demonstrar que o caos imperante no país era ainda maior. Setores importantes deviam se persuadir de que só uma mão dura, a mão de Batista, podia conseguir que a nação voltasse à tranquilidade;
  2. um maior entrelaçamento entre as cúpulas autêntica e batistiana, com grandes nomes que constituiriam diretamente o reordenamento do Estado de caráter criminoso. Figuras autênticas como Rolando Masferrer, Eusebio Mujal Barniol e Miguel Suáres Fernández, entre outras, seriam assumidas imediatamente pela tirania. Outros personagens, como Eduardo Suárez Rivás e Santiaguito Rey Pernas (para citar apenas dois exemplos mais expressivos), passaram às suas legítimas posições, depois de haver cumprido missões próximo do grupo autêntico. É necessário precisar que essas veleidades sempre foram tidas como atitudes políticas ou interesses pessoais, questões de caráter ou de mesquinharias, etc., na medida em que passavam de um grupo político para outro sem que, com um pouco mais de perspicácia, se revelassem como operações de manipulação cuidadosamente planificadas;
  3. A criação de um clima psicológico, com as mais refinadas técnicas, para que a entrada dos militares na política fosse vista como a única solução para os graves problemas que Cuba enfrentava;
  4. A aplicação de uma politica de atomização das forças mais patrióticas. Essa política havia sido aplicada desde a primeira intervenção militar e durante os anos 30 constituiu o esforço essencial do imperialismo: evitar que se produzisse em Cuba uma genuína unidade de todas as forças revolucionárias;
  5. A Máfia, através de companhias de fachada, a cargo da família Barletta, com Angel Cambó e a firma Humara y Lastra, entre outros, ficou com o controle de importantes meios de comunicação, como ojornal El Mundo, a cadeia nacional Union Radio y Televisión, o canal 2 da televisão e outros meios, além das manipulações que estiveram por conta de Pumarejo;
  6. O reforço do aparato policial: 250 viaturas novas, com sofisticadas técnicas, em patrulha permanente pela grande Havana. A figura destacada seria a do tenente Salas Canizares (chefe da polícia após o golpe de 10 de março), que operou todos aqueles meios;
  7. A assinatura de um pacto militar, 48 horas antes do golpe de Estado, entre o governo autêntico e os Estados Unidos. Essa manobra serviu para que Batista herdasse “um convênio que lhe beneficiava enquanto o governo de Prío se desprestigiava ainda mais”.(11)

A cúpula autêntica poderia ter resistido ao golpe de Estado. Tinha acesso às armas de que o povo necessitava para enfrentar os golpistas. Se tivesse levado um caminhão de armas para a Universidade (e os estudantes foram buscar armas no Palácio Presidencial, ao amanhecer de 10 de março) ou para alguns dos bairros operários da capital, ter-se-ia iniciado uma luta interminável, de acordo com as características do povo cubano.

Mais do que isso, existem evidências irrefutáveis de que a cúpula autêntica conhecia os preparativos daquela manobra militar. Desde março de 1951, segundo confissão própria, o vice-presidente de Prío, Guillermo Alonso Pujol, estava se reunindo secretamente com o doutor Jorge Garcia Montes e com o general Batista, para discutir o golpe de Estado:

No dia seguinte, muito cedo, eu estava em Kuquine. Meu anfitrião, na medida em que achou conveniente, me entregou o segredo. No Exército, começou dizendo, há um movimento de jovens oficiais que se encaminham à destituição do presidente Prío e à sua substituição pelo vice- presidente da República. Consideram que eu sou a figura que deve dar tonalidade histórica ao movimento. Se não os ouvimos, corremos o risco de que façam tudo por sua conta e isso é muito perigoso, dada a sua falta de orientação política. Ainda que não o dissesse claramente, me falava como se se tratasse de um golpe a ser executado nas horas seguintes.(12)

Os próprios serviços secretos de Prío estavam a par do complô militar e de maneira reiterada informavam-no dos movimentos e reuniões que se estavam realizando. Em um relatório do SIM (tomado do expediente número 33, de 1952, do Serviço de Inteligência Militar), os aspectos essenciais da conjuração foram abordados com extraordinária clareza.(13)

PRIMEIRO: Que, há aproximadamente um ano, o oficial informante, com agentes às suas ordens, esteve mantendo uma constante e discreta vigilância sobre as atividades do ex-presidente Batista, em cumprimento de instruções superiores e por haver-se tido notícias de que mantinha relações políticas com membros do Exército em serviço ativo.

SEGUNDO: Que, no curso dessas diligências, se conseguiu comprovar que rodeia o ex-presidente Batista um nutrido grupo de militares da reserva; estes, por sua vez, tratam por todos os meios de manter contato com a tropa no serviço ativo, para o caso de, segundo manifestaram em conversas íntimas, necessitar do Exército para um golpe de Estado, a favor de Batista.

TERCEIRO: Que, no sábado 26, de janeiro último, nos escritórios do P. A. U., situados na rua 17 número 306, no Vedado, se reuniu o ex-presidente Batista com um grupo dos referidos militares da reserva. Tratando-se, nessa reunião, das dificuldades que o panorama político apresentava e, para a aspiração presidencial de Batista. Discutindo-se as necessidades de chegar ao poder violentamente, com o apoio do Exército.

QUARTO: Ao terminar essa reunião, Batista convocou os responsáveis por sua propaganda para uma entrevista que se realizou naquela mesma noite na fazenda Cuquine, onde foram traçados os planos para modificar a propaganda de rádio e de jornal. Primeiro: criar um clima de agitação nacional com a intenção de demonstrar que o governo atual não tem força para controlar a ordem, manter a paz pública e garantir os direitos de propriedade e de livre imprensa. Segundo: levar à opinião pública a ideia de que só Batista pode restabelecer esse equilíbrio, que eles asseguram estar interrompido.

QUINTO: Que, na noite do dia de ontem, 7 de fevereiro, se levou a efeito uma nova reunião na fazenda Cuquine, entre os militares da reserva e o ex-presidente Batista, considerando-se as dificuldades da situação política, havendo-se estabelecido nessa reunião acelerar os contatos com militares na ativa, com o objetivo de utilizá-los, se considerassem necessário um golpe de Estado.

SEXTO: Que essas primeiras reuniões, celebradas no mês de janeiro, por Batista e os militares da reserva e, mais tarde, pelos responsáveis por sua propaganda, foram conhecidas por Kuchilán e deram origem à nota presente em sua seção de Prensa Libre em 30 de janeiro do presente ano.

Muito se especulou sobre a reação que teve Carlos Prío diante do golpe de Estado, mas, da mesma forma que o surgimento do autenticismo em 1944, os acontecimentos de 10 de março resultaram das pressões e negociações. Mais que uma conjuração militar, realizou-se um cuidadoso trabalho de pressões e acordos, com muita dissimulação, com a intervenção direta do imperialismo norte-americano e com operações clandestinas que foram assumidas pelos grupos financeiros, a Máfia e os serviços especiais, para substituir o autenticismo do general Batista.

Dentro da cúpula autêntica, conhecia e colaborou com esse objetivo um grupo importante de personagens próximas ao presidente Carlos Prío. Para citar apenas alguns: Guillermo Alonso Pujol (vice-presidente daRepública), Rolando Masferrer (representante na câmara, diretor de um jornal e chefe de um dos maiores grupos de gangsteres), Eusebio Mujal Barniol (usurpador da direção do movimento sindical cubano), o senador Miguel Suárez Fernández (de grande influência na bancada autêntica, majoritária no senado) e outros personagens célebres, além de Eduardo Suárez Rivas, que realizou trabalhos de contato. Esses personagens foram passando de imediato ou depois (quase todos), exceto os que tiveram de cumprir delicadas missões, ao grupo de políticos dirigidos por Batista.

Pujol, como parte da campanha psicológica que se desatou contra os Prío, desde agosto de 1951, ameaçou os interesses da família presidencial. Nos últimos meses de seu governo, os Prío foram levados a uma situação extrema: se os ortodoxos eram os que tomavam o poder, o povo exigia o programa moralizador de Eduardo Chibás.(14)

O processo de ameaças contra os Prío era para que fosse aceito o golpe militar e, ao mesmo tempo, para criar uma fachada que permitisse que aquele golpe fosse considerado historicamente como algo surgido da própria política local. Ainda que os Prío possuíssem contas milionárias em bancos estrangeiros, vinham realizando fortes investimentos dentro do país, comprando dezenas de fazendas e fábricas de açúcar, com os roubos e fraudes contra o Estado cubano. O fato de terem investido dezenas de milhões em Cuba tornava-os vulneráveis a ameaças e chantagens.

Em declarações à imprensa (entrevista de Gastón Baquero a Santiaguito Rey Pernas), continuou-se estimulando a campanha para que os Prío se sentissem verdadeiramente ameaçados e, ao mesmo tempo, para que as massas exigissem ações contra os Prío e se criasse um estado de opinião. Para essa campanha de intimidação, foram publicadas numerosas notas e se realizaram constantes entrevistas a elementos da política tradicional. Da mesma maneira, tal campanha alcançou também a sociedade norte-americana.

Os serviços especiais e a Máfia, para reforçar a ideia de que Batista era a única opção, trabalharam na constituição de um clima de terror em torno dos Prío. Nos últimos meses, os Prío estiveram praticamente paralisados, porque eram cada vez maiores os rumores (incluindo os comentários feitos de maneira aberta pela cúpula batistiana) de que, tão logo os ortodoxos tomassem o poder (e eram eles os que assumiriam o poder), seriam detidos, processados e fuzilados em La Cabana e todas as suas propriedades seriam tomadas pelo Estado.

A cada dia tornava-se mais evidente para os Prío (Antonio e Paco tinham se reunido secretamente com Batista em Miami) que a chegada de Batista ao poder era uma espécie de salvação, a única salvação, a mão implacável que podia livrá-los da ira popular.

No golpe de 1952 (além da utilização de um conjunto de quadros muito experimentados, com as mais refinadas técnicas), houve a participação ativa de altos oficiais da CIA, no controle operativo do golpe, desde as mais relevantes posições, até concluir completamente aquela operação.

Dias antes do golpe de Estado, chegou a Cuba Elliot Roosevelt, filho de Franklin Delano Roosevelt, interessado em comprar a segunda estação de rádio do país (RHC) e em montar vários negócios de diversas proporções. Sabe-se que realizou muitas entrevistas privadas com Batista. Na segunda-feira, 10 de março, depois da realização do golpe Elliot Roosevelt comunicou-se por telefone com Washington, do Hotel Nacional, e informou a um interlocutor não-identificado que tudo havia saído conforme seus planos. No dia em que Batista se instalou no Palácio como chefe de Estado, foi visitado por Roosevelt, acompanhado de poderosos homens da Marinha norte-americana que, segundo informações de imprensa, se limitaram a saudá-lo. Um oficial norte-americano esteve em Columbia, isto é, no acampamento militar que era o centro da conspiração e do golpe de Estado, desde que começaram os acontecimentos até que caiu o governo de Prío. Dois oficiais da Base Naval de Caimanera estiveram no dia 10 de março no quartel de Santiago de Cuba, desde a madrugada até que os golpistas se impuseram e mudaram os comandos militares.(15)

A intelectualidade americana também esteve preparando o terreno psicológico nos Estados Unidos. Em 5 de setembro de 1951, Edward Tomlison, porta-voz de poderosos interesses ianques, publicou um artigo em uma importante cadeia de jornais norte-americanos. Tomlison fazia uma análise da situação em Cuba, assinalando que ela se complicara muito depois da morte de Chibás e que os líderes sindicais de Prío (Eusebio Mujal Barniol, entre outros) estavam se preparando para derrubá-lo. Tomlison acrescentava que Batista estava ganhando crescente prestígio graças ao dinheiro e ao apoio do exército, razão pela qual os cubanos mais sensatos acreditavam que o melhor que podia acontecer era um golpe de Estado que instalasse no governo alguém de caráter forte.(16)

A análise revela:

  1. Que os aspectos do golpe foram delineados cuidadosamente.
  2. Que esse projeto vinha constituindo-se desde agosto de 1950.
  3. E que, desde o começo, pretendia instalar de novo no poder o general Batista.(17)

Do estudo dos materiais da época infere-se que Batista não teve em suas mãos o controle operativo do golpe de 10 de março, senão quando estava muito avançada a madrugada e já havia sido situado o mando militar do acampamento de Columbia e se encontravam tomados os comandos centrais do exército, a marinha de guerra e os serviços policiais. Por isso, é evidente a existência de duas operações: uma mais visível, que se preparou com reuniões, encontros e atividades de persuasão ou captação dentro dos grupos militares, e outra mais discreta, a cargo dos serviços secretos, subordinados ao centro operativo da intelectualidade norte-americana instalada em Havana, centro que dirigiu realmente essa operação contra os interesses da nação cubana.

O golpe de 10 de março ocorreu sem contratempos, sem que o povo cubano pudesse apresentar uma resistência imediata. Na operação só foram mortos três ou quatro militares, fora do Palácio Presidencial, por causa de uma escaramuça ou mal-entendido. Os Prío retiraram-se com rapidez e, em poucas horas, saíram para o exílio.

De início, os Prío foram os mais beneficiados com o golpe militar, não só no ponto de vista econômico, mas também moral e político:

  1. O regime, como era de esperar pelos acordos, nunca questionou legalmente os roubos, desmandos e latrocínios do presidente humilhado, envolvendo centenas de milhões de pesos.
  2. Os Prío, imediatamente, saíram de Cuba ofendidos e ultrajados, pois um grupo de militares tirara-lhes o legítimo poder outorgado pelo povo de maneira constitucional.
  3. E, claro, Prío e sua cúpula político-militar passaram, em seguida, para a oposição (sem romper seus vínculos com os serviços especiais e a Máfia norte-americana), como uma nova opção, aspirantes outra vez ao poder, fachada que trataram de manter inclusive durante o processo insurrecional que deflagrou o movimento revolucionário organizado por Fidel Castro.

Notas de rodapé:

(1) Relatório central ao Primeiro Congresso do Partido Comunista de Cuba. Edição DOR. Havana, 1975, p. 21. (retornar ao texto)

(2) Wisse Roos. El gobierno invisible. Ediciones Venceremos. Havana, 1965. (retornar ao texto)

(3) Lernoux, Penny. Esos bancos en los que confiamos. Editorial Plaza & Yanes. Barcelona, 1985, p. 91. (retornar ao texto)

(4) Sondern, Frederic, Jr. La Mafia. Editorial Brugueras. Barcelona, 1960, pp. 129- 130. (retornar ao texto)

(5) Wisse Ross. Ob. cit, p. 108. (retornar ao texto)

(6) Ibid. (Discurso de Allen Dulles, na Universidade de Yale), p. 10. (retornar ao texto)

(7) Turkus, Burton Feder, Sid. Murder Inc. Ediciones Acervo. Barcelona, 1951, p. 14. (retornar ao texto)

(8) Wisse Roos. Ob. cit, p. 115. (retornar ao texto)

(9) Pino-Santos, Oscar. Cuba, historia y economia. Editorial Ciências Sociales, p. 548. (retornar ao texto)

(10) Wisse Roos. Ob. cit., p. 13. (retornar ao texto)

(11) Le Reverend, Julio. Ob. cit., p. 354. (retornar ao texto)

(12) Vignier, E Alonso G. La corrupción política y administrativa en Cuba, Editorial Ciências Sociales. Havana, 1973. “Ante la Historia”, de Guillermo Alonso Pujol, pp. 302-303. (retornar ao texto)

(13) Vignier, Alonso. Ob. cit. Relatório ao chefe do Departamento S. M. I. (Serviço de Inteligência Militar), de 8 de fevereiro de 1952, subscrito pelo capitão Salvador Díaz-Verson Rodriguez, que também esteve vinculado à CIA e ao FBI. (retornar ao texto)

(14) Revista Bohemia, seção “En Cuba”. Havana, 5 de agosto de 1951, pp. 75-77. (retornar ao texto)

(15) Blas Roca, Fundamentos. Havana, maio de 1952. Ano XII, N. 122, p. 393. (retornar ao texto)

(16) Ibid. (retornar ao texto)

(17) Ibid. (retornar ao texto)

Inclusão: 25/10/2023