Dicionário político

Georgy Borisovich Skalov (SINANI)

(1896-1940): agrônomo russo. Não confundir com Boris Sinani. Inicialmente menchevique, participou do Comitê Executivo do Soviete de Petrogrado juntamente com: Alexander Kerensky, Nicholai Avksentiev, Victor Chernov, Martov, Dan, Chkheidze, Trotsky e os bolcheviques Stalin, Molotov, Zinoviev, Kamenev e Shlyapnikov. Após o Primeiro Congresso dos Sovietes, tornou-se membro do primeiro Comitê Executivo Central dos Sovietes de toda a Rússia e do Bureau do Departamento Militar do Comitê Executivo Central de toda a Rússia.
Trabalhou, por recomendação de Ryazanov, no Departamento de Arquivos, tendo ajudado a organizar o armazenamento dos manuscritos de Marx. Em 1919 deixou o Arquivo e se alistou no Exército Vermelho. Foi, então, nomeado palestrante-propagandista do Comitê Militar Regional em Samara e, a seguir, no departamento político do grupo sul da Frente Oriental. Em novembro de 1919, em Tashkent, aderiu ao bolchevismo e se filiou ao Partido.
Na Ásia Central teve uma experiência diversificada. Chefiou o poder político-militar no departamento de Amudarya, comandou um destacamento encarregado da revolta em Verny, dirigiu o Conselho Militar do Semirechye e trabalhou em um projeto como representante autorizado do Conselho de Propaganda Internacional em Xinjiang. Após a derrubada do emir de Bukhara, foi encarregado da preparação política da sovietização de Bukhara e da organização do Partido Comunista de Bukhara.
Em 1920, incorporou-se ao Conselho Militar Revolucionário do Grupo do Exército Vermelho de Ferghana e coordenou a luta contra o movimento Basmachi. Integrou o Comitê Central do Partido Comunista do Turquestão tendo sido eleito pela Conferência Comunista Regional do Turquestão como delegado no 10.º Congresso do Partido. Recebeu a Ordem da Bandeira Vermelha, por ter combatido os rebeldes de Kronstadt. Posteriormente, assumiu o cargo de secretário do Comitê Regional de Semirechensk do Partido Comunista, integrou o conselho do Comissariado do Povo da Agricultura, foi vice-presidente da União Koshi de Trabalhadores Rurais Sem-Terra e presidente do Conselho das Tropas para Tarefas Especiais do Turquestão.
Em 1922, pediu transferência para Moscou tendo sido nomeado, por decisão do Comitê Central, reitor do Instituto Narimanov de Estudos Orientais.
Em 1923, foi nomeado comissário da V Divisão do Exército Vermelho em Polotsk e, após sua dissolução, retornou ao Turquestão para lutar contra os basmachi. Em seguida, por sugestão de Mikhail Frunze, foi enviado à China, junto com um grupo de conselheiros soviéticos, para ajudar Sun Yat-Sen a formar o Kuomintang e o Exército Nacional Revolucionário. Skalov passou a adotar o o pseudônimo de “Sinani”.
Na China, foi chefe do Grupo de Conselheiros Militares de Kaifeng e instrutor do Comitê de Cantão do Partido Comunista Chinês e, posteriormente, tornou-se conselheiro político do Kuomintang em Cantão. Em 1927, participou da preparação do levante comunista contra Chiang Kai-Shek em Nanchang.
Quando retornou à URSS, ingressou na Faculdade Oriental da Academia do Exército Vermelho. Em 1929, supervisionou o exame do estado de defesa da República Popular da Mongólia, o trabalho da Comissão Extraordinária local para saúde pública e educação e a ajudou a formular o plano quinquenal nessas áreas.
Em agosto de 1930, por decisão do Bureau Organizacional do Comitê Central do Partido Comunista, foi colocado à disposição do Comitê Executivo da Internacional Comunista. Foi, então, nomeado instrutor e, mais tarde, vice-diretor de uma Secretaria da Internacional Comunista na América Latina. Tendo ficado sob sua coordenação o movimento comunista em todo o continente. Ficou encarregado também do trabalho científico e organizacional nos estudos latino-americanos, tendo chefiado o Gabinete da América do Sul e do Caribe do Instituto de Economia Mundial e Política Internacional e o Setor da América do Sul e do Caribe do Instituto de Estudos Orientais. O círculo de cientistas concentrados em torno do Secretariado incluía quase todos os pesquisadores soviéticos sobre questões latino-americanas: Pestkovsky, Guralsky, Rozovsky, Miroshevsky, Maurice Haskin, Genrich Yakobson, Leon Khaikis, Iosif Markov e alguns outros.
Rapidamente, o nome de Sinani se tornou amplamente conhecido e influente no movimento comunista latino-americano, tornando-se uma espécie de autoridade na região, tanto assim que, em 1933, na conferência do Partido Comunista de Cuba, realizada após a derrubada do ditador Gerardo Machado, foi eleito membro do presidium honorário do PCC – juntamente com Stalin, Manuilsky, Piatnitsky, Thälmann, Dimitrov, Popov, Tanev, Torgler e Hernán Laborde, Secretário-Geral do Partido Comunista Mexicano.
Em 1934, o Brasil estava na vanguarda da política latino-americana do Comintern. Luís Carlos Prestes, o comandante da "coluna invencível", havia se estabelecido como um dos líderes do Movimento Tenentista na década de 1920, e os altos escalões do partido comunista mundial estavam convencidos de seu enorme potencial como líder da revolução sob as bandeiras comunistas. O assunto da aliança do Partido Comunista do Brasil (PCB) com os "prestistas" era constantemente debatido no PCB e foi transferido para o Comintern. O Comitê Executivo da Internacional Comunista acompanhava atentamente as atividades do "cavaleiro da esperança" e tentava influenciar sua evolução ideológica. O chefe do Bureau Sul-Americano do Comintern, August Guralsky, foi encarregado da "educação comunista" de Prestes. Prestes foi convidado a ir para a URSS para trabalhar como engenheiro e "familiarizar-se com todo o curso da construção do socialismo". Desde a chegada de Prestes a Moscou, em 1931, até que a decisão final sobre sua participação na revolução brasileira que se aproximava fosse tomada no Comintern, Sinani e Guralsky, que haviam retornado de Montevidéu, discutiam constantemente entre si sobre a questão do papel de Prestes e outras questões no Secretariado. O próprio Prestes participou do processo. Em 1934, o Gabinete da América do Sul e do Caribe do Instituto de Economia Mundial e Política Mundial, dirigido por Skalov, organizou um "Debate sobre o Prestismo", um dos eventos mais notáveis da história dos estudos latino-americanos na URSS. A discussão era a fronteira que separava Prestes do movimento que levava seu nome.
Observação: Mais tarde, os estudiosos marxistas acharam inadequado se referir ao “movimento da pequena burguesia” pelo nome do secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro e substituíram o termo “prestismo” por “tenentismo”.
O processo de evolução do ex-oficial do exército em direção à ideologia marxista foi concluído e deu impulso à implementação de um dos projetos mais ambiciosos e dramáticos do Comintern da década de 1930, no qual Sinani estava totalmente envolvido – o levante brasileiro de 1935.
Em 11 de março de 1934, o Secretariado Político do Comitê Executivo da Internacional Comunista criou a Comissão Permanente para assuntos da América do Sul e do Caribe. A Comissão era composta pelo Secretário do Comitê Executivo da Internacional Comunista, Manuilsky, pelo Secretário-Geral da Profintern Internacional dos Sindicatos Vermelhos, Abram Lozovsky (Dridzo), pelo chefe do Escritório Organizacional do Comitê Executivo da Internacional Comunista, Boris Vasiliev, pelo chefe da Secretaria da Europa Oriental, Wilhelm Knorin, e pelos vice-chefes da Secretaria da América Latina, August Guralsky e Georgy Sinani. Além desse órgão oficial, foi formada uma "troika" informal, na qual o secretário do Comitê Executivo da Internacional Comunista, Osip Piatnitsky, era responsável pelas finanças, e Vasiliev, pelas questões militares. A solução das questões políticas foi confiada a Sinani - uma indicação do papel fundamental que ele desempenhou na concepção, estratégia e tática da planejada revolução brasileira.
As memórias dos ex-líderes dos Partidos Comunistas da Venezuela (Juan Bautista Fuenmayor) e do Peru (Eudocio Ravines), registram os acontecimentos que levaram à queda, prisão e morte de Sinani. De acordo com Fuenmayor, Skalov foi acusado de fornecer uma pistola para o assassino de Kirov e de espionar para a Grã-Bretanha.
Em 29 de março de 1935 foi preso tendo morrido na prisão em 1940.