Escrito: junho de 1969.
Fonte: Material mimeografado datado de 1970. [Note-se que não possuímos um fonte fidedigna deste documento. O documento existe em várias versões e não possuímos o conhecimento nem os recursos para identificar correctamente a versão mais fiel do presente trabalho].
Direitos de reprodução: Creative Commons BY-SA 4.0.
1. Uma Definição do Guerrilheiro Urbano
2. Como Deve Viver e Subsistir o Guerrilheiro Urbano
3. Preparação Técnica do Guerrilheiro Urbano
4. As Armas do Guerrilheiro Urbano
5. O Tiro: A Razão para a Existência do Guerrilheiro Urbano
7. A Logística do Guerrilheiro Urbano
8. A Técnica do Guerrilheiro Urbano
9. Características da Técnica das Guerrilhas
9.1. A Vantagem Inicial da Guerrilha Urbana
Surpresa
Conhecimento do Terreno
Mobilidade e Velocidade
Informação
Decisão
9.2. Objetivos das Ações de Guerrilha Urbana
9.3. Sobre os Tipos e Natureza de Modelos de Ação para os Guerrilheiros Urbanos
Assaltos
O Assalto a Banco como Modelo Popular
Batidas
Ocupações
Emboscada
Táticas de Rua
Greves e Interrupções de Trabalho
Deserções, Desvios, Confiscos, Expropriações de Armas, Munições e Explosivos
Libertação de Prisioneiros
Execuções
Seqüestros
Sabotagem
Terrorismo
Propaganda Armada
Guerra de Nervos
Algumas Observações nas Táticas
Resgate de Feridos
11. Os Sete Pecados da Guerrilha Urbana
13. Guerrilha Urbana, Escola para Selecionar o Guerrilheiro
Eu gostaria de fazer uma dupla dedicatória deste trabalho; primeiro, em memória de Edson Souto, Marco Antônio Brás de Carvalho, Nelson José de Almeida ("Escoteiro") e a tantos outros heróicos combatentes e guerrilheiros urbanos que caíram nas mãos dos assassinos da polícia militar, do exército, da marinha, da aeronáutica, e também do DOPS, instrumentos odiados da repressora ditadura militar.
Segundo, aos bravos camaradas - homens e mulheres - aprisionados em calabouços medievais do governo brasileiro e sujeitos a torturas que se igualam ou superam os horrendos crimes cometidos pelos nazistas. Como aqueles camaradas cujas lembranças nós reverenciamos, bem como aqueles feitos prisioneiros em combate, o que devemos fazer é lutar.
Cada camarada que se opõe a ditadura militar e deseja resistir fazendo alguma coisa, mesmo pequena que a tarefa possa parecer. Eu desejo que todos que leram este manual e decidiram que não podem permanecer inativos, sigam as instruções e juntem-se a luta agora. Eu solicito isto porque, baixo qualquer teoria e qualquer circunstâncias, a obrigação de todo revolucionário é fazer a revolução.
Um outro ponto importante é não somente ler este manual aqui e agora, mas difundir seu conteúdo. Esta circulação será possível se aqueles que concordam com estas idéias façam cópias mimeografadas ou folhetos impressos, (sendo que neste último caso, a própria luta armada será necessária).
Finalmente, a razão porque este manual leva minha assinatura é que as idéias expressadas ou sistematizadas aqui refletem as experiências pessoais de um grupos de pessoas engajadas na luta armada no Brasil, entre os quais eu tenho a honra de estar incluído. De maneira que certos indivíduos não terão dúvidas sobre o que este manual diz, e podem sem demora negar os fatos ou continuar dizendo que as condições para a luta armada não existem, é necessário assumir a responsabilidade do que é dito e feito. Portanto, anonimato torna-se um problema num trabalho com este. O fato importante é que existem patriotas preparados para lutar como soldados.
A acusação de "violência" ou "terrorismo" sem demora tem um significado negativo. Ele tem adquirido uma nova roupagem, uma nova cor. Ele não divide, ele não desacredita, pelo contrário, ele representa o centro da atração. Hoje, ser "violento" ou um "terrorista" é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.
Carlos Marighella, 1969