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Lenin e Stalin consideravam todos os movimentos de libertação das nações oprimidas, como parte integrante da Revolução Proletária Socialista Mundial. Subscrevendo a tese de Lenin e Stalin, Mao nunca considerou a Revolução Chinesa como problema isolado, mas a examinou à luz da Revolução Proletária e da luta contra o imperialismo em seu conjunto.
Isto se deve ao fato de que vivemos na época do imperialismo e da Revolução Proletária, a época na qual o socialismo triunfou pela primeira vez na URSS, a época do marxismo, a época do leninismo. Esta é a causa de que a Revolução Chinesa seja, sobretudo, uma revolução anti-imperialista.
Ao denunciar o Tai Chi-tao-ismo do Kuomintang, em março de 1926, no artigo Análise de Classes da Sociedade Chinesa, Mao Tsé-tung, estudou a situação baseando-se na divisão do mundo em dois grandes campos:
(...) “a atual situação internacional se caracteriza pelo combate decisivo em escala mundial de duas forças gigantescas: a revolução e a contrarrevolução. As duas forças gigantescas levantaram dois grandes estandartes: um lado, o estandarte da revolução, a bandeira vermelha, foi levantado pela Internacional Comunista, conclamando a todas as classes oprimidas do mundo a unirem-se à sua volta; o outro, o estandarte da contrarrevolução, a bandeira branca, foi levantado pela Sociedade das Nações, a qual convoca todas forças contrarrevolucionárias do mundo para se unir sob essa bandeira. Muito em breve, no seio das classes intermediárias produzir-se-á, inevitavelmente, uma cisão: umas irão à esquerda, ao encontro à revolução; e outras, à direita, de encontro à contrarrevolução! Para estas classes, não haverá qualquer possibilidade de ocuparem uma posição ‘independente’”.(1)
Este conceito de Mao Tsé-tung é muito claro. Desde a Revolução Socialista de Outubro, o mundo se dividiu em dois grandes campos opostos, a saber: o campo anti-imperialista dirigido pelo movimento revolucionário mundial do proletário socialista, e o campo imperialista com todas as forças da contrarrevolução unificadas. A camarilha de Tai Chi-Tao no Kuomintang representava a ala direita da burguesia nessa época, servindo de porta-voz de Chiang Kai-shek, preparou o caminho para sua traição à Revolução. Esta camarilha se opôs a teoria da luta de classes, desaprovou a aliança do Kuomintang com a Rússia e o Partido Comunista, e de forma vã esperou que poderia permanecer “independente” dos dois grandes campos e estabelecer um estado sob exclusivo domínio da burguesia. Mao Tsé-tung escreveu que esta intenção estava fadada ao total fracasso, uma vez que as classes intermediárias estavam destinadas a desaparecer enquanto tal. A burguesia nacional deveria: ou guinar à esquerda e se aliar com a URSS e o Partido Comunista, acatar a direção do proletariado e unir-se na luta mundial contra o imperialismo; ou guinar à direita, opor-se a URSS e ao Partido, ser inimiga das revoluções proletárias em outros países e assim tornar-se definitivamente um lacaio do imperialismo.
A burguesia nacional precisava escolher uma das duas alternativas, pois não tinha a oportunidade de assumir uma posição "independente". Na prática, a ala direita da burguesia nacional logo seguiu a Chiang Kai-shek em sua traição à revolução e se colocou ao lado do imperialismo.
Durante a Guerra de Resistência Antijaponesa (1937- 1945), sob a iniciativa do nosso Partido, uma Frente Única Nacional foi estabelecida. Porém, os reacionários do Kuomintang retomaram mais uma vez sua posição de ditadura da burguesia, que na realidade pretendia camuflar e preservar a ditadura dos grandes senhores feudais e dos capitalistas burocráticos representados por Chiang Kai-Shek, a “ditadura do partido único” do Kuomintang, ou como Mao Tsé-tung a descreveu, a ditadura semicolonial e semifeudal. Nesta mesma época, dentro de nosso Partido reapareceu uma forma de oportunismo de direita que tentava colocar o proletariado como um apêndice da grande burguesia. Com o objetivo de desvelar os falaciosos pontos de vistas dos reacionários do Kuomintang, esmagar o oportunismo de direita no Partido e desta maneira garantir que o proletariado chinês, as grandes massas do povo chinês e nosso Partido, não se desorientassem ante a complexa situação da nova Frente Única Nacional, Mao escreveu sua importante obra, Sobre a Nova Democracia. Nesta combativa obra, desenvolveu de forma mais concreta e mais aprofundada a teoria de Lenin e Stalin, anteriormente mencionada, sobre a revolução nos países coloniais e semi- coloniais. Citando os escritos de Stalin, e sobre a base das grandes experiências acumuladas na Revolução Chinesa, uma vez mais abordou minuciosamente a questão da direção fundamental, ou da linha primordial da revolução.
Ele expôs:
(...) "a primeira revolução socialista vitoriosa, a Revolução de Outubro, modificou o destino histórico do mundo e marcou uma nova era na história da humanidade”.(2)
Acrescentou mais adiante:
“Na época em que o capitalismo mundial entra em colapso em uma sexta parte do globo, enquanto em outras partes tem revelado claramente sintomas de decadência; quando a parte restante do mundo capitalista não pode continuar sem depender, mais que nunca, das colônias e semicolônias; quando o Estado Socialista se consolida e proclama sua decisão de ajudar a luta dos movimentos de libertação nacional de todas as colônias e semicolônias; e quando o proletariado dos países capitalistas está se livrando, cada dia mais, da influência dos partidos social- democratas imperialistas e, também, se declara desejoso de ajudar esse movimento de libertação; em uma tal época, qualquer revolução levada a cabo pelas colônias e semicolônias contra o imperialismo ou o capitalismo internacional, não pode mais pertencer à categoria da velha revolução mundial democrático-burguesa, mas a uma nova categoria. Não é mais parte da velha revolução mundial burguesa ou capitalista, mas da nova revolução mundial, a Revolução Socialista Proletária. Estes tipos de colônias e semicolônias revolucionárias não devem mais ser consideradas aliadas da frente contrarrevolucionária do capitalismo mundial, mas aliadas da frente da Revolução Socialista Proletária Mundial”.(3)
Esta é uma avaliação fundamentalmente marxista-leninista e uma análise da revolução nos países coloniais e semicoloniais. De tal análise pode-se obviamente deduzir uma conclusão claramente definida quanto à direção fundamental da Revolução Chinesa. A consolidação é: a Revolução Chinesa é parte integrante da Revolução Mundial Socialista. Avançando nesta conclusão, os seguintes pontos se esclarecem:
“Primeiro: Tais revoluções são radicalmente anti-imperialistas e por isto não são toleradas pelo imperialismo, que as combate, mas encontram a aprovação do socialismo e são apoiadas e defendidas pelo Estado socialista e a III Internacional”(4). “Todas as potências imperialistas no mundo são hostis a nós; se a China quer a independência, jamais poderá consegui-la sem a ajuda do Estado socialista e do proletariado internacional, ou seja, a China não poderá ser independente sem a ajuda da URSS e a ajuda dada pelas contínuas lutas anticapitalistas sustentadas pelo proletariado no Japão, Grã-Bretanha, EUA, França, Alemanha, Itália e demais estados”.(5)
Segundo: [...] todo ‘chefe’ de uma colônia ou semicolônia, ou bem se coloca ao lado da frente imperialista para fazer parte da força mundial da contrarrevolução, ou se coloca do lado da frente anti- imperialista para fazer parte das forças da Revolução Mundial; deverá necessariamente escolher um dos dois caminhos, posto que para eles não há terceira posição.(6) “Como o conflito entre a URSS socialista e as potências imperialistas chegou a se intensificar ainda mais, é inevitável que a China deva colocar-se de um ou de outro lado. É possível não se inclinar a nenhum dos dois lados? Não, isto é uma ilusão”.(7)
Terceiro: “O mundo de hoje entrou em uma nova era de revoluções e guerras, uma nova era na qual o capitalismo está morrendo de forma definitiva e o socialismo triunfa. Sob tais condições não é completamente fantasioso desejar estabelecer na China uma sociedade capitalista sob a ditadura burguesa, após a vitória do povo em violentas batalhas contra o imperialismo e o feudalismo?”(8) “É definitivo, justo e verdadeiro, que a menos que os reacionários entre a burguesia chinesa despertem, os fatos não marcharão facilmente com eles e então sua única perspectiva será a de provocar sua própria ruína”(9)
Quarto: “O sistema ideológico e social do comunismo arrastou o mundo com o ímpeto de uma avalanche e a força de um raio, e goza de uma juventude perpétua. Desde a chegada do comunismo científico a China, as perspectivas do povo se tornaram mais amplas e a Revolução Chinesa mudou de fisionomia. Sem a direção do comunismo, a revolução democrática na China não teria êxito jamais, sem falar das pérfidas consequências da revolução. Hoje em dia, o mundo inteiro necessita do comunismo para sua salvação e a China não é uma exceção a isto (...) ‘quem quer que seja que deseja enfrentar ao comunismo, deve preparar-se para ser destruído’”(10)
Todos estes princípios foram formulados por Mao Tsé-tung há uma década em sua obra Sobre a Nova Democracia. Desde então, explicou-os em seus muitos escritos. Os acontecimentos em todo o mundo e na China durante a última década testemunham sua verdade. Naturalmente, a aceleração destas questões esmagou o mesquinho nacionalismo reacionário da burguesia. Também liquidou os prejuízos nacionalistas da pequena burguesia que estava satisfeita com seu pequeno, retrógrado e isolado “mundinho”.
Aplicar os ensinamentos de Marx, Engels, Lenin e Stalin, em especial dos dois últimos, estudar e analisar a Revolução Chinesa a partir do ponto de vista fundamental e guiar a Revolução Chinesa na correta direção, este é o caminho que levou ao triunfo o pensamento de Mao Tsé-tung.
Notas de rodapé:
(1) Mao Tsé-tung, “Análise de Classes na Sociedade Chinesa”, Edições em Línguas Estrangeiras, Pequim, 1962, páginas 2-3. (retornar ao texto)
(2) Mao Tsé-tung, "Obras Escolhidas", Londres, Volume 111, página 111. (retornar ao texto)
(3) Ibid. (retornar ao texto)
(4) Ibid., página 112. (retornar ao texto)
(5) Ibid., página 124. (retornar ao texto)
(6) Ibid., página 125. (retornar ao texto)
(7) Ibid., página 135. (retornar ao texto)
(8) Ibid., página 124. (retornar ao texto)
(9) Ibid., página 127. (retornar ao texto)
(10) Ibid., página 137. (retornar ao texto)
Inclusão | 26/07/2019 |